null Carreira em Design de Moda: criatividade e contato com linguagens artísticas

Seg, 3 Setembro 2018 16:32

Carreira em Design de Moda: criatividade e contato com linguagens artísticas

Com destaque no mercado mundial, setor da moda é o segundo que mais emprega no Brasil.


Coordenadora do curso de Design de Moda, Ana Cláudia Farias. Foto: Ares Soares.
Coordenadora do curso de Design de Moda, Ana Cláudia Farias. Foto: Ares Soares.

Trabalhar com Design de Moda é para quem está disposto a interpretar e reconhecer as diferentes linguagens simbólicas, estruturais e funcionais, além de gerenciar o desenvolvimento de produtos de moda em empresas têxteis e de confecção.

Avaliado com nota máxima (5) pelo Ministério da Educação (MEC), o curso de Design de Moda da Universidade de Fortaleza (Unifor) se destaca pela equipe de professores e funcionários, instalações e laboratórios, projetos pedagógicos, interlocuções com o mercado e participação intensiva do curso em eventos da cidade e de fora. Assim, o estudante é preparado para o mercado em todas as suas exigências. Para isso, o curso de Design de Moda tem como diretrizes a criatividade, a gestão e a comunicação presentes em todas as disciplinas. Tudo isso em concordância com as práticas ambientalmente responsáveis e o respeito à diversidade cultural.

Na Graduação Tecnológica da Unifor, o aluno recebe certificações intermediárias que lhe permitem concorrer no mercado de trabalho de forma mais rápida e com experiência comprovada. Ao final do terceiro semestre, por exemplo, ele pode adquirir certificação como assistente em Design de Moda.

Desde o início do curso, os estudantes de Design de Moda têm a oportunidade de ver sua produção ser apresentada ao público em um desfile promovido pela própria universidade. O Unifor Moda Integra (UMI) é uma dessas oportunidades. Os trabalhos, looks, desenhos e demais produtos são desenvolvidos pelos alunos a partir dos Programas Integradores de cada semestre e avaliados por uma banca de professores, que por sua vez escolhem os mais maduros para o desfile. É uma experiência enriquecedora para a vivência do futuro profissional, que tem a chance de tirar a sua ideia do papel e defendê-la.

Confira entrevista com a professora Ana Cláudia Farias, coordenadora do curso da Unifor:

UNIFOR: Como está o mercado de trabalho para o profissional de Design de Moda? Está crescente, em expansão, em alta? Por quê?

Ana Cláudia Farias: O Brasil tem um destaque dentro do mercado mundial da moda. Segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT) o setor da moda é o segundo ramo que mais emprega no país. Em outras palavras, são mais de 30 mil indústrias têxteis do país, que representam 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Isso faz o país ser o 6° maior produtor de roupas, calçados e acessórios do mundo. E por incrível que possa parecer, os números mostram que atividades relacionadas à moda e ao vestuário no país mantém-se em crescimento, mesmo diante da situação adversa que a economia brasileira vem enfrentando. Em relação à Fortaleza, há um cenário semelhante. É fato que a indústria têxtil retraiu devido a inúmeros fatores que incluem os longos períodos de seca até a avassaladora competição com os produtos asiáticos. Em contrapartida, houve um forte movimento local em prol da moda autoral, reforçado com a maior semana de moda autoral da América Latina, o Dragão Fashion, além do surgimento de novas lógicas de trabalho como os coletivos e as feiras colaborativas.

UNIFOR: Quais são as áreas de atuação em que há mais contratações de recém-formados? E para quem já tem experiência? Por quê?

Ana Cláudia Farias: O setor da moda representa uma cadeia produtiva enorme e nela o designer de moda pode atuar em diferentes segmentos. Para os recém-formados, em particular na cidade de Fortaleza, eles atuam nos bastidores como na área de estilo nas empresas de confecção, ou ainda, na equipe de apoio à produção do mercado da moda. Para os que já têm experiência, o mercado se amplia, mesmo porque o designer com mais tempo do mercado significa dizer que tem uma rede de contatos mais densa que o possibilita a ser protagonista em vários ramos como estilista, consultor de imagens, produtor de moda e styling, coolhunter, editor de moda, designer de estampas ou mesmo empreendedor atuando em sua própria marca de moda, entre outros.

UNIFOR: Onde estão as melhores oportunidades (regiões, cidades etc)? Por quê?

Ana Cláudia Farias: As oportunidades, quase sempre se concentram nas capitais devido a infraestrutura favorável, serviços, facilidades tributárias e logísticas. No entanto, nos últimos anos, tem havido um movimento interessante nas cidades do interior, como é o caso de Juazeiro do Norte, Nova Olinda, Sobral, Camocim e Caucaia, com o destaque para indústria de calçados, moda praia e moda íntima.

UNIFOR: Quais são as tendências e perspectivas futuras para essa profissão?

Ana Cláudia Farias: Com a intensa industrialização e a forte característica da interdisciplinaridade do design de moda, a grande macrotendência é dar um novo significado à moda. E nesse sentido, a economia criativa possibilita espaço para novos empreendedores que pensam na inovação, na diversidade cultural das suas criações, na sustentabilidade e na inclusão das pessoas (tanto os que trabalham no setor da moda, como os que consomem); além disso, a economia colaborativa nos orienta a pensar na criação coletiva na moda, onde não existe a figura do criador onipotente, mas tende a valorizar o trabalho de uma comunidade ou um grupo. Além disso há os avanços na tecnologias têxteis como as tendências da "Wearable Technology" - ou “Tecnologia Vestível” – roupas e acessórios inteligentes, confeccionados com tecidos e materiais tecnológicos. É o caso dos tecidos inteligentes que captam a energia solar e cinética para alimentar os wearables instalados na trama do tecido. Não podemos deixar de mencionar também as oportunidades e tendências em nanotecnologia, com soluções antimicrobianas para aplicação em tecidos e outras superfícies. Em outras palavras, a fusão da tecnologia com a moda impactando processos de desenvolvimento de produtos chegando até na experiência de vendas no varejo.

UNIFOR: Surgiram novas áreas de atuação?

Ana Cláudia Farias: Atualmente, algumas áreas de atuação estão em evidência e representam um ótimo investimento para os profissionais. São elas: Moda Sustentável e genderless (sem gênero). É cada vez mais claro o crescimento do consumo consciente em que há busca por produtos exclusivos que respeitem a natureza. Como consequência, existe um aumento do número de empresas que aderem à redução, à reutilização, à recuperação e consumidor consciente. Em relação a moda agênero, está relacionada a uma mudança na forma de consumo da moda e a de coleções que não se dirigem a um gênero específico. Ou seja, falamos na discussão de identidades, assim como na inclusão de corpos. A ascensão da quarta revolução industrial está afetando todas as indústrias. Para a moda, a quarta revolução traz novas fibras, materiais, tecidos, técnicas de fabricação e comercialização, muitas vezes desenvolvidos por startups. Assim, as atuações se diversificam com o uso efetivo de tecnologias como o Big Data & Analytics ajuda a indústria da moda a reduzir o fosso entre as expectativas dos clientes, os padrões de demanda e a produção real. As mídias sociais abrem oportunidades para criadores de conteúdos voltados aos serviços de marketing para os criadores e varejistas da moda. A demanda por transparência de onde a roupa vem (país de origem) e como ela é feita (materiais e componentes) está aumentando. Como resultado, muitas empresas estão usando a tecnologia blockchain que permite uma maior transparência e confiança em relação aos bens. Ainda existem as tecnologias de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) têm sido usadas por marcas para criar experiências imersivas que levam os consumidores a uma viagem pelo mundo da marca. A moda muda o tempo todo...agora mesmo, novas ações para o designer estão sendo inventadas e as limitações da criatividade são infinitas.

UNIFOR: No caso do curso, há novidades no currículo? Tem trabalho de conclusão de curso e estágios obrigatórios? Se sim, como funcionam esses estágios (mais detalhes)?

Ana Cláudia Farias: O currículo do curso de Design de Moda está atualizado e alinhado com as práticas do mercado. Dividido em cinco módulos, o curso apresenta uma abordagem inovadora na organização dos conteúdos; os mesmos convergem para a disciplina Programa Integrador existente em cada módulo. Todos os saberes das disciplinas que compõem o módulo são vivenciadas em trabalhos de criação (planejamento de coleção conceitual e comercial, criação de produtos sustentáveis, criação de marca, plano de negócios) nos Programas Integradores. No início de cada semestre, a produção desses trabalhos são apresentados no evento chamado Unifor Moda Integra (UMI) composto por palestras, oficinas, desfiles e exposição de produtos. Devido a essas intensas atividades de criação, desenvolvimento e produção dos Programas Integradores, o curso não tem estágio obrigatório, uma vez que o aluno tem a oportunidade de desenvolver suas competências nessas experiências. O curso ainda contempla o trabalho de conclusão de curso desenvolvido no Programa Integrador V e, sob orientação, ele pode optar por desenvolver uma coleção, modelar e elaborar um plano de negócios, criar um produto de moda, realizar uma pesquisa teórica em profundidade e outros pontos.