Curso de Cinema e Audiovisual realiza programação pelos 90 anos do filme “Limite”

Curso de Cinema e Audiovisual realiza programação pelos 90 anos do filme “Limite”

Em parceria com a TV Unifor, o evento conta com debate com o cineasta Sérgio Machado e o pesquisador Denilson Lopes, além da exibição de filmes.


O filme
O filme "Limite" é uma referência mundial, em termos de linguagem, e seguiu uma trajetória polêmica, na experiência cinematográfica do país. É o único filme realizado por Mário Peixoto (Imagem: reprodução)

O curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, promove uma programação especial em comemoração aos 90 anos do lançamento do filme "Limite" (Mário Peixoto, 1931), o longa-metragem brasileiro mais importante de todos os tempos, em termos de inovação de linguagem. A programação acontece em parceria com a TV Unifor, que fará uma exibição especial de "Limite" (Mário Peixoto, 1931), exatamente no mesmo dia no qual, há 90 anos, aconteceu a primeira exibição do filme, 17 de maio.

Além da exibição de Limite, a TV Unifor também exibirá o documentário "Onde a terra acaba" (Sérgio Machado, 2001), no dia 16, na mesma faixa das 20 horas. No dia 18, a programação encerra-se com um debate "O artista Mário Peixoto e o filme Limite", às 19h30, com a presença do cineasta Sérgio Machado, o pesquisador Denilson Lopes, e os professores Isaac Pipano e Marcelo Muller, com a mediação da professora Bete Jaguaribe. 

O filme "Limite" é uma referência mundial, em termos de linguagem, e seguiu uma trajetória polêmica, na experiência cinematográfica do país. Único filme realizado por Mário Peixoto, que o dirigiu com 22 anos de idade, "Limite" foi lançado em 17 de maio de 1931, há 90 anos, numa única exibição, no Cinema Capitólio, na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Na ocasião, a Distribuidora Paramount decidiu exibi-lo, mas com carta de fiança como garantia contra qualquer estrago que fosse causado pelo público. 

Linguagem inovadora

A inovação de linguagem causou espanto, num momento em que o campo cinematográfico movimentava-se no sentido de um cinema inspirado no modelo norte-americano. O filme não entrou no circuito comercial, sendo exibido apenas em algumas sessões especiais, como a patrocinada pelo poeta Vinicius de Moraes que, em 1942, apresentou o filme ao cineasta Orson Welles, no Brasil para filmar I"t's all true". "Limite" virou uma espécie de “obra secreta”, que poucos haviam visto e alguns duvidavam até mesmo da existência, ganhando a aura mítica de obra-prima perdida. Guardado durante anos, foi restaurado numa parceria da Cinemateca Brasileira com World Cinema Foundation (Fundação do Cinema Mundial), criada por Martin Scorsese. Em 1996, o cineasta Walter Salles ( junto com Saulo Pereira de Mello ) criou o ARQUIVO Mário Peixoto, que reúne materiais sobre "Limite" e outros escritos e projetos do artista. 

Nesse largo período de tempo, Limite contou com a proteção de um guardião especial, o crítico Saulo Pereira de Mello, que dedicou a vida ao filme. Para Mello, "Limite", "esse filme magistral nasceu e viveu liberto de todas e quaisquer injunções estranhas ao próprio desejo de realizá-lo. Foi pensado e realizado apenas como CINEMA" - diz o crítico, em artigo publicado em 2007. Ano passado, aos 87 anos, o crítico morreu, vítima de Covid-19.

A professora Bete Jaguaribe, coordenadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Unifor, acentua a importância da comemoração da data. "O filme Limite é uma obra prima na cinematografia brasileira. Disponibilizar o filme, debater a obra, apresentá-la às novas gerações, é um dever de cada um de nós, envolvidos na formação de novos realizadores"- observa a professora. "Limite é uma obra extraordinária, que conecta a experiência cinematográfica do Brasil com os movimentos de experimentações de linguagem do início do século XX, tensionando o debate interno, que defendia o cinema americano como o modelo de inspiração a ser seguido".

Programação

O debate do dia 18, às 19h30, reúne dois apaixonados pela obra de Mário Peixoto, o cineasta Sérgio Machado e o pesquisador Denilson Lopes. O cineasta Sérgio Machado lançou em 2001 o documentário “Onde a Terra Acaba”, uma homenagem ao segundo filme que o diretor Mário Peixoto realizaria e nunca seria concluído. O professor Denilson Lopes lança nesse mês o livro "Mário Peixoto: antes e depois de LIMITE", resultado de uma pesquisa, a partir do diário do artista, sobre a temporada de Mário Peixoto na Inglaterra (1926/1927), um período decisivo na formação do artista.

  • 16/05 - às 20h - Exibição do documentário “Onde a Terra Acaba” ( Sérgio Machado, 2001). (na TV UNIFOR)
  • 17/05 - às 20h - Exibição do filme “Limite” ( Mário Peixoto, 1931). (na TV UNIFOR)
  • 18/05 - às 19h30 - Debate sobre o filme “Limite” e o artista Mário Peixoto, com as presenças do cineasta Sérgio Machado, o pesquisador Denilson Lopes, e os professores Isaac Pipano, Marcelo Muller, com a mediação da professora Bete Jaguaribe. ( no YouTube da TVUNIFOR)

Sinopses

O filme "Limite", de Mário Peixoto, deixou sua marca na história cinematográfica e cultural do Brasil, um pequeno barco está perdido no oceano com três náufragos - um homem e duas mulheres. Sem ter o que fazer e com pouquíssimas esperanças de salvação, cada um deles passa a contar para os demais a história de suas vidas, relembrando os acontecimentos que os levaram até ali, três destinos à deriva, confinados em um espaço onde tudo é limite.

O documentário “Onde a Terra Acaba'' (Sérgio Machado, 2001) é uma homenagem ao filme que o diretor Mário Peixoto realizaria e nunca seria concluído. O roteiro foi estruturado a partir de uma montagem de trechos de diários, entrevistas e cartas do próprio Mário Peixoto, dando ao documentário um estilo autobiográfico. Além de centenas de fotos, entrevistas exclusivas com o diretor e trechos do filme original, o documentário apresenta preciosidades como um making of realizado pela própria equipe do filme Limite, fragmentos inéditos do único rolo de filme do inacabado ‘Onde a terra acaba”, depoimentos de cineastas e amigos que conviveram com Mário e momentos emocionantes como a visita da atriz Olga Breno ao set de filmagem de Limite.

Debate "O artista Mário Peixoto e o filme Limite"

O debate conta com a participação de Denilson Lopes, Sérgio Machado, os professores Isaac Pipano e Marcelo Müller, com a mediação da professora Bete Jaguaribe.

Quem são os convidados


 

Denilson Lopes é professor associado da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do CNPq. É autor de “Mário Peixoto antes e depois de Limite'' (São Paulo, e-galáxia, 2021). Afetos, Experiências e Encontros com Filmes Brasileiros Contemporâneos (São Paulo, Hucitec, 2016), No Coração do Mundo: Paisagens Transculturais (Rio de Janeiro: Rocco, 2012); A Delicadeza: Estética, Experiência e Paisagens (Brasília: EdUnB, 2007); O Homem que Amava Rapazes e Outros Ensaios (Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002); Nós os Mortos: Melancolia e Neo-Barroco (Rio de Janeiro: 7Letras, 1999); organizador de O Cinema dos Anos 90 (Chapecó: Argos, 2005); co-organizador de Imagem e Diversidade Sexual (São Paulo: Nojosa, 2004), com Andrea França, de Cinema, Globalização e Interculturalidade (Chapecó, Argos, 2010), com Lucia Costigan, de Silviano Santiago y Los Estudios Latinoamericanos (Pittsburgh, Iberoamericana, 2015). Também escreveu Inúteis, Frívolos e Distantes: À Procura dos Dândis (Rio de Janeiro: Mauad, 2019) em conjunto com André Antônio Barbosa, Pedro Pinheiro Neves e Ricardo Duarte Filho.


 

Sergio Machado, cineasta, roteirista, produtor, jornalista. Fascina-se pelo cinema e, durante intercâmbio estudantil na Índia, filma em vídeo o documentário Três Canções Indianas. Em 1993, realiza o média-metragem de terror Troca de Cabeças, como trabalho de conclusão do curso de jornalismo. Este, encanta o autor Jorge Amado (1912-2001), que mostra a fita VHS a vários profissionais de cinema. Entre eles, Walter Salles (1956), que convida Machado a trabalharem juntos. Sérgio faz a direção de elenco e assistência de direção em três filmes de Salles – Central do Brasil (1998), O Primeiro Dia (1999) e Abril Despedaçado (2001). Neste último, trabalha como roteirista. Salles, por sua vez, produz os longas de Machado. Em 2001, Machado escreve e dirige o episódio “Agora é Cinza”, no longa Três Histórias da Bahia e dirige o documentário Onde a Terra Acaba (2001), homenagem ao cineasta Mário Peixoto (1908-1992), eleito Melhor Documentário nos festivais do Rio, Havana, Cuba, e Biarritz, França. No ano seguinte, participa do roteiro de Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz. Seu primeiro longa de ficção é Cidade Baixa (2005), selecionado para a mostra Un Certain Régard, no Festival de Cannes. O longa é vencedor dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Atriz para Alice Braga (1983), no Festival do Rio, e de Melhor Atriz no Grande Prêmio Cinema Brasil, entre outros. Em 2010, lança Quincas Berro d’Água, como diretor e roteirista. O filme é fruto do conhecimento do universo retratado pelo autor baiano. A obra recebeu os prêmios de Direção de Arte e Figurino, no Grande Prêmio Cinema Brasil. Em 2015, lança Tudo o que aprendemos juntos. Nos últimos anos, colaborou com a formação de roteiristas no Ceará, como tutor no Laboratório de Cinema do Porto Iracema das Artes. Em 2020, lançou a série "Irmãos Freitas" sobre a vida do pugilista Popó. 

Serviço:

Veja a programção de documentário, filme e debate a partir deste domingo.

16/05 - às 20h - Exibição do documentário “Onde a Terra Acaba” ( Sérgio Machado, 2001). (na TV UNIFOR)

17/05 - às 20h - Exibição do filme “Limite” ( Mário Peixoto, 1931). (na TV UNIFOR, canal 14, da TV por assinatura Multiplay e NET 181)

18/05 - às 19h30 - Debate sobre o filme “Limite” e o artista Mário Peixoto, com as presenças do cineasta Sérgio Machado, o pesquisador Denilson Lopes, e os professores Isaac Pipano, Marcelo Muller, com a mediação da professora Bete Jaguaribe. ( no YouTube da TV UNIFOR)

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