Bem-estar digital: dicas para conciliar a vida online e offline no retorno às aulas

seg, 9 agosto 2021 15:01

Bem-estar digital: dicas para conciliar a vida online e offline no retorno às aulas

Ygor Eloy, especialista em gestão de tempo, destaca a importância da organização ao conciliar atividades 


Com a volta às aulas presenciais na pandemia, estudantes encaram o desafio de uma nova adaptação (Foto: Getty Images)
Com a volta às aulas presenciais na pandemia, estudantes encaram o desafio de uma nova adaptação (Foto: Getty Images)

A primeira segunda-feira de agosto vai ficar, para sempre, guardada no coração dos alunos e colaboradores da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. A data marcou o retorno às aulas presenciais após mais de um ano de inseguranças e incertezas, enquanto todos estavam imersos no universo online.

De início, grande parte dos cursos da instituição permanecerá de forma híbrida, com algumas cadeiras ocorrendo de maneira presencial, enquanto outras continuam de forma remota. Porém, esse novo cenário já traz mudanças consideráveis, especialmente aos alunos, que tanto ansiavam por esse momento

A transição do presencial para o remoto trouxe à tona diversos obstáculos, como a utilização e disponibilidade de equipamentos tecnológicos (computadores, tablets e celulares) para que o aluno conseguisse acessar as aulas e os conteúdos; outro impasse foi a falta de ambientes propícios para estudo, assim como descobrir qual período do dia o estudante conseguiria ter uma maior concentração e qual método de estudo funcionaria melhor para ele.

Assim, da mesma forma que se adaptar ao universo online demandou de todos um certo tempo, dedicação e paciência, voltar a ter aulas presenciais seguirá o mesmo caminho. Agora, os alunos terão que dividir o seu tempo entre o online e o offline, e isso significa que algumas mudanças se farão necessárias para garantir uma rotina de estudos equilibrada e harmônica nessa nova etapa.

De acordo com Ygor Eloy, especialista em gestão de tempo e professor do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Unifor, "fazer esse retorno ao presencial pode ser cheio de motivações. O aluno pode realmente estar com muita vontade, muito motivado em fazer essa transição. Como também pode haver muitos medos. Mas, como ela [a transição] é gradual, vai ser um pouco mais suave, mais sutil, dando chances ao aluno de conseguir fazer essa transposição do home study agora para o presencial", explica.

Hábitos e rotinas

Durante a pandemia, novos hábitos foram criados para que o ser humano pudesse se adaptar à realidade do momento. Agora, algumas dessas práticas provavelmente terão que ser reformuladas para a situação atual. Mas, antes de tudo, o que são os hábitos? 
 
Segundo o professor, o hábito é um comportamento automático estruturado por três elementos básicos: algo que vem do ambiente e estimula o indivíduo a tomar a ação; a capacidade, caracterizada pela facilidade ou dificuldade de realizar essa ação; e o aspecto motivacional, muito influenciado pelo humor da pessoa. 

Ainda de acordo com o docente, vários hábitos formam uma rotina, e ele explica o que caracteriza esse termo: "a rotina é um conjunto de tarefas que nós fazemos todos os dias no mesmo horário, e que são tarefas que a gente faz de forma automatizada. Então, vários hábitos formam essa rotina, juntamente com outros comportamentos que não são automáticos."  
 
O especialista explica que a diferença entre compromissos e tarefas é o fato do primeiro ser caracterizado por ações que não podem ser negociadas, como uma aula que começa em determinado horário. Já o último é o contrário, não tem dia nem hora marcada para que possa ser realizado. 

Uma nova velha realidade 

No início da pandemia, todos experienciaram uma mudança brusca de realidade de uma hora para outra. Poucas pessoas já estavam acostumadas ao universo online em tempo integral, e isso resultou em um período turbulento de adaptação. "O nível de estresse era muito mais alto, porque a gente tinha uma situação nova, em que a gente teria que se adaptar muito rápido e, realmente, a nossa rotina foi quebrada. A gente precisava de uma nova rotina", pontua Ygor. 

“As mudanças não serão tão extremas, porque ninguém vai migrar totalmente do online para o presencial. Mas, o aluno vai ter que, nos dias de aulas presenciais, fazer uma antecipação. [Ele] vai precisar se planejar um pouco mais para incluir hábitos para que possa realmente responder ao que está sendo agendado" - Ygor Eloy, especialista em gestão de tempo e professor do Centro de Ciências da Saúde da Unifor. 

O tempo como melhor aliado

Durante o período em que as aulas estavam 100% online, muitos recursos e plataformas virtuais foram utilizados por estudantes e trabalhadores para uma melhor organização pessoal, acadêmica e profissional. Agora, para o especialista em gestão de tempo , o principal recurso que o indivíduo deve aprender a utilizar é o tempo. 

"O grande vilão, para muitas pessoas, é a falta de organização de tempo, porque muitos não param para pensar, no final de semana, como vai ser a semana seguinte. (...) Então, tem que haver um pensamento relacionado à organização semanal, e isso tem que ser feito no final de semana", explica.  

Para o profissional, se preparar com antecedência é essencial, e pode ser de grande ajuda para que os alunos possam estruturar em suas agendas os afazeres presenciais e virtuais. Ele indica a elaboração de listas, que servirão para pontuar o que o indivíduo fará durante a semana e quais compromissos deverá atender e cumprir. 

"Uma das dicas que eu posso dar é que você transforme essa tarefa em compromisso, ou seja, você determine os horários de estudo, e tente honrar os compromissos. É um hábito, porque às vezes a gente entra em um ciclo de procrastinação. (...) O exercício de reflexão sobre os maus hábitos e sobre os bons hábitos que eu preciso ter para ter uma melhor performance acadêmica ajuda bastante", finaliza.