Com saúde e com afeto

qui, 30 julho 2020 18:29

Com saúde e com afeto

Lucas Fernandes Oliveira é egresso do curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza (Foto: Arquivo pessoal)
Lucas Fernandes Oliveira é egresso do curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza (Foto: Arquivo pessoal)

Nascidos e criados em meio às redes,  jovens egressos e egressas de diferentes Centros de Ciências da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, destacam o potencial transformador de suas carreiras. Confira:

Para mudar o mundo, o enfermeiro recém-formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), Lucas Fernandes de Oliveira, 25, não quer nada menos do que se tornar secretário municipal de saúde em Fortaleza. “Amo o que faço e escolhi me graduar em enfermagem para ajudar as pessoas, sobretudo as que vivem com pouco e são socialmente frágeis. Por isso, sou um defensor do Sistema Único de Saúde e sei que, para o SUS funcionar bem ele depende diretamente de políticas públicas para a saúde. Se é assim, quero sentar à mesa das decisões sim e gerenciar toda a cadeia que vai do planejamento à assistência, passando pela pesquisa. Se conseguir chegar lá, terei condições concretas de qualificar os atendimentos e ampliar a rede pública de saúde local, levando alguma qualidade de vida às comunidades da periferia, prioritariamente”, projeta.

Enquanto o sonho não vem, Lucas viabiliza o feijão na assistência direta em meio ao combate à Covid-19, como enfermeiro lotado no posto de saúde Dom Aloísio Lorscheider, do bairro Itapery. O atendimento na ponta, entretanto, não o afasta da pesquisa. Recentemente, coordenou e contribuiu com o treinamento de equipes que foram a campo em bairros periféricos aplicar testes rápidos e, através de vínculo junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), faz as vezes de digitador de dados de uma investigação em torno de uma nova droga que deverá ser usada em mulheres acometidas pela sífilis. Na mira, há ainda o mestrado em Saúde Coletiva da Unifor. “Quero me especializar justamente para conhecer todo o processo de gestão do SUS e ser capaz montar estratégias para, mais adiante, não vermos agravar ainda mais os problemas acarretados pela sobrecarga do sistema hoje. Acredito que focando no micro, ou seja, naqueles bairros que sequer contam com agente comunitário de saúde, podemos evitar o estrangulamento. Para melhorar o mundo acometido por pestes e doenças sociais igualmente graves é preciso cuidar das pessoas e é a isso que quero me dedicar para melhorar o mundo”, aferra. 

Também é no humano que recai toda a vontade de transformação sociocultural de Brena Barreto Barbosa. Formada há três anos pelo curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza (Unifor), ela acaba de ingressar no mestrado para uma pesquisa em torno do ambiente alimentar de estudantes de Nutrição. Aos 24 anos, sua ambição para melhorar o mundo passa pelo modo como nos alimentamos e por toda uma cadeia alimentar que inspira cuidados. “Minha pesquisa quer saber onde estão concentrados o que chamamos de desertos alimentares, ou seja, quais são os bairros de Fortaleza onde não é possível o acesso a alimentos in natura, restando a estes o consumo de industrializados e ultraprocessados. Sabemos que a alimentação adequada, no Brasil, é bem elitizada e isso se tornou um problema que recai sobre a saúde pública. Portanto, é para refletir sobre estratégias capazes de reverter essa disparidade alimentar que venho pesquisando. Para mudar o mundo então, minha aposta é e será na Ciência. Ela é quem deve, cada vez mais, apoiar as decisões políticas nas áreas da saúde e da segurança alimentar. E a pandemia veio mostrar o quanto o trabalho científico é soberano em meio a uma crise sanitária global”, alerta. 

Para Brena, somente quando a informação científica for reconhecida e acessada por boa parte da população brasileira é que a saúde pública também poderá melhorar. “Tão difícil quanto a produção científica tem sido a devolução das informações para que sejam aplicadas em políticas públicas na área. Quero viver em um mundo onde as pessoas mais comuns - e não só as especializadas - possam entender a importância da segurança alimentar sobretudo em momentos críticos como esse, de pandemia. O acesso a uma alimentação saudável e adequada previne doenças e vai impactar na qualidade de vida da população, assim como nas políticas públicas de saúde. É uma rede multiprofissional de muitos fios que precisam se interligar para que o mundo ganhe novas e saudáveis feições”, acredita Brena.