Dia das Mães: como a ciência e a pesquisa viraram um elo de cuidado e carinho

sex, 9 maio 2025 11:46

Dia das Mães: como a ciência e a pesquisa viraram um elo de cuidado e carinho

Com formações diferentes e trajetórias complementares, as professoras Regina e Julia Mattei transformaram o ambiente acadêmico em espaço de conexão, inspiração mútua e laços que atravessam gerações


Regina é psicóloga e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP); Julia é advogada e docente do Mestrado Profissional em Direito e Gestão de Conflitos (Foto: Vito Moura)
Regina é psicóloga e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP); Julia é advogada e docente do Mestrado Profissional em Direito e Gestão de Conflitos (Foto: Vito Moura)

Todo ano, o segundo domingo de maio é carregado de amor, celebração e, para alguns, saudade. Em 2025, o Dia das Mães será celebrado em 11 de maio. Para celebrar a data, Regina e Julia Mattei compartilham a história de uma conexão que vai além dos laços familiares: mãe e filha, elas também são pesquisadoras e professoras da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz

Apesar das formações distintas —  Regina é psicóloga e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP); Julia é advogada e docente do Mestrado Profissional em Direito e Gestão de Conflitos — ambas se uniram na pesquisa acadêmica e mantêm uma colaboração constante. A parceria comprova que é possível conciliar rotinas diferentes e transformar a ciência em um terreno comum de troca e construção conjunta.

“Temos trabalhado juntas em um projeto sobre como as pessoas percebem seus direitos em tempos de polarização política, e como isso afeta a saúde mental. Juntamos a minha experiência com sociologia jurídica e a linha de pesquisa da minha mãe, que sempre foi saúde mental, especialmente do trabalhador”, explica a filha.

Primeiros passos na pesquisa e influência mútua

O interesse de Regina pela ciência surgiu cedo. “A ideia de fazer ciência foi sempre algo que me acompanhou desde o ensino médio. Já na faculdade fiz várias pesquisas como aluna de iniciação científica”, comenta. Hoje, mesmo aposentada, ela continua trabalhando como docente-pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre o Trabalho (LET), da Unifor.

Julia, por sua vez, cresceu imersa nesse ambiente. Desde muito pequena, acompanhava a mãe em aulas e eventos acadêmicos. “Eu gostava muito de acompanhar as aulas da minha mãe, e mesmo fora da sala de aula, nossa casa sempre foi muito cheia de pesquisadores, de discussões sobre pesquisa. A gente ouvia muito falar sobre trabalhos científicos, acadêmicos”, relembra a advogada.

Sobre a influência que exercem uma sobre a outra, Julia destaca que a inspiração veio, principalmente, da mãe. “Muito da minha forma de pensar pesquisa vem dela”, afirma. Já Regina valoriza a parceria com a filha e se emociona ao ver que parte dos projetos recentes é fruto dessa colaboração.

A advogada, que também já é mãe, diz que tenta passar esse mesmo interesse para seu filho. “Acho que tudo que faço hoje, como mãe, é pra tentar despertar nele esse gosto pela busca de conhecimento. E não só conhecimento científico, mas qualquer tipo de conhecimento”, revela.

A ciência como elo de mãe e filha

Atualmente, ambas reconhecem que a ciência é um elo central em sua relação. Regina ressalta que sempre incentivou as filhas — Julia e Joana — a seguirem a carreira acadêmica, e vê com satisfação o fato de que ambas encontraram seus próprios caminhos na pesquisa, em áreas distintas.

Com uma parceria acadêmica tão forte, as pesquisadoras despertam admiração entre colegas e alunos. Muitas pessoas se impressionam com a relação próxima, respeitosa e afetuosa que mantêm dentro do ambiente de trabalho.

Entre diversos momentos emocionantes que viveram juntas, em relação à vida acadêmica, Julia destaca a conquista de um importante edital com uma pesquisa desenvolvida em parceria.

Elas reforçam que a relação entre as duas cresceu com o amor pela ciência e dão um conselho para outras mães e filhas que compartilham da mesma paixão: que não tenham medo de tentar misturar afeto e trabalho.

“A gente foi muito ensinada a separar tudo, mas quando mãe e filha constroem esse caminho juntas, a ciência pode virar também uma forma de cuidado, de legado, de parceria. A ciência pode ser só mais um jeito bonito de continuar crescendo juntas”, afirma Julia.

A história de Regina e Julia Mattei desafia uma frase conhecida por muitos, “não se deve misturar trabalho e família”. A psicóloga e a advogada mostram que, mesmo com formações distintas e inseridas, desde sempre, em um espaço que pode ser cansativo e, de certa forma, solitário, é possível manter uma relação de cooperação e, acima de tudo, de afeto.