Estudo da Unifor sobre inclusão e preconceito no mercado de trabalho conquista premiação científica

sex, 7 novembro 2025 09:03

Estudo da Unifor sobre inclusão e preconceito no mercado de trabalho conquista premiação científica

Desenvolvida no Laboratório de Estudos sobre Processos de Exclusão Social (Lepes), a pesquisa busca compreender os impactos das microagressões vivenciadas por pessoas LGBTQIAPN+ em diferentes contextos sociais


O projeto pretende dar visibilidade às vivências ruins e incentivar a construção de espaços profissionais mais inclusivos e respeitosos (Ilustração: Getty Images)
O projeto pretende dar visibilidade às vivências ruins e incentivar a construção de espaços profissionais mais inclusivos e respeitosos (Ilustração: Getty Images)

A pesquisa "Microagressões no ambiente de trabalho: Os impactos da exclusão sutil sobre trabalhadores LGBT+", desenvolvida no Laboratório de Estudos sobre Processos de Exclusão Social (Lepes) da Universidade de Fortaleza, vinculada a Fundação Edson Queiroz, foi agraciada com a primeira colocação no Prêmio Reinier Rozenstraten, da Sociedade Brasileira de Psicologia.

O estudo, que faz parte de um projeto conhecido como pesquisa “guarda-chuva”, busca compreender os impactos do preconceito, da discriminação e das microagressões vivenciadas por pessoas LGBTQIAPN+ em diferentes contextos sociais, sendo este recorte específico voltado ao contexto laboral. A pesquisa conta com financiamento da Chamada Universal do CNPq, o que reforça a relevância científica e social.

Eloise Vasconcelos, aluna do curso de Psicologia e bolsista de Iniciação científica pelo Lepes, comenta sobre a importância do estudo, destacando a abrangência do trabalho e como ele ainda é pouco abordado no contexto das pesquisas acadêmicas.

“Ele busca mostrar, de forma clara, as diferentes experiências vividas por pessoas com variadas orientações sexuais e identidades de gênero, incluindo pessoas trans e outras além dos homens gays. Pesquisas como essa ainda são raras no país”, pontua a estudante.

Eloise explica que o trabalho busca promover uma reflexão crítica sobre as experiências de trabalho vividas por essas pessoas, especialmente no que diz respeito à discriminação e à saúde mental. Além disso, também pretende dar visibilidade a essas vivências e incentivar a construção de espaços profissionais mais inclusivos e respeitosos. Os resultados, de acordo com a aluna, poderão contribuir para o desenvolvimento de ações, políticas e práticas que favoreçam o bem-estar e a valorização da diversidade no mundo do trabalho.

“Me sinto muito feliz e orgulhosa. A pesquisa ainda está em andamento, mas logo no início já ter tamanho reconhecimento vindo da Associação Brasileira de Psicologia, é muito gratificante. No laboratório, estamos em festa!” - Eloise Vasconcelos, estudante do curso de Psicologia

A aluna conta que essa é uma pesquisa de natureza quantitativa, transversal e explicativa, e integra um estudo mais amplo sobre as ações preconceituosas. A amostra foi composta por 129 participantes LGBT+ maiores de 18 anos, atuantes no mercado de trabalho. A coleta ocorreu por meio de formulário eletrônico na plataforma Survey Monkey. Para análise dos dados, foram realizadas análises descritivas, comparativas (ANOVA) e correlacionais (coeficiente de Pearson), a fim de identificar padrões de associação entre microagressões e outras variáveis relacionadas à experiência de pessoas LGBT+ no contexto laboral.

Sobre o projeto 

Kaline Lima, professora do Programa de Pós-Graduação de Psicologia (PPGP) da Unifor, é a coordenadora e idealizadora do projeto, que tem a duração de 3 anos de pesquisa (2023-2026). A professora conta com outros parceiros em outros estados que também compõem a equipe no Brasil e em Lisboa. Este ano, Kaline convidou os alunos da universidade para integrar a proposta e ajudar a executar o projeto guarda-chuva.

A coordenadora declara que se sente extremamente honrada e feliz em ver alunos protagonizando pesquisas e trazendo prêmios para a instituição. “Isso aumenta a autoestima acadêmica dos jovens iniciantes na pesquisa e oportuniza maior destaque na Unifor no cenário científico brasileiro”.


“Os nossos dados mostraram que a discriminação percebida e as microagressões experienciadas no contexto laboral impactam significativamente na satisfação no trabalho. Além disso, a maior parte da amostra nunca presenciou ações inclusivas nas empresas e precisam esconder suas identidades nos locais de trabalho. Por isso, cada vez mais pesquisas e intervenções sobre o tema precisam ser realizadas” - Kaline Lima, professora do Programa de Pós-Graduação de Psicologia

Para ela, o projeto terá impacto nacional com levantamentos sobre implicações do preconceito contra minorias sexuais. Teremos dados concretos de saúde mental, bem-estar, microagressões e discriminação percebida em diferentes contextos: trabalho, escolar e saúde. Servirá de informações para o desenvolvimento de políticas públicas e institucionais. 

O prêmio, segundo a professora, foi um resultado animador, demonstrando a alta relevância do trabalho que estamos desenvolvendo. Ela ressalta que, os resultados empíricos, entretanto, são esperados, diante do cenário brasileiro, como o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo, ficando atrás somente dos México e Estados Unidos. 

No contexto do trabalho, Kaline diz que estima-se que pouco mais da metade dessa população está empregada em empregos formais. No que tange às pessoas trans, essas representam só 0,5% das empregadas.

Para acompanhar mais informações a respeito desse projeto e conhecer os membros que o compõem, acesse @saudecomdiversidade.

 

 


Esta notícia está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, contribuindo especialmente para o alcance dos ODS 4 – Educação de Qualidade e ODS 10 – Redução das Desigualdades.

Por meio de iniciativas que promovem a valorização do patrimônio cultural, a formação cidadã, a integração entre universidade e comunidade e a conscientização sobre a preservação da memória urbana, a Universidade de Fortaleza reafirma seu compromisso com a educação de qualidade, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável das cidades.