Transtorno neurológico é raro e acomete cerca de 1% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde

A Síndrome de Tourette carrega o nome do médico francês Gilles de la Tourette, pioneiro a caracterizar esse distúrbio neuropsicológico em 1885. De acordo com Taiuly Taunay, professor dos cursos de Psicologia e de Especialização em Neurociências e Reabilitação da Universidade de Fortaleza, essa condição é um transtorno neurológico de base genética.

Ele pode ser caracterizado pela presença de tiques motores e vocais como compulsões, movimentos repetitivos que são basicamente involuntários. Segundo dados levantados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a síndrome é rara e acomete 1% da população. 

Tiques característicos da síndrome 

Os tiques sonoros são frequentes e podem se manifestar como grunhidos, sons de pigarro ou compulsões para falar palavrões. Já os tiques motores são identificados como movimentos involuntários rápidos, sem razão aparente e repetitivos. 

“Imagina falar palavrão ou fazer gestos obscenos em um local aberto, cercado de desconhecidos?”, indaga Taiuly ao explicar que ainda há desconhecimento popular acerca do caráter automático desses gestos súbitos e expressões indevidas. Devido a isso, as pessoas que apresentam a Síndrome costumam sofrer bastante constrangimento e problemas de socialização.

A artista Billie Eilish foi diagnosticada aos 11 anos com a Síndrome de Tourette e já compartilhou experiências sobre como é conviver com a condição (Foto: FilmMagic/Getty Images)

Em 2022, a cantora Billie Eilish veio à público para falar sobre a condição. Diagnosticada com o distúrbio desde os 11 anos, ela contou que fica ofendida quando as pessoas riem de seus tiques, de acordo com matéria publicada no portal de notícias da BBC. 

A Tourette ainda pode ser prejudicial às relações interpessoais de quem apresenta os sintomas, uma vez que crianças e adolescentes com o transtorno são frequentemente discriminados e possuem dificuldades de adaptação em vários contextos psicossociais. 

Por ser uma desordem que surge na infância, a ocorrência das ações involuntárias pode afetar o psicológico das pessoas acometidas, contribuindo para tornar crônicos os sintomas e o surgimento de transtornos de personalidade.

“Esta síndrome é vista como algo que causa uma perturbação na capacidade de integração da pessoa com o meio social, além de diversas desvantagens no que se refere ao seu desenvolvimento psicossocial” — Taiuly Taunay, professor do curso de Psicologia

Quais são os tratamentos? 

Não há literatura médica que fale sobre a cura total da Síndrome, embora o tratamento amenize significativamente a incidência dos tiques. Essas intervenções envolvem terapia cognitiva-comportamental para o controle das ações involuntárias. 

Também há a indicação de medicação psiquiátrica, especialmente da classe dos remédios antipsicóticos, que refreiam esses movimentos repetitivos. Esse tratamento deve acontecer supervisionado por um profissional capacitado. Taiuly ainda ressalta que é recomendado meditação, yoga e esportes para o alívio do estresse relacionado ao transtorno.

Tourette: quais as possíveis causas? 

As possíveis causas para o desenvolvimento da Tourette ainda são desconhecidas. Há evidências da Síndrome sendo ocasionada por infecções bacterianas, traumatismo crânio-encefálico, abuso de cocaína ou intoxicação por monóxido de carbono. No entanto, o entendimento prevalente é que o surgimento se deve à genética.

A síndrome costuma aparecer na infância e adolescência, sendo mais comuns em indivíduos do sexo masculino (Foto: Getty Images) 

Além disso, outros transtornos também estão associados à Tourette, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

Para conhecer mais sobre o tema, uma recomendação: o filme A Menina no País das Maravilhas (2008) retrata a história de uma garota portadora da Síndrome de Tourette que sonhava em participar da peça “Alice no País das Maravilhas”. No entanto, ela é rejeitada diversas vezes por conta de seus tiques.