Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: conheça histórias inspiradoras

ter, 8 fevereiro 2022 11:07

Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: conheça histórias inspiradoras

Aluna e egressa de cursos de Saúde da Unifor falam sobre suas trajetórias como pesquisadoras e enfatizam a importância da representação feminina na ciência


Sacha Aubrey, egressa do curso de Farmácia da Unifor e doutoranda em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Foto: Ares Soares)
Sacha Aubrey, egressa do curso de Farmácia da Unifor e doutoranda em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Foto: Ares Soares)

Nos últimos anos, a ciência ganhou destaque. Dentro e fora dos laboratórios, histórias de pesquisadores e pesquisadoras conquistaram visibilidade na internet e nos jornais mundo afora, desmistificando o campo científico e expondo a realidade de quem o integra, além de suas vantagens e desvantagens, especialmente quando se trata da participação feminina. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), ciência e igualdade de gênero são essenciais para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas que compõem um plano de ação global proposto pela organização intergovernamental, sejam cumpridos. Assim, em 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

A data visa promover o acesso, a conscientização e a participação feminina plena e igualitária na ciência, além de empoderar meninas e mulheres que desejam se tornar pesquisadoras. Desde 2016, a Unesco, agência da ONU voltada para a Educação, a Ciência e a Cultura, e a ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas voltada para a promoção do empoderamento feminino, promovem eventos direcionados para a comemoração da data. Em 2021, por exemplo, foi realizado um encontro online mundial para celebrar as cientistas que atuaram na linha de frente da luta contra a Covid-19. 

Além da data estabelecida pela ONU, existem diversas campanhas e iniciativas que visam fortalecer a presença feminina na ciência, especialmente nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, mais conhecidas como STEM. Até mesmo a Maurício de Sousa Produções, com seu projeto "Donas da Rua", já representou grandes nomes femininos da ciência como personagens da tão amada Turma da Mônica para gerar uma maior conscientização acerca da importância de cientistas e pesquisadoras para a sociedade.

Na Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, não é diferente. A instituição possui uma área voltada apenas para Pesquisa e Inovação, com diversos grupos e projetos nas mais diversas áreas. A Unifor incentiva a participação feminina plena na ciência, e, para celebrar apresentamos depoimentos de uma aluna e uma egressa, ambas de cursos do Centro de Ciências da Saúde, que estão no caminho ou já se consagram como pesquisadoras. Confira: 

Pesquisa, empreendedorismo e inovação 

Maria Eduarda Paz sempre soube que queria criar vínculos, ajudar pessoas e conseguir tocá-las com o cuidado. Para ela, a área da saúde sempre foi muito clara, porém, a enfermagem caiu de paraquedas em sua vida. Hoje, perto de se graduar, ela afirma que se apaixona cada vez mais pela sua profissão, e que é exatamente o que sempre quis para sua carreira. 

A estudante do 10º semestre do curso de Enfermagem da Unifor relembra que não conhecia o mundo da pesquisa até entrar na faculdade, e que conheceu o campo no cotidiano universitário, por meio de conversas com professores. "Iniciei a pesquisa em um recorte temático que eu já amava: a atenção básica. Sendo pesquisadora, cresci como profissional e como pessoa, pois tive a felicidade de cruzar com orientadores atenciosos e sagazes", conta.

Como forma de provar que a sua futura profissão acompanha as mudanças tecnológicas atuais, e que a pesquisa em enfermagem mostra que os profissionais da área podem atuar de formas cada vez mais inéditas no mercado, Maria Eduarda desenvolveu em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), junto a sua colega Liana Moreno, uma tecnologia de Inteligência Artificial chamada Duli, na modalidade Chatbot, com o objetivo de sanar dúvidas a respeito do sexo seguro, voltado primordialmente para adolescentes

"A Duli é capaz de conversar com diversas pessoas simultaneamente por meio de um aplicativo de mensagens instantâneas e de forma descontraída, fluída, jovem e, com falas bem nordestinas, ela desenvolve a conversação entre Bot e usuário. É possível identificar que, por meio dessa pesquisa e do protótipo que foi desenvolvido, eu, como futura enfermeira, posso cuidar e ensinar pessoas a se cuidarem de forma virtual e automatizada, promovendo a saúde sexual e reprodutiva para adolescentes", explica a estudante.

Com o avanço tecnológico e o surgimento de movimentos sociais em prol da igualdade de gênero, as mulheres estão ocupando cada vez mais lugares e cargos. Para a futura enfermeira, a presença feminina na ciência é a quebra de um tabu, e o reconhecimento de meninas e mulheres como cientistas e pesquisadoras é revolucionário. 

"Nós viemos construindo um legado e ganhando cada vez mais espaço na ciência e tudo começou há bastante tempo, quando as mulheres ainda tinham sua formação completamente voltada ao lar e família. Então, grandes figuras femininas romperam muitas barreiras para que hoje, eu e muitas outras mulheres tenhamos esse reconhecimento, local de fala e ocupemos cargos de pesquisadoras", Maria Eduarda Paz, estudante de Enfermagem. 

Ao ser questionada sobre seus planos para o futuro, e se eles envolvem continuar na pesquisa científica, a estudante afirma que pretende sim continuar na esfera da pesquisa e, inclusive, dar continuidade ao trabalho da Chatbot Duli. "Atualmente, eu vejo que, seguindo na pesquisa, nessa linha de promoção da saúde e desenvolvimento de tecnologias, há muita chance de crescimento, além da enorme contribuição para o meio acadêmico e científico", finaliza. 

Por uma ciência mais diversa 

Egressa do curso de Farmácia da Unifor, Sacha Aubrey, assim como Maria Eduarda, escolheu a área da saúde porque sempre quis ajudar as pessoas de alguma forma. Ela conta que o interesse pela pesquisa científica surgiu desde o primeiro semestre, quando ingressou em um grupo de pesquisa de farmacologia de produtos naturais e sintéticos. A partir daí, se apaixonou pela ciência e participou de diversos projetos na área de farmacologia e tecnologia em saúde.

A sua participação e trajetória em diversos projetos na sua área de escolha garantiram a entrada direta para o doutorado. Hoje, Aubrey é Doutoranda em Biotecnologia na Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), e diz que o que a motiva a continuar na pesquisa é a "paixão e o amor pela ciência, a vontade de aprender, de estudar, de usar a criatividade, conseguir solucionar problemas e ajudar as pessoas". 

A pesquisadora atua na área de STEM, e em seu doutorado desenvolve um projeto sobre reposicionamento de um fármaco para o tratamento da dor orofacial e avaliação na diferença dos sexos. Ela explica: "a dor orofacial é a dor de cabeça, dente, ouvido, face e pescoço. O tratamento eficaz representa um grande desafio para os  clínicos, principalmente quando esta dor se torna crônica. Por isso, é muito importante o estudo de novos fármacos para o seu controle".  

Para a doutoranda, o dia 11 de fevereiro é muito importante, especialmente no que diz respeito ao incentivo e à celebração de meninas e mulheres na ciência, além de servir como inspiração para as novas gerações. Ela conta que uma de suas maiores inspirações é a Professora Adriana Rolim, coordenadora do Mestrado em Ciências Médicas da Unifor, e fala com carinho de sua mentora, atribuindo a ela sua entrada no mundo da ciência e sua paixão pela pesquisa. 

“É necessário ter mais incentivo, mais investimento na pesquisa, para que haja mais diversidade, igualdade e equidade na ciência”, Sacha Aubrey, doutoranda em Biotecnologia na Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO). 

A egressa relembra que, quando era criança, não imaginava que poderia ser cientista, e diz que ter mais mulheres cientistas em destaque é fundamental para que, desde cedo, meninas possam sonhar com essa carreira. “Que tenham mais iniciativas voltadas para o estímulo à participação de meninas na ciência e ações em prol de uma ciência mais diversa", finaliza.