qua, 19 agosto 2020 18:37
Como o "carinho de vó" ajudou graduanda a concluir os estudos
Conheça a história de carinho entre Rebeca Carvalho, egressa de Psicologia da Universidade de Fortaleza, e sua avó Leda, que contribuiu para a rotina e os estudos da neta.

Desde o primeiro abrir dos olhos e dos primeiros passos cambaleantes, até as provas na escola e o ingresso na Universidade, encontramos braços que nos dão suporte em momentos marcantes de nossas vidas; ombros que nos acalentam e mãos que nos guiam. Para muitos de nós, é a família quem exerce essa força de apoio. No caso de Rebeca Carvalho, egressa do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, esse amparo se manifesta grandemente na figura da avó, Leuda Silva de Oliveira.
Aos 72 anos, a dona de casa viu a história das duas ganhar notoriedade nas redes sociais após a neta homenageá-la em uma postagem na qual comemorava a conquista do canudo. Ali, em meio aos caracteres, foi compartilhada uma história de amor, cumplicidade e carinho. “Ela é uma menina exemplar e a amo muito. Nossa relação é muito boa. Acho que o apoio da família é sempre muito importante, especialmente quando a pessoa é interessada em estudar. A família tem que ajudar e proteger”, conta Leuda.
Rebeca, que colou grau no último dia 24 de julho, declara que vê a avó como uma amiga: “Eu devo muito a ela, senão tudo. A criação, os valores, os princípios, a educação: tudo isso veio dela. A maneira calma de ser, a maneira solícita e otimista - minha vó é, provavelmente, a pessoa mais otimista que eu já conheci na vida”.
Apoio e generosidade
A psicóloga, que mora com Leuda desde pequena, conta que encontrou nela um alicerce para toda a sua jornada pessoal e profissional: “Tanto o apoio da minha avó quanto da minha mãe foram essenciais [na minha educação]. Ambas nunca interferiram nas minhas escolhas, e tenho uma liberdade saudável desde a adolescência, muito antes da minha decisão profissional. Sempre tive apoio, e acredito que sem a família tudo fica mais difícil, quiçá impossível”.
De acordo com Rebeca, um dos esforços de Dona Leuda para contribuir com sua educação era levantar diariamente durante a madrugada para preparar e embalar refeições que a egressa levaria de casa, no intuito de reduzir gastos com alimentação e, assim, equilibrar as finanças relacionadas ao estudo.
O apoio que Rebeca recebia da avó não reverberou somente nela. Durante muitos semestres, Leuda também preparava marmitas para amigos e colegas da neta que passavam por dificuldades. “Minha avó sempre foi muito aberta e solícita quanto a isso. A influência do altruísmo que ela tem reverberou coisas boas e essenciais não só para mim, mas também para pessoas que estavam ao meu redor”, conta a graduada.
Dias difíceis
Rebeca estudava pela manhã, trabalhava à tarde e às vezes retornava à Universidade durante a noite, para cursar algumas disciplinas da graduação. Com essa rotina puxada, ela estava suscetível ao desgaste físico e emocional, mas sua avó sempre estava lá para confortá-la. “Posso citar inúmeras vezes em que eu chegava super cansada, às 10h da noite, e ela ia me preparar o jantar, uma comida quentinha, e conversávamos, sempre numa relação muito carinhosa. Claro que já tivemos muitas divergências de pensamento - somos de gerações muito diferentes -, mas sempre havia um diálogo muito aberto”.
Recordando suas muitas noites juntas, a psicóloga destaca uma em especial: “cheguei em casa tarde e, quando fui subir as escadas, segurando meus livros, eu comecei a chorar. Minha vó perguntou o que houve e nós nos abraçamos. Disse para ela que eu estava muito cansada e que às vezes as coisas eram muitos difíceis. Ela me deu a mão”, compartilhou Rebeca. “É muito marcante ter alguém que cuida de você não só com afeto e abraço, mas também com demonstrações e atitudes. Esse dia foi inesquecível pra mim”.
Mensagem de gratidão
Agora celebrando seu status de recém-graduada, Rebeca Oliveira finaliza suas palavras com mais uma mensagem para a avó: “Quero dizer que, sem ela, nada disso seria possível. Tenho exemplos práticos e cotidianos de que isso é verdade e ela sabe disso. A beleza desse sonho ter se tornado real, e de outros sonhos serem possíveis agora, mora no esforço que ela fez e na presença dela”.
Dona Leuda Silva, por sua vez, não esconde o orgulho pela neta. “Que ela continue a estudar mais e mais e que, daqui pra frente, seja melhor ainda. O dia mais feliz da minha vida foi quando ela me passou aquela nota de áudio [de homenagem] no dia da formatura dela. Eu chorei bastante”, relembra a avó, emanando carinho.