ter, 17 dezembro 2024 15:28
Alunos desenvolvem Xadrez Bauhaus em disciplina do curso de Publicidade e Propaganda
Inspirada na obra de Josef Hartwig, a peça de arte segue os padrões da Escola Bauhaus, considerada a primeira escola de design do mundo
A criatividade é um dos pilares do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade de Fortaleza – instituição de ensino superior da Fundação Edson Queiroz. Um exemplo desse diferencial é o projeto “Xadrez Bauhaus”, desenvolvido na disciplina de História da Arte e do Design, sob orientação do professor Carlos Velásquez.
Criado originalmente em 1923 por Josef Hartwig, o Bauhaus Chess Set é uma peça icônica da Escola Bauhaus. Hartwig, conhecido como chefe da oficina de marcenaria, projetou as peças de xadrez de forma minimalista, utilizando formas geométricas que refletem as funções de cada peça no tabuleiro.
O Rei, por exemplo, é representado por um cubo colado diagonalmente sobre outro cubo maior, refletindo seus movimentos limitados em qualquer direção. Já a Rainha, a peça mais livre do jogo, é representada por uma esfera sobre um cubo, simbolizando sua ampla mobilidade.
Ilustração do Xadrez Bauhaus desenvolvido por Josef Hartwig (Imagem: Divulgação)
A criação feita de madeira é tão significativa para o mundo das artes que um dos tabuleiros originais compõe o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), e a companhia suíça Naef ainda produz réplicas fiéis do jogo desde 1981.
“A função determina a forma que, por sua vez, afirma a função. Na disciplina de História da Arte e do Design, aprendemos pela prática, replicando o jogo de xadrez de Josef Hartwig. Não somos bons no xadrez, mas o jogo de forma e função foi um sucesso!”, destaca o professor Carlos Velásquez.
Criatividade, prática e aprendizado
O docente explica que a experiência prática é essencial para consolidar o processo de ensino-aprendizagem. Segundo ele, enquanto a História da Arte foca na forma e estética, o Design incorpora a funcionalidade e usabilidade.
“Há muitos exemplos na história do design, mas pareceu-me que o jogo de Xadrez de Hartwig é uma obra célebre nesse sentido. As peças foram projetadas de forma a evidenciar seu deslocamento no tabuleiro, isto é, a forma das peças revela suas possibilidades estratégicas no jogo, a função de cada uma. Por outro lado, a construção é extraordinariamente simples, o que facilitou a participação experiencial dos estudantes, respeitando suas diversidades e potencialidades”, afirma Velásquez.
Amanda Amy Vieira, aluna do oitavo semestre da graduação, compartilha sua experiência com entusiasmo: "nunca tinha feito nada com marcenaria na graduação. Foi bem inesperado e muito legal! Além de aprendermos algo na aula, nós fomos para a prática. Dessa forma, fora do usual, acredito que o conteúdo fixa melhor e ainda criamos memórias boas da disciplina”, diz.
A discente também destacou o trabalho em equipe: “cada um tinha uma função. Eu fiquei responsável por lixar as peças antes de montar e colar. Foi um projeto bem desenvolvido e divertido, e saber que ele poderia ficar exposto tornou tudo ainda mais especial”.
O processo criativo e a marcenaria
Com anos de experiência em marcenaria como hobby, Velásquez aproveitou sobras de madeira de pinus em sua oficina para criar um projeto acessível aos estudantes, sem a necessidade de utilizar ferramentas que exigissem maior cuidado e treinamento.
“Utilizamos uma lixadeira de fita para acertar as colagens das peças de madeira e percebi que a experiência de usar uma máquina desse porte também foi importante para os estudantes. Isso foi muito bom para dar sentido ao exercício, reforçar o aprendizado e criar o clima de ateliê que tantas vezes referimos teoricamente durante o semestre”, explica o professor.
Peças desenvolvidas por alunos na disciplina de História da Arte e do Design (Imagem: Divulgação)
Para Keydna Carneiro, estudante do oitavo semestre do curso de Cinema e Audiovisual, participar da oficina de arte foi uma experiência incrível. Primeiro. A atividade rompeu a rotina tradicional da sala de aula e trouxe a carga lúdica para os estudantes ao esculpirem uma “obra de arte”.
“Confeccionar o Xadrez da Escola Bauhaus nos proporcionou perceber a harmonia entre forma e função, implícitas no design. Vimos que cada peça é criada levando em conta seu movimento no tabuleiro. Foi, de fato, um aprendizado prático, no qual aprendemos fazendo”, acrescenta a aluna.
Sobre a Escola Bauhaus
Fundada em 1919 na Alemanha por Walter Gropius, a Escola Bauhaus revolucionou o design, a arquitetura e as artes ao unir funcionalidade e estética. Pioneira no Modernismo relacionado ao design e à arquitetura, a escola valorizava a produção industrial, o desenho de produtos e a harmonia entre forma e função
A intenção era fazer da Bauhaus uma escola combinada de arquitetura, artesanato e academia de artes. Entretanto, a escola foi perseguida e fechada em 1933. Isso não impediu que suas premissas impactassem de forma significativa o desenvolvimento das artes e da arquitetura no ocidente europeu, nos Estados Unidos, Israel e Brasil nas décadas seguintes.
Na América do Sul, o principal representante da Bauhaus foi o arquiteto Oscar Niemeyer. Brasília foi projetada sob as tendências modernas e funcionalistas inauguradas pelo bauhasianismo. Todo o plano-piloto da capital, incluindo os edifícios residenciais e construções públicas, são exemplos e ícones desta arte.