Obras da Fundação Edson Queiroz retornam de exposições sobre o modernismo brasileiro na Suíça e Inglaterra

qua, 21 maio 2025 15:33

Obras da Fundação Edson Queiroz retornam de exposições sobre o modernismo brasileiro na Suíça e Inglaterra

A mostra “Brasil! Brasil! O nascimento do modernismo” em Berna e Londres contou com obras de Anita Malfatti, Portinari, Tarsila do Amaral e Volpi, cedidas pela mantenedora da Unifor


"Baile caipira", de Tarsila do Amaral, é uma das obras que fazem parte do acervo da Fundação Edson Queiroz (Foto: Divulgação)

Depois de serem atrações em dois dos mais importantes museus da Europa e do mundo no período de setembro de 2024 a abril de 2025, sete obras dos artistas Alfredo Volpi, Anita Malfatti, Candido Portinari e Tarsila do Amaral estão de volta ao acervo da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor). Cedidas por empréstimo à curadoria da exposição “Brasil! Brasil! O nascimento do modernismo”, as obras passaram inicialmente pelo Zentrum Paul Klee, de Berna, na Suíça, e depois pela Royal Academy of Arts, de Londres, na Inglaterra.

A exposição, reunindo 130 obras de dez importantes artistas do século XX, sob a curadoria de Fabienne Eggelhoffer, Roberta Saraiva Coutinho e Adrian Locke, ofereceu visão ampla e diversa da arte modernista brasileira, que surgiu entre as décadas de 1910 e 1970. Os artistas modernistas brasileiros são nomes que romperam com os padrões estéticos europeus da época e criaram uma arte moderna que celebra as culturas, as identidades e as paisagens do Brasil. A exposição em Berna atraiu mais de 40 mil visitantes, enquanto cerca de 120 mil visitaram a mostra em Londres.

Além de parte do acervo da instituição cearense, as obras da exposição são provenientes de coleções públicas e privadas do Brasil, incluindo museus como a Pinacoteca de São Paulo, o Museu de Arte Moderna e o Museu Nacional de Belas Artes, além de colecionadores particulares como os curadores da Fundação Edson Queiroz, que cederam obras de artistas como Lasar Segall, Djanira, Rubem Valentim e Vicente do Rego Monteiro. O projeto expográfico foi de autoria da arquiteta cearense Carla Juaçaba. 

A professora Adriana Helena Moreira, Vice-Reitora de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor, ressalta a qualidade das obras dos artistas brasileiros, que logo chamou a atenção da curadora suíça Fabienne Eggelhoffer, em uma de suas viagens ao Brasil. “Ela ficou bastante impressionada com o modernismo brasileiro, que era pouco difundido na Europa. Daí nasceu o interesse em montar a exposição”, complementa.

O acervo da Fundação Edson Queiroz é reconhecido internacionalmente exatamente pela presença de grandes obras do modernismo brasileiro.


"Ao longo dos anos, a formação desse acervo foi priorizando a aquisição de obras de extrema qualidade dos grandes artistas modernistas, constituindo-se hoje num recorte desse movimento bastante difundido no Brasil e lá fora. Ou seja, o acervo da FEQ é uma referência nacional e internacional quando se fala em modernismo brasileiro” Adriana Helena Moreira, Vice-Reitora de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor

A professora Adriana Helena Moreira cita um fato curioso e ao mesmo tempo histórico que marcou a exposição. Uma das obras do acervo da Fundação Edson Queiroz, mais precisamente Mulher e crianças, Óleo sobre tela de Candido Portinari, e que fez parte da exposição, voltou a Londres depois de ser exposta 85 anos atrás, exatamente na Royal Academy of Arts.

O Reitor da Unifor, professor Randal Martins Pompeu, destaca a preocupação da Fundação Edson Queiroz em não só guardar e preservar as obras, mas também em contribuir para a democratização do acesso à cultura e às artes de qualidade inquestionável, não só no Brasil, mas também no exterior.


“Prova disso é o empréstimo dessas obras para exposições nacionais e internacionais e também em montagens de exposições no Ceará, inclusive no Espaço Cultural Unifor, sempre com acesso gratuito”
 — Randal Martins Pompeu, Reitor da Unifor

O professor Randal Martins Pompeu lembra ainda a criação do Complexo Cultural Yolanda e Edson Queiroz, em construção ao lado do Campus da Unifor, como mais um exemplo do esforço da instituição de acolher, preservar e compartilhar obras de grandes artistas brasileiros, incluindo nomes cearenses, como Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Chico da Silva, Letícia Parente e Sérvulo Esmeraldo. “Ao mesmo tempo em que preservamos, temos o cuidado de dar visibilidade a essas obras, contribuindo para a inserção delas em circuitos nacionais e internacionais”, complementa.

Zentrum Paul Klee, um dos museus mais renomados do mundo


(Foto: Divulgação/Zentrum Paul Klee)

Paul Klee nasceu perto de Berna em 1879 e é um dos artistas mais importantes do século XX. Ele seguiu as tendências artísticas de sua época com grande interesse, mas desenvolveu posição independente e nunca se juntou a nenhum movimento artístico específico. Seu pensamento e obra influenciaram e inspiraram gerações subsequentes em todo o mundo. Paul Klee faleceu em Locarno em 1940, aos 61 anos de idade, após longa enfermidade. Está sepultado em Berna.

O Zentrum Paul Klee, em Berna, capital da Suíça, é o local mais importante do mundo para pesquisa e engajamento com a obra e a personalidade artística de Paul Klee. Como um centro cultural interdisciplinar, o Zentrum Paul Klee combina artes visuais com música, literatura e agricultura.

Creaviva do Zentrum Paul Klee é o centro de competência de Berna para educação em arte analógica com alcance internacional. Promove a transferência interativa de conhecimento com uma ampla gama de atividades artísticas no estúdio para pessoas de 4 anos até a terceira idade. Seu caráter pioneiro reside no foco na expressão criativa individual como um caminho para a educação cultural.

Em 21 e 22 de junho de 2025, o Zentrum Paul Klee e o Creaviva celebram vinte anos de existência. Para a ocasião, o centro cultural elaborou programação variada de jubileu, com exposições de alto nível e destaques especiais nas áreas de música, literatura, educação artística e o projeto agrícola Fruchtland.

Royal Academy of Arts e o cultivo das belas artes


 (Foto: Divulgação/Royal Academy of Arts)

A Academia Real de Artes, ou Royal Academy of Arts, foi fundada em 1768 pelo rei George III da Inglaterra, a pedido de um grupo de pintores, escultores e arquitetos, assumindo o monarca o papel de patrono, protetor e apoiador. O seu primeiro presidente foi o pintor Sir Joshua Reynolds.

Constituída por quarenta membros, tem como finalidade o cultivo das belas artes e as suas principais atividades consistem na manutenção de uma escola de desenho, pintura, escultura e arquitetura e na realização de uma exposição anual que ocorre em cada verão ininterruptamente desde 1769.

As Escolas da Academia Real, ou Royal Academy Schools, constituem a escola de arte mais antiga da Grã-Bretanha e são parte integrante da Academia Real de Artes desde a sua fundação em 1768. Um princípio fundamental das Escolas da Academia Real é que o seu programa de pós-graduação de três anos é gratuito para todos os candidatos aos quais é oferecida uma vaga.