Síndrome dos Ovários Policísticos: Doença atinge até 13% das mulheres em idade fértil
Distúrbio está relacionado ao surgimento de acne e problemas de fertilidade
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma disfunção endócrina de origem multifatorial, que pode afetar de 10 a 13% das mulheres em idade fértil, conforme dados do European Journal of Endocrinology. O problema acontece em razão do aumento da produção de hormônio masculino em pessoas com útero.
Entre as principais manifestações clínicas estão a irregularidade menstrual, o hirsutismo (aumento de pelos no rosto, seios e abdômen) e a ausência de ovulação. Pacientes com o distúrbio apresentam diversos pequenos cistos nos ovários, característica que embasa o uso do termo policístico.
Sintomas da SOP
Os principais sintomas da Síndrome são irregularidade da menstruação de forma crônica, escurecimento de áreas do corpo (acantose nigricans), hirsutismo, sobrepeso, aumento da circunferência abdominal e dificuldade de engravidar.
Conforme explica Sammya Bezerra, PhD em Tocoginecologia e professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza — instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz —, por ser um distúrbio metabólico multi disfuncional, a paciente apresenta maior risco de intolerância à glicose, diabetes, obesidade, infertilidade e hipertensão.
Futuramente, no climatério (período de transição fisiológica do período reprodutivo para o não reprodutivo na mulher), também aumenta a probabilidade de hiperplasia de endométrio, neoplasias e acidentes cardiovasculares.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo médico por meio da anamnese e de exames ginecológicos de rotina. A presença dos sintomas clínicos de forma crônica (por mais de seis meses e após o período da adolescência) contribuem para a confirmação do diagnóstico. Por fim, a ultrassonografia também funciona como exame complementar.
Tratamento para ovários policísticos
Por se tratar de um distúrbio que pode levar a outras complicações, é indicado que a paciente faça um acompanhamento permanente com um(a) médico(a) especialista. Mesmo ainda não havendo uma cura definitiva para a síndrome, a medicação adequada auxilia no controle dos sintomas.
A docente Sammya destaca que a condição crônica exige uma mudança de estilo de vida: dieta hipocalórica, perda de peso e exercícios físicos. “Para certas mulheres podem vir a ser indicados hipoglicemiantes; para algumas, contraceptivos; e para outras, indutores da ovulação”, complementa.
“O tratamento medicamentoso deve ser individualizado a depender dos achados laboratoriais envolvidos no caso de cada paciente e cuidadosamente analisados por seu médico de acordo com a fase de vida reprodutiva” — Sammya Bezerra, professora do curso de Medicina da Unifor
Alimentação como aliada
Quem convive com o distúrbio pode encontrar uma forte aliada na alimentação. Segundo Denise Oliveira, mestre em Nutrição e Saúde e professora do curso de Nutrição da Unifor, uma dieta rica em alimentos in natura — como frutas, verduras, legumes, oleaginosas e sementes — proporciona perda de peso e reduz a inflamação, a resistência à insulina e os níveis de testosterona. Por consequência, ocorre a melhora da função ovariana e de sinais clínicos como acne e hirsutismo.
“A SOP é um distúrbio endócrino caracterizado pelo excesso de hormônios andrógenos, alterações morfológicas dos ovários (presença de cistos) e disfunções na ovulação. A obesidade e a resistência à insulina apresentam relação direta com a Síndrome, o que torna a mudança do estilo de vida essencial para o controle de seus sinais clínicos” — Denise Oliveira, professora do curso de Nutrição da Unifor
Com relação ao sistema reprodutivo feminino, que também pode ser afetado pela SOP, a docente ressalta nutrientes que desempenham funções importantes, abrangendo desde a regulação dos hormônios responsáveis pela ovulação até a implantação do embrião e o desenvolvimento fetal. São eles:
- Auxiliam na regulação hormonal e na ovulação:
Ômega-3;
Zinco;
Vitaminas do complexo B;
Cálcio;
Vitamina D;
Coenzima Q-10.
- Atuam na implantação do embrião no útero:
Ácido fólico;
Vitaminas D e E.
- Favorecem o crescimento fetal conforme a gestação evolui:
Arginina;
Ácido fólico;
Ferro;
Vitamina B12 entre outros.