Setembro Amarelo: saiba quando e como pedir ajuda psicológica
A campanha de 2024 conta com o lema “Se precisar, peça ajuda”, reforçando a importância do apoio no combate ao suicídio e na promoção da saúde mental
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil contabilizou 16.262 registros de suicídio em 2022. Outros dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que, ao longo de 2023, houve 11.502 internações relacionadas a lesões em que houve intenção de suicídio, com uma média diária de 31 casos. Números alarmantes como esses refletem um caso de saúde pública.
Por isso, iniciativas como o Setembro Amarelo , campanha que visa a prevenção do suicídio e a promoção da saúde mental, são essenciais para o combate dessas altas taxas. A ação é realizada anualmente para conscientizar a população sobre a importância do tema, derrubar estigmas e incentivar a busca por ajuda.
No Brasil, a iniciativa é organizada desde 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) , em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) . Instituições e órgãos públicos, assim como alguns empreendimentos privados, promovem eventos e atividades para divulgar a data e dar visibilidade às discussões sobre saúde mental e suicídio.
De acordo com a psicóloga clínica Maira Gondim, docente de Psicologia da Universidade de Fortaleza – instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz –, a importância da campanha é desmistificar o tema com a população e promover um debate franco sobre esta pauta, que ainda enfrenta tantos equívocos e mitos.
“Mas, principalmente, [o intuito é] mostrar para quem está sofrendo que falar e pedir ajuda pode salvar vidas. O sujeito muitas vezes quer se livrar do sofrimento e não necessariamente ceifar uma vida”, afirma. Em 2024, inclusive, o lema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!”.
“Muitas vezes, a pessoa que está sofrendo e pensa no suicídio como opção não está encontrando rede de apoio e sente-se sozinha. Ela não acredita que alguém tem interesse genuíno de ouvi-la e ajudá-la. E em alguns casos, o sujeito acredita que o sofrimento não passará” — Maira Gondim, psicóloga e docente do curso de Psicologia da Unifor
Além disso, a docente ressalta que pedir ajuda é o primeiro passo para a pessoa perceber que existem outras opções frente ao sofrimento vivido.
Sinais de alerta
Mestre em Psicologia, a professora Maira faz um alerta para os sinais mais comuns de que uma pessoa pode estar precisando de ajuda. Alguns dos indícios que devem gerar atenção para a saúde mental são:
- isolamento,
- pensamentos de inutilidade,
- falas de pensar em finitude,
- achar que as pessoas seriam mais felizes sem a existência dela,
- quadros graves de depressão ou de transtornos mentais,
- sentimentos de que a vida não vale mais a pena e que seus problemas não terão solução.
“É primordial pedir ajuda às pessoas que confiamos, termos mais autocompaixão com falhas e percebermos que a tristeza e o desespero não durarão para sempre. Além de [ser importante] desenvolver tolerância ao mal-estar e sempre procurar ajuda psicológica ou médica para quadros emocionais intensos”, pontua a psicóloga, que também é orientadora do Grupo de Estudos em Psicopatologia (Gepp) da Unifor.
Ajudando quem precisa
Maira destaca que todos nós somos suscetíveis a passar por um momento delicado com a saúde mental em nossas vidas. Nessas horas, é essencial reconhecer o que está acontecendo e pedir ajuda a alguém de confiança. Quando entender que não está conseguindo resolver seus problemas sozinhos, falar é sempre uma boa opção, afirma a professora.
Se você pretende ajudar alguém nessa situação, a psicóloga indica adotar uma escuta ativa e empática, sem julgamentos e juízo de valor, mostrando que os problemas podem ter solução. Você ainda pode encaminhar a pessoa para dispositivos de apoio e escuta, assim como aproximar-se dela, conversar e demonstrar interesse.
Existem alguns pontos de apoio a quem precisa de suporte psicológico como o Instituto Bia Dote , em Fortaleza, o Centro de Valorização da Vida (CVV) e outros locais que possam ajudar pessoas em sofrimento emocional.
Buscando apoio
Maira conta que a Universidade de Fortaleza sempre está atenta às campanhas de saúde mental e disponibiliza espaços para promoção do bem-estar. Um exemplo disso é o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) , voltado para as pessoas que necessitam de um acompanhamento profissional. A professora é supervisora clínica da iniciativa.
O atendimento emergencial do SPA é destinado à comunidade, sem necessidade de agendamento prévio, que fica situado no segundo andar do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) . Para mais informações, os interessados podem contatar os telefones (85) 3477-3643 e (85) 9.9210-2924.
Serviço
Serviço de Psicologia Aplicada (SPA)
Endereço: Rua Desembargador Floriano Benevides, 221 - bairro Edson
Queiroz | 2º andar do NAMI
Atendimento: segunda a sexta-feira,
de 7h30 às 11h30 e das 13h às 20h | sábado, das 7h às 11h.
Contato: namispa@unifor.br | (85) 3477-3643 e 3477-3644 | (85) 9.9210-2924