seg, 1 agosto 2022 10:27
Cordelteca da Unifor completa três anos e te convida a conhecê-la
Equipamento é pioneiro em Fortaleza e reforça a importância das culturas cearense e nordestina
No dia 20 de agosto, a Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel, que integra a Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, comemora três anos de atividades. Inaugurado em 2019, o equipamento é um espaço dedicado às produções histórico-culturais em formato de cordel, tendo sido nomeada em homenagem à primeira mulher a publicar um folheto de cordel, em 1938.
A Cordelteca, localizada no piso superior da Biblioteca Central da Unifor, é a primeira entre as Instituições de Ensino Superior (IES) em Fortaleza a catalogar, indexar e organizar, com cuidados especiais, os folhetos de cordéis, visando a maior preservação. Ao todo, o acervo possui 1.606 mil títulos e 3.718 exemplares, que podem ser apreciados tanto pela comunidade acadêmica quanto pela população em geral.
O espaço foi idealizado por Leonilha Lessa, gerente da Biblioteca, e Paola Torres, docente do curso de Medicina da Unifor, cordelista e membro da 38ª cadeira da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Com obras que abordam o cotidiano, o humor, os costumes da região e a política, a Cordelteca enaltece a literatura de cordel, também conhecida como literatura popular em versos, como uma das principais expoentes da cultura nordestina.
Fazer nordestino
Em 2018, a literatura de cordel foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). É importante ressaltar que o estado do Ceará é berço de ilustres cordelistas, como Patativa do Assaré, e os irmãos Arievaldo Viana Lima e Klévisson Viana, se consolidando, assim, como um grande precursor dessa arte.
Nesse sentido, a Cordelteca da Unifor surge como espaço que busca reforçar a importância do cordel como uma literatura que traz na rima a leveza de fazer parte do Nordeste. "O cordel é uma literatura que retrata muito bem o ‘fazer nordestino’, e isso nos encanta muito. É uma grande honra da Unifor abrigar a Cordelteca, que trouxe novas descobertas para estudantes e professores”, afirma Leonilha Lessa.
Público diverso
Gabriela Alves Gomes, bibliotecária, explica que o espaço proporciona aos alunos, professores e funcionários da instituição o acesso e o contato direto com este gênero da literatura popular. Aos interessados da comunidade acadêmica, é possível apreciar os títulos no próprio ambiente da Biblioteca Central, ou realizar um empréstimo domiciliar. Além disso, o acervo também serve como recurso pedagógico que auxilia no ensino-aprendizagem.
No acervo da Cordelteca da Unifor, o cordel mais antigo é de 1983. Intitulado "Faleceu Mané Garrincha", é de autoria de Gonçalo Ferreira da Silva. (Foto: Ares Soares)
Em três anos de existência, a Cordelteca já recebeu professores dos mais diversos cursos, como Fonoaudiologia, Direito e Administração, que utilizaram o espaço para debater temas relacionados à educação, elencando com a literatura de cordel. Ações como essas mostram que o espaço existe também para estreitar os laços entre o gênero e as diversas áreas do conhecimento.
No período de janeiro a julho deste ano, a Cordelteca e a Coleção Rachel de Queiroz receberam 992 visitantes interessados em conhecer os acervos. Para atrair cada vez mais pessoas, Gabriela afirma que as redes sociais são aliadas para a divulgação dos cordéis. Ademais, visitas em escolas e a presença nas Feiras das Profissões da Unifor também são estratégias para disseminar a literatura de cordel.
Homenagem Cordel Brasileiro
Desde 2020, a Fundação Edson Queiroz promove a "Homenagem Cordel Brasileiro", solenidade que enaltece grandes nomes da literatura popular em versos. Criada pela professora Paola Torres, em parceria com a Vice-Reitoria de Extensão da Unifor, a cerimônia homenageia, anualmente, um autor cordelista que tenha relevância ativa em suas publicações no mundo do Cordel.
O primeiro homenageado foi Gonçalo Ferreira da Silva, atual presidente e um dos fundadores da ABLC, agraciado com o troféu especialmente criado para a ocasião. A iniciativa reforça a importância do cordel, e estimula a comunidade cearense a reconhecer esse fenômeno da literatura popular como legítima expressão da cultura brasileira e nordestina.
"Além de dar visibilidade aos trabalhos dos cordelistas, [a premiação] favorece a importância de conhecer os diversos tipos de culturas populares, como também suas principais características representadas pela arte, música, dança e literatura, entre outras", pontua a bibliotecária.
Visitação
A Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel, com a sua vasta coleção, está aberta ao público no piso superior da Biblioteca Central da Unifor. A entrada é gratuita, e o ambiente funciona de segunda a sexta-feira, de 7h às 21h55, e aos sábados, de 8h às 14h10. Para mais informações, basta entrar em contato com o número (85) 3477.3169, ou via e-mail (spt@unifor.br).