Juros em alta afeta a performance das bolsas de valores

qui, 9 março 2023 16:39

Juros em alta afeta a performance das bolsas de valores

O cenário na economia norte-americana foi impactado pelo o banco central americano que elevou a taxa básica de juros. Na economia brasileira, o IBGE divulgou dados do PIB de 2022, no qual cresceu 2,9% no ano.


A elevação da taxa básica de juros repercutindo no mercado financeiro (Imagem: Getty Images)
A elevação da taxa básica de juros repercutindo no mercado financeiro (Imagem: Getty Images)

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

O cenário na economia norte-americana foi impactado pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano, que elevou a taxa básica de juros para o intervalo de 4,5% a 4,75% ao ano, repercutindo no mercado financeiro, que passou a prever mais uma alta de juros pelo FED para o próximo mês de junho. Como resultado dessa mudança nos juros, as principais bolsas de valores americanas registraram queda, como o S&P500 que caiu 2,6% e o índice Nasdaq 100, cerca de 0,5%, devolvendo parte dos ganhos de janeiro.

A Zona do Euro passa por arrefecimento da dinâmica inflacionária, uma vez que caiu pelo terceiro mês consecutivo a inflação dos últimos doze meses, de 9,2% para 8,5%, sendo o principal fator a redução dos preços dos combustíveis. Apesar da contração da pressão inflacionária, o Banco Central Europeu (BCE), mantém o ritmo e aumentou a taxa de juros em 0,5 p.p., atingindo seu maior patamar desde novembro de 2008, com sua principal taxa de juros cotada a 3% a.a.

A China divulgou dados da sua economia referente ao mês de fevereiro e animou os mercados, sobretudo pela possibilidade de maior demanda e consequente alta nos preços das commodities. O índice de gerentes de compras do setor industrial do país para fevereiro mostrou sua leitura mais alta desde 2012 e as vendas de imóveis para o setor residencial aumentaram nas maiores incorporadoras do país.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Fevereiro/2023)

Índice / Ativo

País / Mercado

Variação (%)

Mês

Ano

12 meses

DJI

EUA

-4,20

-1,49

-3,65

S&P 500

EUA

-2,61

3,40

-9,23

Nasdaq 100

EUA

-0,49

10,08

-15,42

Dólar

Forex

3,23

-0,93

1,49

Bitcoin

Investing.com

1,01

35,54

-43,52

Fonte: Valor Data; Investing.com

 

Mercado de Capitais Nacional

Na economia brasileira, o IBGE divulgou dados do PIB de 2022, no qual cresceu 2,9% no ano. A atividade econômica foi fortemente impulsionada pelo setor de serviços, importante setor da economia brasileira que acelerou principalmente no primeiro semestre. No 4º trimestre de 2022 houve uma queda de 0,2%, em relação ao trimestre imediatamente anterior, interrompendo uma sequência de cinco trimestres positivos.

No campo inflacionário, o IPCA, medida oficial do governo para acompanhar a dinâmica dos preços, registrou uma alta de 0,5% em janeiro, sendo as maiores pressões foram pelos setores de alimentação e bebidas, transportes e comunicação. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação brasileira está em 5,8%.

No mercado financeiro nacional, o início de fevereiro foi marcado pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75% a.a. pelo Copom, em linha com esperado pelo mercado. Apesar disso, foi observada volatilidade nas curvas de juros futuras e em outros ativos causada pelo descontentamento do governo e seu discurso de interferir na política monetária contracionista do Banco Central. Diante de uma maior aversão dos investidores aos riscos fiscais e ao cenário de juros, o índice Ibovespa registrou perda de 7,5% no mês de fevereiro.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Fevereiro/2023)

Índice

Variação (%)

Mês Ano 12 meses

IBOV

-7,49

-4,15

-5,23

IFIX

-0,45

-2,02

2,45

IEE

-6,32

-6,64

-5,90

SMLL

-10,52

-7,90

-20,22

ISE

-8,16

-6,09

-19,45

Fonte: Valor Data; Investing.com

Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Fevereiro/2022)

Ação

Ticker

Variação

Preço

São Martinho

SMTO3

+8,76%

R$ 27,20

Multiplan

MULT3

+5,80%

R$ 25,17

Natura&Co

NTCO3

+5,29%

R$ 15,32

TIM

TIMS3

+3,99%

R$ 12,26

WEG

TIMS3

+3,00%

R$ 39,16

Fonte: Infomoney.com


Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Fevereiro/2023)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Azul

AZUL4

-39,83%

R$ 7,13

CVC

CVCB3

-32,67%

R$ 3,03

Yduqs

YDUQ3

-31,75%

R$ 7,05

Alpargatas

ALPA4

-30,71%

R$ 9,43

Gol

GOLL4

-27,81%

R$ 5,53

Fonte: Infomoney.com

Índice de Ações Cearenses (IAC)

O Índice de Ações Cearenses (IAC) no mês de fevereiro obteve baixa de 6,1%, enquanto o Ibovespa no mesmo período apresentou queda de 7,5%. No acumulado do ano o IAC apresenta baixa de 6,2%, enquanto o Ibovespa apresentou queda de 4,6%. No retorno acumulado dos últimos 12 meses, o IAC apresentou desvalorização de 45,5% enquanto o Ibovespa caiu 7,3%.

Neste mês, das nove ações que compõem o índice, cerca de 50% apresentaram desempenho positivo, com destaques para: BNBR3 com valorização de 5,9%, COCE5 com valorização de 5,0% e GRND3 com valorização de 0,8%. Do lado negativo, merecem atenção a PGMN3, AERI3 e BRIT3 com perdas de 16,5%, 16,3% e 13,4%, respectivamente.

Veja mais sobre o IAC clicando aqui.

Ação estudada do mês: M. DIAS BRANCO (MDIA3)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Indicador

Resultado

Índice P/L

18,41

Índice P/VP

1,72

DY - Dividend Yield

0,60%

Fonte: TradeMap 
Posição: 28.02.2023

Índice P/L é calculado a partir do preço da ação dividido pelo lucro por ação anual do ativo. Ele representa o quanto o mercado está disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. No caso da MDIA3, o P/L é igual a 18,41.

O índice P/VP é obtido após a divisão entre o preço do ativo e o valor patrimonial da empresa. No caso da MDIA3, o valor do P/VP de 1,72 indica que o preço de negociação do ativo está 72% acima do seu valor patrimonial.

Para se obter o cálculo percentual do Dividend Yield de uma empresa deve-se dividir o valor de dividendos pagos durante um determinado período pelo preço da ação, antes da distribuição de dividendos e multiplicar por 100. Através do DY é possível entender a relação entre os dividendos que a empresa distribuiu e o preço atual da ação da companhia. O DY da MDIA3 é 0,60%.

Importante ressaltar que a empresa abriu capital no segundo semestre de 2006 no segmento do Novo Mercado (nível mais alto de governança corporativa). No mercado alimentício brasileiro há mais de 60 anos, a empresa é especializada na fabricação e distribuição de biscoitos, massas, farinhas, bolos, margarinas, cremes vegetais, snacks e torradas. Após intensa expansão pelo mercado brasileiro, a companhia agora inicia sua expansão mais forte no exterior: com anúncio em novembro/2022 da aquisição da Alimentos Las Acacias, uma das três principais marcas de massas do Uruguai - sua primeira aquisição internacional.

b) Análise técnica

Gráfico 1 – Gráfico semanal MDIA3


Fonte: Profit

No BMC de junho de 2022 mostramos que o ativo estava em tendência de queda desde 2017, formando um triângulo descendente com o suporte na faixa de preços de R$ 20,00. De acordo com a teoria da Análise Técnica, os triângulos descentes reforçam a continuidade de uma tendência, neste caso de queda. Entretanto, apontamos no mesmo BMC de junho de 2022 que o HMACD formando um fundo em campo negativo poderia caracterizar uma reversão da tendência de queda, que foi a hipótese que prevaleceu. 

Após a saída do campo negativo do HMACD ao longo do primeiro semestre de 2022 o ativo rompeu as duas médias móveis (27 e 55 períodos) e a linha de tendência de baixa - LTB (que funcionava como resistência) para formar novo topo na faixa de R$ 43,50. Atualmente, o ativo está realizando uma possível correção de valor nas médias móveis (que funcionam como suportes) na faixa de R$ 33,00 após a forte alta observada no segundo semestre de 2022. A hipótese da correção também é reforçada por uma retração de Fibonacci no nível de 50%. Segundo a teoria da Análise Técnica, as correções de Fibonacci servem para o mercado “respirar” e tomar “novo fôlego” para continuidade de uma tendência.

Equipe de elaboração

Professores

  • Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
    Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
    CNPI-P – n. 3122
     
  • Prof. Allisson David de Oliveira Martins
    Economista - Corecon-CE n. 3221
     
  • Prof. Ricardo Eleutério Rocha
    Economista - Corecon-CE n. 1457

Alunos

  • Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
  • Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas
  • Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas