seg, 10 novembro 2025 17:27
Entrevista Nota 10 | Cíntia Cavalcante e o pole como esporte, arte e profissão em ascensão
Presidente da Federação de Aéreos e Pole Sport do Ceará fala sobre a expansão e popularização das modalidades esportivas, além de comentar sua conquista em campeonatos nacionais e mundial

Subir em uma barra vertical pode parecer uma tarefa simples para quem vê de fora, mas só quem já tentou se segurar no alto enquanto faz movimentos acrobáticos sabe a força, o equilíbrio e a destreza necessários para isso. Não é à toa que os praticantes de esportes aéreos, como nas diversas modalidades de pole, passam por intensos treinamentos físicos e cognitivos.
Segundo Cíntia Freitas Cavalcante, instrutora de esportes aéreos e presidente da Federação de Aéreos e Pole Sport do Ceará (FEAPS-CE), essas atividades desafiadoras promovem inúmeros benefícios, como condicionamento físico, aumento da autoestima e confiança motora. Por isso, ela vê a prática como algo democrático, em que todos podem participar, independentemente da idade ou preparação prévia.
“Por trabalhar movimentos acrobáticos desafiadores, os aéreos trazem essa sensação de fortaleza e empoderamento quando há a realização dos movimentos. A superação é uma constante, o que traz para o praticante um desafio de paciência e resiliência para conquistar movimentos mais avançados”, explica a atleta.
Misturando esporte, dança, ginástica e acrobacias circenses, os aéreos também trabalham bastante a expressão artística. “Em todas as rotinas de apresentações temos a música e a interpretação como pontos fortes”, pontua Cíntia, que é formada em Educação Física pela Universidade de Fortaleza.
Mãe de três filhos e odontóloga, ela coleciona conquistas no auge dos seus 55 anos: é bicampeã brasileira de Pole Sport (2018 e 2021), campeã brasileira de Aerial Pole na categoria Artístico 50+ (2025) e vice-campeã de Aerial Pole Artístico 50+ no mundial da Argentina (2025).
Na Entrevista Nota 10 desta semana, Cíntia fala sobre a expansão e popularização das modalidades de aéreos e pole sports, suas conquistas em campeonatos nacionais e internacionais, além de comentar sobre sua formação na Unifor.
Confira na íntegra a seguir.
Entrevista Nota 10 — Os esportes aéreos têm ganhado cada vez mais popularidade nas redes sociais e ao redor do mundo, inclusive aqui no Ceará. Quais são os benefícios dessa prática? O que é preciso ter ou desenvolver para começar no pole sport?
Cíntia Cavalcante — Os esportes aéreos são praticados em vários implementos: o pole, que é o mais conhecido dentre eles, tem também uma versão pendular (Aerial Pole), mas há também a lira acrobática e o tecido acrobático. Todos trabalham um intenso treinamento físico, cognitivo e psicológico, com ênfase para o trabalho de força, equilíbrio e flexibilidade.
As modalidades são apresentadas e praticadas não só como prática esportiva de rendimento, mas como esporte de participação e lazer. A prática dessas modalidades promove inúmeros benefícios, como: condicionamento físico, aumento da autoestima e confiança, já que se tratam de atividades intensas e desafiadoras.
A prática das modalidades de aéreos é bem democrática, todos podem praticar, independente de idade e condicionamento físico. O aprendizado contempla um processo pedagógico que parte de princípios básicos dos movimentos, associados ao trabalho de fortalecimento específico para a execução dos movimentos durante as aulas e treinos ministrados.
Entrevista Nota 10 — Além da prática de atividade física, o pole também atua na saúde mental e na autoestima dos seus praticantes? A expressão artística também faz parte desse esporte?
Cíntia Cavalcante — Por trabalhar movimentos acrobáticos desafiadores, os aéreos trazem essa sensação de fortaleza e empoderamento quando há a realização dos movimentos. A superação é uma constante, o que traz para o praticante um desafio de paciência e resiliência para conquistar movimentos mais avançados.
Numa mistura de esporte e arte, os aéreos são uma junção de esporte, dança, ginástica e acrobacias circenses. Então, sim, a prática trabalha bastante a expressão artística. Em todas as rotinas de apresentações temos a música e a interpretação como pontos fortes.
Entrevista Nota 10 — Como presidente da Federação de Aéreos e Pole Sport do Ceará (FEAPS-CE), qual a sua visão sobre esse cenário hoje, tanto a nível local quanto nacional e internacional? Há planos e ações para fortalecer a presença e o reconhecimento do pole sport no Estado?
Cíntia Cavalcante — A cena local e nacional para os esportes aéreos é de expansão. Falta um maior apoio e reconhecimento para as modalidades, talvez por falta de informação do público, e isso faz parte da nossa missão como aerialista: divulgar o quão são incríveis as modalidades esportivas do aéreos. Já temos muitos estúdios, escolas e centros de treinamento espalhados pelo Brasil.
Ressalto também a importância de políticas públicas que apoiem os esportes aéreos, trazendo seus benefícios para um maior número de praticantes. Num universo esportivo tão vasto, ainda somos uma comunidade bem pequena.
Entrevista Nota 10 — Apesar de ser reconhecido como esporte pela Associação Global de Federações Esportivas (GAISF) desde 2017, os esportes aéreos ainda não receberam o mesmo status no Brasil. Qual a importância do reconhecimento esportivo para a categoria? De que forma isso afetaria a profissionalização do pole sport e os estigmas que envolvem a atividade?
Cíntia Cavalcante — O objetivo primeiro das federações e confederações, nacionais e internacionais, é o de divulgar a prática dos aéreos como modalidade esportiva sim, mas os praticantes se encantam também pelo lado artístico e lúdico das modalidades.
O reconhecimento dos aéreos como esporte traz luz para a divulgação de práticas esportivas incríveis e ainda pouco conhecidas e exploradas pelo grande público. Então, ter o reconhecimento em eventos esportivos como campeonatos nacionais e mundiais e por órgãos internacionais ligados ao esporte é de fundamental importância para a validação desses esportes.
Hoje temos aqui no Ceará uma das mais atuantes federações dos esportes aéreos, a FEAPS-CE, que trabalha pela divulgação e na busca de incentivos e parcerias para fomentar o crescimento das modalidades. Fazemos parte, inclusive, de um projeto da Secretaria de Esportes do Estado, o Programa de Desenvolvimento da Gestão do Esporte Cearense (Progesp), que promove a valorização e reconhecimento de federações esportivas de muitas modalidades. Esse apoio é de grande importância para nos ajudar nessa luta pelo reconhecimento. Nosso objetivo é popularizar a prática, o treinamento, as apresentações e competições das modalidades aéreas.
Entrevista Nota 10 — Recentemente, você conquistou medalhas de prata e ouro na categoria 50+ de Pêndulo Artístico nas competições World Pole & Aerial Championship 2025 e Campeonato Brasileiro de Aéreos e Pole Sports 2025, respectivamente. O que essas conquistas representam para você tanto a nível pessoal quanto profissional?
Cíntia Cavalcante — Como atleta, participar de competições de tão alto nível é um sonho realizado. Uma das características mais encantadoras dos aéreos é contemplar praticantes de todas as faixas etárias — que vão dos 6 aos +60 anos — e constatar que o esporte é pra todos. Isso é fantástico. Se desafiar e superar limites não pode e nem deve ser definido ou limitado por idade cronológica, continuar ativo e atuante é um excelente exercício de longevidade.
Entrevista Nota 10 — Você é egressa do curso de Educação Física da Unifor. Como sua formação em saúde tem contribuído para a carreira como atleta de pole sport? Que diferenciais da Unifor foram essenciais para a construção dessa trajetória?
Cíntia Cavalcante — O Pole Sport me levou de volta aos bancos da faculdade depois de 30 anos. Sou odontóloga de profissão, e as atividades que comecei com o pole, como ser atleta, instrutora e treinadora de atletas, me despertaram a vontade de voltar a estudar e me aprofundar no conhecimento acadêmico e prático das modalidades esportivas.
Esse desejo me fez, em 2020, em plena pandemia, procurar por um curso de graduação em Educação física, mas eu queria fazer o melhor, não só fazer de qualquer jeito para obter um diploma. E a minha escolha não poderia ser outra. Assim, em meio a tantos desafios, iniciei meu curso na Unifor. E posso dizer que fiz a melhor escolha, não só pela excelência do curso como pelas experiências e amizades que fiz. A minha formação tem contribuído imensamente no processo de ensino e aprendizagem das modalidades de aéreos, usando ferramentas pedagógicas e fundamentadas em conhecimento científico.
Esta notícia está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), contribuindo para o alcance do ODS 3 – Saúde e Bem-Estar.
A Universidade de Fortaleza, assim, assegura uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades.