qui, 21 junho 2018 16:11
Mulheres revolucionam as engenharias
Celebrado em 23 de junho, o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia reforça a importância da profissão na quebra de preconceitos.
Criado pela Women's Engineering Society (WES) do Reino Unido, o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é comemorado anualmente em 23 de junho. A data tem como objetivo fortalecer o espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão, antes majoritariamente ocupada por homens.
Tal notoriedade se deve, sobretudo, à luta por igualdade de gêneros e expansão do sistema educacional demarcada a partir da década de 70, quando as reinvidicações políticas da década anterior se consolidaram possibilitando a elas buscar seu lugar no mercado de trabalho.
Na Universidade de Fortaleza, os nove cursos de graduação oferecidos na área contabilizam mais de mil futuras engenheiras matriculadas e, ao longo dos 45 anos de história da instituição, mais de 1.200 mulheres já se formaram nas engenharias.
Gerações que se encontram no desejo em comum
Sônia Barreto fez parte da primeira turma de Engenharia Civil da Unifor e formou-se em 1977. O pai, jornalista e escritor, a incentivava a cursar Letras, carreira que até arriscou por menos de seis meses, mas logo que assumiu sua paixão pelos números prestou vestibular. “Sempre gostei muito de Matemática e Física, fui uma boa aluna nessas disciplinas”, declara.
Sobre os desafios enfrentados na época, Sônia conta que existia muito preconceito, mas que superou com competência e de forma independente. “Para as engenheiras só existiam duas opções: ser calculista ou fazer instalações. Eu já gostava de projetos de instalações porque até hoje são pouquíssimos os profissionais que estão no ramo, então, segui a área. Quer dizer, aquele receio nunca existiu pra mim, sempre trabalhei executando obras. Nesse sentido, o curso foi uma realização de vida, de eu própria me manter, de sozinha conseguir comprar meu apartamento, meu primeiro carro”, afirma.
A desconstrução desses paradigmas por gerações anteriores encoraja jovens como Amanda Nogueira, estudante do 5º semestre do curso Engenharia Mecânica da Unifor, a trilhar passos de sucesso reafirmando a liberdade e a capacidade femininas. “Todo dia é uma experiência incrível ver homens ao seu redor reconhecendo o valor de uma mulher e não ser vista como alguém menor, mas sim como uma concorrente à altura. É valioso poder superar obstáculos e deixar o preconceito enfraquecido a cada dia que passa”, enfatiza.
Engenheiras e professoras sim, com muito orgulho!
Atualmente coordenadora do curso de Engenharia Mecânica da Unifor, a paixão da professora Lúcia Barbosa pela Engenharia iniciou ainda na infância, quando observava os tios fabricando bombas manuais para vender no mercado. “Eu convivi com a mecânica desde sempre, a fundição do meu tio ficava no quintal de casa, então, aquilo sempre me interessou muito”, relembra.
Ao longo da carreira, ela tem colecionado feitos importantes: foi a única mulher de sua turma na graduação, exerceu cargos de relevância no Nutec (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará), seguiu pela área de Metrologia, inaugurando o próprio laboratório e depois decidiu lecionar integralmente na Unifor.
Como professora, Lúcia destaca suas afinidades. “Gosto da parte da gestão e também gosto de ensinar, do lado operacional”. E acrescenta que “as alunas de Engenharia tem um forte comprometimento, são excelentes alunas e vejo que hoje o cenário é bem mais favorável para essa inclusão”, comenta.
Para Emilia de Castro, professora do curso de Engenharia Civil da Unifor, formada na primeira turma da Universidade na qual foi colega de Sônia Barreto, a presença das mulheres nas Ciências Exatas é uma conquista. “No decorrer do tempo mudanças aconteceram, pois muitas mulheres se tornaram exemplo de sucesso e conseguimos provar que fazemos diferença”, destaca.
Emilia aponta que, a partir da profissionalização diária é possível construir uma sociedade mais consciente de seus real valor humano. “Esse universo, antes povoado quase que exclusivamente pela figura masculina, se acostumou com a mulher engenheira que ajudou e continua ajudando a construir um mundo mais justo, mais diversificado e, talvez, muito melhor”, finaliza.