Docente de Arquitetura e Urbanismo expõe trabalho em conferência na China

qua, 30 junho 2021 11:27

Docente de Arquitetura e Urbanismo expõe trabalho em conferência na China

Projeto é realizado em parceria internacional e já participou de exposição nos Estados Unidos. O evento ChinaVis é considerado o maior na área de pesquisa em visualização de dados da Ásia.


Clarissa Ribeiro é professora, pesquisadora e artista. Ela coordena o Laboratório de Inovação e Prototipagem da Unifor desde 2017. (Foto: Ares Soares)
Clarissa Ribeiro é professora, pesquisadora e artista. Ela coordena o Laboratório de Inovação e Prototipagem da Unifor desde 2017. (Foto: Ares Soares)

Atualmente, após mais de um ano do início da pandemia de Covid-19, as vacinas saíram do campo das ideias e experimentos e se tornaram realidade. Entretanto, o mundo ainda sente os impactos causados pelo novo coronavírus e as consequências do isolamento social. Durante esse período, muitos artistas, como forma de ressignificar a situação, criaram obras que celebram a união e a importância de estar na companhia de outras pessoas. 

Na Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, não foi diferente. Em 2021, dentro do Laboratório de Inovação e Prototipagem (LIP) do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da instituição, surgiu o trabalho “Confluência de Dados” (Data-Confluence, em inglês), idealizado por Clarissa Ribeiro, artista e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor.

O trabalho consiste em uma série de esculturas geradas a partir de dados, e é caracterizado como o desdobramento de uma experiência recente desenvolvida para uma performance em dezembro de 2020, realizada pela artista, no projeto “[Alien] Star Dust: Signal to Noise”. De acordo com Clarissa, a criação resulta do convite à colaboração, online e ao vivo, que ela recebeu para participar de uma instalação de arte e ciência produzida por Victoria Vesna, professora do Departamento de Design e Mídia Arte da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, e um time internacional de artistas e cientistas.

“Essa primeira experiência envolveu, além da produção de um aparato utilizando computação física (arduino e sensores) para criar variação sonora em função da variação luminosa, a produção de um objeto utilizando dados da captura do áudio de dois vídeos - um capturado na costa do Atlântico, na Praia de Iracema, em Fortaleza, e outro na costa do Pacífico, em Los Angeles, compartilhados no WhatsApp entre mim e a Professora Victoria Vesna”, explica a artista. 

Segundo a professora, que também é coordenadora do LIP desde 2017, a parte do projeto que envolveu computação física e programação, assim como a produção do objeto utilizando fabricação digital (impressão em poliácido láctico), foi realizada no laboratório da Universidade de Fortaleza.  É possível ver vídeos e fotos do projeto acessando o perfil de Clarissa no Instagram.

“Como expansão e complexificação desse experimento inicial de 2020, a série ‘Confluência de Dados’ (2021) explora a emergência evolutiva e a estética dos dados no design da série de esculturas, em que o input ou os dados brutos vem do áudio de vídeos curtos compartilhados por amigos e colegas, cada um residindo em um dos 7 continentes (América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia, Oceania, Antártica e África) - são fragmentos visuais do lugar onde essas pessoas residem e onde permaneceram em isolamento social durante a pandemia”, esclarece.

De acordo com a coordenadora, para a produção de cada uma das esculturas, os áudios dos vídeos enviados por seus convidados foram combinados aos áudios dos vídeos produzidos pela artista em Fortaleza. Os clipes foram capturados da varanda de seu apartamento, durante o período de lockdown em 2021, que, na capital cearense, aconteceu entre os meses de março e abril. 

A importância de estar conectado

Sobre o significado de sua criação, e qual teria sido sua inspiração para desenvolvê-la, a artista diz que o trabalho “é uma celebração da necessidade vital de nos reunirmos, de estarmos conectados”. Para Clarissa, o projeto tem um impacto positivo na comunidade acadêmica, e “estimula a navegar o universo do Big Data na construção de poéticas, empregando conhecimento teórico e tecnologias de ponta, para refletirmos sobre as transformações socioculturais, comportamentais, políticas e econômicas impostas pela pandemia”, pontua.

A série de esculturas esteve em exposição durante o mês de fevereiro no ReFest 2021, evento do CultureHub, comunidade artística e tecnológica global baseada em Los Angeles. Ainda na mesma ocasião, o projeto foi explorado em um workshop online ministrado pela própria artista. Recentemente, o trabalho “Confluência de Dados” foi um dos nove selecionados para ser exposto no ChinaVis 2021, maior evento de pesquisa em visualização de dados da Ásia realizado em Wuhan, na China.

“Estou muito feliz com a oportunidade e espero que tenha desdobramentos positivos. Em um mundo integrado pelas tecnologias de ação à distância, é essencial que o pesquisador participe de fóruns onde dialogue com interessados em expandir os horizontes de suas áreas de atuação”, afirma a docente ao ser questionada sobre como se sentia em relação ao seu projeto ter sido um dos escolhidos para a exposição. 

O ChinaVis 2021 acontece entre os dias 24 a 27 de julho de 2021 e será presencial. A exposição acontecerá no East Lake International Conference Center (Donghu International Conference Center). Como ainda não recebeu a segunda dose da vacina, Clarissa não considera a possibilidade de viajar para Wuhan em julho; porém, acompanha tudo virtualmente e está em contato direto com o comitê organizador do evento, a comissão de curadoria e a equipe de montagem. 

Sobre projetos futuros, a professora conta que participará do SIGGRAPH 2021, principal conferência para computação gráfica e técnicas interativas em todo o mundo. No evento, a artista está responsável por abrir, na sessão Birds of a Feather, o processo criativo utilizando algoritmos para discussão por pares. A conferência acontece virtualmente entre os dias 09 e 13 de agosto, e é organizada pelo comitê de Washington DC, nos Estados Unidos.