Empreendedorismo na enfermagem traz nova forma de valorizar a profissão
Quando se fala em enfermagem, é comum associá-la ao trabalho exercido em hospitais, lares para idosos ou demais unidades de atenção à saúde. Mas, ao decorrer do tempo, esse cenário se transformou drasticamente entre e para os profissionais da área.
Além de realizar serviços convencionais, os enfermeiros voltados à assistência de pacientes ligados a tais organizações passaram a atuar em outros segmentos da profissão, como no empreendedorismo. Tal vertente vem ganhando força no meio, viabilizando uma maior independência a seus especialistas.
A partir da inovação, o ato de empreender traz uma nova forma de valorização da enfermagem. Essa realidade se tornou ainda mais viável em 2018, a partir da Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 0568, que aprovou o Regulamento dos Consultórios de Enfermagem e Clínicas de Enfermagem. Ou seja, a decisão possibilitou a criação de espaços independentes para atividades especializadas de enfermeiros. Hoje, os profissionais têm muitas possibilidades de trabalho no segmento, como:
- Home Care ou Daily Care (atendimento especializado em casa ou em eventos);
- Acompanhamento de idosos (domiciliar ou em lares);
- Produção de roupas e materiais especializados;
- Consultoria e treinamentos para outros profissionais da área;
- Consultório e clínica de enfermagem.
Para Kiarelle Lourenço, coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza — ligada à Fundação Edson Queiroz —, esse novo cenário trouxe para a área vastas possibilidades de atuação, que se adequam às individualidades de cada profissional.
“Empreender é uma perspectiva inovadora para o enfermeiro, e essa escolha está relacionada a qualidades pessoais e profissionais, como formação acadêmica adequada, autonomia, busca pela independência financeira, flexibilidade de horários, inovação tecnológica, proatividade e autorresponsabilidade”, declara.
A docente destaca a importância de fomentar o espírito empreendedor desde a graduação, como acontece na Universidade de Fortaleza. Segundo ela, o curso disponibiliza ao discente a formação em gestão e empreendedorismo geral a partir de módulos que fomentam a base para ser alguém que empreende.
Empreender para educar
Julyana Freitas é docente do curso de Enfermagem da Unifor e proprietária da JF - Centro de Ensino e Simulação em Saúde, que foi institucionalizada em 2018. A empresa presta variados serviços no segmento, como consultas de enfermagem, consultoria na área educacional com ênfase na simulação clínica e cursos livres para leigos e profissionais da saúde.
Segundo a professora, o interesse em iniciar o empreendimento surgiu após ministrar muitas palestras e cursos, principalmente abordando a Enfermagem de Emergência. A partir disso, ela relata que seus alunos a encorajaram para empreender na área da educação.
"De tanto ser convidada para esses eventos, os discentes começaram a me dar esse direcionamento. Então, abri a empresa visando dar oportunidades e capacitar meus alunos para terem alta performance em salvar vidas”, afirma.
Para Julyana, a atuação como empreendedora de educação na enfermagem possibilita o fortalecimento da categoria, ressaltando o papel dos enfermeiros na sociedade e desconstruindo alguns paradigmas que englobam a profissão.
A docente destaca que, para o futuro como empreendedora educacional, pretende ampliar seu espaço de trabalho e seguir possibilitando a formação de profissionais de excelência, que possuam raciocínio crítico, responsabilidade social e capacidade de tomada de decisão para salvar vidas.
Unindo moda e enfermagem
Além de ser enfermeira assistencial de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Nayana Lopes também é empreendedora. A egressa da Unifor é sócia-proprietária da marca Bella Doctor, que fabrica scrubs e jalecos, fardamentos utilizados por profissionais da saúde.
Nayana revela que sempre teve o incentivo do seu esposo para investir no ramo da moda hospitalar. Com a pandemia de Covid-19, desenvolveu a marca junto com a sua irmã, visando suprir a necessidade dos trabalhadores do ramo em vestir algo prático e confortável.
Para ela, um dos maiores desafios de atuar na vertente é conseguir conciliar o empreendimento com o seu trabalho pessoal, mas que os resultados gerados por esse esforço são satisfatórios.
Com a intensa correria do cotidiano — muitas vezes sem hora de parar —, a enfermeira confessa que ter um empreendimento é algo que requer bastante atenção, principalmente pelo fato da produção não depender exclusivamente de quem está gerindo a empresa. “Não é fácil, mas é gratificante colher os frutos de todo esse empenho”, conclui.