Setembro fecha no azul: Nasdaq +5,6%, S&P 500 +3,5% e Ibovespa +3,4%

qui, 9 outubro 2025 14:46

Setembro fecha no azul: Nasdaq +5,6%, S&P 500 +3,5% e Ibovespa +3,4%

(Imagem: Getty Images)
(Imagem: Getty Images)

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

Nos Estados Unidos, os dados de agosto confirmaram o enfraquecimento do mercado de trabalho: foram criadas apenas 22 mil vagas, e a taxa de desemprego subiu para 4,3%, o maior nível em quase quatro anos. Em setembro, o Federal Reserve promoveu o primeiro corte de juros desde 2024, reduzindo a taxa para o intervalo entre 4,00% e 4,25% ao ano, e sinalizou mais dois cortes até o fim do ano. Apesar de a inflação ao consumidor (CPI) ter acelerado para 0,38% no mês e 3,11% em 12 meses, a autoridade monetária destacou a elevação dos riscos para o emprego. O PIB do segundo trimestre foi revisado para alta anualizada de 3,8%, impulsionada pela contração das importações após o “tarifaço” do governo Trump e pelo consumo doméstico resiliente.

Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu manteve as taxas inalteradas (depósito em 2%), mas elevou a projeção de crescimento para 2025. A inflação do bloco avançou para 2,2% em setembro, maior nível em cinco meses, enquanto o núcleo permaneceu em 2,3%. O movimento foi puxado por serviços (+3,2%) e energia. O BCE manteve postura cautelosa e dependente de dados, sem indicar ajustes imediatos na política monetária.

Na China, o PMI industrial subiu para 51,2 em setembro, segundo mês consecutivo em território de expansão, impulsionado por novos pedidos, inclusive externos. Já o PMI de serviços cedeu marginalmente para 52,9, mas manteve trajetória positiva, indicando crescimento ainda robusto no setor.

Nos mercados globais, setembro foi de desempenho positivo para as bolsas. Nasdaq (+5,6%), S&P 500 (+3,5%) e Nikkei (+5,2%) lideraram os ganhos, enquanto o DAX recuou levemente (-0,1%). O índice de volatilidade VIX avançou 6,0%, refletindo maior oscilação dos mercados diante da combinação de dólar mais fraco e incertezas sobre a economia global.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Setembro/2025)

Índice/Ativo

País/Mercado

Variação (%)

Mês

Ano

12 meses

DJI

EUA

1,87

9,06

9,61

S&P 500

EUA

3,53

13,72

16,07

Nasdaq 

EUA

5,61

17,34

24,58

Dólar

Forex

-1,97

-13,83

-2,29

Bitcoin

Investing.com

5,40

21,90

80,10

Fonte: Valor Data; Investing.com

Mercado de Capitais Nacional

No Brasil, a taxa de desemprego manteve-se em 5,6% no trimestre encerrado em agosto, o menor nível da série da PNAD Contínua desde o seu início, em 2012. O resultado sinaliza a continuidade da melhora no mercado de trabalho, com cerca de 6,08 milhões de pessoas em busca de emprego, ante 7,13 milhões um ano antes.

O Copom manteve a Selic em 15% ao ano, reforçando a necessidade de política monetária contracionista diante de incertezas internas e externas. O Banco Central destacou riscos de alta — como a persistência da inflação de serviços — e de baixa — como a desaceleração da atividade e a queda dos preços de commodities.

O IPCA-15 avançou 0,48% em setembro, levemente abaixo do esperado. Em 12 meses, o índice atingiu 5,32%, pressionado pela alta de 12,17% na energia elétrica residencial após o fim dos descontos do Bônus de Itaipu. Em contrapartida, itens de alimentação e transportes recuaram, atenuando a variação.

O PIB do segundo trimestre cresceu 0,4%, ritmo inferior aos 1,3% do trimestre anterior. O desempenho foi sustentado por serviços (+0,6%) e indústria (+0,5%), enquanto a agropecuária recuou 0,1% e a formação bruta de capital fixo caiu 2,2%. No setor externo, as exportações avançaram 0,7% e as importações diminuíram 2,9%. Apesar do nível elevado de juros, o mercado de trabalho e a renda das famílias seguem sustentando a atividade, mas o segundo semestre traz riscos adicionais com o impacto das tarifas impostas pelos EUA.

Nos mercados, setembro registrou valorização do Ibovespa (+3,4%), em linha com o bom desempenho das bolsas globais, enquanto o dólar avançou 0,9% frente ao real.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Setembro/2025)

Índice

Variação (%)

Mês Ano 12 meses

IBOV

3,41

22,00

11,55

IFIX

3,25

11,55

8,57

IEE

4,47

40,27

20,97

SMLL

1,58

27,31

10,55

ISE

2,10

27,76

9,66

Fonte: Valor Data; Investing.com


Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Setembro/2025)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Eletrobras ON

ELET3

16,71%

R$ 52,52

Magazine Luiza

MGLU3

15,94%

R$ 9,60

Eletrobras PN

ELET6

15,83%

R$ 55,47

Cogna

COGN3

14,38%

R$ 3,34

Minerva

BEEF3

12,13%

R$ 6,75

Fonte: Infomoney.com


Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Setembro/2025)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Braskem

BRKM5

-27,80%

R$ 6,57

Grupo Vamos

VAMO3

-17,86%

R$ 3,45

Raízen S.A.

RAIZ4

-17,74%

R$ 1,02

Hapvida

HAPV3

-13,72%

R$ 35,85

Azzas 2154

AZZA3

-13,21%

R$ 30,15

Fonte: Infomoney.com

Ação estudada do mês: Brisanet (BRST3)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Indicador

Resultado

Índice P/L

10,58

Índice P/VP

0,79

EV/EBITIDA

3,89

Dividend Yield D.Y

1,39

Fonte: Status Invest
Posição: 30.09.2025

A análise fundamentalista da Brisanet (BRST3) mostra uma empresa que vem combinando crescimento acelerado com sinais de eficiência operacional.

O P/L de 10,58 indica que a companhia apresentou lucro nos últimos 12 meses, em contraste com anos anteriores em que os altos investimentos pressionavam a rentabilidade. Isso sugere que a Brisanet começa a capturar retornos mais consistentes, especialmente diante da expansão de clientes em fibra óptica e no segmento móvel.

O P/VP de 0,79 revela que as ações são negociadas a 79% do valor patrimonial, o que pode sinalizar subavaliação e potencial oportunidade de entrada para investidores que acreditam na continuidade da expansão da companhia.

O EV/EBITDA de 3,82 reforça a percepção de que a empresa está descontada em relação ao setor, mesmo com forte ciclo de investimentos em infraestrutura e 5G. O indicador sugere que a geração operacional tem sido sólida e suficiente para sustentar a estratégia de crescimento.

O Dividend Yield D.Y de 1,39%, apesar de modesto frente a setores mais tradicionais de dividendos, é relevante ao mostrar que a companhia já consegue remunerar seus acionistas, mesmo em um estágio ainda intensivo em investimentos. Isso indica equilíbrio entre crescimento e retorno, algo raro em empresas de telecomunicações regionais em expansão.

Em termos estratégicos, a Brisanet segue consolidando sua posição como uma das maiores provedoras de telecomunicações do Nordeste, com 1,52 milhão de acessos de banda larga fixa (jun/25) e mais de 605 mil chips móveis ativos (jul/25). A empresa também mantém margens de EBITDA ajustado acima de 43% e estrutura de capital estável, com dívida majoritariamente de longo prazo e custo inferior a 80% do CDI.

b) Análise técnica

Gráfico 1 – Gráfico semanal Brisanet (BRST3)


Posição: 30.09.2025

Após a forte tendência de queda observada desde o IPO, o ativo encontrou um suporte relevante na região dos R$ 1,70 (linha vermelha), onde o fluxo vendedor perdeu força. A partir desse ponto, a ação iniciou um movimento de lateralização, oscilando entre o suporte em R$ 1,70 e a resistência próxima dos R$ 4,50 (linha verde).

Atualmente, o preço se encontra na faixa dos R$ 2,80, mostrando estabilidade após períodos de volatilidade. A manutenção acima do suporte em R$ 1,70 é fundamental para evitar novas quedas e preservar a estrutura de consolidação de preços. Já a superação da resistência em R$ 4,50 seria um gatilho importante para a retomada de uma tendência de alta mais consistente.

No campo dos indicadores, o IFR (Índice de Força Relativa) opera em níveis intermediários, sem apontar condição clara de sobrecompra ou sobrevenda, mas sinalizando espaço para movimentos de retomada caso haja aumento da pressão compradora. Já o histograma do MACD segue levemente negativo, indicando que a força vendedora ainda persiste, embora com intensidade menor em relação a períodos anteriores.

Assim, o cenário atual da BRST3 sugere que o ativo permanece em um padrão de consolidação lateral, delimitado pelo suporte em R$ 1,70 e a resistência em R$ 4,50. Caso o suporte seja respeitado, pode haver nova tentativa de alta dentro dessa faixa, com R$ 4,50 como principal alvo. Por outro lado, a perda do suporte reforçaria o viés baixista, abrindo espaço para novas mínimas.

c) Otimização de Retornos Através do Cruzamento de Médias Móveis 

A estratégia de cruzamento de médias móveis é uma técnica consagrada no acompanhamento de tendências de mercado, baseada na interação entre duas médias móveis de períodos distintos: uma média curta, que capta movimentos de curto prazo, e uma média longa, que reflete tendências de médio a longo prazo. Sinais de operação, como entradas e saídas, são gerados a partir do momento em que a média móvel curta cruza a média móvel longa, indicando possíveis pontos de inflexão no comportamento do preço.

Os alunos de graduação dos cursos de Ciências Econômicas, Finanças e pós-graduação em Ciência de Dados da Universidade de Fortaleza (Unifor), aplicaram um algoritmo de Busca Exaustiva para otimizar essa estratégia, testando todas as combinações possíveis de médias móveis. A eficácia das combinações foi validada por meio de backtesting em Python, com comparações paralelas na plataforma Profitchart Pro. Cada ativo financeiro foi submetido a uma customização específica de médias móveis, com a otimização focada em maximizar a relação entre retorno, risco e a probabilidade de sucesso das operações.

Para o ativo BRST3, a análise identificou que a combinação mais eficiente foi uma média móvel curta de 8 períodos e uma média móvel longa de 11 períodos, aplicadas em dados diários. Essa configuração apresentou uma taxa de acerto de 56,41%, com as operações lucrativas gerando um ganho médio de R$ 11,32 enquanto as operações negativas resultaram em uma perda média de R$ 5,38, considerando negociações com lotes padrão de 100 ações. Ao aplicar essa estratégia otimizada, o investidor teria alcançado um lucro bruto acumulado de R$ 178,99 no período entre 01/01/2025 e 30/08/2025.

Vale ressaltar que, apesar de a empresa ter realizado seu IPO em julho de 2021, o algoritmo só foi aplicado a partir de janeiro de 2025 porque a empresa mudou seu ticker de BRIT3 para BRST3 em dezembro de 2024, impedindo a recuperação dos preços antes da mudança.

Gráfico 2 – Retorno observado da estratégia Brisanet (BRST3)

Exemplo de aplicação:

Em 25 de abril de 2025, a média móvel curta de 8 períodos (linha branca) cruzou para baixo da média móvel longa de 11 períodos (linha azul), gerando um sinal de venda (Gráfico 3) e indicando reversão de tendencia. De acordo com a estratégia de cruzamento de médias móveis, essa posição comprada deveria ser mantida até que as médias se cruzassem novamente em sentido contrário, indicando o momento de encerrar a operação.

Gráfico 3 – Gráfico diário Brisanet (BRST3)


Posição: 30.09.2025

Disclaimer 

O conteúdo apresentado neste material é de caráter estritamente educacional e visa fornecer informações que auxiliem a compreensão dos temas discutidos. A Universidade de Fortaleza - Unifor não garante que os dados fornecidos sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade ou integridade dessas informações. Não garantimos qualquer tipo de lucro, nem nos responsabilizamos por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base no conteúdo divulgado.

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  • As informações contidas aqui baseiam-se em simulações, e os resultados reais poderão divergir significativamente. 
  • A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.

Equipe de elaboração

Professores

  • Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
    Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
    CNPI-P – n. 8409
  • Prof. Allisson David de Oliveira Martins
    Economista - Corecon-Ce n. 3221
    CNPI – n. 9113
  • Prof. Ricardo Aquino Coimbra
    Economista - Corecon-Ce n. 2575
    CNPI – n. 9579

Alunos

  • Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
  • Filipe Barbosa Teixeira - Finanças
  • José Freitas Alves Neto – Mestrado em Ciência de Dados
  • José Wilker de Sousa Martins - Ciências Econômicas
  • Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas 
  • Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas