Bolsas de valores em alta no mês de agosto

qua, 11 setembro 2024 10:17

Bolsas de valores em alta no mês de agosto

(Imagem: Getty Images)
(Imagem: Getty Images)

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

A economia dos Estados Unidos demonstrou crescimento de 3,0% no segundo trimestre de 2024, superando as expectativas do mercado, refletindo a força dos gastos dos consumidores e investimentos no setor privado. A taxa de desemprego americana apresentou ligeiro aumento no mês de agosto, saindo de 4,1% para 4,3%, refletindo um mercado de trabalho que continua a esfriar. O presidente do FED, Jerome Powell, sinalizou durante o simpósio de Jackson Hole que "chegou a hora de ajustar a política monetária", sugerindo um possível corte de juros na reunião de setembro. A inflação americana medida pelo índice PCE alcançou 2,5% em julho, aparentando estar controlada. Esse dado junto às declarações de Powell aumentaram as expectativas do mercado para uma diminuição da taxa de juros para a próxima reunião do FED, que acontece em setembro. Essa sinalização marca uma mudança significativa, já que até recentemente Powell mantinha uma postura mais rígida, sem expectativas de cortes em 2024. Com o mercado de trabalho desaquecendo e a inflação à caminho da meta, o mercado já começa a precificar uma redução nas taxas de juros, podendo chegar a até 1 ponto percentual até o final do ano. Nesse cenário, as bolsas reagiram positivamente, com o S&P 500 subindo 2,3% e o Nasdaq avançando 0,6%, enquanto o índice de volatilidade VIX caiu 8,3%. 

A economia da Zona do Euro mostrou sinais positivos no segundo trimestre do ano tendo um crescimento, com a taxa de desemprego caindo para 6,4%, sua mínima recorde, surpreendendo analistas que esperavam a manutenção em 6,5%. Em agosto, a inflação anual desacelerou para 2,2%, o menor nível desde julho de 2021, aproximando-se da meta de 2% do Banco Central Europeu. A taxa de juros permaneceu em 4,25%. O núcleo da inflação, excluindo energia e alimentos, foi de 2,8% em relação ao ano anterior, ligeiramente abaixo dos 2,9% de julho. Em resposta a esse cenário, o índice DAX da bolsa alemã subiu 2,1%, refletindo um otimismo cauteloso no mercado. 

A nível de desemprego da economia chinesa aumentou em 0,2% em comparação com o mês de julho atingindo o patamar de 5,2%. O Banco Popular da China (BPOC) manteve a taxa de juros inalterada em 3,35%. O índice de preços ao consumidor (IPC) chinês registrou em agosto um aumento de 0,3% frente ao mês de julho. O PMI industrial caiu para 49,1 em agosto, abaixo dos 49,4 registrados em julho, sinalizando uma contínua contração na atividade econômica do setor manufatureiro. Em contrapartida, o PMI de serviços subiu ligeiramente para 50,3, superando as expectativas e indicando uma leve expansão nesse segmento. 

No Japão, o mercado enfrentou uma volatilidade intensa em agosto, com o índice Nikkei 225 registrando uma queda de 12,4%, a maior em mais de 30 anos, provocando um rali no mercado. Contudo, houve uma rápida recuperação, com o Nikkei 225 subindo 10%, impulsionada por uma leve recuperação global. A valorização inicial do iene, combinada com mudanças recentes nas taxas de juros pelo Banco do Japão, contribuiu para a turbulência, afetando especialmente as ações de tecnologia e exportadoras. A situação permanece instável, com expectativas de novos aumentos nas taxas de juros e contínuos impactos sobre as empresas exportadoras japonesas.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Agosto/2024)

Índice / Ativo

País / Mercado

Variação (%)

Mês

Ano

12 meses

DJI

EUA

1,76

10,28

19,70

S&P 500

EUA

2,28

18,42

25,31

Nasdaq 

EUA

0,65

18,00

26,21

Dólar

Forex

-0,84

15,63

13,24

Bitcoin

Investing.com

-8,74

39,50

127,40

Fonte: Valor Data; Investing.com

Mercado de Capitais Nacional

No mercado de trabalho brasileiro, a taxa de desemprego caiu para 6,8% no trimestre encerrado em julho, alcançando o menor nível para um trimestre terminado em julho desde 2014, e o mais baixo desde janeiro de 2014, quando era de 6,5%. O número de desocupados caiu para 7,4 milhões, marcando uma diminuição de 9,5% em relação ao trimestre anterior e de 12,8% no comparativo anual. Ao mesmo tempo, a população ocupada atingiu um recorde de 102 milhões de pessoas, com um aumento de 1,2% no trimestre e de 2,7% no ano. 

A taxa de juros permanece em 10,5%, contudo o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, deu sinalizações mais rígidas em seus pronunciamentos de que a taxa pode necessitar de ajustes caso a inflação não caminhe no sentido da meta de 3%. O presidente Luiz Inácio (Lula) fez a indicação formal de Galípolo para assumir a presidência do BACEN em janeiro de 2024, que foi bem aceita pelos outros diretores do da instituição, bem como pelo seu atual presidente Roberto Campos Neto. A indicação agora aguarda aprovação do senado. 

A prévia da inflação para agosto, medida pelo IPCA-15, indicou uma desaceleração, com um avanço de 0,19% no mês, em comparação com 0,30% em julho. A variação acumulada nos últimos 12 meses caiu para 4,35%, abaixo dos 4,45% anteriores. Essa tendência de queda sugere um cenário favorável para a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Economistas consideram que a desaceleração da inflação, somada à expectativa de redução dos juros nos EUA, oferece um ambiente propício para manter a taxa de juros no Brasil. 

No entanto, a alta de 0,38% no IPCA de julho, em comparação com 0,21% no mês anterior, trouxe a inflação acumulada em 12 meses para 4,50%, no teto da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN). O aumento foi impulsionado principalmente pelo grupo de transportes com variação de 1,82%, o preço dos combustíveis subiram 3,15% (1,30% gasolina e 1,86% etanol segundo levantamento ValeCard, desvalorização do poder de compra de 0,19%), e pelas passagens aéreas, que tiveram um salto de 19,39%. As tarifas de energia elétrica também subiram 1,93%, devido à bandeira tarifária amarela. Além disso, a recente decisão de acionar a bandeira vermelha para setembro, após três anos, elevando o custo da energia em R$ 7,88 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. Em contrapartida o preço do grupo alimentação e bebidas recuou 1% sendo responsável pelo impacto negatico no índice. 

No mercado financeiro, o Ibovespa registrou uma sólida alta de 6,5% em agosto, indicando uma recuperação significativa. Por outro lado, o dólar teve uma elevação de 0,3% em relação ao real, mantendo certa estabilidade na métrica mensal, apesar da forte volatilidade observada em alguns dias do mês de agosto.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Agosto/2024)

Índice

Variação (%)

Mês Ano 12 meses

IBOV

6,54

1,00

18,00

IFIX

0,86

2,48

5,63

IEE

4,16

-2,17

9,14

SMLL

4,51

-9,69

-2,18

ISE

5,99

-2,06

9,55

Fonte: Valor Data; Investing.com

Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Agosto/2024)

Ação

Ticker

Variação

Preço

IRB

IRBR3

65,06%

R$ 48,38

Petz

PETZ3

38,86%

R$ 4,86

Marfrig

MRFG3

28,74%

R$ 14,56

Lojas Renner

LREN3

28,28%

R$ 17,01

Bradesco ON

BBDC3

26,14%

R$ 14,14

Fonte: Infomoney.com


Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Agosto/2024)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Azul

AZUL4

-32,63%

R$ 5,39

Vamos

VAMO3

-11,94%

R$ 7,60

Alpargatas

ALPA4

-10,47%

R$ 7,70

Yduqs

YDUQ3

-9,96%

R$ 9,85

Cogna

COGN3

-9,87%

R$ 1,37

Fonte: Infomoney.com

Ação estudada do mês: PAGUE MENOS (PGMN3)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Indicador

Resultado

Índice P/L

17,77

Índice P/VP

0,67

DY - Dividend Yield

9,67%

Fonte: TradeMap 
Posição: 05.09.2024

Índice P/L é calculado a partir do preço da ação dividido pelo lucro por ação anual do ativo. Ele representa o quanto o mercado está disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. No caso de PGMN3, o P/L é igual a 17,77.

O índice P/VP é obtido após a divisão entre o preço do ativo e o valor patrimonial da empresa. No caso de PGMN3, o valor do P/VP de 0,67 indica que o preço de negociação do ativo está abaixo do seu valor patrimonial.

Para se obter o cálculo percentual do Dividend Yield de uma empresa deve-se dividir o valor de dividendos pagos durante um determinado período pelo preço da ação, antes da distribuição de dividendos e multiplicar por 100. Através do DY é possível entender a relação entre os dividendos que a empresa distribuiu e o preço atual da ação da companhia. O DY de PGMN3 é 9,67%.

Vale ressaltar que a empresa abriu o capital no segundo semestre de 2020 (2S2020) no segmento do Novo Mercado (nível mais alto de governança corporativa) e vem focando na extração de sinergias da aquisição da Extrafarma, além de trabalhar o portfólio de lojas da adquirida (com fechamentos e mudanças de bandeira). No curto prazo, a alavancagem financeira da companhia continua pressionando os resultados - sendo um dos focos da companhia a desalavancagem.

b) Análise técnica

Gráfico 1 – Gráfico semanal PGMN3


Posição: 28.08.2024

Na análise realizada no BMC de dezembro de 2023, o ativo PGMN3 encontrou uma região de suporte entre R$ 2,20 e R$ 2,30 (linha pontilhada verde). Após essa marcação, o ativo iniciou uma fase de acumulação próxima a uma linha de tendência de baixa (LTB, linha amarela), que funcionou como resistência. Em seguida, houve o rompimento da LTB, demonstrado também, pelo Índice de Força Relativa (IFR), que apontou força compradora. Além disso, o HMACD entrou em campo positivo, sugerindo a continuidade da tendência de alta após o rompimento da LTB. 

Considerando os indicadores, o ativo demonstra potencial para continuar o movimento de alta, caminhando na direção do próximo nível de resistência na faixa de R$ 4,00 (linha pontilhada vermelha).

Equipe de elaboração

Professores

  • Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
    Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
    CNPI-P – n. 3122
     
  • Prof. Allisson David de Oliveira Martins
    Economista - Corecon-Ce n. 3221
    CNPI – n. 3810
     
  • Prof. Ricardo Aquino Coimbra
    Economista - Corecon-Ce n. 2575
    CNPI – n. 101/00 

Alunos

  • Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
  • Filipe Barbosa Teixeira - Finanças
  • José Wilker de Sousa Martins – Ciências Econômicas
  • Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas 
  • Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas