seg, 5 fevereiro 2024 16:06
Projeto Saliva Artificial promove tratamento para pacientes com xerostomia há 22 anos
Criada em parceria com o Hospital Geral de Fortaleza, a iniciativa busca amenizar efeitos de condição que causa diminuição da produção de saliva
Diversos tratamentos oncológicos, como a radioterapia, podem trazer efeitos colaterais adversos, chegando até a afetar a produção de saliva bucal. Conhecida como xerostomia, essa condição causa a diminuição parcial ou total do fluxo salivar e é uma das sequelas mais comuns entre pacientes que passaram por tratamentos agressivos para o câncer na região da cabeça e do pescoço.
O quadro costuma ser associado ao atrofiamento das glândulas salivares, resultando em uma série de complicações para os indivíduos afetados, como em dificuldades na fala, na deglutição e na saúde bucal dos pacientes, aumentando o risco de cáries e outras complicações.
Uma iniciativa inovadora tem oferecido suporte e alívio, desde 2002, para pessoas que enfrentam as sequelas dos tratamentos contra câncer, especialmente aos pacientes afetados pela xerostomia: o Projeto Saliva Artificial, que tem sido uma fonte de esperança para pacientes que enfrentam a diminuição parcial ou total da saliva como resultado dos procedimentos.
O trabalho é uma parceria entre os cursos de Odontologia e Farmácia da Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz — junto ao Hospital Geral de Fortaleza (HGF), tendo sido desenvolvido pelo cirurgião dentista Eliardo Silveira Santos, antigo professor da Unifor.
Além de oferecer a saliva sintética, o Projeto também se dedica a acompanhar de perto o tratamento odontológico dos pacientes, reconhecendo a importância da saúde bucal para o bem-estar geral. Essa abordagem integrada busca não apenas aliviar os sintomas, mas também promover uma melhor qualidade de vida e autonomia para aqueles que enfrentam as sequelas do combate ao câncer.
O que é a Saliva Artificial?
Descrita no Formulário da Farmacopeia Brasileira, a saliva artificial é um produto oficial cuja formulação foi desenvolvida para proporcionar um gel fluido, refrescante e suave.
O fármaco visa garantir uma melhor adesão por parte dos pacientes ao seu uso, facilitando sua aplicação e tornando-a mais confortável. O principal componente da saliva artificial é a carboximetilcelulose (CMC), um agente gelificante e umectante que confere a consistência desejada à substância.
Além do CMC, ela contém uma variedade de sais minerais, como cloreto de sódio, cloreto de magnésio, fosfato de potássio, entre outros. Esses sais desempenham papel vital na manutenção do pH da boca e na saúde geral oral, prevenindo o desenvolvimento de cáries e outras condições bucais.
Segundo Regina Cláudia de Matos, professora do curso de Farmácia e atual líder do projeto, cada elemento da solução age em conjunto para estimular a salivação, o que se traduz em uma notável melhoria na qualidade de vida daqueles afetados pela xerostomia. A docente acredita que a iniciativa oferece uma oportunidade valiosa para profissionais de diversas áreas se envolverem e colaborarem.
“Para pessoas da área da saúde, como cirurgiões-dentistas e farmacêuticos, tanto o uso quanto o desenvolvimento da saliva artificial representam uma valiosa oportunidade de aprendizado contínuo e aprimoramento profissional. Além disso, sua utilização reforça a importância do trabalho em equipe multidisciplinar no cuidado abrangente dos pacientes, unindo diferentes campos de expertise para garantir o melhor tratamento possível.” — Regina Cláudia de Matos, docente do curso de Farmácia e atual líder do Projeto Saliva Artificial
Tratamento multidisciplinar
Além do curso de Odontologia, a graduação em Farmácia também desempenha papel fundamental no Projeto Saliva Artificial, ambos contribuindo de maneiras distintas para o desenvolvimento, produção e aplicação desse recurso terapêutico.
O campo da farmácia tem uma atuação central na pesquisa e desenvolvimento de formulações de saliva artificial. Os farmacêuticos trabalham na identificação dos componentes adequados, suas proporções e na formulação de uma solução eficaz e segura para uso pelos pacientes.
Uma vez definida a formulação, a farmácia pode ser responsável pela produção em larga escala da saliva artificial, garantindo que cada lote seja fabricado de acordo com padrões de qualidade e segurança. Isso inclui a seleção de matérias-primas de alta qualidade, o controle de processos de fabricação e a realização de testes de qualidade para garantir a eficácia e a pureza do produto final.
Conforme elucida Grace Teles, professora do curso de Odontologia da Unifor, a iniciativa de natureza colaborativa adota uma abordagem multidisciplinar, com o objetivo de proporcionar aos pacientes um tratamento mais eficaz.
A professora Grace Teles ao lado do cirurgião dentista Eliardo Silveira Santos, idealizador do projeto, segurando frascos de saliva artificial (Foto: Arquivo pessoal)
“Essa integração da farmácia e da odontologia revela aspectos fundamentais no Projeto Saliva Artificial, pois a sinergia entre essas duas áreas de conhecimento assegura um atendimento mais completo e eficaz às queixas dos pacientes, refletindo em resultados significativamente aprimorados”, explica a docente.
Maryana Sena, aluna do curso de Odontologia e membro do Projeto Saliva Artificial, tem como área de atuação almejada a medicina hospitalar, onde deseja trabalhar diretamente com pacientes que enfrentam doenças sistêmicas, como o câncer.
A estudante destaca que a iniciativa impacta diretamente sua futura carreira profissional, proporcionando-lhe a oportunidade de desenvolver habilidades práticas e conhecimento científico necessários para atender de forma mais abrangente e eficiente as necessidades de saúde bucal desses pacientes em contexto hospitalar.
“Cada atendimento e cada conversa com os pacientes atendidos, assim como a participação no projeto e a interação com diferentes profissionais envolvidos, têm sido fonte constante de aprendizado para mim.” — Maryana Sena, aluna do curso de Odontologia e membro do Projeto Saliva Artificial
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