Egressa lança livro-reportagem que denuncia histórias de racismo em Fortaleza

Egressa lança livro-reportagem que denuncia histórias de racismo em Fortaleza

Graduada pela Universidade de Fortaleza, a jornalista Larissa Carvalho divulga sua obra “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza”, nesta quinta-feira (03)


Larissa produziu o livro para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Jornalismo em 2019, focando desde então nas questões raciais em sua área de atuação. (Foto: Acervo pessoal)
Larissa produziu o livro para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Jornalismo em 2019, focando desde então nas questões raciais em sua área de atuação. (Foto: Acervo pessoal)

Imersa em inquietações, histórias e vivências ligadas ao racismo e outras questões intrinsecamente raciais, a jornalista e escritora Larissa Carvalho Primo lança nesta quinta-feira, 03 de fevereiro, o seu primeiro livro: “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). O livro traz relatos de seis pessoas – duas africanas, uma paulista e três cearenses – que tiveram suas cores e histórias feridas pelo racismo na capital alencarina. O evento acontece às 9h30 no Auditório A4 da Universidade de Fortaleza (Unifor), instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz, e contará com a venda de exemplares da obra no local.

A autora é egressa do curso de Jornalismo da Unifor e aborda questões raciais em seu âmbito profissional. Motivada pela pouca ou quase inexistente cobertura aprofundada sobre o racismo em Fortaleza, Larissa, que sempre buscou referências, viu a necessidade de produzir um livro-reportagem documentando histórias da violência sofrida por pessoas negras na capital cearense.

“A minha principal inquietação surgiu e tomou força com a tomada de consciência de que não havia nenhuma outra produção de livro-reportagem denunciando relatos e vivências de racismo na cidade de Fortaleza. Senti a necessidade do meu primeiro livro-reportagem ser sobre esse assunto que me é muito pertinente”, endossa.
 
Luizete Vicente, jornalista e prefacista do livro, fala da importância do livro: "A necessidade que temos de uma produção que discuta sobre os problemas da população negra, os desafios da população negra em Fortaleza. É mais do que urgente a gente discutir sobre o racismo existente na terra do Sol! Então, o livro tem um papel importantíssimo que diz respeito a trazer à tona um tema que não é fácil, que é discutir sobre os relatos de racismo. É um livro importante, necessário e urgente para a sociedade fortalezense".
 
A palavra Mutuê’, que dá título à obra, significa "cabeça" e vem do ritual Kibane Mutuê, cultuado pelo Candomblé de Angola, país da região Central da África, e também cultuado no Candomblé do Brasil. O termo foi escolhido pela escritora por remeter à parte do corpo onde ficam as vivências da discriminação racial. “É lá (cabeça) também onde permanecem as consequências, no íntimo do psicológico. Este livro, entre outros motivos, é uma tentativa de despertar reflexão e mudança de consciência dentro da sociedade cearense”, explica Larissa.
 
O livro foi escrito em 2019, ano que antecedeu a pandemia. Após a chegada da Covid-19, a jornalista se tornou fundadora e editora-chefe do Site Negrê, projeto considerado o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. Durante o nascimento do portal, o processo de finalização e impressão do livro estava acontecendo, enquanto Larissa se dedicava às demais pautas negras que são difundidas no portal especializado em questões raciais. Por esta razão, parte do valor das vendas do livro será revertido para o financiamento e produtividade do Site Negrê.

Recorte social e racial

As seis histórias trazidas na obra possibilitam a ilustração de um recorte social e racial de pessoas negras com perfis diferentes: dois homens africanos, um de Cabo Verde e um de Moçambique; três cearenses, sendo duas mulheres e um homem; e um paulista. “A minha ideia era fazer esse livro-denúncia a partir do olhar dessas pessoas negras junto ao meu, de escritora e jornalista negra com experiências semelhantes na vida pessoal. Que os relatos pudessem ser a própria prova viva de denúncia e isso bastaria para que as pessoas acreditassem”.

O livro “Mutuê” foi publicado pela Lua Azul Edições e terá seu primeiro lançamento durante o evento "O papel social do Jornalismo", na Unifor. A autora vai participar de mesa redonda junto ao jornalista e professor Alejandro Sepúlveda e à prefacista de sua obra, a jornalista e mestra Luizete Vicente. Larissa Carvalho vai debater a temática com os participantes da mesa e, na sequência, ocorrerá o momento de escrita das dedicatórias.

Serviço

O papel social do Jornalismo | Lançamento do livro "Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza", de Larissa Carvalho
Data: 03 de fevereiro de 2022
Horário: 09h30
Local: Auditório A4 - bloco A da Universidade de Fortaleza (Unifor)

Livro "Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza"
Editora: Lua Azul Edições
Autora: Larissa Carvalho Primo
Preço do exemplar: R$ 45

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