seg, 10 março 2025 16:05

“Armorial 50”: entenda as raízes culturais do movimento artístico idealizado por Ariano Suassuna

Exposição que celebra 50 anos do Movimento Armorial, um marco na arte brasileira, está em cartaz no Espaço Cultural Unifor para visitação gratuita

Visando criar uma arte brasileira singular fundamentada nas raízes populares, o escritor pernambucano Ariano Suassuna idealizou o Movimento Armorial na década de 1970. Essa vertente artístico-cultural valorizou as artes populares nordestinas e abrangeu diversas manifestações, incluindo literatura, música, dança, teatro, artes plásticas, arquitetura e cinema. A iniciativa rapidamente se consolidou como um marco na história da arte brasileira, reconhecendo e celebrando a riqueza cultural da região Nordeste.

Em celebração a esse movimento tão significativo para a cultura brasileira, a exposição “Armorial 50” está em cartaz no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza, instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz, marcando cinco décadas do Movimento Armorial. Após encantar mais de 420 mil visitantes em diversas cidades do Brasil, a mostra chega a Fortaleza, onde estará aberta ao público com entrada gratuita até o dia 29 de junho.

Idealizadora da mostra, Regina Godoy explica sobre a importância da exposição: “O movimento fala de um Brasil pungente, forte, belo, colorido e rico. Sendo assim, a mostra une o país na celebração de seus mestres e mestras. Visando reconhecer a nação forte que o Brasil representa. Forjada na confluência das culturas indígena, ibéricas e negra”.

A curadora ressalta que o Movimento Armorial foi criado no Recife, mas Ariano Suassuna acreditava que sua essência deveria se manifestar em cada estado brasileiro. Ela destaca a importância de reconhecer a cultura popular para compreender um país de dimensões continentais, que, apesar de compartilhar uma mesma língua, apresenta peculiaridades e similaridades em cada região.

Segundo Regina, estamos vivenciando um momento de reconhecimento dos povos originários e de sua arte, assim como dos territórios quilombolas, refletindo sobre a identidade brasileira. 

A ideia da exposição surgiu quando a idealizadora, ao ser convidada para um concerto de música armorial em Curitiba, não sabia do que se tratava, mas ficou encantada com a sonoridade. Ao perguntar a um músico sobre o tema, ela descobriu a relevância de figuras como César Guerra-Peixe e Antônio Madureira, o que a levou a pesquisar mais sobre o movimento, sua conexão com a cultura popular e a busca por uma identidade nacional.

Sobre o Movimento Armorial

Idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, o Movimento Armorial ganhou vida quando o artista atuou como Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de 1969 a 1974. 

Em 18 de outubro de 1970, com o apoio deste departamento e a colaboração de outros artistas, Suassuna lançou as bases do movimento, propondo uma arte erudita que incorporasse elementos da cultura popular e destacasse a riqueza artística do sertão nordestino.

Embora tenha se originado em um ambiente acadêmico, o movimento rapidamente se expandiu, contando posteriormente com o apoio da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Essa articulação possibilitou que a proposta de Suassuna alcançasse um público mais amplo, consolidando a importância do Movimento Armorial na cena cultural brasileira.

“Aquele ideário transcendeu um mero plano acadêmico; transformou-se em um projeto estético que permeou suas obras e inspirou muitos outros. Assim, dentro da universidade, deu-se início a um celeiro de pensadores e articuladores. A partir daí, Ariano dinamizou as artes no país, mobilizando a força das faculdades”, enfatiza Regina Godoy.

Entre os artistas que se destacaram nesse movimento, estão nomes como Francisco Brennand (1927), renomado artista plástico e ceramista pernambucano, e Gilvan Samico (1928-2013), um destacado gravurista, desenhista e pintor. Outros artistas importantes incluem Raimundo Carrero (1947), jornalista e escritor, e Antônio Nóbrega (1952), artista e músico conhecido por suas interpretações da cultura popular.

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Celebrando o Movimento Armorial

Ocupando todo o segundo andar do Espaço Cultural Unifor, a exposição “Armorial 50” convida o público a uma imersão profunda e enriquecedora no universo do Movimento Armorial. São mais de 140 obras de artistas fundamentais do movimento e uma programação diversificada com espetáculos, debates e atividades interativas, além de tour virtual pela exposição e uma playlist exclusiva.

A “Mostra Movimento Armorial 50” tem a idealização e coordenação da produtora Regina Rosa de Godoy; e a exposição “Armorial 50” tem a curadoria de Denise Mattar, a consultoria do artista plástico Manuel Dantas Suassuna (filho de Ariano Suassuna) e do poeta e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Newton Júnior.

“Chegar ao Ceará com essa nova itinerância é uma grande emoção. Contar com o patrocínio oficial da Petrobras nos dá o fôlego necessário para conectar os brasileiros a esse movimento tão importante para a cultura nacional”, revela Regina.

Graças ao Patrocínio Oficial da Petrobras, com a realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o projeto ganhou novos contornos pelo Brasil em nova temporada no Nordeste, que se encerra em Fortaleza, com uma celebração que destaca a riqueza e o impacto do Movimento Armorial no cenário artístico nacional.

Serviço

Exposição “Armorial 50”
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz, Fortaleza-CE)
Exibição: 21 de fevereiro a 29 de junho de 2025
Visitação gratuita: de terças a sextas, 9h às 19h; sábados e domingos, 12h às 18h
Mais informações: https://beacons.ai/exposicaoarmorial50