qui, 9 julho 2020 10:29
Admirável novo normal
Universidade de Fortaleza investe em estruturas de aprendizagem virtual de ponta e permite manter as atividades letivas e institucionais de forma ininterrupta
Para a geração dos nossos pais e avós, a datilografia, ou seja, utilizar os 10 dedos das mãos à máquina de escrever, era uma habilidade tão importante como falar uma segunda língua. A rápida chegada dos computadores, nos anos 1990, introduziu crianças e adolescentes no mundo informático antes que tivessem idade para frequentar um curso de datilografia — hoje praticamente em desuso. Foi a geração dos digitadores, fazendo uso dos indicadores nos teclados de computadores, caixas eletrônicos, telefones celulares. Menos dedos, mas com aparelhos que agregariam múltiplas funções, antigas e novas. Quem imaginaria, naquela época, sacar dinheiro fora do horário de expediente do banco ou enviar uma mensagem de texto para outro país em milésimos de segundo?
Hoje, uma nova contingência nos empurra para uma realidade cujas discussões teóricas ainda não haviam chegado a um consenso: a virtualização dos ambientes de ensino. Com a propagação do coronavírus em níveis globais e altos índices de contágio, o isolamento social foi o único recurso possível e seguro para garantir a segurança das pessoas. “Desde o início do ano, com as notícias da migração do vírus da Ásia para a Europa, a Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, montou um comitê para discutir eventuais contingenciamentos e medidas de biossegurança a serem adotados nos equipamentos do campus”, recorda Henrique Sá, vice-reitor de Ensino de Graduação da Unifor.
Mesmo com todo o preparo, a situação não tinha precedentes de curto e médio prazo — daí ser tão comum a comparação da Covid-19 com o surto de Gripe Espanhola, ocorrido em 1918 e que matou 35 mil pessoas só no Brasil. No dia 16 de março, com o registro dos primeiros casos da Covid-19 no Ceará, a Unifor suspendeu, preventivamente, as atividades presenciais e o campus foi fechado. Em princípio, duraria até o dia 31 de março. Mas quando os governos estaduais, entre eles o do Ceará, decretaram o isolamento social devido ao aumento no número de casos e à propagação sustentada do vírus, o fechamento de escolas, cursos e universidades tornou-se obrigatório por tempo mais e mais indeterminado.
Do plus ao essencial
Home office, aulas remotas, videoconferência, aplicativos em nuvem, lives. Esses termos até faziam parte do nosso vocabulário, mas a pandemia atuou como catalisador, transformando em realidade do nosso cotidiano em quarentena. O Unifor Online já era de uso corrente entre alunos, professores e funcionários da instituição, inclusive com versões de ponta para desktop e smartphones. A plataforma, mesmo antes da quarentena, já possuía o chamado Ambiente Aulas, que contempla a incorporação de materiais didáticos, consulta a artigos e obras da Biblioteca em edições atualizadas, além de fóruns de discussão e comunicação, como e-mail, torpedo e chat. “Esse ambiente existe há muitos anos e vinha sendo utilizado não só para disciplinas em EaD, como também para complementação de conteúdo das disciplinas presenciais”. O que até então era um plus tornou-se meio essencial para manter a Unifor em plena atividade.
“Graças a essa estrutura, foi possível adotar medidas para a virtualização das aulas e, assim, manter as atividades letivas. Houve uma apropriação de recursos, principalmente de videoconferência. Além do ambiente do Unifor Online, trabalhamos junto com a Diretoria de Tecnologia da Informação para que os professores pudessem manter aulas síncronas com seus alunos, isto é, no mesmo horário das disciplinas presenciais. Isso foi feito horas depois da decretação do isolamento social, e em poucos dias, toda a universidade já estava em ambiente virtual”, pontua o professor Henrique.
A mudança brusca de cenário exigiu, num primeiro momento, a transposição dos conteúdos do presencial para o online. “Com o passar das semanas, muito rapidamente os professores passaram a inovar, a criar. Cada um promoveu mudanças no seu plano de ensino para ajustar os conteúdos para o novo ambiente, com metodologias ativas”.
“Cloud is the new normal”
Um dos desafios trazidos pela pandemia dizia respeito aos diferentes níveis de tecnologia instalada no universo de alunos, professores e funcionários da instituição. O que fazer se um arquivo enviado pelo professor não pudesse ser aberto no computador de um aluno porque o software que ele tem instalado no desktop está desatualizado? E o que fazer se, mesmo sendo o mais recente, o programa, configuração ou plataforma não forem compatíveis com o que o professor possui?
A segunda foi a busca por plataformas de videoconferência, a pedra de toque quando o assunto é trabalho e pandemia. Ambientes virtuais, tecnologicamente robustos e seguros, que pudessem fazer as vezes de sala de aula, secretaria, sala de reunião e até copa da empresa — mas cada um em casa, com o seu próprio cafezinho. No caso da Unifor, a incorporação das plataformas Microsoft 365 e G Suite para seus públicos permitiu equalizar essas diferenças entre tecnologias instaladas através da computação em nuvem.
Talvez você esteja mais familiarizado com o conceito de nuvem quando o assunto é serviço de e-mail, armazenamento de arquivos ou mesmo streamings de música e vídeo. Há alguns anos, contudo, empresas de software vêm migrando seus sistemas para o mundo SaaS, sigla inglesa de Software as a Service, ou software como serviço. A ideia é simples: ao invés de baixar e instalar um programa no computador local, tendo que fazer atualizações periódicas, os programas são acessados a partir do seu navegador. Dessa forma, os programas em nuvem funcionam em qualquer plataforma sem necessidade de adaptação para ambientes diferentes, sendo atualizado de forma remota. “Se, por algum motivo, o aluno não pôde participar da aula no mesmo dia e horário da aula presencial, ele pode acessar o conteúdo de forma assíncrona e se manter em dia com a matéria. Tudo é feito para otimizar as atividades, aumentar a interação e facilitar o acesso”.
No caso das videoconferências, embora algumas empresas tenham liberado esses serviços de forma gratuita durante a pandemia, algumas dessas versões disponíveis por tempo limitado não contam com todos os recursos da modalidade paga. Outra preocupação durante este período tem a ver com a segurança dos dados, uma vez que os hackers já estão de olho nas videoconferências para espalhar malwares ou mesmo invadir videoconferências. Aqui na Unifor, o acesso a essas plataformas, além de gratuito, foi customizado para dar agilidade e segurança a todas as interações.
E o retorno?
Um cenário que implica idas e vindas, avanços e retrocessos a depender de fatores diversos, uma vez que ainda não há uma vacina ou tratamento comprovadamente eficaz para a Covid-19, o cronograma de atividades da Unifor permanece em ajuste contínuo. “À medida que a gente desenvolveu um plano de atividades para 2020.1, com a virtualização, estamos fazendo o planejamento das atividades de retorno para o próximo semestre, sem perder do horizonte que podemos ter diferentes cenários. Existe um calendário acadêmico que foi aprovado e, até segunda ordem, prevê o retorno das atividades a partir de 17 de agosto. Mais uma vez, sempre considerando a situação e seguindo as diretrizes governamentais quanto à situação social e sanitária, a nossa intenção é estarmos preparados”, pontua o vice-reitor de Graduação.
Desde o retorno das atividades de forma plena ou híbrida, com redução de alunos em sala de aula e em atividades práticas, restrições de circulação em determinados ambientes do campus e diminuição no ritmo de eventos presenciais, Henrique Sá assevera que a experiência obtida ao longo desse semestre por toda a comunidade acadêmica terá nos ambientes virtuais um relevante ponto de apoio.
“Eu acredito que se há uma instituição capaz de dar conta dessa aceleração do digital é a Unifor. Isso não é a mesma coisa de educação a distância, até porque o convívio e a proximidade são elementos essenciais, principalmente num momento como esse. Que isso aconteça em atividades virtuais ou presenciais, esse ponto sempre foi uma das marcas da Universidade, ter esse campus, os ambientes, as pessoas. E essa mesma filosofia nós queremos aplicar nos ambientes virtuais. O nosso desafio é criar mecanismos para que isso ocorra com qualidade e excelência. Este não é um processo para agosto, é um processo para os próximos anos. Já sabíamos que a transição para formas de educação híbridas era irrevogável. Não há como voltar atrás, mas também há muito para aprender”.
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