Unifor divulga Política de Integridade Científica para reforçar práticas éticas na pesquisa acadêmica

sex, 7 novembro 2025 17:22

Unifor divulga Política de Integridade Científica para reforçar práticas éticas na pesquisa acadêmica

Documento define princípios, prevenção de irregularidades e regras para uso responsável de IA na produção científica


Universidade adota práticas que moldam o futuro da pesquisa responsável (Foto: Getty Images)
Universidade adota práticas que moldam o futuro da pesquisa responsável (Foto: Getty Images)

Padronizar procedimentos, fortalecer códigos de ética e conduta e criar diretrizes que previnam irregularidades são passos essenciais para garantir um ambiente acadêmico íntegro, transparente e alinhado às boas práticas da pesquisa científica. Em sintonia com essa necessidade, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, divulga a Política de Integridade Científica da Unifor consolidando um marco institucional dedicado à promoção da responsabilidade e da confiança na produção do conhecimento.

Como um dos três pilares da Unifor, “ensino, pesquisa e extensão”, a pesquisa recebe atenção especial na elaboração do documento, que busca garantir a sustentabilidade e a confiabilidade das contribuições científicas realizadas na instituição.

Segundo a coordenadora da Vice-Reitoria de Pesquisa, Adriana Rolim, a iniciativa busca consolidar princípios que sustentam a produção científica da instituição. “Entendemos que a integridade científica é o alicerce da credibilidade do conhecimento que produzimos e compartilhamos. Ao estabelecer uma política institucional, buscamos não apenas prevenir más condutas, mas, sobretudo, promover valores que orientem o fazer científico”, afirma.

A política reforça valores como honestidade, rigor, respeito e confiança, alinhando a Unifor a padrões internacionais de boas práticas em pesquisa e ao compromisso com a formação ética de estudantes e pesquisadore(a)s.

Assim, todos os pesquisadores vinculados à Unifor, incluindo docentes, discentes de graduação e pós-graduação, pesquisadores permanentes e visitantes, estão submetidos aos critérios éticos definidos pela nova política. As normas contemplam os princípios gerais de integridade científica e as especificações voltadas ao contexto da pesquisa e inovação.

A política funciona como um guia para orientar condutas adequadas em todas as etapas da atividade científica, desde a concepção de projetos até a divulgação de resultados. O documento reforça a relação direta entre integridade na pesquisa e ética na publicação, destacando que falhas, omissões ou práticas indevidas podem comprometer tanto a credibilidade individual quanto institucional.

Princípios da pesquisa

Segundo a Unifor, a integridade na pesquisa deve ser tratada como um valor absoluto. Isso significa que todos os envolvidos no processo científico precisam seguir padrões éticos rigorosos que assegurem a credibilidade dos resultados, o respeito aos participantes e a responsabilidade social da atividade científica.

Entre os princípios destacados está a anonimização, que garante que dados pessoais utilizados em pesquisas não possam ser associados diretamente a indivíduos. O documento também reforça a necessidade de confiabilidade, tanto na execução dos estudos quanto na comunicação de suas conclusões.

Outro ponto central é o cuidado na coleta, armazenamento e tratamento de dados, assegurando respeito a seres humanos, animais, ao meio ambiente e aos objetos culturais envolvidos. A política também dedica atenção ao princípio da diversidade, incentivando pesquisas que respeitem diferenças de gênero, raça, geração, etnia, cultura, religião e classe social, além de valorizar abordagens teórico-metodológicas plurais.

A Unifor destaca ainda a exigência de escrupulosidade científica: o uso rigoroso de métodos adequados, a veracidade das informações e a citação correta de todas as fontes e técnicas utilizadas. A isso se somam valores como honestidade, que proíbe a fabricação ou manipulação de dados, e imparcialidade, essencial na comunicação de resultados e na avaliação do trabalho de outros pesquisadores.

A coordenadora Adriana Rolim explica que a expectativa é que a Política de Integridade Científica da Unifor provoque uma transformação progressiva na forma como a comunidade acadêmica planeja, conduz e comunica suas pesquisas. O documento incentiva a reflexão sobre as responsabilidades presentes em cada etapa do processo científico, da elaboração do projeto à divulgação dos resultados. 

“Com o tempo, acreditamos que a política fortalecerá uma cultura de confiança mútua, colaboração ética e valorização da transparência nos dados e nos métodos. Também esperamos ver estudantes e pesquisadores mais conscientes sobre a importância de agir com honestidade intelectual, reconhecendo erros, evitando práticas questionáveis e adotando padrões mais elevados de qualidade e responsabilidade científica”, destaca.

Má conduta na pesquisa e procedimentos de detecção de plágio

A Política de Integridade Científica da Unifor dedica um capítulo específico à definição e ao combate de más condutas na pesquisa, entendidas como ações intencionais ou por negligência que violem princípios éticos e comprometam a credibilidade científica. Entre os exemplos mais comuns estão:

- Fabricação: criação ou divulgação de dados, resultados ou métodos inexistentes;

- Falsificação: manipulação de informações para sustentar hipóteses ou conclusões artificiais;

- Plágio: uso de conteúdo ou ideias sem a devida referência, apagando ou omitindo o conhecimento prévio existente.

Para prevenir essas práticas, todas as produções científicas passam obrigatoriamente por uma verificação de similaridade, etapa em que ferramentas especializadas identificam trechos que possam indicar plágio. Caso sejam detectadas reproduções totais ou parciais sem citação adequada (exceto citações diretas respeitando as normas), os autores são contatados para prestar esclarecimentos.

A política também detalha os diferentes tipos de plágio, ampliando a compreensão das irregularidades que podem ocorrer em trabalhos acadêmicos:

-Plágio direto: cópia literal de trechos sem referência ao autor e sem indicação de citação;
-Plágio indireto: paráfrase de ideias alheias sem mencionar a fonte;
- Plágio parcial: uso de partes de um ou mais textos originais sem as devidas citações;
- Autoplágio: reaproveitamento de trechos substanciais de trabalho próprio sem atualização ou abordagem original;
- Plágio de fontes: reprodução de referências encontradas em outro autor como se tivessem sido consultadas diretamente;
- Plágio consentido: uso de trabalho de outra pessoa como se fosse próprio, com a anuência do verdadeiro autor.

Uso de ferramentas de inteligência artificial 

A Política também estabelece orientações específicas para o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) em pesquisas e publicações acadêmicas. Em linha com a norma ABNT NBR ISO/IEC 42001:2024, que define requisitos para a implementação e a gestão responsável de sistemas de IA em organizações, a universidade reforça a necessidade de adotar boas práticas internacionais, especialmente diante da ausência de uma legislação brasileira que regulamente o tema.

De acordo com a diretriz institucional, os autores são inteiramente responsáveis pelo conteúdo de suas produções científicas, inclusive por trechos gerados com auxílio de ferramentas de IA. Assim, eventuais imprecisões, erros metodológicos ou violações éticas permanecem sob total responsabilidade do pesquisador.

Por esse motivo, tecnologias como ChatGPT e outras baseadas em modelos de linguagem de grande escala (LLMs) não podem ser listadas como autoras de artigos, dissertações ou quaisquer trabalhos acadêmicos.

A política também determina que artigos científicos não devem incluir imagens, gráficos ou vídeos gerados por IA, seguindo padrões internacionais de transparência e proteção à integridade visual da pesquisa. Caso o pesquisador utilize ferramentas de IA em alguma etapa do estudo como tradução, organização de tabelas, análise de dados ou apoio textual isso deve ser declarado claramente no trabalho, com indicação da ferramenta utilizada e de sua finalidade.

A regra, contudo, não se aplica ao uso de softwares de revisão ortográfica, gramatical ou de gerenciamento de referências, que já fazem parte do fluxo editorial tradicional.

No âmbito da revisão por pares, a universidade destaca que os revisores não devem inserir os artigos sob avaliação em ferramentas de IA generativa, a fim de proteger a confidencialidade e a integridade do processo editorial.

Para a coordenadora Adriana Rolim, a integridade científica é um compromisso coletivo que sustenta o papel da universidade como espaço de produção de conhecimento confiável, ético e socialmente relevante. Ela reforça que a adoção da política vai além do cumprimento de normas. 

“Convidamos toda a comunidade acadêmica a incorporar esses princípios em suas práticas diárias, para que a integridade seja não apenas uma política, mas parte da identidade da nossa instituição”, ressalta.

Aos interessados a Política de Integridade Científica é de livre acesso. Qualquer dúvida, basta acessar o site do Conselho Superior de Editoração.

Esta notícia está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, contribuindo para o alcance do ODS 4 – Educação de Qualidade.

A Universidade de Fortaleza, assim, assegura a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promove oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.