seg, 14 março 2022 16:51
Escolhas iguais, trajetórias diferentes
Conheça histórias de jovens estudantes que escolheram seguir a mesma profissão dos pais e vivenciam uma experiência alinhada aos novos tempos
Não é sinal de comodismo ou imposição da vontade alheia. Em pesquisa recente, o próprio LinkedIn aponta: os familiares mais próximos estão entre as maiores influências na hora da escolha da carreira profissional. Portanto, é mais comum do que se imagina filhos escolherem seguir a profissão dos pais, sobretudo quando estes constroem, ao longo dos anos, trajetórias associadas à estabilidade financeira e prestígio social.
Na Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, exemplos não faltam de graduandos que batem no peito para dizer que a escolha foi livre na hora de decidir se iriam ou não enveredar pela mesma área de formação dos pais. Para estes, filho de peixe pode ser peixinho sim e não há razão para arrependimento ou conflito interno se o ímpeto for repisar os passos de gerações passadas.
É que o igual pode adquirir contornos diferentes no aqui e agora. Assim pensa a estudante do 1º semestre em Engenharia Civil da Unifor, Larissa Feijó de Pontes Leite: “meu pai e minha mãe são engenheiros civis, mas nunca me pressionaram para seguir a carreira deles. Tanto é que eu cheguei a me interessar por Arquitetura, apoiada por ambos. Mas ao descobrir, principalmente através do meu pai, que também é professor da Unifor, o leque diversificado de especialidades e oportunidades que a Engenharia Civil hoje proporciona, o que não acontecia na época dele, me rendi por completo à profissão que admiro desde criança”.
Na infância, o precoce gosto por matemática já era prenúncio de que a filha do casal de engenheiros formados na Unifor poderia trilhar o mesmo caminho dos pais, recorda a aluna:
“Quando a gente saía em família, passeando de carro pela cidade, meus pais apontavam para os prédios enormes e diziam que eles haviam calculado aquela construção. Me mostraram inclusive o prédio onde eu nasci, também construído por eles. Então, não tinha como não achar aquela profissão deles fascinante quando via os dois desenhando e fazendo cálculos para depois me mostrar o resultado concreto. Parecia mágica”, Larissa Feijó, estudante do curso de Engenharia Civil da Unifor.
Proprietário da Structurale, empresa local de engenharia de projetos e consultoria, o engenheiro calculista Eduardo César Leite não esconde o orgulho em ver a filha dando início à mesma formação que ele e Letícia, a esposa, tiveram. Desde 1986, também é professor da Unifor e se já festejava o fato de ter dado aulas para sua companheira, agora se prepara para entrar na sala de aula da herdeira que ainda não sabe qual especialidade vai escolher, mas já tem provas de sobra sobre a assertividade da própria escolha. “Tudo na engenharia está cercado de afetividade pra mim. Então não tem como dar errado”, adianta Larissa.
O pai concorda com a filha, mas também apresenta outros motivos que a farão feliz ao longo do percurso formativo. “Como egresso da Unifor e professor da engenharia civil posso atestar a formação de excelência que Larissa terá, o que vai certamente garantir a ela um futuro profissional ainda melhor do que o meu e o da mãe. Isso porque hoje, além da contribuição das novas tecnologias, o ensino, a pesquisa e a extensão estão a serviço da qualidade de vida da comunidade e atentos ao impacto social das obras na vida das pessoas. É um diferencial ligado à sustentabilidade que faz toda a diferença na forma responsável e comprometida como o engenheiro atua em sociedade”, destaca.
“Na minha época sequer ouvíamos falar em energia limpa ou o que fazer com o lixo, por exemplo. Agora tudo isso, os valores e as competências socioemocionais do século 21, já são incutidos na graduação e estão incorporados às novas matrizes curriculares da Unifor”, Eduardo César Leite, professor do curso de Engenharia Civil da Universidade de Fortaleza.
Em dia com as demandas do mercado da área de engenharia civil, a mãe e sócia-proprietária da Structurale, Letícia Leite, complementa: “hoje a graduação em engenharia civil da Unifor também é muito mais voltada à resolução de problemas reais, ou seja, a teoria chega totalmente atrelada à prática. Na minha época de estudante acho que o curso era mais conteudístico. Por isso, também voltei recentemente à Unifor para cursar uma pós-graduação”.
“Posso dizer que tanto eu como ela estudaremos com os melhores que fazem engenharia no Ceará. Então, fico feliz em saber que Larissa vai acessar um conhecimento aplicado com a vantagem de ter à disposição laboratórios de ponta e toda a infraestrutura necessária para uma formação de excelência”, Letícia Leite, engenheira civil graduada pela Unifor.
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Contabilista bom de bola
Bisavô, avô, pai, tios. João Lucas Lima de Castro e Silva nasceu em uma família de contadores e entende que a vocação está no sangue. Aluno do 2º semestre do curso de graduação em Ciências Contábeis da Unifor, ele brinca contando que a rede de influências familiares para seguir a carreira de contador não para de crescer. É que o irmão também cursa o 6º semestre em Ciências Contábeis na Unifor e já é dono de sua própria empresa no ramo da certificação digital.
Herdeiro do Grupo Controller, empresa que desde 1989 presta serviços de Auditoria e Consultoria, compreendendo as áreas Contábil, Tributária e de Recursos Humanos, João Lucas não titubeia em admitir que o pai, Robinson Passos de Castro e Silva, é a inspiração máxima. Por isso, quer sim pegar o bastão e seguir carreira na mesma área, mas deixando sua própria marca.
“O grande diferencial da minha formação em relação a que meu pai teve certamente passa pela tecnologia. Na Unifor, temos programas de ponta na área da contabilidade que, além de realizar os processos, otimizam o tempo de trabalho. E é apostando em inovação que posso contribuir com o crescimento dos negócios da família”, João Lucas Lima de Castro e Silva, estudante de Ciências Contábeis da Unifor.
Do pai, que já foi presidente do Conselho Regional de Contabilidade, João Lucas também espera herdar a presidência do Ceará Sporting Clube. “O que mais se elogia na atual gestão do meu pai é a organização financeira. Quero trilhar esse caminho, colocando a contabilidade a serviço do futebol e explorando esse filão de mercado”, planeja o filho orgulhoso.
Sorrindo para a vocação
Até os 16 anos, Isadora Dias Carlos bem que tentou ser a “diferentona”, bradando em alto e bom som que não se tornaria mais uma dentista da família. É que pais, avós, tios e primos haviam cursado Odontologia. E para ela, repisar esse caminho era recair na mesmice e não se desafiar, permanecendo numa zona de conforto.
“Dizia para todo mundo que iria cursar Psicologia. E aí, no final do Ensino Médio, com o teste vocacional, a área da Saúde se confirmou pra mim. Foi quando fui fazer um intercâmbio no Canadá e odiei uma disciplina que era justamente ligada à Psicologia. Me entediou tanta teoria, precisava mexer com algo prático. E agora? Voltei para Fortaleza e participei da Feira das Profissões, conhecendo o campus da Unifor. Me encantei. E mais ainda quando vi a infraestrutura das clínicas odontológicas. Aí tive que admitir: ia fazer vestibular para ‘Odonto’ mesmo”, gargalha a hoje estudante do 5º semestre do curso de graduação em Odontologia da Unifor.
A aprovação no vestibular acabou sendo a maior alegria de sua vida, admite. “Hoje é até senha o dia e o ano em que fui aprovada”, confessa. A família, claro, não ficou menos contente. E, ao baixar a guarda, a mais nova odontóloga em formação pôde enfim se fartar de conhecimento, tanto na faculdade quanto dentro de casa. É que a mãe, Rosana Dias, é odontopediatra e ortodontista, enquanto o pai, Márlio Ximenes Carlos, se especializou em periodontia.
“Até o momento tenho me interessado mais em estagiar no consultório de minha mãe, que por sua vez trabalha com minha tia. Mas fico entre os dois consultórios, assistindo aos procedimentos de um e do outro. Gosto muito do vínculo criado com o paciente e toda a sua família no consultório, aprendo muito sobre relacionamento nesse dia a dia profissional com meus pais, o que é sensacional”, Isadora Dias Carlos, estudante do curso de Odontologia.
Constante, a troca de informações e práticas com os pais também têm lhe dado maior segurança para atuar profissionalmente no futuro. Em contrapartida, ela os atualiza. “Em termos de teoria não sinto grande distanciamento entre o que minha mãe e meu pai aprenderam na faculdade e o que eu venho aprendendo. Até porque eles estão sempre se especializando. Mas quando apresento os mais novos instrumentais e EPIs que temos acesso na Unifor, aí tudo muda de figura, já que na época em que eles se formaram as instituições de ensino não eram bem equipadas. Minha mãe me conta que arranca dente sentada em cadeira de plástico e com um balde do lado. Na Unifor, contamos com uma super infraestrutura e alta tecnologia”, observa a estudante que também enxerga pela frente muito mais opções de especializações em sua área do que seus pais puderam um dia imaginar.
À sua imagem e semelhança?
Advogado e professor do curso de Direito da Unifor, Leonardo Leal leu exatamente na cartilha do pai, Pedro Valter Leal, atuando profissionalmente em ambas as vertentes. Também se orgulha em dizer que foi aluno dele, na própria Universidade de Fortaleza. “Assim que passei no vestibular fui logo estagiar no escritório do meu pai, o que solidificou minha escolha. E lembro que minha maior limitação era a timidez e a pouca desenvoltura de falar em público. Mas precisava superar isso porque também tinha aspiração acadêmica, inspirado nele. Foi quando me desafiei a ser monitor para treinar a docência. Deu certo. Hoje dou aulas e sigo advogando no escritório do papai, enquanto ele caminha para a aposentadoria”, conta.
“Quando meu pai começou a dar aulas, na década de 1990, ainda eram poucos os cursos de Direito e advogados no Brasil. Ou seja, a demanda era alta e a concorrência bem menor, o que levava a uma fidelização da clientela. Eu comecei a dar aulas em 2009, com mais de um milhão de advogados atuando e enorme concorrência. A formação do meu pai também foi mais conteudística, não havia tanto uma preocupação de se preparar para o mercado. Suas aulas eram mais expositivas e se valiam de menos metodologias ativas. Hoje, como docentes, somos mais desafiados a confrontar o conteúdo com dados da realidade, visando também uma formação humanística e mercadológica”, Leonardo Leal, advogado e professor do curso de Direito da Unifor.
Para ele, o professor de hoje, inexoravelmente marcado por uma pandemia global, já difere muito do que foi o seu pai. “Os recursos tecnológicos, as metodologias ativas, o ambiente virtual bem estruturado tudo isso chegou com força para que a gente procurasse engajar o aluno nesse novo modelo de ensino-aprendizagem. É um caminho sem volta, um antes e depois. Portanto, não há mais espaço para o aluno passivo ou o professor tradicionalista reverenciado como autoridade no assunto. Somos filtro de informação de qualidade e condutor dos processos formativos, construindo conhecimento junto com os alunos e a partir do que eles nos trazem como provocação. Portanto, escolhi o mesmo caminho que meu pai, hoje atuo de forma completamente diferente”, conclui Leonardo.