qui, 16 abril 2020 17:12
Unifor, UFC e FIEC desenvolvem capacete de respiração assistida para tratamento de Covid-19
O projeto de um capacete de respiração assistida vem sendo desenvolvido em ação multi-institucional envolvendo a Universidade de Fortaleza (Unifor), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), através do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Ceará), no contexto da pouca disponibilidade de respiradores mecânicos nas unidades de saúde do Estado, em razão do aumento exponencial de novos casos de Covid-19. A alternativa tem o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP).
Além de desafogar a demanda pelos respiradores, o novo equipamento prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não invasivo, sem necessidade de o paciente ser intubado. Segundo estimativas do grupo desenvolvedor, o capacete reduziria em até 60% o avanço das dificuldades respiratórias dos pacientes, reduzindo o tempo de hospitalização. De acordo com o professor Rodrigo Porto, pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, o capacete se destinaria aos pacientes de leve e intermediária gravidades. "É uma alternativa, pode fazer com que muitos casos não evoluam para um nível de gravidade que necessite do respirador", esclarece.
O projeto técnico para a fabricação dos capacetes foi elaborado conjuntamente por UFC, Unifor e Senai Ceará a partir de entendimentos com a equipe de saúde do Governo do Estado que está à frente do combate ao novo coronavírus. A ideia veio de um modelo (helmet) já adotado na Europa que tem alcançado bons resultados. "A experiência dos capacetes na Itália reduziu a necessidade de respiradores na base de 60%; estamos trabalhando com a ideia de 50% aqui", afirmou o reitor da UFC, professor Cândido Albuquerque.
A elaboração de um protótipo do capacete coube ao Senai Ceará. Ele será apresentado em videoconferência na manhã do dia 17 de abril com a participação de representantes das universidades, do Grupo Edson Queiroz, Fiec e Senai Ceará. À tarde, os testes do novo equipamento terão início na Unifor. A expectativa é de que já na próxima semana o capacete possa ser validado para a fabricação de modelos definitivos, dando início à produção de até 1 mil exemplares, a fim de que sejam repassados aos hospitais públicos no menor tempo possível.
Conforme Tarcísio Bastos, gerente de inovação do Senai Ceará, o capacete tem base em prolipropileno, a abóboda é feita em PVC transparente e a lapela de pescoço (colar) em látex. "O nosso principal desafio tecnológico foi o fornecedor do látex", pontua. O protótipo do capacete está sendo desenvolvido no Instituto Senai de Tecnologia em Eletrometalmecânica, em Maracanaú. "Nessa iniciativa, o Senai esteve envolvido na elaboração do projeto técnico, no desenvolvimento e construção do protótipo, na busca de parceiros industriais para a produção de alguns componentes e também participa dos testes de estanqueidade que serão realizados na Unifor. O Senai tem atuado fortemente na busca de soluções tecnológicas de forma a contribuir com a sociedade nessa luta contra o novo coronavírus", ressalta.
O capacete, que está sendo batizado de Elmo, vai prover apoio respiratório não-invasivo aos pacientes, mantendo a segurança das equipes de saúde. Estima-se que os capacetes sejam produzidos pela indústria local utilizando os insumos disponíveis no estado.
A Universidade de Fortaleza participa da iniciativa em três frentes de atuação: no projeto das peças do capacete, nos testes de validação do protótipo e na integração das ações com as empresas do Grupo Edson Queiroz. Pesquisadores da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor integram o grupo de concepção do projeto, que utilizará as instalações do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) para os testes do protótipo, a partir dos manequins usados no curso de Medicina.
“O mais relevante, nesse momento tão importante de combate à Covid-19, é a integração da academia, governo e indústria no desenvolvimento de uma tecnologia que vai ajudar no tratamento dos pacientes”, destaca o professor Vasco Furtado, diretor da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor.