ter, 4 novembro 2025 18:13
Estudo realizado por docentes e discentes da Unifor recebe prêmio internacional de medicina
A pesquisa propõe novas possibilidades para o tratamento de transtornos de ansiedade e depressão por meio de compostos naturais e seguros

A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, foi reconhecida pela organização científica Society for Complementary Medicine Research (ISCMR) em razão de um estudo intitulado "Anxiolytic and antidepressant effects of pomegranate (Punica granatum) in adult zebrafish: promising evidence for natural therapiesno".
O trabalho, que recebeu o prêmio Runner Up do George Lewith Trainee Poster Prize, é desenvolvido pelo curso de Farmácia em parceria com o Núcleo de Biologia Experimental (Nubex). Além disso, o estudo também ganhou menção honrosa na categoria "Inovação" durante o 3rd World Congress on Traditional, Complementary and Integrative Medicine Research (WCTCIM 2025), realizado no Rio de Janeiro.
O congresso é considerado o principal evento mundial em pesquisa de medicina tradicional, complementar e integrativa, reunindo cientistas de diversos países.
Segundo Sacha Aubrey, doutora em Biotecnologia, pesquisadora e farmacêutica, o projeto investiga os efeitos ansiolíticos e antidepressivos do extrato aquoso do fruto da romã. Ela conta que a romã é rica em compostos fenólicos, como flavonoides e taninos, com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que podem proteger as células nervosas e modular processos ligados ao humor e ao bem-estar.
“Utilizamos o zebrafish adulto, modelo consagrado em neurofarmacologia, para avaliar o potencial terapêutico deste extrato natural. Nosso principal objetivo foi avaliar se o extrato de romã poderia induzir efeitos ansiolíticos e antidepressivos em zebrafish adulto”, destaca.
Sacha explica que a pesquisa propõe novas possibilidades para o tratamento de transtornos de ansiedade e depressão por meio de compostos naturais e seguros. Ao explorar a romã como fonte de neuroproteção, o estudo contribui para o avanço da medicina integrativa, oferecendo alternativas terapêuticas acessíveis e com potencial de reduzir efeitos colaterais, além de valorizar o uso sustentável de recursos vegetais na saúde mental.
“Os resultados indicam que a romã pode contribuir para o equilíbrio emocional e o bem-estar, apresentando efeitos semelhantes aos de substâncias ansiolíticas e antidepressivas, mas de origem natural. Esses achados reforçam o potencial da romã como uma aliada na prevenção de transtornos mentais e na promoção da saúde do sistema nervoso, estimulando o desenvolvimento de novos fitoterápicos e nutracêuticos seguros e eficazes” - Sacha Aubrey, doutora em Biotecnologia
A pesquisadora diz que a romã sempre despertou curiosidade por unir, em um só fruto, ciência e simbolismo, associada desde a antiguidade à vitalidade e à renovação. Inspirados por essa força natural, a equipe buscou compreender de forma científica, como seus compostos podem contribuir para o equilíbrio emocional e o cuidado com a mente. Assim, reuniram tradição e inovação para revelar o potencial terapêutico da fruta como uma fonte promissora de bem-estar e saúde mental.
“Sinto-me profundamente honrada e feliz. Esses prêmios representam o reconhecimento internacional de um trabalho construído em equipe, com muito empenho, amor e propósito. É inspirador ver uma pesquisa brasileira, desenvolvida com dedicação e ética, ser valorizada em um evento mundial. Também reforça a importância de acreditarmos no potencial das terapias naturais e da ciência feita com sensibilidade”, declara a Sacha.
Ela ressalta que a equipe está ampliando a pesquisa para explorar de forma mais aprofundada os efeitos da romã sobre o sistema nervoso, investigando seu potencial para promover saúde e equilíbrio mental. E que, dessa forma, também planejam identificar os compostos ativos que conferem esses benefícios e avançar no desenvolvimento de formulações inovadoras que possam se tornar terapias naturais seguras e eficazes.
O projeto também contou com a orientação da professora Regina Cláudia, coordenadora do curso de Farmácia, e da professora Adriana Rolim, coordenadora de Pesquisa da Unifor. Sacha liderou o projeto, a execução dos testes e a análise dos resultados, contando com a colaboração de Thatiane Catunda, Raul Ricardino e Ana Lívia Rodrigues, alunos do curso de Farmácia, além de Ernani Magalhães, egresso do pós-doutorado em Ciências Médicas da Unifor.