Centro de Recondicionamento Tecnológico da Unifor promove sustentabilidade e inclusão digital em Fortaleza
seg, 7 abril 2025 15:36
Centro de Recondicionamento Tecnológico da Unifor promove sustentabilidade e inclusão digital em Fortaleza
Em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, o projeto promove recondicionamento de eletrônicos, capacitação profissional e impacto social positivo na cidade

O rápido avanço tecnológico traz um novo problema específico: o descarte de materiais eletrônicos, também conhecidos como lixo eletrônico. Esse tipo de resíduo é dividido em quatro categorias, que são a Linha Azul (pequenos eletrodomésticos e ferramentas elétricas), a Linha Verde (equipamentos de informática e telefonia), a Linha Marrom (equipamentos de áudio e vídeo) e a Linha Branca (grandes eletrodomésticos).
Apesar de sermos o quinto país que mais produz resíduos eletrônicos, o descarte adequado ainda é escasso. Com o Brasil produzindo 2,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, a necessidade de estimular iniciativas que dão um futuro mais sustentável para esses resíduos tem sido cada vez mais urgente.
Por isso, projetos como o Centro de Recondicionamento Tecnológico (CRT) da Universidade de Fortaleza, instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz, surgem como uma alternativa crucial para essa demanda. O CRT Edson Queiroz, como é chamado, busca promover a gestão sustentável de resíduos eletrônicos, prolongando a vida útil de equipamentos descartados e destinando-os a comunidades carentes após restauração.
Inaugurado em 10 de abril de 2024, o espaço faz parte do “Mais Fortaleza”, programa lançado pela Prefeitura de Fortaleza para qualificar a gestão de resíduos sólidos, e recebe doações de resíduos eletrônicos e capacitações gratuitas do Juventude Digital (JD). A Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária (Virex) da Unifor, por meio da Divisão de Responsabilidade Social, administra o CRT Edson Queiroz, que fica localizado na sala Z-23, no Escritório de Prática Jurídica (EPJ) da instituição.
O público em geral poderá contribuir com a doação de CPUs, notebooks, tablets, celulares, monitores, teclados, impressoras e mouses que não estejam mais em uso (Foto: Ares Soares)
A iniciativa opera em parceria com a Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova), fortalecendo sua conexão com a administração pública e outros CRTs na cidade, como os das regiões da Praia de Iracema e do Bom Jardim. Com essa estrutura, o CRT Edson Queiroz se integra às Secretarias Regionais, que atuam como pontos de coleta de resíduos eletrônicos, facilitando o acesso da população ao descarte responsável.
Como funciona o CRT?
O funcionamento do CRT Edson Queiroz segue um fluxo organizado de coleta, recondicionamento e redistribuição de equipamentos eletrônicos. São aceitas doações de CPUs, notebooks, tablets, smartphones, monitores, teclados, mouses, impressoras e cabos, que passam por triagem e avaliação.
Técnicos e alunos do curso de Manutenção e Montagem de Computadores, do Juventude Digital, realizam o recondicionamento, substituindo componentes defeituosos e garantindo a funcionalidade dos dispositivos. Estudantes de diversos cursos da Unifor também participam do processo de restauração.
O Centro une tecnologia e sustentabilidade, oferecendo aprendizado em reciclagem eletrônica, recondicionamento de equipamentos e impacto ambiental. No programa, os participantes desenvolvem habilidades técnicas como manutenção de hardware e reciclagem segura, além de competências profissionais como trabalho em equipe e gestão de tempo, explica Arthur Cavalcante e Silva, bolsista do CRT e aluno do Mestrado em Informática Aplicada da Unifor.
“Muitos dos conhecimentos adquiridos no CRT foram úteis em momentos desta e de outras bolsas, principalmente a parte de suporte técnico e manutenção. Além disso, em projetos pessoais, aprendi a dar uma segunda vida a equipamentos que antes seriam descartados” — Arthur Cavalcante, bolsista do CRT, mestrando em Informática Aplicada e egresso do curso de Ciência da Computação da Unifor
Os benefícios do CRT vão além do impacto ambiental positivo, pois também reduzem o descarte inadequado de resíduos eletrônicos. O projeto ainda impulsiona a inclusão digital da população e a formação profissional dos estudantes envolvidos, fortalecendo a qualificação profissional de jovens e capacitando-os para o mercado de trabalho na área tecnológica. As habilidades lá adquiridas são aplicadas em estágios e projetos pessoais, ajudando a prolongar a vida útil dos dispositivos.
Segundo Maely Borges, chefe da Divisão de Responsabilidade Social da Unifor e coordenadora da iniciativa, pesquisadores e alunos da Unifor participaram em três frentes de pesquisa no CRT no último ano:
- estruturação do fluxo de funcionamento replicável para outras unidades;
- desenvolvimento de capacitações para a comunidade;
- novos usos para dispositivos como TV Box, que podem ser adaptados para jogos e info TVs.
“Esse processo contribui para a melhoria da gestão de resíduos sólidos na cidade de Fortaleza e, ao mesmo tempo, favorece a inclusão digital de comunidades carentes, assim, este projeto promove a formação de mão de obra e a redução do desperdício eletrônico. Além disso, os equipamentos recondicionados são distribuídos para diversas instituições e associações, proporcionando acesso a tecnologias essenciais para a educação e o desenvolvimento social” — Maely Borges, chefe da Divisão de Responsabilidade Social da Unifor
Impacto social
Dentre as entidades beneficiadas pelo projeto com as doações de equipamentos recondicionados estão a Escola Yolanda Queiroz, a Associação de Amigos e Moradores do Bairro Edson Queiroz (AME) e o Instituto Favelar. Associações de pessoas com deficiência (PCDs) também foram contempladas, recebendo aparelhos essenciais para ampliar o acesso à educação e promover a inclusão social.
Mais que conhecimento técnico, o Centro de Recondicionamento Tecnológico da Unifor transforma a visão sobre descarte responsável e reutilização de eletrônicos, incentivando a conscientização ambiental. O impacto social do CRT é grande, reduzindo o lixo eletrônico e proporcionando acesso à tecnologia para comunidades carentes, promovendo um consumo mais sustentável.
“O CRT tem um impacto enorme! Além de reduzir o lixo eletrônico, proporciona acesso à tecnologia para comunidades carentes, permitindo que escolas, ONGs e famílias tenham equipamentos funcionais”, pontua o bolsista Arthur Cavalcante.
Em agosto de 2024, o CRT Edson Queiroz realizou a primeira entrega de computadores recondicionados para associações beneficentes (Foto: Ares Soares)
O CRT Edson Queiroz representa uma solução inovadora e eficiente para a destinação consciente de equipamentos eletrônicos, promovendo a sustentabilidade, a inclusão digital e a formação de novos profissionais para o mercado de tecnologia. A iniciativa reforça a importância da união entre poder público, academia e sociedade para transformar vidas e construir uma cidade mais digital e sustentável.