O que faz um arquiteto e urbanista? Conheça as possibilidades de atuação
Consultoria em sustentabilidade, desenvolvimento de políticas urbanas e design de espaços públicos são algumas das novas oportunidades para esses profissionais
Umas das profissões mais antigas da humanidade, a arquitetura tem sido marcada, ao longo dos anos, por avanços tecnológicos, novas demandas sociais e ambientais, e pela evolução das práticas de design e planejamento urbano.
Para acompanhar essas mudanças e aproveitar as novas oportunidades, esses profissionais precisam estar continuamente atualizados e dispostos a adaptar suas habilidades e práticas às demandas em constante evolução do mercado e da sociedade.
Conhecendo a área
Para Camila Bandeira, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz —, o profissional que se forma nessa área, além de pensar de maneira integrada os espaços (sejam privados ou públicos, internos ou externos), tem a missão de refletir sobre o papel das cidades na qualidade de vida dos cidadãos, buscando construir um ambiente melhor, mais sustentável e com justiça social.
Nesse contexto, a docente ressalta a importância da formação cidadã, por meio da consciência política, social e ambiental. Segundo Camila, estar bem informado acerca de questões relevantes para a profissão, seja no âmbito político, cultural, ambiental ou social, faz parte do conjunto de fatores que contribuem para o sucesso do futuro arquiteto.
“Em razão dos efeitos devastadores das mudanças climáticas que temos assistidos em vários países, inclusive no Brasil, o arquiteto e urbanista deve repensar sempre sua atuação, considerando as questões de sustentabilidade e justiça social, considerando o papel da arquitetura e urbanismo na redução das desigualdades socioespaciais, buscando cidades mais justas, equilibradas, verdes e prósperas para todos!” — Camila Bandeira, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor
Na preparação para o mercado de trabalho, a arquiteta defende que as oportunidades surgem quando o aluno aproveita com dedicação e profissionalismo não somente as disciplinas, mas também as atividades extracurriculares oferecidas, como monitorias, viagens pedagógicas, laboratórios, grupos de estudo e de pesquisa, eventos e até mesmo atividades artísticas, esportivas e culturais.
Além disso, estar atualizado com a área de especialização escolhida e manter um bom círculo de contatos profissionais, buscando participar de eventos que favoreçam o relacionamento com os colegas, também é crucial para a carreira.
Quanto aos campos de atuação que estão em alta no Ceará, Camila tem observado o aumento de oportunidades em cidades de pequeno e médio porte. A demanda é para o desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo nas esferas pública e privada.
Já em Fortaleza, ela percebe a expansão de segmentos como inspeção predial, luminotécnica, planejamento urbano e arquitetura de interiores. “Com a retomada do crescimento imobiliário pós-pandemia, imagina-se que haverá demanda por profissionais em diversas áreas”, analisa.
Onde atuar?
Segundo a resolução 51 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, que regulamenta a profissão, o arquiteto pode atuar nas seguintes áreas:
- Arquitetura e urbanismo
Concepção e execução de projetos residenciais, comerciais, de usos múltiplos, públicos ou privados.
- Arquitetura paisagística
Concepção e execução de espaços para áreas externas, livres e abertas, públicas ou privadas, como parques, praças, isolados ou em sistemas, em várias escalas.
- Planejamento urbano e regional
Planejamento físico-territorial; planos de intervenção no espaço urbano, metropolitano e regional fundamentados nos sistemas de infraestrutura, acessibilidade, gestão territorial e ambiental; parcelamento do solo; desenho urbano; assentamentos humanos e requalificação em áreas urbanas e rurais.
- Conforto ambiental
Estabelecimento de condições climáticas, acústicas, lumínicas e ergonômicas para a concepção, organização e construção dos espaços.
- Tecnologia e resistência dos materiais
Elementos e produtos de construção, patologias e recuperações; sistemas construtivos e estruturais; instalações e equipamentos referentes à arquitetura e urbanismo.
- Meio ambiente
Estudo e avaliação dos impactos ambientais, licenciamento ambiental, utilização racional dos recursos disponíveis e desenvolvimento sustentável.
- Arquitetura de interiores
Concepção e execução de projetos de áreas internas, sua forma e uso do espaço, mobiliário, equipamentos e interface com o ambiente construído, adequação às necessidades de uso.
- Patrimônio histórico, cultural e artístico
Restauro, práticas de projeto e soluções tecnológicas para reutilização, reabilitação, reconstrução, preservação, conservação, restauro e valorização de edificações, conjuntos e cidades.
Patrimônio em boas mãos
O trabalho de Diego Amora impacta diretamente a vida das pessoas de hoje e das futuras gerações. O egresso do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor atua na preservação do patrimônio cultural por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor). Entre as atividades que o arquiteto desempenha estão:
- Gerenciamento e coordenação de eventos, atividades e projetos;
- Análise e consultoria em projetos de restauro e conservação;
- Produção de pareceres técnicos, relatórios e instruções de tombamento;
- Mediação de reuniões de conselhos;
- Gestão de pessoas e processos.
“A Unifor foi a instituição que me possibilitou uma formação múltipla e adequada ao mercado em que atuo. Foi ponte entre anseios e realizações profissionais, espaço de trocas de experiências e onde conheci mestres que foram e são importantes referências” — Diego Amora, egresso do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor
Inicialmente, esse ramo não estava nos planos de Diego para sua carreira, mas o contato com as disciplinas que envolviam a temática e com os professores que atuavam diretamente neste mercado, prepararam-no para assumir as funções e os cargos que lhe foram confiados pouco tempo após se formar.
“O interesse em trabalhar na área, despertado no oitavo semestre da graduação, transformou-se em oportunidade ainda no ano de 2018, período em que comecei a atuar profissionalmente e a pesquisar sobre o assunto”, relembra o arquiteto.
Para ele, a possibilidade de atuar na proteção de edificações históricas e na preservação do conjunto de artefatos e manifestações culturais é a melhor parte do seu trabalho. Lidar diretamente com a memória coletiva despertou em Diego um senso de dever, que o jovem abraça com entusiasmo. “Pretendo continuar a missão de preservar e impactar positivamente na realidade do patrimônio cultural regional e nacional”, assegura.
Caminhos da mobilidade urbana
A mobilidade urbana é o tema de interesse de Isabelle Soares desde a graduação. Egressa do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor, ela chegou a atuar em outras áreas no início da carreira, mas desde a oportunidade de trabalhar com projetos urbanos e de transporte, em 2014, não abandonou mais o segmento.
Ela conta que em 2011, quando participou de um intercâmbio em Paris, teve a oportunidade de estudar sistemas de transporte de trilhos europeus. “A partir daí me interessei bastante por mobilidade urbana, e escrevi minhas teses de bacharelado e mestrado sobre o tema”, relembra a profissional.
“Finalizei meu doutorado em planejamento urbano/urbanismo e hoje trabalho com planejamento de transporte. Analiso várias variáveis das dualidades entre transporte e uso do solo, planejo linhas de VLT e ônibus, e trabalho bastante com SIG (Sistema de Informações Geográficas) e ciências de dados sobre a cidade” — Isabelle Soares, egressa do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor
Atualmente, Isabelle trabalha na Ramboll, uma empresa dinamarquesa que atua em diversos países, inclusive na Alemanha, onde reside. Entre as atribuições do cargo que ocupa, encontrar soluções por meio do uso de dados digitais sobre a cidade é a atividade que considera mais importante.
A doutora em planejamento urbano destaca ainda a participação da Unifor no seu desenvolvimento profissional, refletindo a importância da internacionalização na formação dos estudantes. “A cooperação entre a Unifor e a École Superieure D'Architecture Paris La Villette foi a maior contribuição na minha vida acadêmica, pois me inspirou a me interessar por urbanismo”, conclui.