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Seg, 6 Dezembro 2021 10:34

O futuro é verde: as possibilidades da Engenharia Urbana e Ambiental

Profissionais da área possuem uma visão ampla e multidisciplinar e são capazes de aplicar conhecimentos científicos voltados ao desenvolvimento sustentável das cidades 


A Engenharia Urbana e Ambiental possibilita a melhoria na qualidade de vida nos grandes centros urbanos, com foco na sustentabilidade (Foto: Getty Images)
A Engenharia Urbana e Ambiental possibilita a melhoria na qualidade de vida nos grandes centros urbanos, com foco na sustentabilidade (Foto: Getty Images)

Hoje, muito se discute a respeito das cidades e sobre como esses ecossistemas orgânicos e urbanos, que tem o ser humano como parte integrante principal, estão cada vez mais suscetíveis a desastres naturais. Os problemas ambientais que acometem esses centros urbanos são consequência de seu rápido desenvolvimento, em especial nas últimas décadas, e um planejamento que não comporta mais a atividade humana e tecnológica dos dias atuais. 

O cenário contemporâneo se torna cada vez mais preocupante, e profissionais de diversas áreas buscam maneiras de amenizar o impacto negativo dessas atividades no ambiente urbano e impulsionar o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis ao redor do globo. Logo, levando em consideração as especificidades de cada local, questões como moradia, mobilidade urbana, saneamento, vias públicas e demais pontos afetados pelo inchaço das cidades, se tornaram recorrentes. 

Porém, para que esses obstáculos sejam superados, um profissional especializado nessas áreas se faz necessário. Assim, surge a figura do Engenheiro Urbano e Ambiental, com uma visão sistêmica, técnica e humana, que visa, com seu trabalho, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e transformar, com a ajuda das iniciativas pública e privada, as cidades em lugares mais verdes. 

A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, acompanhando a demanda crescente por esses profissionais, e de olho na dinâmica ESG (sigla em inglês para "Environmental, Social and Governance, ou "Ambiental, Social e Governança, em português") que permeia muitas atividades e profissões atuais, anuncia o seu novo curso de graduação semipresencial em Engenharia Urbana e Ambiental

Para trazer um panorama completo da área, falar sobre o perfil do profissional, e expor as diversas possibilidades de carreira dentro dessa engenharia, conversamos com o professor Oyrton Azevedo, docente da instituição e coordenador do curso, e com Artur Bruno, Secretário do Meio Ambiente do Estado do Ceará. Confira:

Perfil profissional

Atualmente, a procura por profissionais qualificados na área de planejamento urbano e projetos ambientais é grande. Mas, se engana quem acha que a área de urbanização é algo voltado apenas para os arquitetos e urbanistas. Os engenheiros urbanos e ambientais também se configuram como profissionais qualificados para tratarem de problemas ambientais, urbanos e socioeconômicos, contemporâneos e futuros, e estão conquistando o seu devido espaço na sociedade e no mercado de trabalho. 

De acordo com Oyrton Azevedo, a principal competência desses engenheiros é integrar no espaço urbano fatores como uso e ocupação do solo, proteção ou conservação ambiental e sistemas de infraestrutura de cidades, como saneamento básico e mobilidade urbana. Assim, esses profissionais têm a expertise para diagnosticar, analisar, propor e intervir, por meio de planos, projetos e monitoramento, nos sistemas ambientais localizados nos centros urbanos. 

“O objetivo do curso é formar profissionais com uma visão ampla e multidisciplinar de um modelo de desenvolvimento sustentável para cidades, capazes de aplicar conhecimentos científicos e tecnológicos no planejamento urbano, na engenharia ambiental e na engenharia sanitária'', Oyrton Azevedo, coordenador do curso de Engenharia Urbana e Ambiental da Unifor. 

Mas, se essas informações não forem o suficiente para gerar uma identificação com essa carreira, o coordenador do curso deixa claro que, para quem gosta de ciências exatas e da terra, tecnologias, engenharia e principalmente suas aplicações para melhorar o bem-estar das cidades, assim como torná-las justas e sustentáveis, a graduação em Engenharia Urbana e Ambiental é o caminho a ser seguido. 

Áreas de atuação 

É importante mencionar que esses profissionais são aptos para atuar tanto na iniciativa pública como na privada, assim como exercer suas atividades em parceria com Organizações Não Governamentais (ONGs) e sociedades civis organizadas. Assim, as áreas de atuação para os engenheiros urbanos e ambientais são amplas, e estão em crescimento. 

Segundo Oyrton, esses profissionais atuam em três grandes áreas: Engenharia Ambiental, Engenharia Sanitária e Planejamento Urbano, e suas atividades podem ser voltadas para os estudos de impactos ambientais, o gerenciamento de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, a gestão de recursos hídricos e licenciamentos ambientais, assim como a certificação e auditoria ambiental, e planos e políticas públicas urbanas setoriais.

Um vasto campo de atuação se abre a esses profissionais devido aos seus muitos atributos e competências, desenvolvidos ainda durante a graduação. "Na formação, os egressos serão capazes de aplicar os conhecimentos científicos e ferramentas tecnológicas à Engenharia em projetos, condução de experimentos, interpretação de resultados e gerenciamento da execução das soluções propostas com liderança, respeito à legislação, responsabilidade social, ética e ambiental", pontua o coordenador. 

Vale ressaltar que o engenheiro urbano e ambiental, independente da área que escolha seguir, prioriza a qualidade de vida da população, e considera os aspectos históricos, sociais e ambientais de cada meio urbano. Para Azevedo, compete aos novos profissionais o desafio de compreender a dinâmica permanente das cidades, para que assim possam buscar melhores caminhos para um desenvolvimento urbano sustentável cada vez mais presente.

O futuro global e a importância dos engenheiros urbanos e ambientais

A seguir, o secretário do Meio Ambiente do Estado do Ceará, Artur Bruno, discorre sobre políticas públicas de gestão ambiental no estado e na transformação das cidades em centros mais sustentáveis. 

Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Estado do Ceará (Foto: Diego David)

O estado do Ceará possui políticas públicas de gestão ambiental e de engenharia urbana?

Artur Bruno - As políticas ambientais do governo do Ceará vêm ganhando destaque nacional. Recentemente, fomos premiados pelo Comitê Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pelo nosso trabalho de preservação dessa vegetação no Estado. O governador Camilo Santana – que é ambientalista e funcionário do Ibama – facilitou muito nosso trabalho. Ele criou a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, em 2015. E, por meio dela, implementou uma série de ações: aumentou a quantidade de Unidades de Conservação (UCs) estaduais – inclusive regulamentando o Parque Estadual do Cocó, uma luta de 40 anos –; estabeleceu políticas de proteção animal; investiu no florestamento e reflorestamento de áreas degradadas, com o plantio de mais de 71 mil mudas; elaborou a Política e o Plano Estadual de Resíduos Sólidos; ofereceu benefícios para o desenvolvimento da reciclagem; realizou o levantamento de nossa fauna e flora; e está articulando a transformação do Ceará num polo de produção de energias renováveis, com destaque para a eólica, solar e, recentemente, o hidrogênio verde.

Há carência de profissionais dessa área no estado do Ceará?

Artur Bruno - Pelas diversas frentes abertas pela nossa política ambiental, como relatei na pergunta anterior, acredito que a procura por estes profissionais deve aumentar de forma significativa. O governador Camilo Santana já anunciou, por exemplo, o concurso para a Superintendência estadual do Meio Ambiente (Semace) em 2022. O futuro do Ceará, do Brasil e da própria humanidade passam pelas mãos de profissionais que se dediquem a transformar as atuais práticas sociais e econômicas em medidas sustentáveis, ou seja, que ao mesmo tempo atendam nossas necessidades e preservem nossos recursos naturais.

Qual a importância do novo curso de Engenharia Urbana e Ambiental da Unifor para o estado do Ceará?

Artur Bruno - A questão do meio ambiente é fundamental em todo o mundo. A sigla ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança), que representa o tripé da sustentabilidade, ganha crescente espaço nas estratégias empresariais, em sintonia também com a Agenda 2030 da ONU. A Unifor oferece, desta forma, uma opção antenada com o momento atual.

E como esses profissionais atuam na transformação das cidades em centros urbanos mais sustentáveis?

Artur Bruno - De diversas maneiras. O foco central é garantir a sustentabilidade das nossas atividades, principalmente as econômicas. Por conta do descaso federal, por exemplo, o Brasil não tem participado do mercado de créditos de carbono, conforme acordo assinado pela União Europeia, sequer reivindicando estes recursos. O mercado de crédito de carbono funciona a partir de acordos entre empresas e governos de países em desenvolvimento. Segundo o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto, o pagamento também pode ser feito de um país desenvolvido com alto nível de emissão de gases para um país em desenvolvimento com baixo nível. Nós ainda estamos engatinhando nisso e precisaremos de profissionais que nos auxiliem neste processo.