Entrevista Nota 10: Roberto César Moura e o mercado em engenharia de segurança do trabalho

seg, 27 janeiro 2025 17:33

Entrevista Nota 10: Roberto César Moura e o mercado em engenharia de segurança do trabalho

Coordenador da Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho fala sobre os 45 anos do curso da Unifor, assim como os desafios e as oportunidades da área hoje


Engenheiro de segurança do trabalho, Roberto possui mestrado em Ciências Médicas e especializações em Projetos de Acústica e Iluminação e em Ergonomia (Foto: Julia Donato)
Engenheiro de segurança do trabalho, Roberto possui mestrado em Ciências Médicas e especializações em Projetos de Acústica e Iluminação e em Ergonomia (Foto: Julia Donato)

A engenharia de segurança do trabalho desempenha um papel crucial na preservação da saúde e integridade dos trabalhadores, atuando na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. O ramo tem se destacado no mercado brasileiro, refletindo a crescente preocupação das empresas com a saúde e integridade de seus colaboradores.

Essa profissão, inclusive, foi regulamentada no Brasil em 1985, pela Lei Nº 7.410, que oficializa a atuação de profissionais como o engenheiro de segurança do trabalho. Cinco anos antes desse marco legal, a Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz — já ofertava uma formação na área, com uma visão à frente do seu tempo.

Em 2025, a Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho completa 45 anos formando mão-de-obra de excelência e lançando experts diferenciados ao mercado de trabalho. Segundo o coordenador Roberto César de Moura Silva, o curso tem sido pioneiro na preparação de especialistas que não apenas dominam as normas e práticas tradicionais de segurança do trabalho, mas também estão atentos às novas demandas do mercado.

“A constante atualização curricular, que inclui o desenvolvimento de habilidades em gestão, liderança e o domínio de indicadores voltados para resultados em SST (Saúde e Segurança do Trabalho), tem sido um diferencial. Além disso, a especialização aposta fortemente no uso de tecnologias, como ferramentas de Business Intelligence, para garantir que seus alunos saibam utilizar as mais modernas ferramentas para a análise e gestão de riscos”, analisa o professor.

Engenheiro de Segurança do Trabalho, Roberto é mestre em Ciências Médicas e especialista em Projetos de Acústica e Iluminação e em Ergonomia. É docente da Pós-Unifor e já foi, em 2021, coordenador de Saúde e Segurança do Trabalho na Fundação Regional de Saúde (Funsaúde Ceará).

Na Entrevista Nota 10 desta semana, ele fala sobre os 45 anos da Especialização em Engenharia do Trabalho na Unifor, assim como os desafios e as oportunidades da área hoje.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Entre 2016 e 2022, o Brasil registrou 15,9 mil mortes por acidente de trabalho, além de um aumento de 11,7% em acidentes trabalhistas que não resultaram em morte, segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho. Qual a importância da engenharia de segurança do trabalho para a prevenção de cenários como esse? É possível reduzir essa estatística de alguma forma?

Roberto Moura — A Engenharia de Segurança desempenha um papel essencial na interrupção desta sequência estatística, aplicando conhecimentos técnicos e metodológicos.

Sim, é possível. Mas isso exige investimento, uma gestão focada em políticas voltadas para a segurança nas organizações, além de um suporte governamental relacionado às Normas Regulamentadoras.

Entrevista Nota 10 — Como o engenheiro de segurança do trabalho promove a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, assim como a prevenção de riscos físicos? Quais são os principais desafios enfrentados hoje por esse profissional em sua atuação?

Roberto Moura — Aplicando os conhecimentos fundamentais adquiridos durante sua formação, identificando os riscos presentes no ambiente de trabalho, utilizando ferramentas de gestão específicas para o tema, analisando dados estatísticos e direcionando essas informações para solucionar os problemas identificados na organização. Além disso, é essencial considerar questões comportamentais, investir na ampliação de aspectos técnicos e incorporar inovações tecnológicas como parte das estratégias empregadas.

Hoje o maior desafio está na implementação de uma cultura comportamental de saúde e segurança por parte de algumas organizações que não pensam fora da caixa e tratam a saúde e segurança de forma reativa e não prevencionista.

Entrevista Nota 10 — De que maneira a engenharia de segurança do trabalho tem evoluído nos últimos anos, especialmente com a implementação de novas tecnologias? Poderia citar quais são as oportunidades e os campos em destaque que os profissionais podem explorar e aproveitar?

Roberto Moura — A Engenharia de Segurança do Trabalho tem acompanhado de perto os avanços tecnológicos, adotando soluções cada vez mais modernas e práticas. Isso inclui o uso de instrumentos de avaliação mais sofisticados e precisos, tecnologias inteligentes como aplicativos que monitoram condições de trabalho em tempo real, além do desenvolvimento de equipamentos de proteção coletivas e individuais mais confortáveis e eficientes.

Além disso, a área tem se beneficiado de eventos como feiras e workshops, que promovem a troca de conhecimento e apresentam as inovações do setor, bem como de treinamentos cada vez mais interativos e personalizados, que ajudam a capacitar profissionais de maneira mais dinâmica. Essa integração com a tecnologia tem contribuído significativamente para aumentar a segurança, eficiência e a prevenção de riscos nos ambientes de trabalho.

Atualmente, existem três principais frentes que impulsionam o setor e oferecem oportunidades para os profissionais:

1. Conformidade legal e regulamentar: as empresas enfrentam uma crescente necessidade de atender às exigências legais, seja para prestar contas aos órgãos governamentais, seja para conquistar certificações como ISOs, ESG e outras. Isso abre espaço para profissionais especializados em garantir a segurança jurídica dos negócios.
2. Expansão tecnológica e sustentável: o avanço da indústria 4.0, o crescimento das energias renováveis (como eólica, solar e hidrogênio verde), o desenvolvimento de hubs tecnológicos e os programas de inovação trazem novas possibilidades de atuação para aqueles que desejam se inserir nessas áreas emergentes.
3. Serviços especializados e outsourcing: o setor de consultoria, perícias e terceirização está em expansão, permitindo que os profissionais diversifiquem seu portfólio de serviços e atendam às demandas de empresas que buscam soluções especializadas.

Entrevista Nota 10 — Que dicas você daria para quem está pensando em se dedicar a área de engenharia de segurança do trabalho? O que o profissional precisa ter e/ou desenvolver para se destacar nesse mercado?

Roberto Moura — Para quem está pensando em se dedicar à área de engenharia de segurança do trabalho, algumas dicas valiosas incluem: buscar constantemente qualificação para se destacar nesse mercado promissor, estar atento às novas tecnologias, como inteligência artificial e automação, que podem revolucionar os processos de segurança, e investir no aperfeiçoamento em gestão integrada. Manter-se atualizado sobre inovações e tendências pode abrir novas oportunidades e agregar valor à sua carreira.

Para se destacar no mercado de engenharia de segurança do trabalho, é essencial que o profissional desenvolva habilidades de gestão e liderança, com foco em conduzir equipes e processos de forma eficiente. Também é crucial ter domínio sobre indicadores de desempenho voltados para resultados em SST (Saúde e Segurança do Trabalho), além de ser proficiente em ferramentas tecnológicas, como Business Intelligence (BI), para análise e tomada de decisão estratégica. Por fim, uma boa interpretação técnica e normativa é indispensável para garantir conformidade e excelência nas práticas de segurança.

Entrevista Nota 10 — Em 2025, a Unifor celebra os 45 anos da Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Como o curso tem promovido a formação de profissionais de excelência ao longo desse quase meio século de história? E o que faz a especialização se manter atual e relevante mesmo com o passar dos anos?

Roberto Moura — Ao longo desses quase 50 anos, a Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Unifor tem se destacado por promover a formação de profissionais altamente qualificados, acompanhando as mudanças e evoluções do setor. Desde sua criação, cinco anos antes da regulamentação da profissão, o curso tem sido pioneiro na preparação de especialistas que não apenas dominam as normas e práticas tradicionais de segurança do trabalho, mas também estão atentos às novas demandas do mercado.

A constante atualização curricular, que inclui o desenvolvimento de habilidades em gestão, liderança e o domínio de indicadores voltados para resultados em SST, tem sido um diferencial. Além disso, o curso aposta fortemente no uso de tecnologias, como ferramentas de BI, para garantir que seus alunos saibam utilizar as mais modernas ferramentas para a análise e gestão de riscos. A integração desses aspectos com uma sólida formação técnica-normativa mantém a especialização atual e relevante, capacitando os profissionais a lidar com as novas exigências do mercado e a evolução das normas de segurança.

Essa abordagem de ensino que combina teoria e prática, aliada à constante adaptação às novas tecnologias e tendências, é o que garante a excelência na formação dos alunos da Unifor e faz com que o curso continue a ser uma referência no desenvolvimento de engenheiros de segurança do trabalho altamente capacitados e preparados para os desafios do futuro.

Entrevista Nota 10 — As mais de quatro décadas da Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho mostram uma busca pela qualidade de uma formação que é referência. Quais são os principais diferenciais desse curso da Unifor?

Roberto Moura — A Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Unifor se destaca pela busca constante pela qualidade e pela formação de profissionais de excelência. Os principais diferenciais desse curso incluem a sua abordagem inovadora e atualizada, que vai além da formação tradicional ao incorporar o desenvolvimento de competências em gestão e liderança, essenciais para a atuação de alto nível na área. A formação sólida no uso de indicadores de desempenho voltados para resultados em SST, somada ao domínio de ferramentas tecnológicas, como Business Intelligence, prepara os alunos para tomar decisões estratégicas e eficazes.

Além disso, o curso se mantém relevante ao integrar a evolução das normas e práticas de segurança do trabalho com as novas demandas do mercado, incluindo o uso de tecnologias emergentes, como automação e inteligência artificial. Essa atualização contínua garante que os profissionais formados pela Unifor estejam sempre prontos para lidar com os desafios e inovações da área, mantendo a excelência e a liderança no setor.