É fã de eSports e sonha em trabalhar na área? Saiba mais sobre o setor que move bilhões de dólares ao ano
seg, 4 julho 2022 14:39
É fã de eSports e sonha em trabalhar na área? Saiba mais sobre o setor que move bilhões de dólares ao ano
A Universidade de Fortaleza oferece curso de extensão sobre como iniciar uma carreira em jogos eletrônicos, ministrado por Rodrigo Selback, professor referência na área

Nos últimos anos, os esportes ultrapassaram as quadras físicas e migraram para as telas de computador. Febre nas plataformas de streaming, especialmente entre os jovens da geração Z, os esportes eletrônicos – mais conhecidos como eSports – são caracterizados como modalidades esportivas virtuais movidas pela estratégia e pelo pensamento crítico.
Além de possuir uma grande e crescente legião de fãs, os eSports são responsáveis por significativa movimentação financeira. De acordo com o relatório Global Esports Market Report, realizado pela Newzoo, referência em dados sobre a indústria de games, em 2021 o mercado movimentou mais de 1 bilhão de dólares no mundo, e a audiência global de transmissões de jogos ao vivo atingiu 728,8 milhões, com um crescimento de 10% em relação a 2020.
Rodrigo Selback, especialista em Ciências do Movimento Humano, palestrante internacional e Guild Master da Campus Party Brasil, versão brasileira da maior experiência tecnológica do mundo, diz que existem diversas definições para os jogos eletrônicos. Porém, a sua descrição favorita vem do livro “eSports For Dummies” (ainda sem tradução para o português): “eSports são os jogos competitivos via games”.
“É uma definição simples, mas é nessa simplicidade que ela se torna tão perfeita. Existem outras [definições] que falam sobre streaming, seguidores, campeonatos, profissionalização etc. Mas, conforme a descrição se torna mais complexa, ela acaba excluindo mais pessoas, e o objetivo dos games sempre foi o oposto: unir todas as pessoas em torno de uma atividade incrível e prazerosa”, pontua o especialista.
Analisando o cenário tecnológico atual e a evolução do universo dos esportes eletrônicos, a Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, está com vagas abertas para seu mais novo curso de Educação Continuada, intitulado “Iniciando uma carreira nos eSports”. As aulas serão remotas e ministradas por Selback, acontecendo durante todo o mês de outubro, com início no dia 03 e encerramento no dia 21.
Fenômeno digital
Apesar de estar em uma posição de grande destaque hoje, a história dos eSports se iniciou nos anos 1970, com o Intergalactic Spacewar, primeiro campeonato de games, que aconteceu na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Entretanto, Rodrigo explica que a revolução no mundo dos games aconteceu em 1997 durante a competição Red Annihilation, de um jogo chamado Quake, na qual, segundo o Guinness World Records, surgiu o primeiro jogador profissional de videogames.
Ao longo dos anos, os jogos eletrônicos sofreram atualizações e migraram para outros dispositivos, democratizando o acesso e alcançando mais jogadores. Além dos recursos tecnológicos, a pandemia da Covid-19 e o cancelamento de muitos eventos de esportes tradicionais fizeram com que os eSports conquistassem ainda mais a indústria de entretenimento, pois suas competições conseguiram se adaptar rapidamente ao formato remoto.
O universo dos eSports é um fenômeno tipicamente digital desde o seu nascimento. Hoje, além dos inúmeros jogos disponíveis, os esportes eletrônicos já garantiram espaço na indústria televisiva, cinematográfica e até mesmo literária, com séries, filmes e livros baseados em games, o que mostra sua relevância e influência na sociedade contemporânea.
Categorias e principais jogos
Assim como os esportes tradicionais, os jogos eletrônicos contemplam diversas modalidades, que englobam jogos de cartas, lutas, tiros, entre outros. De acordo com o professor, existem sete categorias:
- Real Time Strategy (RTS, ou “estratégia em tempo real”, em tradução livre): o jogador precisa gerenciar recursos, indústrias e exércitos para conquistar o mapa e vencer o adversário;
- Simuladores: simulam aspectos da vida real, como futebol, basquete, corridas de carro;
- Card games: o participante constrói um baralho de cartas que, ao ser embaralhado, conforme o jogador for “sacando” as cartas, podem ser utilizadas para montar estratégias visando a derrota do adversário;
- Fighting Games: os tradicionais jogos de luta, como Street Fighter e Mortal Kombat, muito importantes na formação da cultura dos eSports no mundo;
- Battle Royale: nesses jogos, que são a grande moda do momento, um determinado número de jogadores entra em uma arena virtual e batalham entre si. O vencedor é aquele que ficar vivo por último. Um exemplo é o famoso Free Fire;
- First Person Shooter (FPS): conhecidos como “jogos de tiro”, nos quais a visão do jogador é de como se estivesse segurando a arma;
- Multiplayer Online Battle Arena (MOBA): nessa modalidade, duas equipes se encontram em um campo de batalha e precisam destruir a base inimiga.
Segundo Rodrigo, as duas últimas categorias são as mais famosas e com maior número de fãs no mundo. Atualmente, os principais jogos são o Counter Strike Global, inserido na modalidade de FPS, e o League of Legends, caracterizado como um MOBA. No Brasil, o maior fenômeno é o Free Fire.
“Quando achávamos que as modalidades estavam estabelecidas, surge uma nova, que se torna febre entre as pessoas: Auto Chess, em que o jogador apenas posiciona seus heróis no campo de batalha e eles travam o combate sozinhos, sem que ele tenha que comandar os personagens. Isso é a prova que este universo de modalidades está em expansão e ainda tem muito o que crescer”, assegura o Guild Master.
Mercado em ascensão
Com seus grandes campeonatos, notáveis audiências e domínio de mercado, cada vez mais pessoas enxergam os eSports como uma opção de carreira viável. Conforme a demanda nesse setor aumenta, mais oportunidades de atuação surgem para os apaixonados por esse nicho.
Rodrigo Selback é professor do curso de extensão em Transformação Digital para RHs da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, e do curso de extensão em eSports na Universidade de Caxias do Sul (Foto: Arquivo pessoal)
“Os games fazem parte da vida das pessoas (no Brasil, pelo menos) desde os anos 1980, encantando pessoas com suas histórias e aventuras. Assim, era mais do que natural que esse mundo mágico se tornasse o maior mercado da atualidade; afinal de contas, hoje, o mercado de games é mais lucrativo do que o da música e do cinema juntos”, afirma Selback
Aos que desejam se tornar atletas de jogos eletrônicos, o professor diz que o caminho envolve muito treino e dedicação, participação em campeonatos amadores e peneiras de grandes equipes. Entretanto, é importante notar que, infelizmente, assim como nos esportes tradicionais, apenas uma parcela pequena das pessoas consegue se profissionalizar, o que não deve servir como impedimento para se trabalhar em um mercado no qual se é apaixonado, pois existem outras oportunidades.
Rodrigo explica que uma equipe ou empresa relacionada aos eSports é como qualquer outra: precisa de administrador, jornalista, advogado, nutricionista e outros profissionais. Porém, atualmente, a grande dificuldade desse nicho está relacionada às suas características específicas e vocabulário próprio. Ele relata que os candidatos, ainda que excelentes em suas áreas de atuação, não passam nos processos seletivos para estas empresas por não entenderem as peculiaridades desse universo.
O palestrante diz ainda que uma demanda muito forte do mercado dos jogos eletrônicos engloba o jornalismo e as redes sociais. Entretanto, se o profissional não entender de games, não conseguirá se comunicar neste mundo. “As possibilidades de profissão na área são imensas. Mas, lamentavelmente, falta a mão de obra que entenda deste universo. E, para quem deseja entender mais desse mundo, a Unifor traz o novo curso de extensão”, finaliza o jogador profissional.
Iniciando uma carreira nos eSports
A Universidade de Fortaleza, com o intuito de capacitar e fornecer aos alunos fundamentos para compreender o mercado dos esportes eletrônicos, amplia sua grade de Educação Continuada com a adição do curso de extensão em eSports. A especialização promove reflexões críticas acerca das possibilidades de atuação dentro da indústria de games, e traz entendimentos sobre o ecossistema dos games.