Docentes da Unifor participam de treinamento em Berlim para projeto de colaboração internacional

seg, 14 julho 2025 15:44

Docentes da Unifor participam de treinamento em Berlim para projeto de colaboração internacional

Keysa Mascena e Luis Haroldo, professores dos cursos de Administração e Comércio Exterior, realizaram treinamento na Alemanha para implementar projeto binacional que unirá turmas da Unifor a estudantes da HWR Berlin


Turma do treinamento para COIL na HWR Berlin - Berlin School of Economics and Law (Foto: Arquivo pessoal)
Turma do treinamento para COIL na HWR Berlin - Berlin School of Economics and Law (Foto: Arquivo pessoal)

Na Universidade de Fortaleza (Unifor), mantida pela Fundação Edson Queiroz, a internacionalização é um compromisso que, cada vez mais, faz parte do dia a dia da comunidade e das atividades acadêmicas. A participação de professores em eventos e parcerias internacionais, como é o caso de Keysa Mascena e Luis Haroldo Pereira dos Santos Junior, reflete essa dedicação da instituição em globalizar seu ensino.

No final de junho, os docentes estiveram na Alemanha para a International Staff Training Week, na Freie Universität Berlin. Lá participaram de um treinamento para a implementação do primeiro projeto de Collaborative Online International Learning (COIL) entre a Unifor e a Berlin School of Economics and Law (HWR Berlin)

“O COIL cria uma experiência internacional inclusiva, capaz de desenvolver competências interculturais sem exigir que o aluno saia do país”, destaca Keysa, docente do curso de Administração e do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Unifor.

Segundo ela, o COIL é uma abordagem de ensino que promove a integração entre estudantes de diferentes países por meio de projetos colaborativos conduzidos totalmente online. “Na prática, professores de diferentes instituições planejam um projeto conjunto, e os alunos formam equipes mistas que precisam interagir virtualmente ao longo do semestre para desenvolver o trabalho”, explica.

Ensino global nas salas de aula da Unifor

Keysa vê na iniciativa uma forma efetiva e democrática de internacionalização. “É uma experiência internacional que ocorre dentro da própria universidade e sem os custos da mobilidade física. Além disso, promove habilidades valiosas, como empatia, diálogo intercultural, trabalho em equipe e resolução de problemas em ambientes multiculturais”, pontua.

O projeto entre a Unifor e a HWR Berlin será implementado a partir do segundo semestre de 2025. A disciplina criada pela Unifor terá como foco sustentabilidade e gestão, enquanto a disciplina alemã abordará gestão de desempenho. “Alinhamos os temas para que o desafio aplicado tenha um impacto prático para empreendedores e gestores”, afirma a professora.

A ideia é que os grupos binacionais se encontrem em uma aula inaugural conjunta, recebam o desafio e, ao longo do semestre, desenvolvam a solução de forma colaborativa e online, com pelo menos dois encontros virtuais adicionais antes da entrega final.

O treinamento realizado em Berlim, de acordo com Keysa, teve foco metodológico. “Foi uma semana intensa, com atividades voltadas ao desenvolvimento de habilidades interculturais nos estudantes, discussões sobre estratégias de implementação do COIL, desafios enfrentados por outras instituições e oportunidades de colaboração internacional”, relembra a docente.

O curso foi promovido pela rede BeCOIL, composta por nove instituições de ensino superior da capital alemã, e reuniu representantes de 23 países. “Participar [da ocasião] foi uma oportunidade ímpar de networking, desenvolvimento profissional e de compreender diferentes abordagens pedagógicas que podem ser adaptadas à realidade da Unifor”, afirma.

Para Keysa, um dos principais aprendizados foi perceber o potencial transformador do COIL não apenas para os alunos, mas também para a prática docente. “Ampliamos nosso entendimento sobre como incentivar a participação dos estudantes, planejar com base em metodologias ativas e fortalecer a autonomia dos alunos sem abrir mão do acompanhamento pedagógico”, diz. Ela destaca ainda que a experiência pode ser replicada em outros cursos e Centros de Ciência da Unifor.


“Estamos dando um passo relevante para disseminar essa prática. O COIL contribui para formar profissionais mais preparados para atuar em contextos globais, além de envolver um número maior de alunos em experiências internacionais”Keysa Mascena, professora do curso de Administração e do PPGA da Unifor

Outro ponto enfatizado pela docente é o potencial da iniciativa para além da sala de aula. “O COIL pode gerar artigos, projetos aplicados e ações de extensão, beneficiando não apenas os estudantes, mas também a comunidade acadêmica e a sociedade”, pondera. 

Nesse sentido, ela vê o programa como um importante reforço ao processo de internacionalização da Unifor. “É uma estratégia de internacionalização de baixo custo, que amplia o envolvimento de docentes e discentes com instituições internacionais e posiciona a Unifor de forma alinhada com as tendências globais do ensino superior”, avalia.

A seleção para representar a Unifor no treinamento internacional foi, para Keysa, um marco importante em sua trajetória. “Fiquei muito feliz com a oportunidade de ampliar minhas habilidades interculturais e contribuir com a internacionalização da Universidade. Estar ao lado de 197 participantes de 56 países, em um ambiente tão rico em troca de experiências e aprendizado, foi inspirador”, relata.

Sobre as expectativas para as salas de aula, Keysa revela: “Voltamos com as melhores expectativas. Acreditamos que essa vivência vai transformar a forma como ensinamos, aproximando o conhecimento da prática global e preparando os alunos para desafios internacionais concretos”. 

Democratizando a internacionalização com o COIL

De acordo com Luis Haroldo Pereira, professor dos cursos de Comércio Exterior, Ciências Econômicas e Direito da Unifor, o COIL é uma iniciativa metodológica que promove a colaboração entre estudantes e professores de diferentes países por meio de atividades online conjuntas.

“Essas atividades podem incluir trabalho em grupo, estudo de caso internacional e projetos práticos de âmbito mais global”, explica. Para ele, a importância do programa está em democratizar o acesso à internacionalização.


“Considero essa iniciativa de especial relevância por proporcionar experiências internacionais a estudantes que não têm condições de estudar no exterior, democratizando os ganhos acadêmicos e culturais que um intercâmbio tradicional costuma promover”Luis Haroldo Pereira, professor dos curso de Comércio Exterior, Ciências Econômicas e Direito da Unifor

O docente conta que o treinamento na Alemanha teve foco metodológico, com ênfase na aprendizagem intercultural. “O objetivo é desenvolver um projeto colaborativo entre os professores das duas instituições para ser aplicado às respectivas turmas, exigindo uma atuação conjunta dos alunos oriundos de distintos contextos acadêmicos e culturais”, afirma. 

Haroldo destaca que o treinamento envolveu palestras, diálogos com docentes e contato com alunos. “Em uma das atividades, alguns professores foram convidados a compartilhar suas experiências prévias com o COIL, o que foi bastante benéfico para debater as melhores práticas e os eventuais entraves que foram enfrentados ao longo do processo”, pontua.

Durante a experiência na Europa, ele teve a oportunidade de desenvolver, junto a um professor da HWR Berlin, o projeto que será aplicado no segundo semestre de 2025. O trabalho está em fase final de ajustes e deve ser concluído até novembro. 

Os alunos da Unifor e da Alemanha trabalharão em temas como cadeias globais de suprimento no e-commerce, com ênfase em soluções reais para problemas enfrentados por empresas. “A experiência proporcionará aos alunos uma maior competência para lidar com assuntos globais, com ênfase nas cadeias globais de suprimento do e-commerce”, completa.

Haroldo relata ainda que diversas metodologias foram abordadas no treinamento:

  • resolução de problemas,
  • processos decisórios em ambientes multiculturais,
  • descolonização do currículo,
  • engajamento com problemas reais,
  • técnicas de integração entre alunos,
  • formas de garantir autonomia e responsabilidade dos estudantes.

O papel dos professores da Unifor será o de liderança e orientação das equipes brasileiras, promovendo a autonomia dos alunos. “O professor responsável oferece as diretrizes e as regras, mas proporcionando autonomia aos alunos para que eles sejam os protagonistas da aplicação do projeto”, afirma Haroldo. 

O objetivo, segundo ele, é viabilizar a inserção de uma perspectiva global e multicultural na sala de aula e fora dela, promovendo a colaboração intercultural e proporcionando experiências significativas aos estudantes. A proposta do COIL, diz, é especialmente estratégica para cursos como Comércio Exterior e Administração por trabalhar diretamente com o conceito de cidadania global.

“Os alunos serão encorajados a se engajarem em discussões que tragam diferentes perspectivas, exigindo uma colaboração com as outras equipes para solucionar esse desafio. Os estudantes, assim, terão mais uma oportunidade para desenvolverem habilidades requeridas em carreiras internacionais”, avalia o docente.

O professor vê ainda potencial para produção de artigos e projetos de extensão e pesquisa com base nos resultados do COIL. “Os alunos podem ser encorajados a compartilhar os conhecimentos adquiridos em torno do tema central — cadeias de suprimento e e-commerce — ou de suas experiências como integrantes desse projeto conjunto com estudantes de outras culturas”, aponta.

Sobre o impacto da iniciativa, Haroldo afirma que ela reforça a internacionalização da Unifor por ser acessível e ampliar o diálogo com outras instituições. “Por meio da minha experiência em Berlim, percebi que o COIL é uma poderosa ferramenta de estímulo à cooperação acadêmica internacional duradoura entre professores e instituições”, comenta.

A participação no treinamento internacional, para ele, teve um significado especial. “Estou muito feliz, especialmente por ter a oportunidade de contribuir para o processo de internacionalização da Unifor e do curso de Comércio Exterior”, declara. 

Durante a semana, ele teve a chance de trocar experiências com docentes de países como Argentina, Estados Unidos, Egito, Geórgia, Singapura e Alemanha. “Tive, ainda, a oportunidade de ministrar uma aula a convite de uma professora da HWR Berlin, ocasião em que pude discutir um pouco sobre as estratégias de internacionalização a partir da perspectiva brasileira”, relata.

As expectativas do projeto, para ele, são muito positivas, “sobretudo por aplicar metodologias ativas que estimulam os alunos a resolverem desafios que dizem respeito tanto às suas atividades acadêmicas quanto práticas e cotidianas, ao lidar com um tema que diz respeito a todos, no caso, as cadeias de suprimento no e-commerce”.