Vulnerabilidade social influencia desenvolvimento da ecoansiedade
O impacto do ambiente na saúde mental pode ser positivo ou negativo. A exposição a ambientes naturais, como florestas, parques e jardins é capaz de proporcionar sensação de paz e tranquilidade, que ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade. Locais assim são considerados pela Psicologia Ambiental como ambientes restauradores. Entre os benefícios desse contato estão:
- Redução da pressão arterial,
- Melhora do humor,
- Redução da fadiga,
- Aumento da criatividade.
Ambientes naturais também podem ajudar a reduzir a tensão causada pela sobrecarga cognitiva, o que pode melhorar a capacidade de concentração, produtividade e aprendizagem.
“Como professora de Psicologia, procuro sempre chamar a atenção dos estudantes em relação a isso, sobre a importância do impacto positivo que as características do campus [da Unifor] têm sobre a nossa saúde mental, mesmo sem precisarmos estar conscientes disso”, observa Karla Patrícia.
No sentido contrário aos ambientes restauradores, a exposição a locais degradados, poluídos ou ruidosos pode trazer consequências negativas para a saúde mental. Efeitos da poluição do ar, por exemplo, têm sido associados a um aumento da depressão e da ansiedade, enquanto o ruído excessivo pode levar a estresse, irritabilidade e problemas de sono.
“É importante destacar que comunidades que vivem em áreas mais propensas a desastres naturais podem experimentar altos níveis de ecoansiedade”, explica a docente.
A constante sensação de risco — gerada pelo medo de perder meios de subsistência e a própria moradia —, em muitos casos, pode levar a uma sensação de impotência, desesperança e raiva em relação àqueles que não se preocupam com os impactos de suas ações sobre o meio ambiente.
Karla ressalta que a maior ou menor vulnerabilidade das populações às variações climáticas é, sobretudo, resultado de políticas públicas adequadas ou não, e sugere ações protetivas que podem reduzir essa condição. São elas:
- Promoção de maior sustentabilidade ambiental através da implantação de mais leis de proteção ao meio ambiente, assim como melhor fiscalização de empresas para que obedeçam as leis existentes;
- Desenvolvimento da justiça social e ambiental, ajudando a abordar as desigualdades sociais e econômicas que contribuem para a vulnerabilidade das comunidades às mudanças climáticas;
- Apoio às ações de educação ambiental, o que pode ajudar a aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas e suas implicações para a saúde mental, além de proporcionar aos indivíduos e comunidades uma rede de atendimento em saúde mental em que seja possível acolher demandas e trabalhar na prevenção do adoecimento da população.
Dicas para lidar melhor com questões ambientais
Gisele Sestren destaca a importância do equilíbrio saudável entre o que se sabe e a ação. Ela sugere que informações sejam buscadas apenas em fontes confiáveis e propõe o estabelecimento de um limite de tempo para a leitura de notícias relacionadas ao meio ambiente.
“Concentre-se em ações práticas que você pode realizar para fazer a diferença, como reduzir o uso de plástico ou escolher produtos mais sustentáveis”, acrescenta. A pesquisadora ainda dá dicas de como conviver com a questão ambiental de forma saudável.
Cuide da saúde mental
Dedique tempo para fazer atividades prazerosas, como exercícios físicos, meditação ou hobbies que ajudem a relaxar e a desestressar. Pratique também a autocompaixão e não se culpe por não poder fazer tudo;
Conecte-se com a natureza
Saia para caminhar em áreas verdes, ouça os sons da natureza ou faça atividades ao ar livre. A conexão com a natureza pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, melhorando a saúde mental;
Busque apoio
Converse com amigos e familiares sobre preocupações ambientais e compartilhe ideias e soluções para lidar com esses problemas juntos. Além disso, considere buscar ajuda de um profissional de saúde mental se você estiver lutando com sintomas de ansiedade ou depressão relacionados a questões ambientais;
Participe de ações coletivas
Junte-se a grupos ou organizações que compartilham as mesmas preocupações ambientais e buscam ações coletivas. A participação nessas atividades pode ajudá-lo a se sentir empoderado e a encontrar soluções para questões ambientais de maneira positiva.