seg, 27 março 2023 15:31
Entrevista Nota 10: Danielle Malta e a dedicação à biologia experimental
Mestre e doutora em Virologia, a professora conta sua trajetória acadêmica e explica a ligação entre biologia experimental e ciências médicas, além de mostrar a importância de eventos científicos como a XVII Reunião da FeSBE Ceará

Nos dias 3 a 5 de abril, a “XVII Reunião da FeSBE Ceará – Alvorada da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil” acontecerá no campus da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino superior (IES) da Fundação Edson Queiroz. A iniciativa, promovida pela Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), visa difundir conhecimentos relevantes para o desenvolvimento da ciência.
“Este evento tem uma importância nacional, sendo uma oportunidade para a divulgação científica do Ceará e da Unifor, além de possibilitar para os nossos alunos e professores a oportunidade de realizar networking, participar de palestras, cursos e atividades com pesquisadores renomados”, explica a docente Danielle Malta, uma das organizadoras do evento e coordenadora do Mestrado em Ciências Médicas da Unifor.
Mestre e doutora em Virologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), a pesquisadora possui pós-doutorado em Ciências Médicas pela mesma instituição. Ainda integra o quadro de professores do Programa Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), pós-graduação que engloba cerca de 30 IES e busca estimular a massa crítica de profissionais na região com competência em biotecnologia e áreas afins.
Na Entrevista Nota 10 desta semana, Danielle conta da sua trajetória acadêmica e explica a ligação entre a biologia experimental e as ciências médicas, além de mostrar a importância de eventos como a XVII Reunião da FeSBE Ceará, da qual participa.
Confira na íntegra a seguir.
Entrevista Nota 10 – Professora, poderia contar como surgiu o interesse pela biomedicina? O que te fez seguir carreira profissional e acadêmica nessa área?
Danielle Malta – Eu me apaixonei e fiquei encantada quando entrei pela primeira vez em um laboratório de pesquisa e vi microscópios, pipetas. Aquele lugar me fascinou, e foi assim que escolhi o curso de Biomedicina. O primeiro ano foi uma época de descobertas, de amadurecimento pessoal e profissional. No segundo ano da graduação, iniciei minha participação no estágio de iniciação científica no Laboratório de Patologia, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
Durante o estágio, participei ativamente das atividades do laboratório e dos projetos de pesquisa, e logo o interesse pela pesquisa científica foi despertado. Passei a participar mais efetivamente dos projetos de pesquisa como aluna de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), durante todo o período da graduação.
No final da minha iniciação científica, meu orientador foi convidado para prosseguir a carreira docente em outra cidade. Com a dissolução do seu Laboratório, fui buscar outras áreas do conhecimento que também me interessavam. Foi quando tive a oportunidade de pesquisar na área da virologia no Departamento de Clínica Médica da USP, onde fiz o mestrado em 2001. Logo após, já iniciei no doutorado, que concluí em 2006. Quando estava para defender a tese, tive a grata notícia que a minha solicitação de bolsa para o pós-doutorado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) tinha sido aprovada. Finalizei o pós-doutorado em 2008.
Entrevista Nota 10 – O que é biologia experimental e como ela se conecta com as ciências médicas?
Danielle Malta – A biologia experimental estabelece uma conexão com as ciências médicas por meio da pesquisa biomédica básica e aplicada nas áreas da saúde, gerando produtos como vacinas, fármacos, testes diagnósticos, entre outros. E o Mestrado em Ciências Médicas da Unifor tem uma linha de pesquisa intitulada de “Estudos Translacionais em Ciências Médicas”, que abrange pesquisas laboratoriais envolvendo assuntos relacionados à saúde de seres humanos — incluindo a investigação de processos fisiopatológicos, estudo de substâncias bioativas naturais ou sintéticas e desenvolvimento de técnicas de diagnóstico.
Entrevista Nota 10 – Você participará da XVII Reunião FeSBE Ceará, inclusive falando sobre as arboviroses e outras causas de síndrome febril aguda indiferenciada. Qual a importância de iniciativas como essa para a comunidade científica e a sociedade em geral?
Danielle Malta – As doenças febris constituem um agravo comum na comunidade, representando um dos principais motivos de atendimento médico. A Síndrome Febril Aguda Indiferenciada é caracterizada pela presença de doença febril aguda, com duração inferior a duas semanas e sem foco infeccioso evidente. O diagnóstico representa um grande desafio, vista a ampla possibilidade de agentes etiológicos potencialmente envolvidos. Os agentes mais comumente envolvidos são: dengue, zika, chikungunya, influenza, dentre outras. E a pandemia da Covid-19 exacerbou ainda mais o problema nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, onde o vírus dengue é endêmico.
Portanto, a participação dos alunos, professores e pesquisadores em eventos científicos é de suma importância para a atualização na área. Principalmente em iniciativas como esta, que possui uma abrangência nacional com a participação de renomados palestrantes e com pessoas de diversos locais do Brasil, possibilitando um networking do ramo.
Entrevista Nota 10 – A Reunião FeSBE Ceará deste ano será sediada na Universidade de Fortaleza — instituição que conta com espaços como o Núcleo de Biologia Experimental (Nubex) e o Polo de Pesquisa. Como a Unifor tem estimulado e produzido conhecimento científico nos últimos anos e contribuído para a evolução da ciência não só no Brasil, mas também no mundo?
Danielle Malta – A Universidade de Fortaleza faz grandes investimentos na pesquisa e na infraestrutura dos laboratórios, além do lançamento de editais de fomento às pesquisas para professores e pesquisadores. O Nubex da Unifor possui uma estrutura laboratorial excelente com diversos ambientes, como o Laboratório de Virologia — que tem como base pesquisas que desenvolvem metodologias para o diagnóstico sorológico e molecular para os vírus dengue, zika, chikungunya, mayaro, HIV, entre outros. O laboratório é um local em que os alunos de graduação e pós-graduação podem vivenciar a pesquisa como parte da sua formação.