seg, 8 junho 2020 16:27
Professora da Unifor participa de seminário da Harvard Medical School
O seminário da instituição estadunidense ocorre de forma semanal e reúne pesquisadores oriundos de diversos países
Desde o último mês de março, a docente Virginia Moreira, integrante da Pós-Unifor, vem sendo convidada a participar semanalmente do tradicional evento Friday Morning Seminars (“seminários da sexta-feira de manhã”), pertencente ao Department of Global Health and Social Medicine (Departamento de Saúde Global e Medicina Social, em tradução livre) da Harvard Medical School. Devido ao isolamento social ocasionado pelo novo coronavírus, os encontros têm ocorrido por videoconferência.
Durante os seminários, participam cerca de sessenta pesquisadores oriundos de diversos países e vinculados à Harvard, debatendo pesquisas relacionadas à saúde mental, antropologia, psicologia e psiquiatria. Neste ano, o enfoque dos seminários virtuais semanais é direcionado às situações ocasionadas globalmente pela COVID-19, em especial nas intervenções realizadas pelos pesquisadores em diferentes lugares do mundo.
Representante brasileira, Virginia Moreira é professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e coordenadora do Laboratório de Psicopatologia e Clínica Humanista Fenomenológica (APHETO) da Universidade de Fortaleza, uma instituição da Fundação Edson Queiroz. Ela é doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-doutora em Antropologia Médica pela Harvard Medical School.
A psicóloga relata que já havia participado desses seminários durante o ano em que esteve em Harvard realizando seu pós-doutorado: “Apresentei o meu projeto de pós-doutorado nos tradicionais seminários das sextas feiras de Harvard Medical School em 2004. Naquela ocasião tive o privilégio de contar com o professor Byron Good como supervisor, e fui para Harvard por intermédio de uma bolsa Capes Fulbright. Fiquei vinculada à Universidade de Harvard até 2011. Minha pesquisa de pós-doutorado foi sobre o significado transcultural da depressão, contemplando Brasil, Chile e Estados Unidos. Na época, tive várias publicações de artigos. Foi um período de muito aprendizado”.
No início de 2020, o professor Byron Good a convidou para voltar a participar dos seminários. A ideia é que ela falasse sobre a intervenção que estivesse realizando diante da pandemia do COVID-19. “Quando voltei para o Brasil, continuei recebendo as notificações sobre as atividades em Harvard, mas não participava. Neste ano, eles abriram a participação online e desde então estou participando todas as sextas-feiras desde o mês de março. Nas reuniões, pesquisadores psicólogos, médicos, enfermeiros e psiquiatras apresentam situações de intervenção na área da saúde em cada região do mundo diante a pandemia. O professor Byron me convidou para apresentar a situação no Nordeste do Brasil”, explica a professora.
Sobre a pesquisa apresentada
Em 22 de maio, Virginia Moreira apresentou o estudo intitulado “Virtual clinical listening group: experience report during COVID-19 quarantine in northeastern Brazil” (em tradução livre: “Grupo de escuta clínica virtual: relato de experiências durante a quarentena de COVID-19 no nordeste brasileiro”), que foi realizado em parceria com os professores Lucas Bloc e Karla Carneiro, ambos docentes do curso de graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza.
A professora explica que o trabalho consiste em um estudo piloto sobre psicoterapia humanista fenomenológica de grupo online. “Inicialmente, o grupo de escuta clínica virtual não era uma pesquisa. Quando entramos em pandemia, como psicoterapeuta, eu me propus junto com os professores Lucas Bloc e Karla Carneiro a desenvolvermos esse grupo de escuta. Acreditamos no potencial da escuta clínica em grupo como fator preventivo dos transtornos mentais”, completa ela.
Os grupos foram realizados na plataforma digital Google Meet e divulgados ao público por meio do instagram pessoal de cada professor. “Estávamos querendo avaliar se o modelo de psicoterapia de grupo humanista fenomenológico que já usávamos presencialmente ia funcionar online. Os resultados iniciais foram bons, as pessoas se beneficiaram, alguns deixaram de ter crise de ansiedade, tivemos vários feedbakcs positivos. É um trabalho cuja proposta inicial era de atendimento online para a população, mas que acabou se transformando em uma futura pesquisa. Estamos trabalhando agora para publicar os resultados desse estudo piloto avaliando o modelo online, explana Virginia.
A pesquisadora enfatiza ainda que o projeto foi bem acolhido em Harvard: “Foi uma alegria para mim poder voltar a participar desses seminários e retomar o meu vínculo de colaboração com Harvard e com o professor Byron Good, antes meu supervisor de pós-doutorado e um professor muito querido. Estar com esse grupo que é elite na pesquisa no mundo na área de saúde mental e antropologia médica tem sido muito bom, diante de tantas situações difíceis neste período da pandemia”.