Entrevista Nota 10 | Betina Tomaz e a tecnologia que inova a fisioterapia em Terapia Intensiva

seg, 17 fevereiro 2025 09:23

Entrevista Nota 10 | Betina Tomaz e a tecnologia que inova a fisioterapia em Terapia Intensiva

Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva fala sobre as inovações tecnológicas relevantes para a atuação fisioterapêutica e a assistência aos pacientes críticos, além de pontuar os diferenciais do curso da Unifor


Mestre e doutoranda em Ciências Médicas, Betina é docente da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto da Pós-Unifor (Foto: Arquivo pessoal)
Mestre e doutoranda em Ciências Médicas, Betina é docente da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto da Pós-Unifor (Foto: Arquivo pessoal)

Inovações tecnológicas fazem parte dos mais diversos contextos na área da saúde, e a atuação fisioterapêutica, por exemplo, também se beneficia dessas novidades nos atendimentos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Essencial na reabilitação de pacientes críticos, a fisioterapia abre um amplo campo de possibilidades para profissionais familiarizados com as tecnologias e que desejam se dedicar à área. 

Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva pela Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR) e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), Betina Tomaz explica que a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na evolução da fisioterapia intensiva, proporcionando maior precisão na avaliação, monitorização contínua e terapias mais eficazes.

“Para os fisioterapeutas, essas [novas] ferramentas proporcionam maior eficiência na reabilitação [...] O uso integrado a protocolos de terapia intensiva pode melhorar os desfechos clínicos e acelerar a recuperação funcional dos pacientes, tornando a fisioterapia um pilar fundamental no cuidado intensivo”, ressalta a docente da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto da Universidade de Fortaleza.

Mestre e doutoranda em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com doutorado-sanduíche na Universidade do Porto, Betina realizou residência multiprofissional em Terapia Intensiva Adulto pelo Hospital Geral de Fortaleza (HGF). É membro do grupo de pesquisa do Laboratório da Respiração (RespLab/UFC) e conteudista na empresa de ensino em ventilação mecânica Xlung, tendo ainda integrado a equipe de desenvolvimento do capacete Elmo.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, ela fala sobre as inovações tecnológicas relevantes para a atuação em fisioterapia e a assistência aos pacientes críticos, além de pontuar os diferenciais da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto da Unifor.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Professora, como a tecnologia tem transformado a prática da fisioterapia nos últimos anos, especialmente na assistência a pacientes críticos?

Betina Tomaz — A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na evolução da fisioterapia intensiva, proporcionando maior precisão na avaliação, monitorização contínua e terapias mais eficazes. Nos últimos anos, a introdução de ventiladores mecânicos avançados, softwares de monitoramento pulmonar e dispositivos de assistência ventilatória não invasiva revolucionaram a forma como abordamos a reabilitação respiratória em pacientes críticos.

Além disso, ferramentas como ultrassonografia à beira-leito e sistemas de telemonitoramento permitem uma tomada de decisão mais assertiva e baseada em dados, melhorando a segurança do paciente e otimizando o tempo de recuperação.

Entrevista Nota 10 — Quais são as principais inovações tecnológicas que estão sendo aplicadas na fisioterapia intensiva atualmente? Como essas ferramentas impactam na recuperação dos pacientes e na atuação dos fisioterapeutas?

Betina Tomaz — Entre as principais inovações tecnológicas na fisioterapia intensiva, destacam-se:

  • Ventilação Mecânica Avançada: traz modos ventilatórios inteligentes e estratégias de proteção pulmonar que minimizam complicações associadas à ventilação prolongada. 
  • Ventilação mecânica não invasiva personalizada: com o uso de interfaces tipo capacete e peça bucal, otimiza a ventilação espontânea, melhora a adesão ao suporte ventilatório, reduz a necessidade de intubação e facilita a retirada da ventilação mecânica invasiva ou auxilia no processo de decanulação.
  • Ultrassonografia Pulmonar e Diafragmática: permite avaliar a função diafragmática e monitorar a evolução da mecânica respiratória de forma não invasiva.
  • Cough Assist e Dispositivos de Insuflação-Exsuflação Mecânica: facilitam a remoção de secreções em pacientes com comprometimento da função respiratória, reduzindo a necessidade de aspiração traqueal e prevenindo complicações. Essa tecnologia permite, ainda, auxiliar na extubação e decanulação de pacientes, evitando traqueostomias desnecessárias. 
  • Prancha ortostática e eletroestimulação: auxiliam na mobilização precoce, reeducação motora e recuperação funcional, prevenindo a atrofia muscular e os efeitos deletérios do imobilismo em pacientes críticos.

Para os fisioterapeutas, essas ferramentas proporcionam maior eficiência na reabilitação, permitem monitoramento objetivo da evolução do paciente e fortalecem sua atuação na equipe multiprofissional, agregando conhecimento baseado em evidências e ampliando sua importância no ambiente hospitalar. Seu uso integrado a protocolos de terapia intensiva pode melhorar os desfechos clínicos e acelerar a recuperação funcional dos pacientes, tornando a fisioterapia um pilar fundamental no cuidado intensivo.

Entrevista Nota 10 — O surgimento de novas tecnologias exige profissionais capacitados e familiarizados com tais inovações, o que também repercute na formação de fisioterapeutas. Quais são as tendências futuras para a fisioterapia tecnológica e como os profissionais podem se preparar para essas mudanças?

Betina Tomaz — A fisioterapia intensiva está cada vez mais integrada a soluções tecnológicas que ampliam o potencial de monitoramento e intervenção precoce. Algumas tendências futuras incluem:

  • Uso de inteligência artificial (IA) na ventilação mecânica para ajustes automáticos de parâmetros ventilatórios;
  • Plataformas de telemedicina e monitoramento remoto, permitindo a continuidade da assistência após a alta da UTI;
  • Dispositivos vestíveis (wearables) que monitoram a função respiratória em tempo real;
  • Expansão da simulação virtual na formação de profissionais, com cenários clínicos interativos e aprendizado imersivo.

Para se preparar, os fisioterapeutas devem buscar atualização contínua e investir em capacitações específicas, como cursos de pós-graduação e certificações em novas tecnologias, além de se manterem atentos às pesquisas e avanços na área.

Entrevista Nota 10 — Você acredita que uma especialização pode ajudar o profissional de fisioterapia a se destacar no mercado de trabalho, especialmente no âmbito da Terapia Intensiva para adultos?

Betina Tomaz — A especialização é essencial para o fisioterapeuta que deseja se destacar na área da terapia intensiva. Além de aprofundar conhecimentos técnicos, a formação continuada proporciona o desenvolvimento de habilidades práticas avançadas, que são fundamentais para a atuação em cenários críticos.

Na terapia intensiva, onde a complexidade dos casos exige uma abordagem multidisciplinar, um fisioterapeuta especializado tem maior embasamento para tomar decisões clínicas fundamentadas, propor estratégias ventilatórias eficientes e atuar de forma protagonizada na recuperação funcional do paciente. A especialização também melhora o respaldo profissional, abrindo oportunidades em hospitais de referência, pesquisa científica e docência.

Entrevista Nota 10 — Antenada às demandas atuais do mercado de trabalho, a Pós-Unifor oferece a Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto. Poderia explicar como as inovações tecnológicas estão sendo integradas ao ensino da fisioterapia no curso?

Betina Tomaz — A Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto da Unifor está alinhada com as inovações do mercado, integrando tecnologias como:

  • Uso de simulação virtual com a plataforma Xlung, permitindo a experimentação de diferentes estratégias ventilatórias em um ambiente seguro e interativo;
  • Treinamento com ultrassonografia pulmonar e diafragmática, capacitando o aluno para uma avaliação mais precisa à beira-leito;
  • Prática de ventilação não invasiva com interfaces tipo capacete e peça bocal, sendo a única pós-graduação a apresentar as duas de forma presencial; 
  • Estudos de caso e metodologias ativas, que favorecem um aprendizado dinâmico e a resolução de problemas reais.

Esses diferenciais garantem que o fisioterapeuta formado pela Universidade de Fortaleza esteja preparado para lidar com os desafios do mercado e oferecer um cuidado baseado em evidências.

Entrevista Nota 10 — Além das inovações tecnológicas, quais são os principais diferenciais da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto? O que faz a formação na Unifor se sobressair e colocar seus egressos em posições de destaque no mercado?

Betina Tomaz — A especialização na Unifor se destaca por oferecer um corpo docente altamente qualificado, composto por especialistas atuantes na área e com experiências nacionais e internacionais. Também integra a teoria à prática, com metodologias ativas de ensino, usando de tecnologias inovadoras, como simulação virtual e treinamento com equipamentos de última geração.

Há ainda o contato direto com cenários reais de terapia intensiva, preparando o aluno para desafios clínicos complexos, assim como parcerias com instituições de referência, o que amplia as oportunidades de networking e atualização profissional.

Esses diferenciais tornam a formação na Unifor um caminho sólido para fisioterapeutas que buscam excelência na terapia intensiva e desejam se destacar no mercado de trabalho.