Seg, 22 Maio 2023 16:22
Pesquisa Unifor: Alunos adaptam questionário internacional para estudo em saúde dos atletas
Promovido por estudantes e aplicado em atletas da Universidade de Fortaleza, o estudo é realizado em parceria internacional com instituição estadunidense
Atletas são, em sua maioria, indivíduos que precisam utilizar a força física e testar os limites do corpo de forma constante. Dado esse fator, somado a uma rotina que, por vezes, é desgastante, se faz necessário olhar com atenção para a saúde dessas pessoas, que têm o esporte como parte crucial da vida.
Nesse contexto, a bolsista de iniciação científica e aluna do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza, Darlyele Gadelha, está realizando a pesquisa “Tradução, validação e adaptação cultural do Allergy Questionnaire for Athletes – AQUA© no Brasil’’ junto a sua equipe. O estudo busca adaptar a enquete citada para o contexto brasileiro, focando em traduzi-lo e validá-lo para uso no país.
O questionário é de extrema importância para esportistas, pois avalia o broncoespasmo induzido por exercícios, que age como uma reação alérgica temporária que pode ser desenvolvida pelo organismo. Essa condição está relacionada a alguns elementos, como o ambiente de treino, temperatura, alergia à medicação, entre outros.
Passando por uma avaliação que envolve o interrogatório, o atleta pode saber se possui o broncoespasmo ou se pode desenvolvê-lo. O questionário atua, então, de forma preventiva e ajuda o desportista a ter um melhor preparo em suas atividades físicas.
“Dentro de uma questão do AQUA© é citado o uso de medicação. Assim, quem apresentar o broncoespasmo precisará utilizar um medicamento que se enquadra na categoria de broncodilatador para reverter esse quadro de alergia. Porém, para muitos atletas, essa medicação é considerada doping. Então é muito importante que os esportistas fiquem atentos a essa questão’’ — Darlyele Gadelha, discente do curso de fisioterapia e bolsista de iniciação científica.
O dilema levantado por Darlyele é de extrema importância aos esportes. Por isso, os esportistas e suas equipes devem estar atentos ao assunto e, assim, buscar a aprovação necessária das entidades esportivas brasileiras para que o uso do medicamento broncodilatador não seja tratado como doping.
De início, o estudo foca exclusivamente em atletas do corpo desportivo da Universidade de Fortaleza. Os alunos Eduarda Alencar, Taís Guimarães, João Pedro Rodrigues e Sarah Portela, todos da graduação em Fisioterapia, complementam a equipe, que ainda conta com Joana Estrada, estudante do curso de Nutrição.
A turma faz parte do Grupo de Pesquisa e Estudos em Disfunções Cardiorrespiratórias e Metabólicas (GRUPERCAP), coordenado pelo professor Dr. Guilherme Pinheiro. O trabalho vem sendo desenvolvido no Laboratório de Análise do Movimento Humano, na sala X-003, localizado no campus da Unifor.
A prática da pesquisa
Para coletar dados para a pesquisa, a equipe aplicou o questionário que contém 25 perguntas envolvendo assuntos alérgicos. Alguns dos tópicos abordam:
- sintomas alérgicos;
- histórico familiar de alergia;
- suspeita de alergias;
- alergias a medicamentos.
Além disso, o time de alunos também aplicou um outra enquete, porém voltada ao lado nutricional do atleta. Conhecido como QFA, esse questionário de frequência alimentar verifica se a alimentação do atleta pode influenciar ou não no broncoespasmo.
Momento que Darlyely aplica o AQUA© em atleta do Corpo Desportivo da Unifor (Foto: Madson Santos)
A equipe também realizou exame de ultrassom no músculo, teste da espirometria e teste de esforço — momento em que o atleta é posto na bicicleta e são colocadas cargas máximas com o objetivo de deixar o esportista cansado e verificar a possibilidade de desenvolvimento de broncoespasmo. No fim das avaliações, a espirometria e o AQUA© foram realizados novamente, dada a importância de analisar o esportista antes e depois dos exames.
Adaptação do Questionário
O AQUA© foi criado por pesquisadores italianos e já foi aplicado em diversos países, mas ainda não havia sido trazido ao Brasil. Dessa forma, o estudo inédito buscou fazer uma adaptação cultural considerando a realidade brasileira, tornando a pesquisa exclusiva para nossa nação.
Para isso, a equipe fez algumas adequações importantes no questionário. Por ser uma produção estrangeira, certas condições precisavam ser revistas em âmbito nacional, como temperatura, clima e estações — que não são bem definidas aqui como em outros países europeus —, principalmente em Fortaleza, cidade de clima tropical quente sub-úmido.
No que se refere à tradução, os alunos buscaram deixá-la bem próxima do original. “Esse instrumento, que estamos validando no Brasil, já foi reconhecido em vários países do mundo, porém ainda não havia nenhum estudo de validação para população brasileira”, afirma o Dr. Guilherme Pinheiro, orientador do estudo.
“Solicitamos a autorização dos detentores dos direitos autorais do questionário e, após a aprovação, começamos o estudo que passa por diversos processos, que envolve a tradução, adaptação cultural, reprodutibilidade e confiabilidade” — Guilherme Pinheiro, professor do curso de Fisioterapia da Unifor e orientador do estudo
Parceria Internacional
O trabalho é feito em parceria internacional com a Lyon College, em Arkansas, nos Estados Unidos. Dois alunos da instituição colaboram com a pesquisa junto ao professor brasileiro Dr. Mayron Faria, ex-docente da graduação em Fisioterapia da Unifor e que atualmente leciona na faculdade estrangeira.
Mayron possui uma linha de pesquisa similar a da equipe do GRUPERCAP. No início do ano, surgiu então a ideia de realizar um estudo cujo objetivo é identificar o broncoespasmo, mas focado em atletas.
Atleta em um dos testes aplicados pela equipe de alunos pesquisadores (Foto: Madson Santos)
A iniciativa é um grande trabalho em grupo, principalmente pelo teor de exclusividade e ineditismo. Esses fatores destacam a importância da pesquisa tanto para a Universidade de Fortaleza quanto para o time de estudantes envolvidos.
Darlyele salienta que as expectativas são de “levar a pesquisa para fora”, com o intuito de publicá-la em alguma revista científica futuramente. A discente também vem utilizando o estudo para o desenvolvimento do seu trabalho de conclusão de curso (TCC).
