Curso de Direito realiza palestra sobre campos de concentração no Ceará

Curso de Direito realiza palestra sobre campos de concentração no Ceará

Erguidos no Ceará em 1915 e 1932, os campos de concentração eram espaços de aprisionamento para evitar que retirantes saídos do interior chegassem a Fortaleza (Foo: Reprodução)
Erguidos no Ceará em 1915 e 1932, os campos de concentração eram espaços de aprisionamento para evitar que retirantes saídos do interior chegassem a Fortaleza (Foo: Reprodução)

O projeto "História e Cidadania" do Programa Cidadania Ativa, vinculado ao Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza, trará para debate o tema "Campos de Concentração: Fugitivos da seca no Ceará", reportando-se ao período de seca no Estado entre 1915 e 1932, quando retirantes foram impedidos de chegarem a Fortaleza e retidos em abrigos. 

O evento acontece na próxima quarta-feira (6), a partir das 9h30, no Auditório da Biblioteca. Na ocasião, será realizada uma análise histórica, social, econômica e jurídica daquele fato histórico no Ceará. As inscrições serão feitas no local.

Para debater o tema forma convidados o Prof. Dr. Frederico de Castro Neves (professor e historiador da UFC e Doutor em História Social) e Profa. Ms Zaneir Gonçalves Teixeira (professora do curso de Direito da Unifor), junto com os alunos do Projeto História e Cidadania do Programa Cidadania Ativa/CCJ.

Sobre o tema

A história dos campos de concentração no Ceará origina-se em processos vividos na seca de 1877, quando um ciclo intenso de estiagem motivou grandes deslocamentos de retirantes do interior do estado para Fortaleza. Em 1915, temendo que a situação de 1877 se repetisse, o governado da época, coronel Benjamin Liberato Barroso, criou o primeiro campo de concentração do Ceará, em Fortaleza, no chamado Alagadiço, atualmente bairro de São Gerardo. 

O primeiro campo de concentração, registram os documentos oficiais, nasceu em decorrência da seca de 1915, quando os chamados abarracamentos – barracas espalhadas pela cidade – deram lugar a áreas de concentração dos migrantes. Os retirantes chegavam, sobretudo, pela via férrea e eram contidos em grandes terrenos para evitar, dentre outras coisas, que passassem a vagar pela capital, ampliando cenários de pobreza. A concepção de uma área para concentrar migrantes veio após o acolhimento no Passeio Público, no Centro da cidade, exceder os três mil retirantes, registra o documento.

Apoiado na noção de ordenamento, um terreno no Alagadiço concentrou retirantes. O local chegou a abrigar cerca de oito mil pessoas. Findado o período de estiagem, em 1916, o campo foi desfeito. Já em 1932, o inverno era esperado com ansiedade, mas um novo ciclo de secas fez o estado, retornar a cruel ideia de confinar retirantes. A experiência se repetiria desta vez além de Fortaleza em outros cinco municípios: Crato, Senador Pompeu, Quixeramobim, Cariús e Ipu.

Os campos eram acampamentos provisórios, por isso foram imediatamente desfeitos após a desocupação, relata o historiador Fred de Castro Neves. Somente em Senador Pompeu foram aproveitadas instalações de alvenaria dos prédios abandonados pelas empresas inglesas que iriam construir o Açude do Patu, conta ele. Isso explica a ausência de vestígios nos demais municípios. Os campos de 1932 foram encerrados em 1933. 

Em julho de 2019, o sítio arquitetônico do “campo de concentração do Patu”, em Senador Pompeu, foi oficialmente tombado patrimônio histórico-cultural municipal. O tombamento deverá proteger o que restou da estrutura de 12 casarões, a Vila Operária e as três casas de pólvora em Senador Pompeu. 

Serviço

Palestra "Campos de concentração: fugitivos da seca no Ceará"
Data: 06/11/19 (quarta-feira)
Horário: 09h30
Local: Auditório da Biblioteca
INSCRIÇÕES NO LOCAL
Mais Informações : 3477.3304