ter, 29 junho 2021 16:18
Canudo na mão, sonhos na cabeça
Hora de vestir a beca! Concludentes da Universidade de Fortaleza rememoram os melhores capítulos de um sonho realizado.
Quando o sonho da formatura está prestes a se realizar, e veste-se a beca para a noite de colação de grau, o futuro profissional é tão celebrado quanto a jornada que levou até ele. O ontem abraça o amanhã em nome de toda a inspiração e a transpiração que estão por trás do diploma conquistado. Extensivo, o abraço também enlaça cada momento de dedicação ao ensino, à pesquisa e às atividades de extensão de excelência que a Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, prima por oferecer ao seu corpo discente. E tudo isso, junto e misturado, volta à memória como uma imensa galeria de fotos e vídeos na cabeça de quem está prestes a ritualizar o fechamento de um ciclo intelectual, mas também afetivo.
A noite será diferente: devido aos desafios da pandemia, a celebração garantida é resultado de um sentimento de felicidade que persevera. Em consideração às recomendações nacionais e internacionais de enfrentamento à Covid-19 e às orientações do Protocolo de Biossegurança da Unifor, a solenidade de Colação de Grau 2021.1 acontecerá online, na noite do dia 02 de julho, às 20h. A transmissão acontecerá nas redes sociais da Universidade e na TV Unifor (canal 181 da NET e canal 14 da Multiplay).
Apesar da mudança na cerimônia, as experiências continuam vivas na mente de quem está prestes a erguer o canudo. Nos depoimentos a seguir, os concludentes confidenciam memórias e aprendizados que guardam consigo em relação aos últimos anos.
No ritmo das transformações
Enquanto discente, Hiago Marques destacou-se por participação ativa em programas extracurriculares do curso de Direito. (Foto: Acervo Pessoal)
Aos 23 anos, Hiago Marques de Brito sabe bem que, durante sua graduação no curso de Direito da Unifor, foi testemunha ocular e crítico ativo de um capítulo histórico da política e do judiciário no Brasil. Em julho próximo, quando enfim se forma, vai passar a limpo episódios que ficaram marcados na lembrança do então aprendiz. “Foram muitas as situações jurídicas novas que eu me deparei desde que ingressei na Unifor, em 2016. Até a ‘Bíblia’ do Direito, o Código do Processo Civil, mudou. E tudo foi calorosamente debatido em sala de aula, o que só aprimorou nossa consciência política e nossa capacidade de avaliar criticamente o papel central do poder judiciário frente a tantos sobressaltos políticos”, conta o concludente.
Ele continua: “O foco da minha formação, portanto, não se restringiu aos livros. No programa Cidadania Ativa, tivemos contato direto com as demandas de grupos sociais vulneráveis e que têm dificuldade para acessar seus direitos, como idosos e jovens infratores, e pude entender vivenciando como a ideia clássica que temos de Justiça pode ser bem diferente da deles. Foi tudo muito enriquecedor, vivido dentro e fora de sala de aula”, relata Hiago, que também integrou o Centro Acadêmico (CA) de Direito, diferentes grupos de pesquisa e monitorias.
Para o discente, a pandemia da Covid-19 foi sentida como um banho de água fria sim, mas também deixou na bagagem lições valiosas para o futuro profissional. “Diante das restrições dos protocolos sanitários não pude vivenciar os estágios todos que eu teria oportunidade de acessar através da Unifor. Mas para quem pretende advogar, como eu, novos problemas jurídicos se impuseram como demanda extra, como os inventários por conta do número crescente de mortes, por exemplo, ou as ações jurídicas para conseguir leitos em UTIs de hospitais quase sempre lotados”, observa ele.
“Estou estagiando em um escritório de advocacia e as audiências online também viraram regra, então foi um aprendizado extra que tive na Unifor na reta final, contando com o apoio e orientação de um corpo docente irretocável que soube adaptar o conteúdo para as plataformas digitais sem tantas perdas para quem vivia o dia a dia da Universidade tão intensamente como eu”, garante o formando. Com bom humor, ele compartilha que também encontrou entre seus professores uma cumplicidade extra: o amor pelo mesmo time de futebol, o Fortaleza Esporte Clube (FEC). “Ou seja, fiz amigos pra vida, né?”, ri-se Hiago.
Futuro com régua e compasso
Jade de Lima deixa a Unifor com promessas no mercado de trabalho e fisgada pela carreira acadêmica. (Foto: Ares Soares)
A concludente Jade de Lima e Silva lembra bem: a graduação em Arquitetura e Urbanismo na Unifor sempre foi um sonho; só que distante. É que o poder aquisitivo da família não previa e nem se moldava a tamanho investimento. “Passava em frente ao campus e aquele verde sempre me encantou. E quando veio a aprovação no vestibular cismei: vai ser difícil meus pais bancarem, mas vou correr atrás e fazer acontecer. E assim foi. Estudei e trabalhei como professora de inglês para bancar o curso e, mais à frente, consegui a bolsa do FIES. Valeu todo o esforço e hoje, feliz da vida, posso me considerar apta a atuar como arquiteta-urbanista profissional”, vibra ela, às vésperas da colação de grau e de seu aniversário de 23 anos.
O presente ela já ganhou antecipado: o estágio obrigatório em Arquitetura de Interiores despertou a predileção pela área e foi um primeiro passo para a conquista de um posto de trabalho. “Estou estagiando em um escritório de arquitetura e engenharia e já tenho a promessa de que, assim que estiver com o diploma na mão, serei imediatamente contratada. Quer dizer, a Unifor me abriu realmente as portas do mercado de trabalho, exatamente como prometeu. Tudo porque é inegável a excelência do curso e como a formação baseada em prática e resolução de problemas nos faz profissionais diferenciados e sintonizados com as demandas contemporâneas”, orgulha-se.
Para Jade, quem se forma em Arquitetura e Urbanismo na Unifor é levado a “sair da caixinha”. Tudo porque na matriz curricular não há disciplinas estanques e sim módulos interligados, de modo que ao projetar um centro comercial, por exemplo, conteúdos de outras áreas da Arquitetura, como paisagismo ou até patrimônio e restauro, também possam ser mobilizados, dialogando entre si.
A infraestrutura do curso, segundo ela, é outro valor agregado. “Os nossos laboratórios são espetaculares e não só os equipamentos como também os melhores programas de software são disponibilizados aos alunos. Eu me beneficiei muito disso, optando por muitas vezes por passar o dia inteiro na universidade porque ali eu teria acesso livre a supercomputadores e a uma prancheta profissional, estudando e praticando nas melhores condições, exatamente aquelas que encontrei no mercado”, avalia a graduanda.
O TCC também diz sobre o papel inclusivo que ela aprendeu a ver e valorizar na profissão: Jade projetou um Centro de Acolhimento e Apoio à População de Rua. “Eu sempre pegava ônibus da Unifor até o meu estágio e no trajeto observei o quanto a população de rua estava aumentando. Pela minha própria classe social de origem, sempre achei que a Arquitetura não devia ser encarada e praticada de forma elitista. E é essa ideia de espaço acolhedor e ambiente restaurador que quero trazer para a minha prática, seja ao tomar à frente de projetos residenciais, área que já escolhi seguir, ou apostar numa especialização. Com a pandemia, por exemplo, tenho pensado em me especializar em arquitetura hospitalar. Ou seja, saio da graduação também fisgada pela pesquisa acadêmica interdisciplinar, algo muito forte na Unifor, e interessada em mestrado e doutorado”, anuncia, entusiasmada.
A vida é filme
O concludente Daniel Sobral orgulha-se dos projetos desenvolvidos na graduação, e promete seguir investindo na criatividade. (Foto: Acervo Pessoal)
Um pai cinéfilo e um filho apaixonado por cinema desde criança. Daniel Sobral da Silva, 21, mudou-se com a família de São Paulo para Fortaleza já instigado a ingressar na Unifor. “Desde o Ensino Médio vinha pesquisando sobre as melhores graduações em Cinema e Audiovisual do Brasil, e a Unifor sempre esteve entre elas. Quando vim morar no Ceará, não tive dúvida. E acertei. Logo no primeiro semestre, eu estava já produzindo e realizando meu primeiro curta-metragem. A prática é um ponto alto e diferencial em relação às outras faculdades. E o melhor é podermos nos testar em várias funções ligadas ao audiovisual: da direção ao roteiro, da fotografia à produção”, enfatiza.
Na Unifor, cineastas em formação também mergulham no universo audiovisual da televisão. E foi como aluno-bolsista de um grupo de pesquisa ligado à TV Unifor que Daniel descobriu o seu lugar de predileção no amplo leque do fazer cinematográfico: é como roteirista, além de diretor, que ele vem se especializando. Na bagagem, o formando já soma cinco curtas-metragens, sem contar os outros tantos argumentos já fervilhando na cabeça, inclusive para um longa. Foi este, aliás, que ele apresentou como TCC para a avaliação de uma banca de professores atenta aos recursos cinematográficos envolvidos na produção de uma trama que trata sobre o dia a dia de jovens marcados pela pandemia.
Aprovado com louvor, Daniel divide a conquista com quem, em vida, foi inspiração: “perdi meu pai no meio da graduação, justamente para a Covid-19, mas não esqueço jamais o quanto sonhamos e torcemos juntos por esse momento da colação de grau. Portanto, o diploma não é só meu, mas nosso”. Herdado com sensibilidade e sapiência, o amor pelo cinema se fez ponte para outros inesquecíveis encontros.
“Passei a encarar o curso de Cinema como formação para a vida mesmo. Fiz muitas amizades valiosas na Unifor, com alunos e sobretudo com professores, que me acolheram de uma forma especial. Por isso, sempre soube que estava no lugar certo e com as pessoas certas, aprendendo não só a fazer como a pensar o cinema, afetiva e politicamente, inclusive. Terminei o curso, aliás, graças à Unifor: quando me vi sem poder contar com meu pai para bancar o final da graduação, fui levado a acionar o seguro educacional. E assim pude realizar o meu sonho, sabendo que saio pronto para encarar o mercado de trabalho e militar pela cultura e pelo audiovisual, que vêm sendo tão sucateados pelo atual Governo Federal”, sustenta Daniel.
O cuidado de si e do outro
Após encarar grandes batalhas pessoais, a futura enfermeira Ana Vitória conclui o curso fortalecida e firme com o propósito social de sua profissão. (Foto: Acervo Pessoal)
No início, uma dúvida confessa lhe foi companheira. Concludente do curso de Enfermagem da Unifor, Ana Vitória do Nascimento Oliveira, 25, não demorou a sentir sobre os ombros o peso da responsabilidade de se tornar, de fato, uma enfermeira. “Ingressei na faculdade sabendo que minha vocação convergia para saúde coletiva e cuidados intensivos, mas a cada disciplina é que fui compreendendo o tamanho do desafio de um profissional que ainda é visto pelo senso comum como auxiliar, mas na verdade é quem vai dar seguimento a tudo o que o médico prescreve, ficando assim co-responsável pelo sucesso ou não de determinado tratamento. Enfermeira, portanto, precisa estar preparada para ‘jogar nas onze’ e sequer pode ter expectativa de ser reconhecida a contento”, frisa.
Na graduação, as provas de fogo se enfileiraram, do começo ao fim. “Meu internato hospitalar foi numa UTI com pacientes graves e ali entendi o que é a rotina estressante de um profissional de saúde, sobretudo diante de uma pandemia, que foi o que presenciei. Nesse meio tempo meu pai pegou Covid, mas se recuperou, e eu descobri cistos ovarianos que podiam ser malignos. Foi aí que entendi que a formação só me ajudou a superar as dores e, sim, havia feito a escolha certa porque em nenhum momento deixei de querer cuidar das pessoas com a excelência que estava aprendendo no curso de Enfermagem”, revela a discente.
Prestes a vestir a beca, ela recupera a profundidade da jornada: passou por monitorias e grupos de pesquisa, foi bolsista de iniciação científica, integrou as Ligas Acadêmicas, participou de encontros científicos e não desperdiçou uma oportunidade sequer de fazer cursos extras. “Saio do curso de enfermagem com total segurança de que estou apta a exercer a profissão. Isso porque desde o segundo semestre temos aulas práticas na Unifor, além dos estágios em urgência e emergência e um ano inteiro dedicado a plantões em postos de saúde e hospitais, atuando exatamente como um profissional. Não tenho mais qualquer dúvida: quero atuar em Centro Cirúrgico e foi a partir dessa vivência que também descobri outra paixão revelada no meu TCC: a participação do enfermeiro no processo de doação de órgãos. É outra área de atuação que devo me dedicar, exercitando não só a técnica, como a formação ética e humanista que a Unifor nos oferece”, conclui Ana Vitória.