Espaço Cultural UNIFOR

Obras do Espaço Cultural Unifor estão em destaque.

Exposições

Disponíveis para visitação no Espaço Cultural Unifor até 11 de dezembro de 2022, as obras selecionadas para a mostra são um mergulho em 35 anos de produção do xilogravurista cearense e celebra o aniversário de seis décadas de Francisco de Almeida, um artista de técnica incessantemente inovadora que levou a xilogravura a cores, luminosidades e figuras singulares, expressas também em tamanhos gigantes.

As cerca de 60 obras da mostra são um passeio desde os primórdios da carreira nos anos 1960 – quando Francisco de Almeida teve de criar xilogravuras a partir de matrizes feitas até mesmo com sobras de madeira de outros artistas –, passando pelas fases de inspiração mística, religiosa, profana e onírica. O evento exibe ainda alguns dos instrumentos de trabalho, como algumas matrizes de confecção das xilos.

Os trabalhos espalhados em coleções particulares, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC/UFC) e no museu do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, serão vistos em um só lugar nesta exposição. Entre eles, três pinturas e a xilogravura gigante “Os Quatro Elementos II”, de 2011, com dimensões de 1,50 m por 18 m.

Serviço

Exposição Jardim dos Anjos: Francisco de Almeida – 60 anos
Período expositivo: até 11 de dezembro de 2022
Visitação: de terça a sexta-feira, de 9h às 19h, e sábado, domingo e feriados, de 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz)
Entrada gratuita e aberta ao público
Mais informações: (85) 3477.3319

 

Itinerância da 34ª Bienal de São Paulo chega ao Espaço Cultural Unifor. A exposição segue até 4 de dezembro em Fortaleza, e foi viabilizada por meio de parceria da Fundação Bienal de São Paulo com a Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor). A visitação é gratuita.

Para 2022, as mostras itinerantes da 34ª Bienal de São Paulo foram concebidas a partir de enunciados que são objetos ou elementos imateriais com histórias marcantes ao redor dos quais obras e artistas são reunidos, estimulando leituras a partir de narrativas e não de formulações conceituais fechadas.

Na capital cearense, a exposição será organizada a partir de três enunciados: Cantos Tikmũ’ũnA imagem gravada de Coatlicue e Hiroshima mon amour de Alain Resnais, e terá trabalhos dos seguintes artistas: Alice Shintani, Daiara Tukano, E.B. Itso, Frida Orupabo, Gala Porras-Kim, Gustavo Caboco, Jaider Esbell, Jungjin Lee, Melvin Moti e Victor Anicet.

Serviço

34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto
Período expositivo: até 4 de dezembro de 2022
Visitação: de terça a sexta-feira, de 9h às 19h; sábado, domingo e feriados, de 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz)
Entrada gratuita e aberta ao público
Mais informações: (85) 3477.3319

 

O mergulho em outra cultura trouxe à tona novos horizontes criativos para Daniel Chastinet e Wilson Neto. A residência artística na República da Macedônia do Norte, em 2019, foi a gênese da exposição “Macedônia”, dos artistas cearenses.

As obras contam sobre expandir olhares e viajar no cotidiano, tudo em dupla. Por meio das pinturas e dos relatos de viagem, eles reduzem a distância geográfica e cultural entre o Ceará e o país do sudeste europeu, localizado a cerca de oito mil quilômetros de Fortaleza, cidade natal de ambos.

“As obras aqui apresentadas não pretendem uma ficção linear, muito menos descrever um país. A intenção de Daniel Chastinet e Wilson Neto não foi guiada por registros cronológicos nem por anotações e imagens sistematizadas. Os viajantes transcenderam à própria viagem e abraçaram a liberdade no campo da pintura ao preferir construir uma poética da memória, um álbum carregado de conjecturas e de imagens-gatilho”, ressalta o curador da mostra, Aldonso Palácio.

O cotidiano vivenciado na cidade macedônia de Bitola transforma-se em sensações, ideias e cores. “Duas portas, entradas para dois mundos distintos. Ou saídas que se encontram no mesmo local. Foi assim nosso processo de criação – saindo de uma porta e encontrando um espaço de câmbio criativo”, explicam os artistas em relação a uma das obras expostas, que traz o simbolismo do acesso da passagem a outro local.

“Os artistas deixaram-se mergulhar em outra cultura e imiscuir-se em outro lugar. O que nasce dessa imersão são obras que mesclam a vivacidade e a liberdade de criar”, diz sobre a mostra a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha. As 23 obras em técnica mista são um passeio pelas cores capturadas ao longo da viagem. Para a presidente da FEQ, Daniel Chastinet e Wilson Neto “são os nossos guias para a experiência de olhar o que nos convoca a parar, observar e alimentar a criatividade”.

O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor, Randal Pompeu, relembra a importância das vivências dos artistas que estão em cartaz na nova mostra. "Após residência artística na Macedônia e exposição em Brasília, Daniel Chastinet e Wilson Neto integram o já consolidado circuito de mostras de artistas cearenses do Espaço Cultural Unifor, antes de seguirem sua itinerância em Sófia, na Bulgária. Trata-se, portanto, de exposição carregada de experimentações, referências multiculturais e aprendizados mútuos, valores igualmente cultivados pela Fundação Edson Queiroz em sua atuação cultural", diz o vice-reitor.

Exposição “Macedônia” 
Abertura: dia 7 de abril de 2022 – 19h 
Encerramento: 7 de agosto de 2022
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h 
Mais informações: (85) 3477.3319

Mario Sanders expõs desenhos, bordados, objetos e pinturas em “O Céu como Limite”, uma realização da Fundação Edson Queiroz.

“O céu não tem limite. E na minha visão, nada se acaba, tudo se transforma e em outras dimensões ganha uma nova vida”, explica Mario Sanders, que já participou de exposições coletivas realizadas pela Fundação Edson Queiroz. O artista nascido em Aquiraz, cidade litorânea a cerca de 40 km de Fortaleza, apresenta em “O Céu Como Limite”, pela primeira vez, uma significativa produção de bordados.  É a linguagem artística de uso mais recente por parte de Sanders, que começou a bordar há cerca de sete anos. 

Mario Sanders surgiu na cena artística de Fortaleza nos anos 1980, participando do grupo Fratura Exposta, o coletivo de seis jovens artistas. Ainda no início da carreira, foi premiado no Salão de Abril. Também marcou presença em outras edições da Unifor Plástica e construiu uma trajetória no jornalismo como ilustrador de cadernos e suplementos de cultura. Artista gráfico, faz livros e atua na publicidade. 

 O artista Mario Sanders 

A curadora Izabel Gurgel diz: “Mario Sanders vem de uma casa de mulheres e homens às voltas com as manualidades: fazer renda de bilros, bordar, fazer rede de  pesca, trabalhar com madeira na feitura de objetos úteis, cotidianos,  como bancos para sentar, comer, conversar, olhar o tempo, alçar o  corpo para pegar algo que não está ao alcance. Práticas e ofícios que  abrem caminhos para ele nas artes”.

A origem familiar influencia a criação do artista que volta ao Espaço Cultural Unifor. “Da tradição das rendeiras de Aquiraz, que conta tanto sobre nosso povo e nosso artesanato, também vem a gênese dessa mostra realizada pela Fundação Edson Queiroz. Afinal, as linhas da vida do artista plástico Mario Sanders estão intrinsecamente costuradas à arte. Vem de outras gerações o tac-tac dos bilros que teceram a vida familiar. Das mãos da mãe e da avó, ele herdou cores e inspiração para desenhar novos caminhos”, disse a presidente da Fundação, Lenise Queiroz Rocha, sobre a nova exposição.

O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Universidade de Fortaleza, professor Randal Pompeu, ressalta a relevância do artista que está à frente de nova exposição individual. "Mario Sanders é um artista com trajetória consolidada no cenário cultural cearense, mas que continua a reinventar-se, explorando novas linguagens, suportes e temáticas. É também um artista cuja história já está marcada na Fundação Edson Queiroz, por ter sido premiado em duas edições de Unifor Plástica (1986 e 2007), em uma delas com uma viagem à Bienal de Veneza".

Exposição “O Céu Como Limite”
Abertura: dia 7 de abril de 2022 – 19h 
Encerramento: 7 de agosto de 2022
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h 
Mais informações: (85) 3477.3319


 

A Fundação Edson Queiroz (FEQ) inaugurou, dia 22 de março de 2022, uma mega exposição sobre os “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará”, em celebração ao centenário do movimento que teve papel fundamental na consolidação do modernismo no Brasil. Com curadoria de Regina Teixeira de Barros e consultoria de Aracy Amaral, a mostra esteve em cartaz no Espaço Cultural Unifor, com acesso grátis a toda a população. É mais uma ação da FEQ para compartilhar conhecimento neste momento em que comemora também 50 anos de fundação.

“A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco na história da arte brasileira e como uma grande entusiasta das artes e detentora de um belíssimo acervo de artistas modernistas, a Fundação Edson Queiroz não podia deixar de homenagear o movimento. A mostra é também uma oportunidade de lançar um olhar inédito sobre a produção artística do Ceará, exaltando a capacidade vanguardista dos nossos artistas, como temos feito ao longo dos nossos 50 anos de existência”, destaca a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha.

“A exposição 100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará apresenta obras da Fundação Edson Queiroz e de importantes coleções públicas e privadas do Ceará, em celebração ao centenário desta efeméride que marcou a arte e a cultura no Brasil. Além das artes visuais, os trabalhos expostos abordam linguagens como teatro, literatura e música, sempre sob um forte viés pedagógico, aliando arte e educação, de modo a atender os públicos mais diversos”, salienta o professor Randal Pompeu, Vice-Reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor.

Obra-símbolo

 

Tendo como obra-símbolo a tela “Figuras (Seresta)”, de Emiliano Di Cavalcanti, a mostra “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará” reúne cerca de 150 trabalhos que manifestam uma vontade de renovação, mesmo sentimento que serviu como mote para que, em 1922, um grupo de artistas e intelectuais cariocas e paulistas se reunisse no Teatro Municipal de São Paulo para protestar contra o conservadorismo que reinava na literatura, na música e nas artes visuais. Entre eles estavam Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Victor Brecheret.

“As primeiras evidências da busca pelo moderno têm início em fins do século XIX e adentram o século XX, quando o Modernismo floresce como movimento artístico. A mostra abrange todo esse período, acompanhando as concepções de moderno e suas diversas particularidades”, explica a curadora da exposição, Regina Teixeira de Barros.

Segundo Regina, apesar de a Semana de 22 ter ocorrido em São Paulo, o desejo pela modernização das artes se espalhou pelo Brasil e influenciou também a produção artística no Ceará. “As reformas urbanas, a construção de teatros amplos – a exemplo do Theatro José de Alencar em Fortaleza –, o agrupamento de escritores que se rebelavam contra as regras da academia, além das inovações musicais são indicativos que perpassam diversas capitais, de norte a sul do país”, enfatiza.

A exposição que entra em cartaz no Espaço Cultural Unifor privilegia a produção de artistas plásticos modernos, mas também apresenta os primeiros passos do movimento modernista na literatura, artes plásticas, arquitetura, fotografia e música do Ceará. “A ideia não é mostrar a influência do modernismo nos artistas cearenses. É mostrar o que os cearenses estavam produzindo nesse período, mostrar que as produções aconteciam ao mesmo tempo, mas com características próprias”, explica a curadora.

As obras que compõem a mostra são provenientes da Fundação Edson Queiroz, detentora de um dos acervos mais importantes do Brasil, bem como de coleções cedidas pela Prefeitura de Fortaleza, Governo do Estado do Ceará, Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC), Museu da Fotografia, pelo fotógrafo Gentil Barreira e curadora Patrícia Veloso, entre outros colecionadores particulares.

Por dentro da mostra

A exposição “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará” será dividida em três núcleos. Um deles vai reunir obras de artistas que antes mesmo da semana de 1922 já esboçavam o desejo de renovação por meio da sua arte: seja pelos temas tratados ou pela maneira de pintar. Neste espaço, as obras de Eliseu Visconti, Belmiro de Almeida e Arthur Timótheo da Costa dialogam com a produção singular da Padaria Espiritual, agremiação de escritores e intelectuais cearenses que pregavam a renovação das artes.

Ainda neste núcleo, uma sala será dedicada exclusivamente à arquitetura de Fortaleza no início do século XX. Além de se deparar com uma maquete do Theatro José de Alencar (inaugurado em 1910), o visitante verá projeções fotográficas de exemplares da arquitetura do ferro e da arquitetura eclética da capital cearense na época.

Na última sala desta sequência, instrumentos musicais do final do século XIX contam um pouco da história da música feita no Ceará naquela época, enquanto projeções sonoras envolvem o visitante e o transportam às primeiras décadas dos anos 1900. A pesquisa musical para a montagem do espaço foi realizada pelos maestros da Unifor. Partituras originais de marchinhas e maxixes serão expostas ao lado de um gramofone e um oficleide, instrumento raríssimo, antecessor do trompete.

Um segundo núcleo vai reunir obras de artistas que participaram diretamente da Semana de 1922, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e Vicente do Rego Monteiro, e artistas da chamada “primeira geração modernista”, como Ismael Nery, Antônio Gomide, Tarsila do Amaral, Lasar Segall e Cícero Dias. “Esse segmento apresenta uma seleção de obras dos artistas que se destacaram ao longo da década de 1920, seja pela busca de uma representação da identidade nacional, seja pela evidente liberdade de experimentação.” O catálogo da exposição no Teatro Municipal (desenhado por Di Cavalcanti), os programas dos concertos e palestras que aconteceram durante a Semana, o Manifesto Antropófago e outros documentos também farão parte dessa sala.

O terceiro núcleo é dedicado aos anos 1930 e início dos anos 1940, quando a preocupação social se torna essencial para os artistas. O artista mais emblemático desse período é Cândido Portinari, que está representado na exposição por quase uma dezena de pinturas. Além dele, grandes nomes que surgem nos anos 1930 e se tornam destaques do modernismo nacional, como José Pancetti, Alfredo Volpi, Burle-Marx, entre outros, também poderão ser vistos neste núcleo.

“A primeira sala desse segmento é dedicada aos pintores cearenses Vicente Leite e Raimundo Cela e a vitrines com livros de Rachel de Queiroz e do Grupo Clã. No fundo, vamos ter uma série de surpresas, com trechos do filme de Orson Welles, fotografias da estada dele em Fortaleza, fotografias do cangaço e, ao mesmo tempo, as primeiras obras do Antônio Bandeira, que vai constituir, vamos dizer, a onda de pintura moderna que vai começar no Ceará nos anos 1940. A exposição termina com três cartazes que Jean Pierre Chabloz fez para a Campanha da Borracha, em 1943. A chegada dele dá início a um novo capítulo da história da arte no Ceará”, conta Regina Teixeira de Barros.

Serviço

Exposição “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará”
Abertura: dia 22 de março de 2022 – 19h
Encerramento: 31 de julho de 2022
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 – Edson Queiroz)
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h
Mais informações: (85) 3477.3319

Com o tema “Corpo Ancestral”, a 21ª Unifor Plástica foi aberta para visitação. A mostra esteve localizada no Espaço Cultural Unifor, com entrada gratuita. A Unifor Plástica é responsável por apresentar as produções de artistas cearenses e nacionais e, em 2021, contou com três homenagens a grandes figuras do Ceará que fizeram história. A mostra trouxe as relações entre tempo, temporalidade, presentificação e aborda a questão de como a tradição pode conviver com pensamentos atuais.

Dividida em três partes, “Pós-utopia”, “Escritas de Si” e “Natureza”, a exposição traz várias perspectivas que se entrelaçam. Na primeira parte, é abordada a expectativa criada em um futuro utópico, que traria as respostas para os problemas e fracassos do presente, mas que anda em crise. Em “Escritas de Si”, a mostra traz a narração de si mesmo e a confissão como elementos para autodeclaração do que é nosso. Por fim, em “Natureza”, os artistas mostram a relação do trabalho com a terra, o imaginário das formas orgânicas e as invenções da paisagem.
 

Serviço

21ª Unifor Plástica – Corpo Ancestral
Curadoria: Marcelo Campos e Pollyana Quintela
Visitação: terça a sexta-feira, de 9h às 18h | Sábados e domingos, de 10h às 18h
Em cartaz até dia 13 de fevereiro de 2022
Local: Espaço Cultural Unifor (Avenida Washington Soares, 1321)
Entrada gratuita

A exposição “50 duetos” entrou em cartaz no Espaço Cultural Unifor em um momento no qual a apreciação artística possibilita também outro respirar, que simboliza o fruir e o oxigenar de ideias. A mostra comemora os 50 anos da Fundação Edson Queiroz (FEQ) e foi aberta oficialmente no dia 23 de março de 2021, de forma virtual.

O simples ato de respirar passou a ser ainda mais simbólico em meio ao isolamento social necessário desde 2020, quando a humanidade precisa, ao mesmo tempo, proteger-se de um vírus e cuidar da saúde mental. Como disse o poeta maranhense Ferreira Gullar, “a arte existe porque a vida não basta”. A mostra “50 Duetos” é um passeio por mais de 100 obras da FEQ com novas possibilidades de interação e de interpretação. 

Após as duas edições da exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global”, que trouxeram o acervo da Fundação com a contextualização de cada período histórico, a “50 Duetos” abre espaço a conexões entre as obras de arte.
 

Sobre os duetos

“50 Duetos” é, portanto, composta de obras de diferentes artistas, períodos e técnicas, revelando a essência da criação e trazendo questões subjacentes aos temas, de diferentes ordens. A exposição conta ainda com experiências sensoriais despertadas pelos áudios, vídeos e músicas que complementam as referências ao público.

Os visitantes poderão, por exemplo, ouvir o depoimento do artista plástico paraibano João Câmara (1944), sobre “Langueur do Outono/O tango em Maracorday”, 1989, cujo dueto é formado com “Figuras femininas” (circa 1900) de Belmiro Barbosa de Almeida. Já a obra “Melancholy” (2008), do paulistano Vik Muniz, faz composição com “Duas Amigas” (circa 1914), de Lasar Segall (1889-1957). Os perfis em óleo sobre tela “Autoretrato” (circa 1924), de Ismael Nery (1900-1934), e “Perfil V” (1984), de Iberê Camargo (1914-1994) completam outro par de obras em exposição.

Numa composição sobre a construção do imaginário cearense, as jangadas de “Secando a Vela” (1926) do óleo sobre tela de Vicente Leite são atualizadas na série “Mucuripe” (1952-2011), do fotógrafo Chico Albuquerque, ambos do Ceará. O personagem literário Dom Quixote inspirou tanto as formas tridimensionais na escultura do carioca Francisco Stockinger (circa, 1970) quanto a série de litografias criadas por Salvador Dali. O artista adotou uma técnica incomum para realizar esses trabalhos usando uma pistola de ar cheia de tinta e disparando a arma contra a pedra litográfica. O ponto de partida de cada obra tornou-se espontâneo, e a partir dessa primeira mancha Dali desenvolveu as imagens. Cada uma das ações tornou-se uma performance, bem ao estilo do famoso artista catalão. Dom Quichotte de La Manche, foi publicado em 1957, e teve uma tiragem pequena, apenas para colecionadores. O “buletismo”, como Dali chamou a sua técnica, ganhou popularidade depois da publicação do livro e foi adotado por outros artistas.

Por sua vez, a escultura “Os Candangos” (década de 1960), do paulistano Bruno Giorgi, está relacionada às imagens do húngaro Thomaz Farkas da inauguração de Brasília (1960) com o então presidente da República Juscelino Kubitscheck. A arte brasileira contemporânea de Beatriz Milhazes e dos irmãos Campana também estará lado a lado. Cores e formas de “As meninas de Lázaro” (1995, óleo, acrílico e tinta metálica sobre tela) dialogam com as da cadeira Harumaki (2002) e do banco Vitória Régia (2002), criações de Humberto e Fernando Campana.

Artistas cearenses também compõem a exposição que traz um dueto em têmpera sobre tela, formado pelas obras de José Guedes, que participa com “Fenda” (2019), e Alfredo Volpi (sem título, circa 1962), ambas com marcantes tons de azul. A mesma cor também predomina na infogravura Acqua XLVII (2013), de Sérgio Helle, ao lado do óleo sobre tela “Ambiente Virtual I (2001)”, da série “Saunas e Banhos”, de Adriana Varejão. Guedes e Helle são referências nas artes plásticas no Ceará. Em 30 de março, Helle inaugura individual na Unifor.

O também cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017) está em dois duetos. Ao lado do argentino Carmelo Arden Quin, mostrando a geometria que permeia a obra de ambos, e com Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética,  também desenvolvida por Esmeraldo. A arte cinética busca romper com a condição estática da pintura e da escultura.

Serviço

50 Duetos 
Curadoria: Denise Mattar
Em cartaz até dia 6 de fevereiro de 2022
Visitação: terça a sexta-feira, de 9h às 18h | Sábados e domingos, de 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Avenida Washington Soares, 1321)
Entrada gratuita

Os ciclos de vida-morte-vida da natureza e o nome da canção do Antônio Carlos Jobim trazem à tona a promessa de vida de “Águas de Março”, a maior exposição individual de Sérgio Helle, com curadoria de Izabel Gurgel. As séries Resurgentis e Paradisus fazem parte da mostra no Espaço Cultural Unifor, que teve abertura virtual dia 30 de março de 2021.

Sérgio Helle apresenta pinturas, instalações em técnicas variadas e infogravuras (sobre papel, sobre tecido, sobre pedra Cariri).

Ele começou Resurgentis durante a pandemia. É uma série de infogravuras, utilizando menos cores, com foco na vida brotando de um cenário de destruição. “Sem grandes pinceladas, imagens realistas, quase fotográficas. É a vida brotando, renascendo das cinzas. Em uma época tão difícil, esse trabalho me trouxe um certo conforto e esperança. Afinal, mostrar a resistência e a força da vida nunca foi tão essencial”, reforça.

É com esse espírito que o artista plástico cearense retorna à instituição, onde participou de várias edições da Unifor Plástica, a primeira delas em 1983. “É uma honra (voltar a expor neste momento). Sempre fui incentivado pela Universidade de Fortaleza”, conta o artista. O artista plástico se formou na Unifor em Administração de Empresas em 1986. Das nove edições da Unifor Plástica que participou, foi premiado em duas, em 1991 e 2011.

Com 50 obras, a exposição “Águas de Março” segue todos os protocolos de biossegurança que o momento requer. O artista participa também da exposição 50 Duetos, comemorativa dos 50 anos da Fundação Edson Queiroz. Com curadoria de Denise Mattar, acontece ao mesmo tempo no piso superior do Espaço Cultural Unifor. “Águas de Março” ocupa as galerias térreas.

Em seu trabalho, Sérgio Helle mescla ferramentas digitais com tradicionais técnicas de desenho/pintura. Entre os primeiros na cidade a usar o computador como instrumento artístico, realizou em 1995 a primeira exposição de infogravuras. Tem quatro livros publicados: Acqua (2010), Sérgio Helle – infogravuras (2013), Perfil Cearense (2013) e Paradisus – Uma reverência ao sagrado (2018).


Sérgio Helle

“Águas de Março” se conecta com três acervos da Unifor: os jardins, os livros e as obras de arte

“Sérgio Helle segue rastros da vida, de vida, e traz o que colhe, e reelabora, como uma espécie de convocatória aberta às criaturas humanas. Um convite para olhar a força da vida, que teima em resistir, em renascer. Daí a nova série de trabalhos, fragmentos do que ressurge, iniciada logo em seguida em meio à pandemia em curso. Resurgentis, por ele assim intitulada a nova série, dá passagem à vida que brotava em um cenário de destruição”, explica Izabel Gurgel, curadora de “Águas de Março”.

Ela lembra ainda que, no Ceará, o céu de nuvens cor de chumbo ganha interpretação positiva e muito particular. “Somos o povo que olha o céu carregado, cinza, chumbo, o que seria o tempo fechado e feio na maioria dos lugares do mundo, e dizemos ‘está bonito pra chover’, considera a curadora de ‘Águas de Março’”. A 13ª mostra individual do artista também faz conexões com os acervos e os espaços da Fundação Edson Queiroz, destaca Izabel Gurgel.

Há intenções claras, como um convite, a “olhar melhor” e de “usufruir” dessas conexões, ressalta. “Há conexão com o jardim, que é um espaço aberto ao público, com os acervos de livros e artísticos da instituição”, reforça. Izabel cita ainda a importância de reafirmar que nossos espaços de vida e de produção da existência não estão apartados. “Vale pra tudo. Quando a gente diz, por exemplo, pra jogar o lixo fora ou pra rebolar algo no mato (expressão cearense que significa o mesmo que jogar no lixo), esse ‘fora’ não existe. A Terra é a casa comum”, esclarece.

“É da fecunda, fértil, forte e frágil Terra, o fabuloso acervo de onde tudo vem (o alimento, a habitação, a vestimenta, os livros etc.) e de tantos modos ameaçado”, diz Izabel Gurgel. Sérgio Helle guarda cascas, troncos de árvores, folhas, flores e sementes. Em fotos, em imagens.”Sérgio é, a seu modo, um arquivista”, destaca.

Foi a folha seca de Torém que atraiu seu olhar e cuja arquitetura de dobras sobre si disparou a série Paradisus, que compõe a mostra “Águas de Março” com a série Resurgentis. Esses materiais podem vir da Amazônia brasileira, onde Sérgio Helle fez uma residência artística em 2018; de um passeio pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro; de uma visita ao Parque do Cocó, em Fortaleza, cidade onde vive e trabalha.

Serviço

Exposição “Águas de Março”, do artista Sérgio Helle
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321)
Data: até 12 de setembro de 2021
Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 18h; sábados e domingos, das 10h às 18h
Informações: (85) 3477.3319

Desobediência impulsiva e criativa que resulta na expressão de uma sensualidade colorida e vibrante. Assim pode ser descrita a arte de Stênio Burgos, que ganha exposição inédita realizada pela Fundação Edson Queiroz. Intitulada “Realtopia”, a mostra terá uma abertura virtual no dia 22 de setembro de 2020, às 19h, nas plataformas digitais da Universidade de Fortaleza. E seguirá em cartaz até 7 de fevereiro de 2021, no Espaço Cultural Unifor, com agendamento para visitas pelo telefone (85) 3477.3319. A exposição tem o patrocínio da Ticket, apoio de Sistema Verdes Mares e Minalba e apoio cultural da Claro.

Com foco exclusivo no trabalho de Burgos, “Realtopia” conta com 82 obras do artista plástico. “Ao transformar a tinta em espiritualidade, Stênio Burgos encontra a essência de sua busca: a consagração da Vida. Ecoam como poemas, como canções. Um irresistível chamado para amar e defender a natureza, revelando o Ceará que nos enaltece”, ressalta a curadora da mostra, Olga Paiva.

“A exposição de Stênio Burgos marca a reabertura do Espaço Cultural Unifor, após o período de isolamento social, em razão da pandemia de Covid-19. Em obediência aos decretos governamentais e seguindo rigorosos protocolos de segurança, esperamos que o visitante desfrute com tranquilidade a mostra de Burgos, que apresenta o universo particular desse expressivo artista cearense, com obras carregadas de cor, sentimento e emoção”, comenta o vice-reitor de Extensão da Universidade de Fortaleza, professor Randal Pompeu.

Natural de Crateús, interior do Ceará, José Stênio Burgos é graduado em Arquitetura e Urbanismo. Nos anos 1980, estudou desenho e pintura na instituição Estudi Chelsea, em Barcelona (Espanha), onde participou de uma mostra coletiva na sala Santi Jordi. Nas últimas duas décadas, Burgos desenvolveu uma profunda relação com a Holanda, país onde esteve por diversas temporadas, algumas exclusivamente para pintar.

Admirador da tradição pictórica holandesa e fã das tintas produzidas por lá – que são as que mais usa – Stênio, conscientemente ou não, também foi aos poucos se aproximando das temáticas típicas dos grandes mestres do local: a natureza morta (também conhecida como stilleven, termo inclusive cunhado pelos holandeses), os arranjos florais e as paisagens domésticas. No seu caso, essas últimas possuem a marca de atrair o olhar para o exterior, retratando vistas da janela ou do jardim – como nas séries feitas na rua Rozengracht, em Amsterdã, e em Zeeland, província no sul da Holanda.

Nada é fictício ou imaginário nos quadros de Stênio Burgos. Sua pintura destila a poesia do dia a dia e faz com que o espectador passe a ver com outros olhos o que antes talvez não lhe chamasse a atenção: a exuberância colorida de um vaso com flores, as sinuosas curvas de objetos dispostos sobre uma mesa ou até a simplicidade de uma árvore perdendo as folhas. Com suas pinceladas vigorosas, o artista narra momentos vividos e revela detalhes que poderiam passar despercebidos pela aparente banalidade, mas que se tornam únicos em suas telas.

Entre as muitas obras de Realtopia, a presença de Burgos é exposta e sublinhada na altura de seus feitos: incontáveis autorretratos do artista dão conta de como o tempo e as marcas da odisseia pessoal foram redesenhando sua figura. Pode-se reparar, ainda, que os retratos estão sempre a vigiar o mundo, assumindo posição quase de espelho, e que parecem guardar a sensibilidade e os temores de alguém que não quer sua travessia apagada após o fim – características que ressoam humanidade em quem as observa.

Além da mostra de Stênio Burgos, nas galerias térreas, segue em cartaz, nas galerias superiores do Espaço Cultural Unifor, a exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global”, com obras da Coleção Fundação Edson Queiroz.

Serviço

Exposição: Stênio Burgos – Realtopia
Abertura virtual: 22 de setembro de 2020, 19h, nas plataformas digitais da Unifor
Período expositivo: 23 de setembro de 2020 a 7 de fevereiro de 2021
Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; sábados e domingos, das 10h às 17h
Local: Espaço Cultural Unifor (térreo)
Agendamento para visitas pelo telefone (85) 3477.3319

 

Dividida em oito módulos, a exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global - 2ª Edição”, compreende seis séculos de arte, com artistas de renome nacional e internacional. Do primeiro módulo, “Terra Brasilis”, que vai de 1500 a 1637, constam as obras “Primeira Missa”, de Victor Meirelles, e “Primeira Missa em São Vicente”, de Rugendas, além de quatro óleos de Frans Post (1612-1680) e “Vista do Recife e seu porto”, de Gillis Peeters (1612-1653).

Do módulo dois, “Reais Mudanças”, de 1808 a 1821, constam, entre outras, as obras “Retrato de D. Pedro I”, 1829, óleo de Simplício de Sá Rodrigues, que tem um similar no Museu Imperial de Petrópolis (RJ), e “Juramento da Regência Trina”, de Araújo Porto Alegre, 1831, que retrata, em proporções murais e riqueza de detalhes, a cerimônia de posse da Regência Trina, realizada no Paço Imperial.

Quase todos os integrantes da Missão Francesa estão representados no grupo “A Presença Francesa”, destacando-se as obras “São João”, 1799, de Nicolas Antoine Taunay, e “Cascatinha da Tijuca”, 1840, de Félix-Emile Taunay. O módulo 2 encerra-se com o conjunto “O Olhar Estrangeiro” que inclui ainda pinturas, gravuras e álbuns de viagens, destacando-se obras de Adolphe D'Hastrel, August Müller, Durand-Brager, Conde de Clarac, Arnaud Julian Pallière e Johann Moritz Rugendas.

No módulo três, “Uma Academia nos Trópicos”, que vai de 1826 a 1922, a exposição mostra obras de artistas influenciados pela Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). A Coleção da Fundação Edson Queiroz reúne os mais importantes artistas acadêmicos brasileiros desse período. Segundo Denise Mattar, o conjunto é surpreendente pois traça panorama dos caminhos da arte brasileira, da AIBA a meados do século XX, mostrando que muitos já antecipavam a modernidade. Fazem parte do núcleo obras de Belmiro de Almeida, Eliseu Visconti, Almeida Junior, Rodolpho Amoedo, Vicente Leite e Raimundo Cela.

O quarto módulo, “Modernidade”, é dividido em dois núcleos (“A Virada” e “Moderno, mas não tanto”) e abrange o período de 1917 a 1950. Neste módulo, está a principal diferença da mostra em relação à 1ª edição, pois foram incorpradas importantes obras que estavam sendo apresentadas em exposições na Europa. A Coleção da Fundação Edson Queiroz tem obras dos principais artistas do Primeiro Modernismo, dentre os quais, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Ismael Nery, Gomide, entre outros. 

A criação dos Museus de Arte Moderna em São Paulo e Rio, entre 1947 e 1948, encerra o ciclo do Segundo Modernismo, abrindo espaço para a chegada do Abstracionismo. Obras de Pancetti, Guignard, Segall, Volpi, Bruno Giorgi, Flávio de Carvalho, Ceschiatti, Aldemir Martins e Silvio Pinto completam o módulo, que prestará homenagem especial a três artistas brasileiros, com salas em separado: Di Cavalcanti, Milton Dacosta e Candido Portinari.

O quinto módulo destaca “A Força da Abstração”, indo do final dos anos 1940 aos dias atuais. Dele fazem parte artistas abstrato-informais da Coleção da Fundação Edson Queiroz: Vieira da Silva, Antonio Bandeira, Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Iberê Camargo e Frans Krajcberg. Dos grupos Concreto e Neoconcreto integram a exposição: Ivan Serpa, Lygia Pape, Abraham Palatnik, Franz Weissmann, Hélio Oiticica e Lygia Clark. Sem fazer parte dos grupos citados, outros artistas desenvolveram, ao longo dos anos, sua pesquisa no abstracionismo geométrico, e por isso merecem destaque na exposição: Aldo Bonadei, Heloísa Juaçaba e Mira Schendel.

O sexto módulo, denominado “Tempos Difíceis” (1960 a 1970), faz alusão ao período da Ditadura Militar. Entre os artistas deste período a Coleção da Fundação Edson Queiroz está representada na exposição por obras de Antonio Dias, Wesley Duke Lee, Sérvulo Esmeraldo, Lygia Pape, Cildo Meireles e Waltércio Caldas.

O sétimo oito, denominado “Chuvas de Verão”, agrupa os artistas da chamada “Geração 80” (1980 a 1990), reunindo obras dos principais artistas desse período: Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Daniel Senise, João Câmara Filho, Leda Catunda e Leonilson.

No oitavo e último módulo, “A Aldeia Global” (de 1990 aos dias atuais), Denise Mattar selecionou obras significativas da Arte Contemporânea presentes na Coleção da Fundação Edson Queiroz. Dentre esses artistas, estão presentes Adriana Varejão, Mariana Palma, Henrique Oliveira, Vik Muniz, José Tarcísio, Luiz Hermano e Efrain Almeida.

Serviço

Da Terra Brasilis à Aldeia Global - 2ª Edição
Abertura oficial: 10 de outubro, às 19h
Local: Espaço Cultural Unifor
Período de apresentação: A partir de 11 de outubro de 2019
Horário de funcionamento: 9h às 19h (terça a sexta-feira) e de 10h às 18h (sábado e domingo)
Aberto ao público

 

Empregada esporadicamente ao longa história, a palavra foi utilizada em pinturas, tapeçarias, sendo incorporada às artes plásticas no início do século XX, a partir das vanguardas modernistas, futurismo, cubismo, surrealismo e dadaísmo.

A partir desse olhar, a curadora da 20ª Unifor Plástica, Denise Mattar, percebeu o uso da palavra como característica marcante nas obras dos artistas cearenses, sendo o elemento delimitou o tema desta exposição: “20ª Unifor Plástica: Simultaneidades – A Arte com a Palavra”.

“Percebi uma recorrência do uso da palavra na produção de artes visuais cearenses, da palavra filmada, escrita, gravada ou meramente como suporte da obra. Esse foi o fio condutor inicial para escolha das obras que iriam compor a exposição. Teremos vinte e cinco artistas, sendo que um deles, Francisco de Almeida, terá uma sala especial”, explica Denise.

Nesta edição comemorativa a mostra voltará às suas origens, apresentando apenas artistas cearenses ou radicados no estado, de diferentes faixas etárias e percursos, reafirmando a importância institucional da Unifor Plástica na construção da visualidade brasileira.

“Embora hoje exista uma intensa hibridação entre as diferentes estratégias artísticas, pintura, fotografia, vídeo, instalação, e um predomínio da conceituação sobre a forma, processo no qual a palavra adquiriu grande presença nas artes visuais, parece-me que a produção contemporânea cearense incorporou, com densidade particular, essa relação da arte com a palavra. Credito essa presença há algumas peculiaridades da cultura local, como a tradição do cordel, das histórias contadas, cantadas e bordadas, e da presença de um imaginário nordestino que permeia a fala, até do dia a dia, em expressões poéticas que se perderam em outros lugares”, destaca Denise Mattar.

A 20ª Unifor Plástica reúne o trabalho de 25 artistas, com uma mescla de obras inéditas e outras produzidas anteriormente. “Há artistas que haviam realizado trabalhos em pequeno formato e que agora serão apresentados em um formato maior, mas apenas porque esse já era um desejo dos artistas. Outros aumentaram séries que já existiam, também estimulados pela proposta. Houve uma grande colaboração dos artistas para mostrar seus trabalhos da melhor maneira”, confessa Denise.

A Sala Especial de Francisco Delalmeida também terá obras já realizadas e algumas especialmente criadas para a exposição. Delalmeida é um artista que usa a xilogravura, uma técnica difícil e em grandes formatos, onde o artista vem encontrando soluções inesperadas e criativas para continuar produzindo.

Para selecionar os artistas da Unifor Plástica, Denise Mattar contou com o suporte de Cecília Bedê, além de recorrer a outras pessoas da área como o curador Bitu Cassundé, que indicou alguns artistas.

Denise Mattar fala sobre a importância da exposição para a arte local. “A Unifor Plástica é uma exposição tradicional, cujo formato foi se adaptando aos novos tempos, até chegar a ser uma mostra com curadoria. Fiquei bastante contente com o convite para fazer esse trabalho que me deu a oportunidade de conhecer melhor a cena artística da cidade. Pude ver que há artistas cuja obra tem fôlego para ter uma circulação maior, nacional e internacional. Embora no mundo todo o momento não seja dos mais propícios à produção artística, vejo vigor na produção cearense e um processo de evolução do seu circuito artístico local, que está ocorrendo vagarosamente, mas felizmente não está parado”, declara a curadora.

Os visitantes da “20ª Unifor Plástica: Simultaneidades – A Arte com a Palavra” terão a oportunidade de visitar uma exposição poética, que discute assuntos da atualidade, como a inserção da mulher na sociedade, a presença indígena, a especulação imobiliária, além de questões eternas do ser humano: a dor, o amor, a perda, o isolamento e a religiosidade.

Francisco Delalmeida, Crateús/CE, 1962

Xilogravurista. Filho de pai ourives e mãe bordadeira e neto de avó rendeira, começou a desenhar cedo observando o pai. Mudou-se para Fortaleza aos 15 anos e estudou xilogravura com Sebastião de Paula. Posteriormente, frequentou cursos de pintura na Universidade Federal do Ceará e na Universidade de Fortaleza (Unifor). Participou de exposições em Fortaleza, em Sobral, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, na Argentina e na Espanha, com destaque para sua participação no Panorama da Arte Brasileira do MAM, em São Paulo (2005), na Bienal de Valência, em 2007, e na VII Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2009). Embora tenha produzido pinturas no início de sua carreira, especializou-se posteriormente na xilogravura, inclusive realizando experimentos técnicos, como aqueles orientados para a produção de obras de grandes dimensões e para a elaboração de xilogravuras fragmentadas, permitindo a realização de inúmeras obras usando variações de uma mesma matriz. Sua produção se debruça principalmente sobre a religiosidade nordestina. Sobre o artista, afirmou o crítico Pedro Costa: “Desenho e pintura foram [...] submetidos à hierarquia da produção da gravura. O desenho anunciando o rastro das goivas e a escala incomum de suas pranchas. A entintagem das matrizes tornou-se pintura, provindo daí as matrizes objetos, as matrizes pintadas. O trato com essas matrizes; seus infinitos efeitos de gravação, entintagem e impressão; sua permanente reutilização e arranjos vão fazer de Francisco Delalmeida um pesquisador-artesão, um gravador por excelência”.
(Fonte: Museu Afro Brasil, São Paulo)

Artistas participantes da 20ª Unifor Plástica

  • Ana Cristina Mendes
  • Andrea Dall’Olio
  • Azuhli
  • Célio Celestino
  • Diego de Santos
  • Fernando Catatau
  • Francisco Delalmeida
  • Haroldo Saboia
  • Henrique Viudez
  • Herbert Rolim
  • Iago Barreto
  • José Guedes
  • Julia Debasse
  • Leo Ferreira
  • Lia de Paula
  • Maíra Ortins
  • Marilia Oliveira
  • Marco Aurélio Ribeiro
  • Mario Sanders
  • Nil Roque
  • Nivardo Victoriano
  • Raísa Christina
  • Rian Fontenele
  • Totonho Laprovitera
  • Virginia Pinho

Serviço

20ª Unifor Plástica: Simultaneidades – A Arte com a Palavra
Abertura oficial:
10 de outubro, às 19h
Local: Espaço Cultural Unifor
Período de apresentação: 11 de outubro de 2019 a 1º de março de 2020
Horário de funcionamento: 9h às 19h (terça a sexta-feira) e de 10h às 18h (sábado e domingo)
Aberto ao público

 

 

A poética casa, repleta de imagens afetivas, aporta no espaço museológico. Eis o “leimotiv” que conduz o desenrolar da memória na exposição dedicada à vida de Yolanda Queiroz (1928-2016), matriarca de uma das famílias mais tradicionais e de destaque no ramo dos negócios no Ceará, construída a partir de sua união com o empresário Edson Queiroz (1925-1982). Parte importante do acervo pessoal fará parte da exposição “Yolanda Vidal Queiroz - Momentos”, que será aberta oficialmente dia 10 de outubro, às 19h, no Espaço Cultural Unifor, sob curadoria de Denise Mattar.

Trabalho, educação e arte. Sobre esse tripé de valores simbólicos, dona Yolanda construiu o seu mundo de sentidos. Dele, fazem parte pinturas de artistas brasileiros modernistas; objetos e peças representativas da religiosidade barroca, adquiridas em suas inúmeras viagens pelo mundo; uma vasta iconografia afetiva com fotos de época, álbuns de família, manuscritos íntimos, vestuário e mobiliário próprios, além de todo um acervo de documentos e registros que dão conta da trajetória empresarial ascendente da família Queiroz.

“Um grande destaque da coleção de D. Yolanda é a arte sacra, indo da escultura barroca erudita, na qual se destacam imagens de Sant’Anna, São Pedro e São José, ao barroco popular. Há pinturas barrocas brasileiras e pinturas da Escola Cuzquenha. Muito religiosa, D. Yolanda era ecumênica, assim sua coleção inclui divindades indianas, vietnamitas, tailandesas, e um conjunto excepcional de ícones russos”, detalha a curadora Denise Mattar, que pinçou da casa da matriarca todo o acervo agora em exposição. Mãe de seis filhos e principal conselheira do criador do Grupo e da Fundação Edson Queiroz, foi ela a corresponsável inclusive por encorajar o marido a investir na criação da Universidade de Fortaleza. 

Um arquivo pessoal que promete revelar nuances de uma personagem capaz de surpreender o senso comum: dona Yolanda como a empreendedora que, longe de ser apenas figura decorativa, assumiu as rédeas dos negócios do marido após seu falecimento, chegando a ganhar o prêmio Personalidade do Ano, em Nova Iorque; a mãe de pulso forte mas doce o bastante para manter unida a numerosa família que se reunia pelo menos uma vez por semana em sua casa; a avó Landa, que mantinha o hábito amoroso de escrever bilhetinhos para os netos; a moçoila que, quando noiva, rendeu-se aos encantos de um Edson romântico capaz de oferecer-lhe diariamente buquês de bugaris, até ouvir o esperado “sim”; a esposa amantíssima que se casou aos 16 anos e guardou enternecida e a sete chaves o véu e a grinalda originais de seu casamento; a dona de casa caprichosa que não economizava nos tons de azul-turquesa, sua cor predileta, e nem na variedade de ornamentos afixados nas paredes e dispostos por ela mesma como verdadeiras instalações.

Inestimável, o relicário de Yolanda Queiroz ganha os contornos de exposição de arte a partir de uma montagem que acabou por dividir a galeria em núcleos, partindo de uma cronologia familiar para chegar à coleção particular de uma também “dama das artes”. “A mostra terá algumas características em comum com as exposições recentemente apresentadas no Espaço Cultural da Unifor, como a Coleção Airton Queiroz e Da Terra Brasilis à Aldeia Global, sendo complementar a elas e trazendo, como diferencial, peças ligadas à religiosidade barroca. Dessa forma, cria-se uma trilogia de exposições dessas importantes coleções cearenses, que também se somam à mostra Pioneiros & Empreendedores, alusiva a Edson Queiroz, realizada em São Paulo”, anuncia a curadora.

Entre os recursos cenográficos da exposição, vídeos, fotografias, cartões postais, músicas e roupas conduzem o olhar de quem também vai conhecer a própria história do Ceará e do Brasil a partir da trajetória de vida de dona Yolanda. Amalgamados, passado e presente surgem ainda em imagens plotadas nas paredes ou digitalizadas e projetadas em monitores. Além da recriação de ambientes domésticos, tal e qual se vê na casa da homenageada, o barroco é assumidamente vedete. Não à toa. “A coleção de D. Yolanda reúne santos, pinturas, pratarias, e elementos ornamentais singulares”, adianta.

Cores e nomes. De encher os olhos, a coleção da matriarca privilegia majoritariamente o Modernismo brasileiro: Di Cavalcanti, Ismael Nery, Portinari, Milton Dacosta, Guignard, Anita Malfatti,  Inimá de Paula, Eliseu Visconti, Antonio Bandeira, Pancetti, Frans Post, Cícero Dias, Volpi, Djanira, Vicente do Rego Monteiro, entre outros, constituem a espinha dorsal da exposição com fins igualmente educativos e didáticos.

“Uma das obras mais antigas da coleção de D. Yolanda é um belíssimo Frans Post. O artista veio ao Brasil com Mauricio de Nassau, ainda no século XVII, e realizou os mais importantes registros do Brasil recém-descoberto. Há também um conjunto de algumas obras clássicas, entre elas, pinturas de Eliseu Visconti e esculturas de Emilio Fiaschi, em mármore e alabastro, e de Charles Collet, em bronze”, elenca a curadora.

Há ainda o retrato de D. Yolanda assinado por Albery, obra pela qual, segundo Denise, ela nutria especial afeto. Outro patrimônio afetivo vindo à tona é um retrato de família, realizado por Lazlo Burjan, em 1970, onde se veem D. Yolanda e as quatro filhas, ainda solteiras. Assim, recriado com imaginação, o espaço vivido de Yolanda Queiroz se apresenta ao público como um elogio à memória individual e coletiva, tornando equivalentes em importância a casa e o mundo.

Obras comentadas, por Denise Mattar

 “A coleção de dona Yolanda reúne, majoritariamente, obras do Modernismo brasileiro. Di Cavalcanti ocupa lugar de flagrante destaque e é representado pelo seu tema favorito, as mulheres. De Guignard, destaca-se a obra Jardim Botânico, pintada no Rio de Janeiro, quando da volta do artista para o Brasil, e um trabalho da série que ficou conhecida como ‘Paisagens Imaginantes’, na qual o artista mistura referências da paisagem mineira com cidades imaginárias, nuvens coloridas, flores tropicais e uma verticalização que lembra a pintura chinesa”.

“Em suas melhores fases, Portinari também marca presença. ‘Despejados’ aponta para um tema caro ao artista: uma família despejada e desvalida, com seus parcos pertences, esperando à beira de uma estrada de ferro. Já ‘Retrato de João Candido’ retrata o filho do artista quando criança, com uma roupa arlequinada, numa festa junina, tema de uma série pequena e extremamente importante na obra do artista. Há ainda um casamento e um delicioso retrato da neta Denise”.

“Também vale destacar as obras de Cícero Dias, Milton Dacosta, Pancetti e um conjunto especial de Antônio Bandeira, em suas diferentes fases: do início de sua produção, ainda figurativa, trabalhos da série ‘Cidades’, obras tachistas e um trabalho incomum, de rara beleza, no qual o artista traça uma espécie de rede sobre sua tela”.

Yolanda Vidal Queiroz – Biografia 

Yolanda Vidal nasceu a 12 de novembro de 1928, em Fortaleza. Faleceu na mesma cidade, em 17 de junho de 2016. Era filha de Luiz Vidal e Maria Pontes. Ele era comerciante de tecidos e fazia negócios com João Pontes, irmão de Maria. Casaram-se em 1916 e tiveram 5 filhos: Dagmar, Zilmar, Yolanda, Vidalzinho e José Maria. O pai faleceu precocemente, aos 50 anos, mas deixou a família em boa situação financeira. Yolanda herdou do pai o interesse por tecidos e nutria especial paixão por bordados e rendas. Sua mãe fazia álbuns de fotografias para todos os filhos e esse hábito ela também incorporou à própria vida.

Divertida, animada e ótima estudante. A jovem Yolanda foi aluna no colégio das Dorotéas e lá foi sempre a primeira da classe. Estudava francês, inglês e seus cadernos, impecáveis, não à toa estão em exposição. Era uma memorialista nata. Fazia álbuns de fotografia de toda família e, posteriormente, das empresas Edson Queiroz. Foi aluna de piano do compositor Mozart Ribeiro. Guardou objetos de sua infância, sua roupa de batizado, bonecas, recortes de jornal com os sonetos de Padre Antonio Tomaz, cadernos e boletins escolares.

Conheceu Edson Queiroz no dia 28 de março de 1945, quando tinha apenas 16 anos, e ele ia fazer 20. Paixão fulminante e no dia 18 de abril ficaram noivos. Casaram-se no dia 8 de setembro do mesmo ano, na Igreja do Carmo. Apesar da pouca idade, Edson já era sócio do pai quando se conheceram e foi expandindo seus negócios.

Yolanda participava muito das decisões que Edson tomava na constituição dos negócios. O crescimento empresarial dele, portanto, deve muito a ela. E cada conquista marcou época. Entre elas, a Loteria Estadual do Ceará, 1947; Loteria Estadual de Pernambuco, 1948; a criação do Abrigo Central, 1949; a Companhia de Gás, 1951; a Rádio Verdes Mares AM, 1961; a Esmaltec, 1963; a Tecnorte, 1963; a Cascaju, 1968; a TV Verdes Mares, 1969; a Universidade de Fortaleza, 1971; o Troféu Sereia de Ouro, 1971; a Água Indaiá, 1979; o jornal Diário do Nordeste, 1981.

O casal teve intensa vida social e a casa reflete até hoje a ampliação desse círculo afetivo, em almoços e jantares memoráveis, sempre organizados por dona Yolanda. Foi dela a ideia para criar a Universidade de Fortaleza e até o final de sua vida acompanhou de perto a realização do prêmio Sereia de Ouro, organizando o evento e preparando convites.

O casal teve seis filhos, na seguinte ordem: Airton, Myra Eliane, Edson Filho, Renata, Lenise e Paula. A morte de Edson Queiroz em um acidente aéreo, em 1982, foi um choque, mas a matriarca não esmoreceu e foi trabalhar no grupo, junto aos filhos Airton e Edson. Yolanda Queiroz não era uma figura decorativa, acompanhava de perto os negócios e quando dizia “não” era acatada prontamente pelos demais. Interessante observar que Yolanda foi mãe de Airton quando tinha apenas 17 anos. Sua proximidade com ele, portanto, era grande. Era uma mãe e uma avó exemplar, do tipo que mandava bilhetinhos carinhosos para todos, filhos, netos e bisnetos. Sofreu extremamente com a morte precoce de sua filha Myra, em 2006, e de Edson Filho, em 2008. Outro aspecto conhecido apenas dos seus familiares era a beleza com que decorava sua casa, dando a tudo um toque absolutamente especial e particular. Cercava-se de belas obras de arte e fazia verdadeiras “instalações” em ambientes diversos.

Em 20 de maio de 2008, foi a primeira mulher agraciada com o Título de Personalidade do Ano, pela Brazilian- American Chamber of Commerce, New York. Ao receber o prêmio, Yolanda fez questão de atribuí-lo ao seu marido, observando, entretanto, que sentia nele uma homenagem a todas as mulheres.

Faleceu em Fortaleza, em 17 de junho de 2016. No dia de sua morte, receberia da Federação do Comércio, Bens e Serviços do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) a medalha Clóvis Arrais Maia.

Na exposição, o público visitante terá a oportunidade de conhecer alguém excepcional e à frente de seu tempo, que deixou obras de arte, uma universidade, um clã e progresso para o Ceará.

Comendas e homenagens

Yolanda Queiroz recebeu inúmeras homenagens, comendas e diplomas, entre os quais destacam-se:

  • 1989 - Medalha Mérito Mauá (Grau Cruz Mauá) do Ministério dos Transportes. Brasília.
  • 1990 - Honra ao mérito da Prefeitura Municipal de Fortaleza, por meio da Fundação Cultural de Fortaleza pelo Dia Nacional da Cultura.
  • 1997 - Homenagem da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Ceará, pelo destaque em prol do desenvolvimento social cearense. Fortaleza.
  • 1998 - Troféu Carnaúba da Associação Comercial do Ceará, em seu 132º aniversário de fundação. 
  • 1998 - Comenda Benfeitor da Criança da Cidade. Prefeitura Municipal de Fortaleza.
  • 2001 - Medalha Virgílio Távora, da Federação das Associações do Comércio, Indústria e Agropecuário do Ceará (Facic). Fortaleza.
  • 2001 - Ordem do Mérito Cívico. Brasília.
  • 2007 - Ordem do Mérito Industrial da Confederação Nacional da Industria (CNI), Fortaleza.

Serviço

Exposição “Yolanda Vidal Queiroz - Momentos”
Abertura oficial:
10 de outubro, às 19h
Local: Espaço Cultural Unifor
Período de apresentação: 11 de outubro de 2019 a 1º de março de 2020
Horário de funcionamento: 9h às 19h (terça a sexta-feira) e de 10h às 18h (sábado e domingo)
Aberto ao público

De 21 de março a 18 de agosto de 2019, a Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza, apresenta  exposição com 77 obras de sua coleção no Espaço Cultural Unifor. A exposição “Arte Moderna na Coleção Fundação Edson Queiroz” reúne algumas das mais expressivas obras de arte moderna criadas por artistas brasileiros ou radicados no Brasil das décadas de 1920 a 1960.

Com curadoria de Regina Teixeira de Barros, a exposição “Arte Moderna na Coleção Fundação Edson Queiroz” esteve em itinerância pelo Brasil e Europa desde 2015. Agora o público cearense terá a oportunidade de apreciar essa exposição viajante, gratuitamente. A mostra tem o patrocínio da Valgroup, do Banco Safra e da Ticket.

A coleção na mostra

Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz vem constituindo uma das mais sólidas coleções de arte brasileira do país. Das imagens sacras do período colonial à arte contemporânea, a coleção percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística, com obras significativas de todos os períodos.

A exposição “Arte Moderna no Brasil – Coleção da Fundação Edson Queiroz” apresenta um recorte desse precioso acervo, destacando um conjunto de obras produzidas entre as décadas de 1920 e 1960, por artistas brasileiros ou estrangeiros residentes no país.

A mostra inicia-se com trabalhos dos chamados anos heroicos do Modernismo brasileiro – década de 1920 – em que as tentativas de renovação formal estão na ordem do dia. Muitos dos artistas da primeira geração modernista residiram por algum tempo em Paris, onde entraram em contato com as vanguardas históricas e delas se alimentaram.

Paralelamente à modernização da linguagem, alguns artistas dessa geração também se interessaram pela busca de imagens que refletissem ideias de “brasilidade”. Nesse momento, o debate nacionalista girava em torno da recuperação de elementos nativos, anteriores à colonização portuguesa, somados à miscigenação racial, fator que passara a ser considerado decisivo na formação do povo brasileiro.

As décadas de 1930 e 1940 foram marcadas por uma acomodação das linguagens modernistas. As experimentações cedem lugar a um olhar para a arte do passado e, nesse momento, surgem “artistas-professores”, como Ernesto de Fiori, Alberto da Veiga Guignard e Alfredo Volpi, que se tornariam referenciais para os seus contemporâneos e para pintores de gerações vindouras.

Desse período, merecem destaque os trabalhos de Alfredo Volpi e José Pancetti, que, além de estarem presentes com um número significativo de obras na Coleção da Fundação Edson Queiroz, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração.

O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e que se consolida na década de 1950 – abrange pintores do grupo Ruptura, de São Paulo, e artistas dos grupos Frente e Neoconcreto, ambos do Rio de Janeiro.

A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não aderiram a grupo algum, mas adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular, mesclando-a, muitas vezes, com certo lirismo. O último segmento da mostra é consagrado à abstração informal, que ganha espaço na década de 1960, e a artistas que conceberam a tela como um campo para experimentações com materiais diversos, apontando para práticas que se multiplicariam nas décadas seguintes.

Exposição itinerante

Em 2015, a Fundação Edson Queiroz começou exposição itinerante por todo o Brasil, passando por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro, e chegou à Europa, inicialmente em Lisboa e, depois, em Roma. A itinerância da exposição oferece a oportunidade para que mais pessoas conheçam e tenham acesso a um dos acervos de artes visuais mais importantes do Brasil, uma forma de disseminar e democratizar o acesso às artes.

Sobre a itinerância na Europa, a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, destacou a importância da exposição para a arte e a cultura brasileiras. “Eu sinto que esta exposição, inicialmente em museu brasileiros e depois em Lisboa e Roma, foi de muita importância não só para a Unifor e para a Fundação Edson Queiroz, mas para o Estado do Ceará e de uma certa forma para o Brasil porque levamos 77 importantes obras do modernismo brasileiro para um continente que transpira arte”, destacou.

O chanceler da Universidade de Fortaleza (Unifor), Edson Queiroz Neto, destaca que a internacionalização da coleção da Fundação Edson Queiroz foi um projeto sonhado por vários anos pelo seu pai, Airton Queiroz, um dos maiores colecionadores do Brasil, falecido em julho de 2017. “Uma das maiores alegrias dele foi saber que a exposição iria para Lisboa”, lembra o chanceler, acrescentando que a realização desse sonho contribuiu para a divulgação da arte moderna brasileira na Europa. “Agora, os cearenses vão poder também usufruir desse privilégio”, ressalta.

O tema da exposição proporciona uma aproximação com as diversas vertentes, influências e movimentos da arte brasileira do início do século XX. “O recorte escolhido pela curadora possibilita fazer as mais diversas associações entre a trajetória de nossos artistas e o contexto histórico e artístico internacional. Essas foram décadas marcadas por profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais em todo o mundo”, frisa o vice-reitor da Unifor, professor Randal Pompeu.

Artistas participantes

Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Antonio Gomide, Bruno Giorgi, Candido Portinari, Cícero Dias, Danilo Di Prete, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto de Fiori, Flávio de Carvalho, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, Alberto Guignard, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ismael Nery, Ivan Serpa, José Pancetti, Judith Lauand, Lasar Segall, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Lygia Clark, Maria H. Vieira da Silva, Maria Leontina, Maria Martins, Maurício Nogueira de Lima, Milton Dacosta, Mira Schendel, Rubem Valentim, Samson Flexor, Sérgio Camargo, Sérvulo Esmeraldo, Tomie Ohtake, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Willys de Castro.

Sobre a Fundação Edson Queiroz

Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu amplo acervo de arte brasileira, sobretudo do século 20, com obras de artistas do porte de Lygia Clark, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Hélio Oiticica, Candido Portinari, Alfredo Volpi, entre outros. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições, espetáculos e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro e Grupos Infantis de Sanfona, Flauta, Violino e Piano. 

Serviço

Exposição "Arte Moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz"
Abertura: 21 de março de 2019, às 19h
Período expositivo: 22 de março a 18 de agosto de 2019
Horário de visitação: de terça a sexta: 9h às 19h – Sábados e domingos: 10h às 18h
Mais informações: (85) 3477.3319

 

Em comemoração aos 45 anos da Universidade de Fortaleza, a Fundação Edson Queiroz realiza a exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global”, reunindo 250 obras dos principais artistas brasileiros e de estrangeiros que retrataram o Brasil, abrangendo arco temporal que se estende do século XVI ao século XXI, iniciando com o livro America Tertia Pars, publicado na Europa em 1592, e finalizando com obras contemporâneas.

Com a curadoria de Denise Mattar, a exposição reúne parte do acervo da Fundação Edson Queiroz e acontece de março de 2018 a agosto de 2019, no Espaço Cultural Unifor.

A presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, ressalta que, além de ser uma mostra de arte, “Da Terra Brasilis à Aldeia Global” relembra a participação da instituição no fomento artístico não só no Ceará mas no Brasil. “Ao optarmos por uma abordagem que contempla a História do Brasil por meio de seus movimentos artísticos, a exposição se torna, por si só, uma homenagem e uma linha do tempo ilustrada pelos principais artistas de suas épocas. Essa transfiguração da Arte em História é algo especial que a Fundação Edson Queiroz pensou para, mais uma vez, presentear seu público em um ano tão importante para nós”.

“Foi apaixonante escolher a exposição que celebra os 45 anos da Universidade de Fortaleza. E, desde então, a cada dia descubro algo mais sobre essa bela coleção, que me dá inspiração para continuar o crescimento da Fundação Edson Queiroz, nesta área de valor inestimável para a formação das civilizações”, complementa Lenise Queiroz Rocha.

O vice-reitor de Extensão da Universidade de Fortaleza, o professor Randal Pompeu lembra que a arte e a cultura fazem parte da atuação da Instituição desde sua inauguração, em 1973, com a realização de sua primeira mostra. “Desde então, a Unifor realizou sucessivas exposições e, em paralelo, a Fundação Edson Queiroz constituiu uma das coleções de artes visuais mais importantes do país, hoje reconhecida e exposta nacional e internacionalmente”, destaca.

Randal Pompeu ressalta que a mostra “Da Terra Brasilis à Aldeia Global” apresenta um recorte significativo da coleção da Fundação Edson Queiroz, “habilmente selecionado e organizado pela curadora Denise Mattar, que incorporou a vocação das exposições realizadas no Espaço Cultural Unifor de aliar a arte ao conhecimento, em consonância com seu respectivo contexto histórico”.  

Abordagens histórica e didática

A curadora Denise Mattar optou por uma abordagem histórica e didática, contextualizando os principais movimentos da arte brasileira. “Além disso, procuramos mostrar para o público que cada um desses movimentos reflete um momento histórico, político e social e que a arte acaba por transcender todos esses marcos”, salienta. Como novidade, a exposição reúne também livros raros, pertencentes à coleção da Biblioteca Acervos Especiais, da Unifor.

Subordinada durante séculos às correntes artísticas internacionais, a arte brasileira, segundo explica Denise Mattar, sempre viveu constante processo de cópia/repetição, adaptação/transformação, conseguindo algumas vezes imprimir à sua produção um sabor nacional. Barroco, Academia, Modernismo, Abstracionismo, Concretismo, Nova Figuração, Conceitualismo, Transvanguarda e Neoexpressionismo foram se sucedendo de forma cada vez mais veloz. “Somente a partir do final da década de 1980, esse quadro começou a se reverter, abrindo maior espaço para a internacionalização e integração ao circuito de arte mundial – para o bem e para o mal...”, frisa.

Além de traçar esse roteiro com o exterior, a exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global” aponta como a questão centro-periferia se repetiu internamente no Brasil, sempre privilegiando os centros econômicos. No início da colonização, até então situados nas regiões Norte e Nordeste, esses centros deslocaram-se para o Rio de Janeiro, em função da descoberta do ouro – até a absoluta predominância do eixo Rio-São Paulo.

“Dessa dinâmica resulta o fato de que alguns artistas significativos, por viverem fora dessa área, não chegaram a integrar o chamado circuito de arte, enquanto que outros alcançaram essa meta ao preço de sair de sua terra natal. O foco para ilustrar essa questão será a produção de artistas cearenses de vários períodos, apresentados na mostra integrados aos fluxos artísticos aos quais pertencem”, ressalta a curadora. Segundo ela, “a excepcionalidade da coleção da Fundação Edson Queiroz permite contar essa história, quase sem lacunas, pois seu acervo excede em qualidade e quantidade a de muitos museus do eixo Rio-São Paulo, acentuando sua importância dentro da discussão proposta”.

Serviço

Exposição “Da Terra Brasilis à Aldeia Global – Coleção Fundação Edson Queiroz”
De 20 de março de 2018 a 18 de agosto de 2019
Visitação de terça a sexta-feira, de 9h às 19h e aos sábados e domingos, de 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz. Fortaleza, CE)
Acesso gratuito
Mais informações: (85) 3477.3319 | espacocultural@unifor.br

 

 

Nos livros escolares, ele é um herói nacional. Inventor do aparelho aéreo mais pesado que o ar, primeiro a alçar voo sem a necessidade de rampa para lançamento. Nas “fotos oficiais”, um homem sisudo, de colarinho alto e chapéu panamá amassado.

Mas Alberto Santos-Dumont foi muito mais que isso. Um bon vivant risonho, que conviveu com nobres, artistas e grandes inventores. Um inventor determinado, que inovou em áreas além da aviação. Um homem melancólico e com destino trágico, profundamente desapontado com os usos bélicos de seu maior invento.

Estes e outros aspectos da personalidade de Alberto Santos-Dumont, praticamente esquecidos pela repercussão do aeroplano 14 Bis – cujo primeiro voo acaba de completar 110 anos – serão exibidos ao público cearense na Mostra Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú. A exposição fica em cartaz até 9 de dezembro de 2018, no Espaço Cultural Unifor, localizado no prédio da Reitoria da Universidade de Fortaleza.

“Orgulhosamente, um brasileiro concretizou o sonho de milhões de pessoas pelo mundo. Não do modo poético, com asas de Ícaro, mas por meio de modelos que envolvem muito mais engenharia. E foi com a mente nas nuvens e as mãos firmes na terra que Santos-Dumont projetou, construiu e fez voar o primeiro avião do mundo”, destaca Lenise Queiroz Rocha, presidente da Fundação Edson Queiroz.

Com mais de 500 peças, a curadoria é da jornalista Luciana Garbin e do Itaú Cultural. A linha curatorial se sustenta em pilares que marcam a trajetória do inventor, como inovação, ciência e empreendedorismo. Um dos destaques da mostra é a réplica, em tamanho original, da aeronave Demoiselle, considerada sua obra-prima. 

“A mostra sobre Santos-Dumont identifica-se profundamente com a Universidade de Fortaleza não só pelo aspecto cultural, mas sobretudo em vista da trajetória desse grande inventor brasileiro, pautada pela ciência, inovação e empreendedorismo, pilares que também fazem parte da atuação da Unifor. Esperamos que o público visitante, em especial crianças, adolescentes e nossa comunidade acadêmica, inspire-se nos ideais e realizações de Santos-Dumont, cujo legado permanece em nossa sociedade até hoje”, afirma o prof. Randal Pompeu, vice-reitor de Extensão da Unifor.

Como ocorre em toda abertura de exposição da Unifor, a curadora fará uma palestra no Teatro Celina Queiroz, no dia 3 de agosto, 9h30, no Teatro Celina Queiroz. Direcionada para todos os públicos, a apresentação se estende sobre a mostra, detalhando os espaços, a cronologia e a escolha dos arquivos, documentos, objetos e fotos. A exposição foi apresentada em São Paulo, em 2016, e em Cuiabá, no ano passado, antes de chegar a Fortaleza.

Perfil múltiplo

Além de “pai da aviação”, Santos-Dumont foi esportista, designer e um criador de tendências no modo de vestir e usar o chapéu, uma de suas marcas registradas. Também serão expostas criações até hoje pouco conhecidas do público, como o Conversor Marciano, que servia para ajudar esquiadores a subir as montanhas nevadas. O nome vem de sua ideia de reproduzir a gravidade de Marte e reduzir o peso.

São de sua invenção ainda um dispositivo de tração para o coelhinho que serve de chamariz em corridas de galgos – raça de cães considerada a mais rápida do mundo. E o Canhão Paradoxal, uma espécie de catapulta para lançar boias salva-vidas para banhistas que estivessem em perigo no mar. Entre as fotos exibidas, duas são do criador testando o Canhão Paradoxal em uma praia. 

Muitas dessas imagens eram transformadas em cartões-postais, um dos modismos da época, ao qual o próprio Dumont aderiu com fervor e cuja coleção será apresentada. Entre eles, o visitante pode ver uma série de cartões carinhosos e saudosos enviados para uma moradora de Fortaleza, Hersilia Burlamaqui Freire, moradora da Rua Formosa, 59, por um admirador, identificado como Heitor.

A exposição 

Entrando no espaço expositivo, o público encontra documentos, objetos e imagens conservadas por ele próprio e herdadas por membros de sua família, organizados na curadoria compartilhada de Luciana, em parceria com os núcleos Itaú Cultural de Inovação, Acervo e Enciclopédia, Artes Visuais, Produção e Centro de Memória, Documentação e Referência (CMDR). 

Além de peças originais e pessoais, a exposição resgata fotografias históricas. São registros de voos dos balões e aeroplanos, retratos pessoais tirados pelos maiores fotógrafos do mundo ou publicadas nas tiragens originais guardadas no arquivo pessoal do homenageado. Alguns objetos pessoais completam o acervo, como um binóculo, uma luneta e outros instrumentos científicos usados por Santos-Dumont. 

Há também um grande número de cartas, documentos pessoais, correspondências, patentes originais de alguns inventos, publicações da época, livros de sua biblioteca pessoal ou de sua autoria, oferecidos com dedicatória. Entre os documentos, encontram-se telegramas da princesa Isabel, felicitando a mãe de Santos-Dumont pelos feitos do filho, e uma carta escrita por ele a um parente sobre um telegrama que recebeu de Alberto, rei da Bélgica. 

A mostra apresenta, ainda, um desenho feito pelo inventor um mês e cinco dias antes de seu suicídio. O sobrinho Jorge Dumont Villares escreveu que foi o último e anotou a data de 18 de junho de 1932. É importante porque mostra que ele seguia preocupado com a mecânica poucas semanas antes de sua morte, em um hotel no Guarujá.

Acessibilidade

Uma das preocupações da mostra é garantir o acesso pleno a pessoas com necessidades especiais. Ao entrar, o visitante encontra uma porta de hangar, onde faz o check-in, responde a três perguntas sobre seus conhecimentos a respeito de Santos-Dumont e recebe uma espécie de cartão de embarque, com uma gravura extraída de um antigo jornal com o retrato dele. O “passageiro” pode levar o bilhete para casa, que também tem impressão em braile.

Tablets, adaptados tanto para videntes quanto para cegos, disponibilizam capas de jornais e reportagens nacionais e estrangeiras, da própria coleção de Dumont para que o visitante possa folheá-los eletronicamente. O material impresso, como livros e documentos, ficará também disponível em braile. Um funcionário com deficiência visual orienta o público e auxilia os leitores. Ainda sobre os recursos de acessibilidade, todos os audiovisuais possuem tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Serviço

Mostra Santos-Dumont – Coleção Brasiliana Itaú
Com exibição em tamanho natural da aeronave Demoiselle
Abertura: 2 de agosto de 2018, às 19h
Visitação: 3 de agosto de 2018 a 13 de janeiro de 2019
Aberto de terça a sexta-feira, de 9h às 19h e aos sábados e domingos, de 10h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz. Fortaleza, CE)
Acesso gratuito

Mais informações: (85) 3477.3319 | espacocultural@unifor.br

A Universidade de Fortaleza promove a XIX Unifor Plástica, com o tema “Uma constelação para Sérvulo Esmeraldo”. A exemplo da última edição, esta também será curatorial, portanto, será composta por obras selecionadas pelo curador Ivo Mesquita.

Nesta edição, a exposição reúne artistas cearenses ou residentes no Ceará e outros artistas do Nordeste. Também estarão presentes na exposição obras de Sérvulo Esmeraldo.

Participam da XIX Unifor Plástica os seguintes artistas: Sérvulo Esmeraldo, Eduardo Frota, José Guedes, José Albano, Carlos Macedo, Tiago Santana, Eduardo Eloy, Rafael Vilarouca, Ícaro Lira, Cadeh Juaçaba, Márcio Távora, Jared Domício, Luiza Veras, Waléria Américo, Marco Ribeiro, Sabyne Cavalcanti e Rodrigo Frota..

Ivo Mesquita, curador da Unifor Plástica, fala da escolha do artista Sérvulo Esmeraldo para ser tema desta exposição. “Para um profissional de fora da região, é notável a presença da obra e da figura de Sérvulo no meio artístico cearense. Pensei que esta seria uma potente homenagem a ele: ter sua obra em vivo contato com as produções de artistas, seus contemporâneos”, explica Ivo.

“Sérvulo foi um artista de muitas artes: escultura, desenho, gravura, pintura, design e gráfica, com trabalhos que vão de um rigor absoluto na concepção da forma ao espírito mais livre e lúdico com os limites que esta impõe ao seu programa plástico, ao seu projeto estético, sempre em expansão e afirmativo da dimensão humana e transformadora da experiência criativa e artística”, afirma Mesquita.

O curador fala ainda sobre a seleção das obras para esta mostra. “A exposição aborda sua obra, vinculada à tradição construtivo/concreta brasileira, com um grupo de trabalhos escolhidos para, por um lado, oferecer uma perspectiva dos meios empregados na construção do objeto, assim como as diversas etapas e questões que puseram em marcha a sua produção. Por outro lado, o conjunto de obras propicia encontros, provoca fricções, aponta diferenças ou similitudes, promovendo relações pontuais com as produções de 18 artistas cearenses convidados, de diferentes gerações, trabalhando com suportes e estratégias que envolvem fotografia, desenho, escultura, pintura, vídeo e instalação. Com esse partido curatorial, a mostra busca construir um panorama da produção artística cearense em torno da figura central de Sérvulo Esmeraldo” relata Ivo Mesquita.

O artista plástico Marco Ribeiro, um dos artistas a expor na XIX Unifor Plástica, fala sobre sua relação com a arte e a importância da mostra. “Essa é a primeira vez que eu participo da Unifor Plástica. Eu sou designer, trabalhei por 18 anos em agência de propaganda como diretor de arte e comecei a carreira artística em Fortaleza. Sempre me interessei por desenho, meu avô era gráfico, então eu passava minhas férias na gráfica dele montando blocos, formando palavras. Em 2015 eu decidi me afastar da Publicidade e fui para as artes plásticas, mergulhando de cabeça”, relata Marco.

“Em 2016 o Sérvulo Esmeraldo esteve na minha casa para conhecer meu trabalho, e de lá pra cá muita coisa melhorou na minha vida. Ele me orientou e foi uma aproximação muito importante para mim, quase definitiva para o que eu queria”, confessa.

Sabyne Cavalcanti, outra artista que participa da Unifor Plástica, fala que ficou surpresa com a seleção do seu trabalho para a exposição e aborda a importância do evento. "Essa é a primeira vez que fui selecionada para essa mostra. Duas obras minhas serão exibidas: Ruínas da Prainha e a Ilha um Vídeo. Quanto à XIX Unifor Plástica, acho magnífica a contribuição que a instituição tem dado ao longo dos anos à arte. A mostra é essencial na formação artística, conecta com a arte contemporânea e beneficia o conhecimento e o entretenimento. A cada dia vem criando uma relação afetiva com a cidade e o mundo” ressalta Sabyne.

 

Sobre a Unifor Plástica

A mostra surgiu em 1973, por iniciativa da Fundação Edson Queiroz, mesmo ano de fundação da Universidade de Fortaleza. Ao longo deste período, essa tradicional exposição – antes um salão, agora uma mostra bienal de arte contemporânea – tem promovido sucessivas gerações de artistas cearenses e nacionais, constituindo uma importante referência para a formação e a difusão da visualidade contemporânea brasileira. Desde sua primeira edição, quando Sérvulo Esmeraldo participou, passaram por ela José Albano, Eduardo Eloy, José Tarcísio, Carlos Macedo, Eduardo Frota, José Guedes, Waleria Américo, Jared Domício e Rodrigo Frota. Desta edição participam pela primeira vez Thiago Santana, Marcio Távora, Ícaro Lira, Luiza Veras, Sabyne Cavalcanti, Marco Ribeiro, Rafael Vilarouca e Cadeh Juaçaba, abrindo um novo capítulo na história desta organização.

Sobre Sérvulo Esmeraldo

Sérvulo Esmeraldo, nascido no Crato em 1929 e falecido em Fortaleza em fevereiro deste ano,, foi um artista brasileiro de escultura, gravura, ilustração e pintura, conhecido por seu rigor geométrico-construtivo e suas incursões no campo da arte cinética. Iniciou a carreira artística na adolescência, com xilogravuras. No ano de 1951, se mudou para São Paulo, onde estudou Arquitetura. A partir de então, dedicou-se à xilogravura, realizando sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Na mesma época de sua primeira exposição individual no MAM, ganhou bolsa de estudos do governo francês, residindo no país até 1979. Em Paris, frequentou o ateliê de litogravura da École Nationale des Beaux-Arts e estudou com Johnny Friedlaender.

Na década de 1960, iniciou suas criações no campo da arte cinética, trabalhando como materiais como com ímãs, eletroímãs e por gravidade. Em 1974 participou da exposição L'idée et La Matière, na Galeria Denise René, em Paris. Retornou definitivamente a Fortaleza no ano de 1980. Em 1983, recebeu o Prêmio Melhor escultor do ano da Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2011, a Pinacoteca do Estado de São Paulo fez uma retrospectiva da obra do artista com publicação de livro coordenado por Aracy Amaral.

Resumo

XIX Unifor Plástica: “Uma constelação para Sérvulo Esmeraldo”.  De 17 de outubro de 2017 a 28 de janeiro de 2018.

Exposição Antônio Bandeira: um abstracionista amigo da vida

O pintor, desenhista e gravador cearense Antonio Bandeira trilhou um caminho único na arte brasileira. Averso ao academicismo, abandonou a arte figurativa de seus anos iniciais e tornou-se pioneiro do abstracionismo do país. A partir de 10 de agosto, o Espaço Cultural Unifor, localizado no campus da Universidade de Fortaleza, apresenta um pouco da trajetória deste artista ímpar na exposição Antonio Bandeira: um abstracionista amigo da vida. Com a realização da Fundação Edson Queiroz e organização da Base7 Projetos Culturais, a mostra tem curadoria de Regina Teixeira de Barros e Giancarlo Hannud.

A exposição reúne um conjunto de 91 obras que abarca diferentes momentos de sua produção artística, das primeiras pinturas figurativas, de caráter social, às grandes telas com densas tramas, tão comuns em seus últimos anos.

"Os delicados guaches e aquarelas, nos quais a sutileza e a poesia imperam, pontuam a trajetória do artista e se contrapõem, na década de 1960, aos trabalhos mais experimentais, realizados com materiais não tradicionais como miçangas, fitas adesivas e tinta automotiva", aponta Regina. “Bandeira permaneceu sempre à margem de escolas e estilos, jamais emprestando seu nome às declarações de fé estética tão em voga naquele momento”, completa Giancarlo, que também coordenou todo o levantamento de obras do artista e a pesquisa para o catálogo raisonné parcial.

“Seguindo sua missão de apoiar e difundir a produção de artistas cearenses, a Fundação Edson Queiroz realiza uma exposição inédita de Antonio Bandeira, que reúne alguns de seus trabalhos mais importantes. Um marco da mostra será o lançamento do catálogo raisonné de Bandeira, patrocinado pela Fundação Edson Queiroz, a ser lançado no Espaço Cultural Unifor. Ao apresentar exposições e ao mesmo tempo apoiar publicações da relevância de um catálogo raisonné, a exemplo do que realizou com Leonilson no primeiro semestre deste ano, a Universidade de Fortaleza, mantida pela Fundação Edson Queiroz, cumpre seu papel de aliar arte e educação como forma de promover o conhecimento, alcançando não só sua comunidade acadêmica, mas toda a sociedade”, afirma o vice-reitor de extensão da Unifor, prof. Randal Pompeu.

Definido por seus pares como um artista sério, lacônico e metódico, Bandeira deixou como legado uma produção surpreendente pela qualidade e sensibilidade de suas obras. Parte das obras apresentadas nesta exposição é pouco conhecida do público e até mesmo pelo circuito da arte, pois muitas foram localizadas graças às pesquisas para o catálogo raisonné parcial do artista.

O artista é expoente de uma vertente abstrata que privilegia a gestualidade e a expressão da experiência poética. Em seus trabalhos, traços, cores, tramas, manchas e respingos, todos aparentemente abstratos, na verdade estampam o mundo interior que o artista abrigava dentro de si. Por meio deles, Bandeira sugere a seu espectador uma infinidade de lembranças e emoções. Não por acaso, os títulos de suas obras evocam paisagens urbanas e cenas do cotidiano, abrindo caminho para interpretação lírica dessas composições.

Nas palavras do próprio artista, seus traços retratam “paisagens, marinhas, árvores, portos marítimos, cidades, enfim, apontamentos de viagem. Parto do realismo e, depois, vou aparando a ramaria até chegar ao ponto que minha sensibilidade exige. (...) A natureza foi e será, sempre, o meu celeiro”, dizia. Esse compromisso alegre com a vida pautou sua aproximação e assimilação da linguagem internacional da arte abstrata.

 

Perfil de Antonio Bandeira

Antonio Bandeira nasceu em Fortaleza, em 1922. Iniciou-se na pintura com a professora Mundica, bastante conhecida na cidade de Fortaleza, cujo método de ensino era a cópia. Em 1941, participou da criação do Centro Cultural de Belas Artes, entidade que nos anos seguintes deu origem à Sociedade Cearense de Artes Plásticas.

Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro, cidade que recebeu sua primeira exposição individual. Contemplado pelo governo francês com bolsa de estudos, mudou-se para Paris em 1946, onde frequentou a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e a Académie de la Grande Chaumière.

Em Paris, o jovem artista entrou em contato com o abstracionismo lírico. A partir dessa aproximação, a gestualidade, já reconhecida nas suas primeiras figurações expressionistas, ganhou destaque ainda maior quando ele passou a se dedicar à abstração.

Bandeira participou das duas primeiras edições da Bienal de São Paulo, em 1951, ano que retornou ao Brasil, e em 1953. A segunda edição lhe rendeu um Prêmio Fiat, motivo que o levou novamente à Europa em 1954. Lá, permaneceu até 1959, passando pela Itália e Inglaterra.

Ao retornar ao Brasil, dedicou-se a uma atividade artística intensa, participando de importantes exposições, no Brasil e no exterior. Bandeira voltou a Paris em 1965, onde permaneceu até sua morte, dois anos depois.

 

Catálogo raisonné

Com patrocínio da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e do Espaço Cultural Unifor, e coordenação da Base7 Projetos Culturais, a catalogação será editada e publicada como Catálogo Raisonné Parcial, em dois volumes com cerca de 500 páginas.

Valioso material de pesquisa e estudo colocado à disposição do público, o catálogo constitui uma ferramenta de acesso à abrangência e profundidade da obra do artista, de toda sua trajetória. O projeto contribuirá ainda para a disseminação e permanência do legado Bandeira a gerações futuras, funcionando como documento relevante para consultas de críticos de arte, historiadores, pesquisadores, estudantes público de arte e interessados em geral.

Com a publicação, Bandeira se junta ao seleto grupo de artistas brasileiros que já tiveram suas obras catalogadas em raisonné: Alfredo Volpi, Candido Portinari, Iberê Camargo, Tarsila do Amaral e, mais recentemente, Leonilson. Atualmente, a obra de Bispo do Rosário também tem sido revisitada e catalogada.

 

Resumo:

Antonio Bandeira: um abstracionista amigo da vida.  De 11 de agosto a 10 de dezembro de 2017.

 

Informações para contato

Espaço Cultural Unifor | Visitação de terça a sexta-feira, de 9h às 19h; sábados, domingos e feriados, de 12h às 18h

  • Fone de contato: (85) 3477-3319
  • E-mail de contato: espacocultural@unifor.br
  • Endereço de contato: Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz