null Um novo NAMI para uma assistência ainda mais humanizada

Seg, 30 Maio 2022 17:49

Um novo NAMI para uma assistência ainda mais humanizada

Com estrutura ampliada e novas especialidades incorporadas nos últimos anos, o centro de práticas em saúde da Unifor se consolida como espaço de excelência para o atendimento integrado à população


O NAMI foi criado em 1978 como um centro de práticas para os cursos de saúde da Unifor e hoje atende mais de 10 mil pessoas por mês (Foto: Ares Soares)
O NAMI foi criado em 1978 como um centro de práticas para os cursos de saúde da Unifor e hoje atende mais de 10 mil pessoas por mês (Foto: Ares Soares)

Já faz sete anos que Alexandre Alcântara, de 35 anos, vai ao menos duas vezes por semana realizar tratamentos no Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz. Ele chegou ali depois de descobrir uma doença rara chamada distrofia muscular, que deixa os músculos do corpo progressivamente mais fracos. Pouco tempo depois do diagnóstico, Alexandre já não conseguia mais andar. 

Foi naquele prédio de cinco andares, colado na Universidade, que ele encontrou auxílio para retardar a progressão da doença com um tratamento multidisciplinar. Ao longo do processo, construiu ainda um novo sonho: o de se tornar atleta. O homem, que começou treinando bocha — um esporte com bolas que lembra o boliche — nos corredores do “hospital-escola”, hoje tem orgulho de dizer: “Sou atleta de bocha e de futebol de cadeira. O NAMI mudou a minha vida”.

Assim como Alexandre, cerca de 25.000 pacientes são atendidos por ano neste centro de assistência à saúde da Unifor, que oferece mais de 20 especialidades médicas. Seja por encaminhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de convênios privados ou atendimento particular, os usuários têm acesso desde a consultas e análises laboratoriais até serviços como diagnóstico por imagem, medicina, enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social, terapia ocupacional e estética. 

Os tratamentos são feitos por profissionais e acadêmicos, com uma estrutura de ponta para um atendimento de excelência. “A gente tem esta missão de trabalhar de forma interdisciplinar, unindo os saberes e trabalhando juntos, tanto em prol de uma educação de excelência como de um serviço assistencial com a maior qualidade possível”, explica a Diretora Geral do NAMI, Aline Veras

O foco do Núcleo — hoje uma referência no Norte e Nordeste — é oferecer um atendimento mais humanizado, interprofissional e sempre em consonância com as pesquisas desenvolvidas na Universidade. “Esta interface entre ensino e serviço oferece aos pacientes um atendimento pautado nas mais modernas e atuais evidências científicas”, complementa Aline.

Da reabilitação física à construção de novos sonhos

A história do atleta Alexandre Alcântara é um exemplo da importância desta interdisciplinaridade e das portas que podem ser abertas no diálogo direto com a Universidade. Acompanhado pela equipe de Reabilitação Neurofuncional, ele foi estimulado pelos profissionais e acadêmicos que atuavam no NAMI a buscar o esporte como alternativa para a mente e o corpo. 

Sentado na cadeira de rodas, Alexandre começou a empreitada lançando bolinhas de bocha nos corredores do terceiro andar. Depois começou a treinar futebol de cadeira na Unifor e hoje é atleta. Recentemente, começou a viajar para outros estados para competir. 

“O NAMI me ajudou muito. Lá os profissionais e o atendimento são muito bons. Em sete anos, vi muita gente melhorar, fiz amigos, se formou uma família pra mim”, diz, com carinho. O novo mundo que ele viu se abrir diante de si foi muito além da importante reconquista da autonomia para realizar atividades do cotidiano, como comer e tomar banho.


Alexandre Alcântara descobriu no tratamento o sonho de virar atleta (Foto: Arquivo Pessoal)

“O Alexandre foi meu paciente”, conta a terapeuta ocupacional Ísis Falcão, hoje responsável técnica do serviço de reabilitação do NAMI. “Aqui a gente tenta descobrir as potencialidades do paciente. Não focamos no que ele não consegue fazer, mas no que ele tem habilidade para fazer e como pode ir além”, explica. 

Ísis se formou pela Unifor em Terapia Ocupacional e encontrou no Núcleo de Atenção Médica Integrada uma estrutura fundamental tanto para a sua formação universitária quanto para exercer, anos depois, sua profissão com potencialidade. Ela segue na universidade como professora de dois cursos de especialização: o de Neuropsicologia e o de Neurociências e Reabilitação.


Formada pela Unifor, a terapeuta ocupacional Ísis Falcão atua no NAMI (Foto: Arquivo Pessoal)

A inovação vem de longa data

A busca pela excelência e pela inovação está no DNA do NAMI, criado em 1978 como um centro de práticas para os cursos do Centro de Ciências e Saúde (CCS) da Unifor. Desde então, tanto seu campo de ação quanto seu espaço físico vêm sendo ampliados. Tudo para dar um atendimento de qualidade à população e uma formação ímpar aos estudantes da área da saúde. Lá, cerca de 16.000 procedimentos são realizados todos os meses.

Nos últimos anos, o redesenho do equipamento de saúde esteve voltado especialmente para a estruturação da chamada célula interdisciplinar de avaliação. Ao chegar lá, o paciente agora passa por uma avaliação interprofissional que vai identificar as terapias e atendimentos que ele precisa, de forma multidisciplinar. O modelo de abordagem coloca o paciente ao centro para uma avaliação singular e mais humanizada.

Novos protocolos para a melhor assistência

Os serviços de reabilitação do local, onde a terapeuta ocupacional Ísis Falcão atua, é um exemplo das mudanças, que envolvem desde reformas físicas à modernização de protocolos. Reconhecido desde 2014 pelo Ministério da Saúde como Centro Especializado em Reabilitação do tipo II (CER II), o NAMI se tornou uma referência para a rede de atenção à saúde da pessoa com deficiência em Fortaleza. É lá que crianças, adultos e idosos realizam terapias para reabilitação física e auditiva, além de contar com alguns programas para reabilitação intelectual. 

Uma das inovações, comenta, foi a criação de um espaço para simular a casa do paciente e, assim, auxiliá-lo com terapias para que consiga realizar atividades reais do seu dia a dia. “A casa adaptada é para que o terapeuta entre em contato de forma mais realística possível com o paciente”, explica a terapeuta ocupacional. Ela aponta que o NAMI também tem estruturado mais espaços infantis para atender à demanda crescente de tratamentos a crianças com transtorno do espectro autista.

Uma série de reformas estruturais vem sendo realizada nos últimos anos também para incorporar novos serviços. O atual prédio de cinco andares ao lado da Unifor abriga o centro de saúde desde 2004, quando o curso de Medicina da Unifor foi reconhecido pelo Ministério da Educação. Desde então, as expansões são constantes. O espaço ganhou novos consultórios acadêmicos, salas de aula e laboratórios modernizados. Um sistema de aquecimento da piscina para hidroterapia e hidroginástica também está na lista de melhorias implementadas.

Estética e nutrição ganham novos espaços

Entre os serviços incorporados nos últimos anos estão, por exemplo, áreas dedicadas à nutrição e à estética. Em 2019, um complexo de salas para o atendimento de nutricionistas foi estruturado no centro de saúde. Se por um lado a mudança trouxe uma robusta estrutura de 15 laboratórios equipados com instrumentos de última geração para um atendimento de ponta aos usuários, por outro abriu a possibilidade para que estudantes do curso de graduação em Nutrição da Unifor tivessem uma atuação prática já a partir do quarto semestre.

A estética também foi pavimentando seu espaço no novo NAMI. O núcleo foi reformado no ano passado para estruturar uma clínica, que alberga as práticas da graduação em Estética e Cosmética da Unifor e, ao mesmo tempo, oferta à população serviços gratuitos, com parte dos procedimentos submetidos a uma tarifa social. 

“A estética hoje em dia é entendida como parte da assistência à saúde. Ela  tem uma influência direta na nossa saúde psíquica e na nossa saúde emocional, sem contar que ela também pode ter uma ação importante na nossa saúde física, quando a gente fala em tratamento de cicatrizes, por exemplo”, destaca Aline Veras.

Cada novo passo na constante evolução do NAMI contribui para potencializar a experiência prática dos estudantes do Centro de Ciências da Saúde da Unifor de forma integrada e interdisciplinar, sempre sob a supervisão de professores e profissionais capacitados. 


Aline Veras, diretora do NAMI (Foto: Arquivo Pessoal)

“Os alunos que passam pelo NAMI da Unifor aprendem a situar todo este conhecimento, técnica e interdisciplinaridade dentro da rede de saúde vigente no nosso país. Isso é um grande diferencial quando você sai para o mercado de trabalho” - Aline Veras, Diretora Geral do NAMI e docente dos cursos de saúde da Unifor

Um lugar de formação para mergulhar na prática profissional

A egressa Lívia Barreto concorda e exemplifica isso com sua própria trajetória profissional. Quando cursava o quarto semestre da graduação em Psicologia na Unifor, ela começou a atuar como bolsista do ambulatório para homens trans do NAMI. No primeiro andar do núcleo, passou cerca de um ano fazendo entrevistas biográficas com pacientes antes de encaminhá-los para outros serviços médicos. A experiência abriu seus horizontes e virou tema do Mestrado em Saúde Coletiva, que ela concluiu também na Unifor. 


A psicóloga Lívia Barreto teve o primeiro contato com a psicologia clínica no NAMI (Foto: Arquivo Pessoal)

“O meu percurso no NAMI foi inefável, único”, define. Ao final da graduação, também foi ali que ela teve os primeiros contatos com a psicologia clínica na prática durante um estágio necessário para a formatura e que ela abraçou profissionalmente. “Foi muito importante para mim em relação à experiência prática. A Unifor me deu o arcabouço teórico, e o NAMI me deu um arcabouço prático muito importante”, ela diz. 

Hoje, Lívia atua no Hospital De Saúde Mental Professor Frota Pinto, é membro do Departamento de Parafilias Sexuais da Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual e atende no seu consultório particular. Para ela, que atua tanto na saúde pública como na privada, o NAMI também mostrou a importância da saúde coletiva pela relação importante que mantém com as comunidades do entorno do bairro Edson Queiroz. “Ele traz consigo uma responsabilidade social e faz com que as pessoas da comunidade do entorno vejam a saúde como um direito coletivo”, diz a egressa.

Assistência para todos os públicos

A diretora Aline Veras também destaca este papel social do NAMI. Ela lembra que ele não é apenas um centro que oferta serviços gratuitos, mas um equipamento que integra e fortalece a rede de assistência à saúde pública como um todo. Importante lembrar que o núcleo também está aberto ao atendimento por convênios da saúde complementar e de forma particular — os horários em algumas especialidades serão expandidos para o turno da noite, como já implementado no setor de fisioterapia neste ano. “O objetivo do atendimento privado e por saúde suplementar não é obter lucro. É fornecer subsídios que serão reinvestidos em estrutura, em tecnologia, para que a gente consiga seguir ofertando o melhor da assistência para os dois públicos”, finaliza Aline.

Ouça o episódio do UniforCast abaixo para saber mais informações sobre o NAMI:

Serviço

Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI)

Funcionamento: segunda a sexta-feira, de 7h às 17h
E-mail: nami@unifor.br
Informações e agendamentos: (85) 9.9200-7069 (WhatsApp)