Pesquisa Unifor: Estudo elabora tecnologia otimizada para transporte de pacientes

seg, 31 julho 2023 17:25

Pesquisa Unifor: Estudo elabora tecnologia otimizada para transporte de pacientes

Trabalho de Vanessa Gauchi, mestranda do MPTIE, busca melhorar a acessibilidade do atendimento pré-hospitalar em edifícios altos


Defesa da dissertação reuniu docentes e discentes do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem da Unifor (Foto: Ares Soares)
Defesa da dissertação reuniu docentes e discentes do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem da Unifor (Foto: Ares Soares)

Já parou para pensar nas dificuldades de realizar o transporte de pacientes em edifícios altos? Esse é um dos grandes desafios dos profissionais da Enfermagem de Resgate. Em geral, os prédios possuem elevadores com cabines pequenas e que inviabilizam um Atendimento Pré-Hospitalar (APH) adequado. 

Além disso, os dispositivos apropriados para o transporte não apresentam uma adaptação necessária para este cenário. No Brasil, os equipamentos de uso dos socorristas são incompatíveis com as metragens e limites de área restrita, gerando resultados pouco satisfatórios na retirada dos pacientes.

Partindo desse entendimento, Vanessa Gauchi, aluna do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE) da Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz —, desenvolveu em sua dissertação uma pesquisa com o intuito de conceber requisitos para uma tecnologia otimizada de transporte de pacientes.

Sobre a pesquisa

Segundo Vanessa, a ideia do trabalho surgiu a partir da sua experiência como enfermeira intervencionista em Ambulâncias de Suporte Avançado (USA) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Na ocupação desde 2008, ela vivenciou, por muitas vezes, a situação complexa e degradante do transporte de pacientes em edifícios altos. Por isso, ao ingressar no MPTIE, ela não teve dúvidas em se aprofundar no tema.


A temática discute um problema adverso, real e muito rotineiro na atividade profissional dos socorristas de Urgência, Emergência e Atendimento Pré-Hospitalar no Brasil e em outros lugares do mundo. A escassez de estudos nacionais e internacionais faz deste trabalho, enquanto tecnologia em saúde, uma produtiva e valiosa pesquisa” — Vanessa Gauchi, enfermeira e mestranda do MPTIE da Unifor 

Com orientação da professora Rita Neuma Cavalcante e coorientação do professor Eurico Vasconcelos, ela realizou a pesquisa metodológica contemplando cinco fases:

  • Revisão de escopo;
  • Mapeamento dos fatores intervenientes e identificação dos requisitos; 
  • Definição dos requisitos;
  • Validação de conteúdo pelo índice de validade de conteúdo por um comitê de especialistas; 
  • Síntese e análise das informações e dos dados.

Assim, ela identificou os artigos e, com base nos critérios de inclusão e exclusão, os selecionou. Sete publicações das bases de dados foram usadas para compor a amostra da revisão, sendo 70% desses artigos da Ásia (continente com maior demanda de edificações tipo arranha-céus). Também foram utilizados 12 artigos da literatura cinzenta e snowball como complemento das discussões.

Os requisitos identificados foram validados por 20 especialistas dentre médicos, enfermeiros, bombeiro militar e bombeiro civil/militar franco-brasileiro. Profissionais estes com vasta experiência em urgência e emergência no APH e estabelecidos nas cinco regiões brasileiras.

Resultados

Os participantes da validação confirmaram os desafios e dificuldades abordados no trabalho em razão da multiplicação de edifícios em áreas urbanas das grandes metrópoles, além do crescente envelhecimento e adoecimento da população. 


Vanessa Gauchi no SAMU Rouen, na França, por meio da parceria internacional do MPTIE (Foto: Arquivo pessoal)

Percebeu-se que 90% dos itens atingiram o nível de concordância e satisfação recomendada, considerando o valor acima de 0,8 (valores do Índice de Validade de Conteúdo entre 0,8 e 1). Quatro itens foram excluídos, atendendo às sugestões dos juízes.

Assim, tem-se a revisão e a reformulação dos requisitos para a identificação ou concepção de um dispositivo de transporte em elevadores pequenos

  • Restrição de Movimento de Coluna (RMC); 
  • Articulada em 4 pontos; 
  • Transformável em cadeira de rodas; 
  • Cabeceira reclinável com base rígida; 
  • Material leve;
  • Fácil portabilidade; 
  • Tamanho de armazenamento reduzido para o interior da ambulância; 
  • Ganchos e barras de suporte; 
  • Travamento de rodas e engates;
  • Uso pediátrico, obesos e gestantes;
  • Material impermeável e lavável; 
  • Custo x benefício.

Dez artefatos tecnológicos para transporte de pacientes disponíveis no mercado nacional e internacional foram selecionados via internet para o benchmarking por apresentarem especificações que mais se aproximam dos requisitos estabelecidos, porém sem atenderem na sua totalidade.