Experiência do usuário (UX): saiba o que é e conheça as oportunidades da área
A área de Tecnologia da Informação (TI) já caminhava para se estabelecer como uma das principais do mercado de trabalho. Porém, nos últimos anos, o setor cresceu exponencialmente, e grande parte de sua ascensão se deve à pandemia da Covid-19 e à busca do ser humano por inovação e digitalização dos mais variados processos.
O “boom” tecnológico, aliado ao das redes sociais, foi sentido não apenas pelas pessoas, mas também por marcas e empresas. A migração do ambiente físico para o digital já era uma realidade, mas essa necessidade se tornou urgente, marcando o início de uma era de transformações ainda mais profundas em diversos segmentos e tornando tudo ainda mais ágil, fácil e descartável.
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Uma das consequências desse momento é a mudança no comportamento de consumo das pessoas, levando as marcas a perceberam que o cliente é o fator-chave para a sustentabilidade de seus negócios, afinal, eles detêm todo o poder. Assim, a melhora no relacionamento com os clientes se fez ainda mais essencial no mundo digitalizado e dinâmico, onde tudo é resolvido em poucos cliques.
É a partir desse cenário que o termo "experiência do usuário", mais conhecido como UX (do inglês user experience) ganha força. A expressão surgiu na década de 1990, e seu inventor foi Donald Norman, psicólogo cognitivo e estudioso da engenharia de usabilidade. Em suas próprias palavras, UX “é tudo o que se refere à sua experiência com um produto, mesmo que você nem esteja perto dele”.
Por ter sido criado no século passado, ainda no início da revolução tecnológica conhecida atualmente, o termo era muito abrangente. Hoje, a frase de Norman ainda pode ser utilizada para descrever a experiência do usuário, porém, no mundo contemporâneo, essa definição é majoritariamente voltada para o ambiente digital, em especial para sites, aplicativos móveis ou recursos similares.
Tarcísio Bezerra, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, traz uma definição mais atual da experiência do usuário: "a UX faz menção a uma área generalista da carreira de um profissional de design que dá conta de um processo 'user first', onde a jornada dos usuários, incluindo suas dores e necessidades, são mapeadas e trabalhadas durante toda a metodologia projetual", explica.
A importância de investir em UX
A UX representa uma revolução para as marcas, que já entenderam a necessidade dos clientes de não apenas garantir um produto ou serviço de qualidade, mas ter uma experiência agradável enquanto o fazem. Isso implica em um maior esforço por parte das empresas em desenvolver uma presença digital coerente e atrativa, além de adaptar seus fluxos de interação cada vez mais às características e carências dos usuários.
De acordo com o coordenador, a experiência do usuário "tende a não só trazer soluções para problemas específicos, mas, em especial, observar o comportamento e as dores dos usuários para criar novos produtos e serviços". Além disso, a área envolve todas as percepções e interações do usuário com um produto ou serviço, e por isso é importante ser considerada em diferentes níveis de interatividade. Tarcísio pontua que a UX é uma mistura de interesses em diferentes áreas, da estratégia à criação, e atende de modo muito objetivo questões práticas de mercado.
A experiência do usuário é, acima de tudo, focada em pessoas e no que de fato elas experienciam ao entrar em contato com uma marca. Existem diversos fatores que a rodeiam, e elementos que contribuem para a concepção dessas boas experiências, como a interface do usuário e mecanismos de busca, mas, o objetivo da área é fazer com que o usuário, antes, durante e depois da interação, esteja feliz e satisfeito.
Na era da transformação digital, a UX influencia diretamente no sucesso, ou no fracasso, de um negócio, afinal, os consumidores e possíveis clientes exigem e anseiam por ambientes virtuais e aplicativos que sejam fáceis de utilizar. Eles necessitam de processos que simplifiquem suas experiências e garantam um resultado positivo ao final do contato, o que pode ter, como consequência, uma maior fidelização dessas pessoas com as marcas.
Conexão entre diversas áreas
A experiência de usuário é fundamentada na área do Design, e Bezerra deixa claro que, dentro da UX, o designer é o elemento coordenador de todo o processo. Porém, esse setor da área de tecnologia "é mais amplo e enfatiza competências que vemos em outras áreas profissionais, como no marketing, na administração e na engenharia de produção", afirma. Dessa forma, uma área que, assim como o design, atravessa muitas competências distintas, das tecnologias à gestão e à criação, é a Publicidade e Propaganda.
Ultimamente, muitos publicitários têm migrado para o setor de UX, e o coordenador explica que o motivo se deve ao fato das duas formações (PP e Design) possuírem esse aspecto generalista em comum. "A rigor, no mercado cearense, vemos profissionais de outras áreas do design para atuar como UX designer – e a Publicidade é a área de maior interface. Mas, é preciso esclarecer: o profissional de UX é prioritariamente um profissional com ênfase e formação em design", ressalta.
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Beatriz Bernardo, publicitária e egressa da Unifor, fez essa migração e, depois de ter tido experiências em âmbito publicitário, hoje atua na área de experiência do usuário. Ela conta que o interesse na área veio ainda durante a graduação, em um estágio dentro da universidade, onde teve a oportunidade de trabalhar com UX e acabou por decidir seguir no setor após se formar.
Para ela, existem várias habilidades que a experiência do usuário e a publicidade compartilham, mas o que mais se ressalta é a habilidade de criar algo, seja um produto ou uma peça publicitária, que atenda as necessidades de um usuário e/ou público específico.
Bernardo assegura que uma grande parte do que estudou no curso de Publicidade e Propaganda consegue ser aplicado na rotina da profissão de UX, e serve como base para aprofundar os estudos na área. Ela lista a história da comunicação e tecnologia, e os conceitos de design visual e de pesquisa como os assuntos que mais a auxiliaram, e ainda auxiliam, em seu trabalho atual.
Para a egressa, os principais atrativos para essa migração, que foi acentuada pela pandemia, são uma melhor remuneração, melhores benefícios e uma jornada de trabalho mais tranquila quando comparada com a jornada dentro de agências, por exemplo. "Eu sinto que as empresas de tecnologia estão muito mais preocupadas em formas de reter um colaborador do que empresas/agências de publicidade, e isso reflete muito nessa migração que vem sendo observada no mercado", considera.
Por fim, para os seus colegas publicitários que desejam atuar na área de UX, Beatriz indica redes sociais como Instagram, Medium e Linkedin como ótimos lugares para encontrar conteúdos gratuitos relacionados à experiência do usuário, mas alerta que é necessário ter cuidado e filtrar o que for consumido. "Para quem não deseja investir em um curso logo no início, isso pode ser uma opção. Também é possível encontrar no LinkedIn, profissionais com uma maior senioridade oferecendo mentorias gratuitas para quem está iniciando/migrando para essa área", finaliza.