Como escrever corretamente abreviações, abreviaturas e siglas

Tão importante quanto um trabalho científico elaborado de acordo com os padrões de normalização acadêmica, é o uso formal da língua portuguesa na escrita do conteúdo.

Um tópico da língua portuguesa que é fundamental para a comunicação de determinadas informações específicas, mas que, frequentemente, as regras para seu uso passam despercebidas, é aquele que trata da redução de palavras ou expressões através de abreviações, abreviaturas e siglas.

A redução faz parte do processo de formação de palavras, e consiste em suprimir as letras e/ou sílabas de determinado termo, sem que haja qualquer prejuízo para seu entendimento, como forma de otimizar o processo de comunicação.

São reduções:

Abreviação - consiste na redução da palavra completa em algumas sílabas, formando uma nova palavra como uma variante. Exemplo:

Moto = Motocicleta

Cine = Cinema

Foto = Fotografia

Pneu = Pneumático

Auto = Automóvel

Abreviatura - consiste em reduzir uma palavra ou expressão completa em algumas letras. É facilmente identificada pelo uso do ponto final abreviativo e por, geralmente, ser finalizada em consoante. Existe um consenso no uso de abreviaturas de determinadas palavras e expressões, e que o uso incorreto pode causar ambiguidade ou obscuridade da informação. São exemplos de abreviaturas:

Adj. - Adjetivo

Et. al. - Et alii (expressão em latim que significa “e outros”)

I.e. - Id est (expressão em latim que significa “isto é”)

M.s. - Manuscrito

M.Sc. - Mestre de ciência.

Dentro desta convenção, existem as abreviaturas de títulos acadêmicos:

Bacharelado: usa-se “B.el.” para “bacharel”;

Licenciatura: usa-se “L.do” para “licenciado” e “L.da” para “licenciada”;

Mestrado: usa-se “M.e.” para “mestre”, e “M.ª” para “mestra”. Para “mestre de ciências”, usa-se “Sc.M.” ou “M.Sc.”;

Doutorado: usa-se “D.r” para “doutor”, e “D.ra” para “doutora”;

Siglas - são representações de um conjunto de palavras através de suas letras iniciais ou sílabas iniciais. Essas últimas são também conhecidas como acrônimos, pois adquirem características de palavras. Assim como para abreviaturas, também existem convenções para a grafia de siglas. Por exemplo:

1 - Usar maiúsculas as letras iniciais de cada palavra, independente da sigla ser pronunciável ou não:

UECE - Universidade Estadual do Ceará

ONU - Organização das Nações Unidas

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEP - Código de Endereçamento Postal

2 - Usar somente a primeira letra maiúscula em acrônimos:

Sudene - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

Unifor - Universidade de Fortaleza

Funai - Fundação Nacional do Índio

Detran - Departamento Estadual de Trânsito

Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

3 - A primeira citação de uma sigla numa redação deve ser precedida da sua escrita por extenso; depois, a sigla deve vir escrita entre parênteses ou após um travessão:

Polícia Rodoviária Federal (PRF)

Fundação Biblioteca Nacional - FBN.

Algumas siglas fogem à regra de escrita, para se diferenciar de outras siglas semelhantes:

CNP - Cadastro Nacional de Produtos

CNPq - Conselho Nacional de Pesquisas (atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com sigla antiga mantida).

Na NBR ABNT 14724:2011, norma que trata sobre a estrutura do trabalho acadêmico, é elemento pré-textual opcional a “Lista de abreviaturas e siglas”. Para entender mais sobre os elementos pré-textuais obrigatórios e opcionais, acesse a postagem sobre  aqui.


REFERÊNCIAS

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Reduções. [2015]. Disponível em: https://www.academia.org.br/nossa-lingua/reducoes?sid=22. Acesso em: 10 ago. 2020.

BRASIL. Senado Federal. Consultoria Legislativa. Manual de elaboração de textos. Brasília: Senado Federal, 1999. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/siglas. Acesso em: 02 ago. 2020.

PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Não tropece na língua: lições e curiosidades do português brasileiro. Curitiba: Bonijuris, 2012.


Thailana Tavares - Bibliotecária do Setor de Processamento Técnico