Pesquisa de aluna da Unifor é destaque em congresso nacional de endocrinologia

ter, 9 setembro 2025 11:01

Pesquisa de aluna da Unifor é destaque em congresso nacional de endocrinologia

Estudo de Juliana Uchôa, do Programa de Pós - Graduação em Ciências Médicas (PPGCM), investiga doença rara ligada a complicações metabólicas


A aluna vai competir na categoria inovadora “Escolha popular”, do Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM) (Foto: Getty Images)
A aluna vai competir na categoria inovadora “Escolha popular”, do Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM) (Foto: Getty Images)

A aluna Juliana Uchoa, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (PPGCM) da Universidade de Fortaleza, vinculada à Fundação Edson Queiroz, participa do Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM), um dos mais importantes do país. O evento reúne especialistas, pesquisadores e estudantes para discutir avanços científicos e boas práticas clínicas.

O trabalho de Juliana analisa a composição corporal de pacientes com alto risco cardiovascular e fenótipo de lipodistrofia parcial familiar (LPF). A pesquisa foi selecionada para a categoria “Escolha Popular”, que busca aproximar a ciência da sociedade. Nesse formato, os estudos são divulgados em vídeos curtos nas redes sociais do congresso. O público interage curtindo, comentando e compartilhando, e o trabalho com maior engajamento é premiado.

> Confira a publicação aqui 

“A oportunidade de apresentar esse estudo em um congresso nacional e ainda estar entre os trabalhos selecionados para a votação popular é um reconhecimento importante, tanto do esforço da equipe quanto da relevância do tema para a endocrinologia”, afirma Juliana.


(Foto: Arquivo pessoal)

Ela conta que o formato representou um desafio extra. “Transformar uma pesquisa científica complexa em um vídeo de até 90 segundos para o público leigo exige síntese e clareza. Como endocrinologista, estou acostumada a falar para colegas médicos e alunos, mas simplificar a linguagem diante das câmeras foi um grande exercício”, completa.

Entenda a pesquisa

Endocrinologista de formação, Juliana explica que a lipodistrofia parcial familiar (LPF) é uma condição rara, caracterizada pela perda de gordura em algumas regiões do corpo e acúmulo em outras, geralmente na região central. 

Essa redistribuição adiposa está associada a complicações metabólicas graves, como diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia e doença arterial coronariana precoce. Foram utilizados exames de composição corporal (DXA), medidas antropométricas e perfil metabólico para caracterizar melhor esses pacientes.

Ela conta que foi um estudo transversal e descritivo, realizado no Hospital de Messejana, referência em cardiologia no Ceará. “Avaliamos pacientes já acompanhados por alto risco cardiovascular, realizando exames de DXA, perfil metabólico, pregas cutâneas e medidas antropométricas. A partir disso, caracterizamos o fenótipo clínico e metabólico da lipodistrofia parcial familiar”, explica.

Segundo Juliana, a LPF é pouco reconhecida e muitas vezes confundida com obesidade comum, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento. “Nossa pesquisa reforça a importância de reconhecer os sinais clínicos e utilizar ferramentas como a composição corporal por DXA para melhorar a precisão diagnóstica. Isso pode direcionar terapias mais adequadas e reduzir complicações cardiovasculares graves”, ressalta.

Para a pesquisadora, o principal benefício do estudo é ampliar a consciência clínica sobre uma doença rara, mas altamente relevante do ponto de vista metabólico. Além disso, os resultados podem ajudar médicos a individualizar o tratamento desses pacientes, prevenindo eventos cardiovasculares e melhorando a qualidade de vida. Além de intervir mais precocemente em familiares com o mesmo fenótipo.

“O processo envolveu dedicação em várias etapas: desde a coleta de dados, análise estatística até a elaboração do pôster. A maior dificuldade foi trabalhar com uma condição rara, em que muitas vezes há poucos pacientes e é necessário um olhar atento para não deixar passar sinais clínicos sutis”, acrescenta.

Orientação e apoio 

A pesquisa foi orientada pelo professor Geraldo Bezerra, nefrologista e docente do PPGCM. Teve a coorientação de Maria Helane Castelo, endocrinologista e médica assistente do Hospital de Messejana, e colaboração do professor Renan Magalhães, gerente de Ensino e Pesquisa do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh.

O estudo também contou com a participação da equipe multidisciplinar do Laboratório de Antropometria, Composição Corporal e Metabolismo (LACAM) – Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, fundamental para a coleta de dados e análise dos resultados.