Do individual para o coletivo

qui, 30 julho 2020 18:41

Do individual para o coletivo

Leide Daiane Silva, egressa do curso de Administração da Universidade de Fortaleza (Foto: Arquivo pessoal)
Leide Daiane Silva, egressa do curso de Administração da Universidade de Fortaleza (Foto: Arquivo pessoal)

Nascidos e criados em meio às redes,  jovens egressos e egressas de diferentes Centros de Ciências da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, destacam o potencial transformador de suas carreiras. Confira:

Impacto social, risco ambiental, governança. É sobre esse tripé que a administradora recém-formada pela Universidade de Fortaleza (Unifor), Leide Daiane Silva Estevão, quer se apoiar para prestar consultorias a empresas e governos. O propósito de mudar o mundo a partir de um olhar holístico e socialmente responsável, que resulte em projetos capazes de impactar positivamente no coletivo, ela viu despertar aos poucos – e, sobretudo, no âmbito acadêmico. Foi a partir do incentivo de professores do Centro de Comunicação e Gestão (CCG) que pela primeira vez na vida pôde inclusive se dedicar integralmente aos estudos durante um ano inteiro que passou na Alemanha, viabilizando a dupla titulação que a Unifor proporciona através de convênios com instituições de ensino parceiras em diversos países do mundo.   

“Por toda a minha vida, desde criança, sempre trabalhei e estudei. Dava aulas de reforço escolar e fui Jovem Aprendiz. Minha graduação na Unifor foi sonho acalentado e somente realizado graças ao FIES. E ali também me encantei pela Ciência e a docência, para além da prática. Isso por conta da excelência do ensino mesmo e por me sentir especial mesmo diante de professores comprometidos em ensinar para a vida. Foram eles que me convenceram que eu iria sim estudar na Alemanha, mesmo sem ter condições financeiras de me manter lá. Se a Unifor poderia garantir a minha vaga me sugeriram levantar o dinheiro necessário através de campanhas nas redes sociais. E foi o que fiz, rifei tudo o que me era doado, cursei as disciplinas em inglês que a Unifor também proporciona e consegui ir. Foi o que mudou a minha cabeça e a minha vida. E voltei com o foco na sustentabilidade, sem esquecer da educação. É através da prática e também da Ciência que pretendo interferir e melhorar o mundo”, relata Leide.

Aos 28 anos, a administradora já se prepara para dar um passo adiante: irá voltar a Alemanha e dessa vez para cursar um mestrado. “Não quero mais parar de estudar, de lá parto para o doutorado e em paralelo quero ter alguma experiência de trabalho na área que escolhi me aprofundar. Por aqui, já desenvolvo projetos que estão sendo acelerados pela empresa de impacto social Somos Um. Junto a amigos da própria Unifor, estou desenvolvendo um startup que vai impactar positivamente na economia local ao aproximar entregadores e comerciantes: é o Bota para entrega, que está em fase de testes. Acho que para transformar algo ou algum lugar você tem que aprender a olhar para fora do próprio umbigo e isso a pandemia está 'desenhando' pra gente entender. As empresas também não vão mais poder deixar de pensar nas comunidades afetadas de alguma forma por elas. E isso deve ser ensinado em sala de aula também. Por isso que, no futuro próximo, pretendo desenvolver a docência, para devolver tudo o que aprendi à sociedade e fazer valer a máxima da Unifor, que é ensinando e aprendendo”, projeta Leide. 

O mercado de eventos também se areja, abrindo cada vez mais janelas para projetos que impactem positivamente tanto na dinâmica ou estrutura dos lugares onde acontecem como no estilo de vida de seus públicos-alvos. É o que aprendeu na prática, ainda como aluna do curso de Eventos da Universidade de Fortaleza (Unifor), a jovem produtora Ana Ewellyn Damasceno. Aos 20 anos, ela sai da graduação com a cabeça fervilhando de ideias depois de ter desenvolvido projetos e protótipos que já não se justificam por si só, tendo que levar em conta toda uma cadeia de produção preocupada em respeitar o meio-ambiente e minimizar possíveis danos. “Somos ensinados a pensar no pré, no durante e no pós-evento. Não é mais chegar lá e fazer e pronto. Temos que nos preocupar com o lixo que é gerado ali e até em não usar mais papel para a divulgação, por ser ecologicamente incorreto. Por isso, passamos por disciplinas como Ética e Sustentabilidade. E esses ensinamentos eu agora trago não só para o meu trabalho como para a minha vida, o que não deixa de ser desde já uma mudança comportamental que beneficia o coletivo”, acredita. 

Já com saudades da sala de aula, ela não esquece do que experimentou como processo criativo e não apenas evento: orientada de perto por professores que têm a prática e a teoria afinadas, desenvolveu em equipe o projeto Reflorestar, um aplicativo voltado a grandes empresas para que evitem o desmatamento e, ao se utilizar da madeira ou plantas como matéria-prima, replantar as áreas atingidas. Outro startup marcante foi aquele voltado à garantia da mobilidade urbana de idosos com dificuldade de locomoção, onde uma rede de voluntários seria montada e acionada via redes sociais para atender às necessidades de deslocamento do público-alvo. Já ao final da graduação, diante da pandemia e impossibilidade de realizar eventos com aglomeração de pessoas, Ana e mais quatro colegas de turma produziram o e-book “Entrelaçadas de Afeto”, uma “chuva de palavras” em torno da nova rotina, dos temas discutidos em aulas remotas.

A bagagem acadêmica, agora agregada à vida profissional, promete ir mais longe: Ana se prepara para casar e morar em Portugal. O casamento, com festa virtual, também seguirá as normas e cuidados de um evento ecologicamente correto, além de arrecadar doações para instituições carentes. “Acho que saio da Unifor com a consciência formada para, através do meu trabalho, saber impactar culturalmente de forma positiva aonde estiver. Não há mais como só pensar na economia sem atentar para o social e o meio-ambiente. Essa responsabilidade cultural e devolutiva em prol do bem-estar comum devem ser um denominador comum entre pessoas e negócios. E eu só posso transformar o mundo se me transformar enquanto indivíduo: parar de dizer eu e passar a dizer nós”, defende Ana.