O futuro da energia renovável já chegou

seg, 31 outubro 2022 17:44

O futuro da energia renovável já chegou

Egressos do curso de Energias Renováveis da Unifor estão criando seus próprios negócios e se integrando a grandes empresas, com protagonismo na produção das energias eólica e solar e do promissor hidrogênio verde


O Ceará já é referência na produção das energias eólicas e solar, e nos últimos anos o Estado tem apostado também na produção de hidrogênio verde (Foto: GettyImages)
O Ceará já é referência na produção das energias eólicas e solar, e nos últimos anos o Estado tem apostado também na produção de hidrogênio verde (Foto: GettyImages)

O futuro abriu-se para Ricardo Correia em uma conferência do clima em Copenhagen, em 2009. Ele participava da COP15, quando viu vários países se comprometerem com um futuro mais verde e com as energias renováveis. Formado em administração, vislumbrou que a partir dali um fervoroso mercado se abriria na área no Ceará, hoje protagonista neste segmento.

Ricardo voltou ao Brasil decidido a se especializar em Energias Renováveis num momento em que havia poucos cursos na área, especialmente no Nordeste. Ingressou um tempo depois na graduação em Energias Renováveis da Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz. Para ele, a Unifor acertou ao oferecer um curso amplo para quem atua na gestão.

Desde então, a graduação em Energias Renováveis da Unifor vem formando profissionais para atuar num aquecido mercado, seja como empreendedor ou parte do time de grandes empresas. Se o Estado já era referência na produção das energias eólicas e solar, nos últimos anos tem apostado também na produção de hidrogênio verde. Especialistas preveem que os avanços na área devem trazer o aquecimento e a alta empregabilidade, que já marcam o setor hoje, perdurarem por muito tempo. É, portanto, uma profissão para o presente e para o futuro.

Novos empreendedores da energia verde  


Ricardo Correia é egresso do curso de Energias Renováveis da Unifor (Foto: Ares Soares)

Enquanto cursava a graduação em Energias Renováveis na Unifor, Ricardo Correia já foi construindo a empresa Energy Green, da qual é diretor técnico. O empreendimento atua no mercado de energia solar em todo o Nordeste, tanto na geração distribuída quanto na geração centralizada. Ou seja, trabalha com a venda, comercialização e instalação do sistema solar fotovoltaico tanto para residência quanto para o comércio e a indústria. 

“Fui um dos desbravadores, porque era muita coisa nova, né?”, diz Ricardo, rindo. Ele conta que foi preciso muito espírito empreendedor para manter a empresa funcionando durante todos esses anos. “O curso de Energias Renováveis me deu o respaldo técnico para desenvolver o setor. Essa é mais ou menos a história”, conta o administrador, que decidiu buscar este conhecimento em vez de apenas contratar outros profissionais da área. A Energy Green hoje tem aproximadamente 30 funcionários, da montagem à venda e ao administrativo. E Ricardo avalia que a perspectiva de crescimento ainda é enorme tanto no médio quanto no longo prazo. 

Para se ter noção da dimensão do mercado cearense, a geração própria de energia solar no Estado mais que dobrou no último ano. Foram mais de 41,8 mil conexões de geração própria de energia solar fotovoltaica em telhados e pequenos terrenos, segundo a Absolar. No ranking nacional de produção desta energia, o Ceará só fica atrás da Bahia. 

Mercado em alta 

Além da solar, o mercado também é muito promissor para outras energias renováveis, como a eólica. Atualmente, mais da metade da energia do Ceará é produzida pelas fontes renováveis. Para ser mais exato: 58% da energia do Estado agora vem dos parques eólico e solar, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Num passeio qualquer pela orla cearense, você provavelmente vai se deparar com dezenas e dezenas de aerogeradores cujas hélices giram incansavelmente. A paisagem se repete em muitas praias nordestinas. É que a região é responsável por mais de 86% da energia eólica produzida em todo o país.

Curso conectado ao mercado

Diante deste cenário aquecido, a Unifor oferta um curso interconectado com o mercado e vê seus egressos ocupando espaços relevantes dentro do ecossistema das Energias Renováveis.


Na Unifor, os estudantes são formados para atuar em diversas frentes, inclusive de forma autônoma (Foto: Roberio Castro) 

Com duração de dois anos e meio, a graduação em Energias Renováveis da Unifor é voltada a quem deseja atuar de forma autônoma ou em empresas de geração, transmissão, concessionárias de distribuição de energia, companhias de comercialização de energia, cooperativas de eletrificação, indústrias e organismos reguladores, entre outras.

“Há uma multiplicidade de profissionais no segmento. O egresso das Energias Renováveis pode atuar em diversas frentes”, destaca Dayane Carneiro, professora do curso de Energias Renováveis da Unifor. Ela cita como exemplo gestão, planos e processos de geração de energia, focado em energia solar ou eólica. Além disso, outras possibilidades deste amplo leque seriam eficiência energética, gestão ambiental, estrutura de mercado de energia e economia circular. 

Para ela, os investimentos públicos do Ceará na área abrem um movimento muito positivo de possibilidades de crescimento ao profissional que escolhe a área. “Nosso Estado é muito atuante nas Energias Renováveis. Temos uma câmara setorial muito atuante, com elo da cadeia produtiva e da logística”, explica.

Isso tudo permeia uma necessidade forte de mão de obra qualificada, como a que a Unifor vem contribuindo para formar, com uma grade curricular que permeia a questão da energia, o conhecimento em geração, os discursos renováveis e de sustentabilidade aderentes aos objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas - ONU. O egresso da instituição sai com um olhar aguçado para soluções renováveis.


“O curso de Energias Renováveis da Unifor forma alunos por meio de professores que têm uma estrutura de vivência de mercado, e isso faz com que a troca de experiência em sala de aula com o aluno em formação seja a mais realista possível” - Dayane Carneiro, professora do curso de Energias Renováveis da Unifor

E não é só na graduação. Para quem deseja se capacitar ou aprofundar os conhecimentos relativos aos processos de geração de energia por meio de fontes alternativas, a Universidade de Fortaleza oferece também a Especialização em Gestão de Energias Renováveis, com 21 meses de duração.

2º maior usina de energia solar em campus universitário 

Não é para menos. A própria universidade está com seus olhos bem grudados em garantir um futuro mais sustentável enquanto o mundo vivencia a emergência climática. Você sabia que a Unifor tem a segunda maior usina de energia solar em estacionamento coberto do país?

Sempre preocupada em colaborar com as causas globais, a Unifor ativou a própria usina solar em 2021. O empreendimento, instalado próximo ao Bloco M, no campus da universidade, contém 5.580 placas solares em uma área de aproximadamente 22 mil m², com capacidade para gerar uma economia de energia de cerca de 300 MWh médios mensais por meio dos seus 2.1 MWp instalados. Ao todo, o parque solar absorve entre 25% e 30% do consumo de energia elétrica da instituição, dependendo da época do ano.

Energia eólica: área em constante expansão

O fato é que a demanda do mercado de Energias Renováveis é tanta que há profissionais de distintas áreas trabalhando no segmento. É o caso, por exemplo, da engenheira Marcella Pinheiro Lazar, egressa dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Eletrônica da Unifor. Hoje, ela atua como engenheira de projetos na Casa dos Ventos, uma das principais investidoras no mercado de energia renovável do Brasil. “Meu time é de desenvolvimento e o foco é eólico”, conta.


“Trabalhar com energias renováveis é uma forma de contribuir com melhorias para a sociedade, e o diferencial da Unifor é a grande estrutura para quem quer atuar na área, com laboratórios e professores qualificados e conectados com o mercado" - Marcella Pinheiro Lazar, egressa da Unifor que atua com energia eólica

Marcella atua numa equipe responsável desde a prospecção (ou seja, a identificação de novas áreas para projetos) até a modelagem do recurso eólico e o desenvolvimento do projeto em si. 

O interesse da egressa pela área começou ainda na faculdade. “Sempre gostei de energias renováveis e sustentabilidade”, lembra ela, que chegou a fazer alguns cursos voltados à energia eólica e solar. “Desde a Unifor, já sabia que queria seguir esse caminho em algum momento da minha carreira profissional”, diz. A oportunidade veio com a Casa dos Ventos e, desde então, ela vê o mercado cada vez mais aquecido.

Hidrogênio verde, porta aberta para o futuro

Agora mesmo, há uma nova e próspera porta se abrindo no mercado de Energias Renováveis. O hidrogênio verde está sendo visto como uma das principais apostas quando o assunto é acelerar o desenvolvimento de tecnologias para substituir o uso do gás natural. Se esta já era uma demanda em evidência por conta da necessidade de frear as emissões de carbono e a emergência climática, agora ganhou novos estímulos diante da guerra da Rússia e da Ucrânia.


Primeira usina de hidrogênio verde deve ser inaugurada em dezembro, no Pecém (Foto: Divulgação/Governo do Estado) 

Isso porque a Europa, dependente do gás natural russo, iniciou esforços para cortar essa dependência depois que viu um salto de quase 450% no preço do gás em um ano, conforme a BloombergNEF. Agora, governos, empresas e fundos de investimentos estão mais empenhados que nunca no plano de converter o hidrogênio num substituto viável para os combustíveis fósseis em fábricas e transportes.

É neste cenário global que o Ceará desponta como mercado importante para o setor. Nos últimos anos, o Estado vem investindo na criação de um hub de hidrogênio verde no Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza. 

A ideia é que o Ceará concentre empresas ligadas à produção desta fonte de energia e que se converta numa porta de saída estratégica rumo ao mercado internacional, tendo em vista a favorável localização geográfica. Já há memorandos de entendimentos assinados com ao menos 17 empresas do setor. E a expectativa é que a primeira usina de hidrogênio verde da América Latina comece a operar a partir de 15 de dezembro no Pecém.

Lembra do Ricardo Correia, o egresso do curso de Energias Renováveis que criou a própria empresa de energia solar lá do início desta reportagem? Ele já começa a vislumbrar as chances de crescer com esta nova demanda.

É que, para ser produzido, o hidrogênio verde precisa de energia renovável. “Eles precisam de muita energia para fazer o processo de eletrólise do hidrogênio, separar as moléculas de água e de hidrogênio. E essa energia deve ser verde, eólica ou solar. Então nós entramos no desenvolvimento de grandes projetos de usina solar que vão gerar energia para as usinas de hidrogênio verde”, celebra Ricardo.

Na avaliação dele, o mercado é muito promissor para quem deseja seguir no segmento de Energias Renováveis. “O mercado ainda é muito carente de bons profissionais e vai ter crescimento nos próximos anos muito forte”, avalia.

Agora mesmo o Brasil se prepara para participar da COP 27 no Egito e se lançar como fonte de energia renovável para o planeta. O Ceará, por sua vez, trabalha para retomar o pioneirismo no setor. O futuro das energias renováveis já chegou, e os egressos da Unifor estão ocupando posição de destaque neste mercado.